SONDAGEM INDUSTRIAL RIO GRANDE DO SUL

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1 SONDAGEM INDUSTRIAL RIO GRANDE DO SUL SETEMBRO E III TRIMESTRE 2013

2 Setembro e III trimestre de Indústria volta a acumular estoques excessivos Os indicadores da Sondagem Industrial do RS 1 de setembro mostraram que a indústria gaúcha perdeu o fôlego no final do terceiro trimestre e as perspectivas para o futuro estão cada vez menos promissoras. O indicador de produção de setembro revelou queda ante o mês anterior e o emprego demonstrou uma estabilidade. Parte desses movimentos deveu-se à sazonalidade desfavorável, pois, historicamente, a atividade industrial tende a arrefecer no mês. Todavia, dois aspectos negativos se destacaram, evidenciando um cenário de desaquecimento em setembro: a forte acumulação indesejada de estoques e a utilização da capacidade instalada abaixo do normal. Tais aspectos indicam que a demanda frustrou as expectativas dos empresários e, ao mesmo tempo, acrescentam um entrave adicional à evolução da produção no futuro. A análise do terceiro trimestre mostrou que as grandes dificuldades enfrentadas pelo setor seguiram presentes, especialmente, no que diz respeito à elevada carga tributária. A alta nos custos das matérias primas e a competição acirrada de mercado completam o quadro pouco favorável para atividade produtiva gaúcha. As condições financeiras das empresas melhoraram com relação ao segundo trimestre, mas não o suficiente para reverter do quadro geral negativo. Houve insatisfação com as margens de lucro e com a situação financeira. O acesso ao crédito continuou difícil e os preços das matérias primas seguiram em rota ascendente. As expectativas dos empresários para os próximos seis meses também sofreram processo de revisão, sendo menores que na Sondagem anterior e denotando pouco otimismo. O indicador de expectativa de demanda caiu 5,0 pontos em relação ao registrado na Sondagem anterior, realizada em setembro, e atingiu o menor valor, 52,9 pontos, desde janeiro de Os reflexos desse menor otimismo podem ser percebidos na pretensão das empresas 1 Indicadores abaixo de 50 pontos: evolução negativa, estoque abaixo do planejado ou UCI abaixo do usual ou queda nos preços das matérias-primas; Indicadores muito próximos dos 50 pontos: indiferente, estoque dentro do planejado ou UCI dentro do usual ou estabilidade nos preços das matérias-primas. Indicadores acima de 50 pontos: evolução positiva, estoque acima do planejado ou UCI acima do usual ou aumento nos preços das matérias-primas. Os principais problemas são divulgados em percentuais de respostas. Sondagem industrial Setembro e III Trimestre de Unidade de Estudos Econômicos 1

3 de interromper o processo de aumento do emprego e na menor expectativa para a expansão das compras de insumo e matérias primas. Com relação às exportações, as expectativas são de crescimento moderado. A combinação de estoques excessivos e menor expectativa de crescimento da demanda demonstram um quadro desfavorável para a atividade produtiva, aumentando a possibilidade de reversão do atual processo de retomada no futuro próximo. Influenciando negativamente as avaliações dos empresários gaúchos, há uma grande incerteza quanto aos rumos da economia brasileira e se deve a uma conjunção de inúmeros fatores restritivos, tais como aperto da política monetária em um cenário de desaceleração da demanda doméstica, instabilidade do câmbio, custos crescentes, estoques excessivos, dificuldade para exportar, inflação pressionada e forte concorrência com importados. Nível de atividade no mês de setembro Os indicadores, de um modo geral, demonstraram atividade desaquecida A indústria gaúcha perdeu o fôlego no final do terceiro trimestre. O indicador de produção de setembro foi de 48,6 pontos, o que revela queda ante o mês anterior, movimento que se mostrou mais intenso entre as médias (47,1 pontos) e grandes empresas (48,8 pontos). Nas pequenas empresas, a produção ficou estável (50 pontos). Parte dessa queda deve-se à sazonalidade desfavorável, pois, historicamente, a atividade industrial tende a arrefecer no mês, levando o indicador a situar-se abaixo dos 50 pontos. O indicador de número de empregados alcançou 49,5 pontos no mês, indicando uma estabilidade no emprego industrial gaúcho em relação a agosto. O comportamento do mercado de trabalho é divergente, quando se toma por base o porte da empresa. Enquanto as pequenas (47,7 pontos) e médias empresas (47,5 pontos) diminuíram seus postos de trabalho, as grandes empresas (51,5 pontos) os aumentaram. A utilização da capacidade instalada (UCI) na indústria gaúcha em setembro aumentou ligeiramente para 75% ante os 74% observados nos últimos dois meses. Como habitualmente ocorre, indicador demonstra discrepância de acordo com o porte empresa, quanto maior o porte, maior o nível de UCI. Nesse sentido, as pequenas empresas utilizaram 67,0% da capacidade produtiva, as médias, 71,0% e as grandes, 81,0%.

4 Em setembro, o indicador de UCI em relação ao usual registrou 46,6 pontos, demonstrando que a utilização da capacidade de produção do setor ficou abaixo do usual para o mês. Tal avaliação foi compartilhada por todos os portes de empresas, tendo sido mais disseminada entre as pequenas (43,8 pontos). Volume de produção no mês Número de empregados no mês AUMENTO AUMENTO QUEDA QUEDA Utilização da capacidade instalada (%) UCI em relação ao usual ACIMA DO USUAL ABAIXO DO USUAL Estoques de produtos finais no mês de setembro Estoques continuam acima do planejado A despeito da queda na produção no mês, os estoques de produtos finais na indústria de transformação gaúcha ampliaram-se relativamente ao nível verificado no mês anterior. O indicador de estoques situou-se em 52,6 pontos. O aumento de estoques foi observado entre

5 as grandes (52,4 pontos) e, sobretudo, entre as pequenas (60 pontos) empresas. Nas médias (46,9 pontos), os estoques recuaram. O índice de estoques em relação ao planejado pelas empresas alcançou o maior valor do ano (55,7 pontos) denotando um quadro de estoques excessivos preocupante, pois, com estoques em alta, tem-se a sinalização de arrefecimento da produção futura. O acúmulo de estoques foi observado nas empresas de todos os portes, mas foi entre as grandes (55,7 pontos) e as pequenas (60,9 pontos) que a situação é mais delicada. Estoques de produto final no mês Estoques de produtos finais Planejado AUMENTO ACIMA DO PLANEJADO QUEDA ABAIXO DO PLANEJADO Terceiro trimestre de 2013 Principais problemas A alta nos preços das matérias primas já é o segundo maior problema Os principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha no terceiro trimestre foram os mesmos dos trimestres anteriores, mas com algumas modificações nos percentuais e nas primeiras posições no ranking. A elevada carga tributária, com 60,8% das respostas, continuou sendo apontada como o principal obstáculo enfrentado pelas empresas de todos os portes, embora tenha perdido 4,8 pontos percentuais em relação à pesquisa realizada no trimestre anterior. O alto custo da matéria prima assumiu o segundo lugar no ranking dos problemas ao obter 42,4% das assinalações, crescendo 7,7 pontos percentuais comparativamente ao

6 resultado do segundo trimestre. Nas últimas três edições da Sondagem Industrial, o item aumentou 17,7 pontos percentuais e reflete o impacto da desvalorização cambial nos custos das empresas, atingindo, especialmente, as médias (49,2%) e grandes empresas (41,5%). Para as pequenas empresas (31,3%) é o quinto problema mais importante. A competição acirrada de mercado, atingindo 34,8% das respostas, recuou para o terceiro maior problema do setor no terceiro trimestre, após nada menos do que 16 trimestres seguidos ocupando o segundo lugar. O percentual de assinalações diminuiu 1,1 ponto percentual em relação ao segundo trimestre. A concorrência é um entrave particularmente importante para as pequenas empresas (43,8%). A falta de demanda, entre os problemas enfrentados pelo setor no terceiro trimestre, registrou 34,2% das respostas e subiu do quinto para o quarto posto no ranking. A falta de demanda atingiu com mais intensidade as pequenas (43,8%) e médias (41,0%) empresas. Nas grandes empresas (23,1%), o percentual de assinalações foi menor, mas não deixou de ser um problema relevante. A falta de trabalhador qualificado, perdeu importância relativa, mas seguiu como um grande desafio para o setor no terceiro trimestre. O item, assinalado por 29,1% das empresas, diminuiu em 2 pontos o percentual de respostas obtido na Sondagem anterior. A falta de mão de obra qualificada é um problema disseminado, sendo maior para as pequenas (37,5%) e grandes empresas (30,8%). Principais problemas enfrentados Porte Total Pequeno Médio Grande Elevada carga tributária 60,8% 62,5% 59,0% 61,5% Alto custo da matéria-prima 42,4% 31,3% 49,2% 41,5% Competição acirrada de mercado 34,8% 43,8% 34,4% 30,8% Falta de demanda 34,2% 43,8% 41,0% 23,1% Falta de trabalhador qualificado 29,1% 37,5% 23,0% 30,8% Taxas de juros elevadas 17,7% 9,4% 19,7% 20,0% Taxa de câmbio 15,2% 6,3% 18,0% 16,9% Inadimplência dos clientes 12,7% 15,6% 11,5% 12,3% Falta de capital de giro 12,0% 12,5% 11,5% 12,3% Falta de matéria prima 10,1% 3,1% 13,1% 10,8% Falta de financiamento de longo prazo 7,6% 6,3% 8,2% 7,7% Capacidade produtiva 6,3% 6,3% 4,9% 7,7% Outros 5,1% 9,4% 3,3% 4,6% Distribuição do produto 3,2% 9,4% 1,6% 1,5%

7 Situação financeira, preços das matérias primas e acesso ao crédito no terceiro trimestre As empresas não estão satisfeitas com suas margens de lucro Os indicadores de situação financeira das empresas aumentaram com relação ao segundo trimestre, mas não o suficiente para reverter do quadro geral negativo. O indicador de margem de lucro, com 46,7 pontos no terceiro trimestre, cresceu em relação ao valor obtido no trimestre anterior, mas continuou abaixo da linha divisória dos 50 pontos. A satisfação com as margens de lucro ficou restrita às grandes empresas (52,3 pontos), enquanto as pequenas (40,6 pontos) e as médias (42,5 pontos) as consideraram ruins. A situação financeira das empresas foi considerada satisfatória, com o indicador subindo de 48,4 para 49,8 pontos na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Mais uma vez, a satisfação com a situação financeira ficou restrita às grandes empresas (53,1 pontos). As pequenas (45,2 pontos) e médias empresas (48,0 pontos) avaliariam negativamente sua situação. No que diz respeito ao acesso ao crédito (44,2 pontos), o quadro é similar ao retratado pelos dois indicadores anteriores: o indicador melhorou, mas continuou na faixa negativa (abaixo dos 50 pontos). As pequenas (44 pontos) e médias (39,9 pontos) empresas, como habitualmente ocorre, tiveram mais dificuldades que as grandes empresas (46,8 pontos). Os preços das matérias primas nas indústrias gaúchas mantiveram a rota ascendente no terceiro trimestre. O índice de 68,3 pontos foi o maior já registrado (começou a ser divulgado no primeiro trimestre de 2012), mostrando que o aumento dos preços das matérias primas foi disseminado. A evolução do indicador independe do porte da empresa.

8 Margens de lucro operacional Situação Financeira BOA BOA RUIM RUIM 2008/1 2008/2 2008/3 2008/4 2009/1 2009/2 2009/3 2009/4 2010/1 2010/2 2010/3 2010/4 2011/1 2011/2 2011/3 2011/4 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 2008/1 2008/2 2008/3 2008/4 2009/1 2009/2 2009/3 2009/4 2010/1 2010/2 2010/3 2010/4 2011/1 2011/2 2011/3 2011/4 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 Acesso ao crédito Preços das matérias primas FÁCIL DIFÍCIL AUMENTO QUEDA 2008/1 2008/2 2008/3 2008/4 2009/1 2009/2 2009/3 2009/4 2010/1 2010/2 2010/3 2010/4 2011/1 2011/2 2011/3 2011/4 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 2012/1 2012/2 2012/3 2012/4 2013/1 2013/2 2013/3 Expectativas em outubro de 2013 para os próximos seis meses Expectativas diminuem, mas otimismo segue predominando As expectativas dos empresários também sofreram processo de revisão, sendo menores que na Sondagem anterior. O índice de expectativas da demanda para os próximos seis meses recuou 5,0 pontos percentuais e atingiu 52,9 pontos em outubro. A queda do indicador, normal para o mês, foi comum a todos os portes de empresas, tendo sido mais intenso entre as grandes empresas (50,4 pontos), cujo valor denotou estabilidade.

9 Devido ao menor otimismo com a demanda futura, as empresas pretendem interromper o processo de aumento do emprego. O indicador relativo à expectativa de número de empregados recuou de 53,7 pontos em setembro, que indicava crescimento, para 49,8 pontos em outubro, que sugere estabilidade. Os indicadores relativos às grandes e médias empresas mostram estabilidade do emprego nos próximos seis meses, 50,0 e 50,4 pontos, respectivamente. As pequenas (48,3 pontos) projetam reduzi-lo. No mesmo sentido, as compras de insumo e matérias primas deverão diminuir fortemente o ritmo de crescimento, conforme mostra a queda de 3,6 pontos do indicador de outubro, 51,8 pontos, em relação ao de setembro. Esse comportamento foi comum a todos os portes de empresas pesquisados. O índice referente à quantidade exportada pela indústria gaúcha ficou em 53,7 pontos em outubro, uma queda de 0,9 ponto em relação a setembro. Apesar de sugerir uma ligeira desaceleração nas vendas externas, a abertura por portes indica um movimento mais intenso, pois a redução foi maior nos indicadores das médias e das grandes empresas, que atingiram, respectivamente, 51,7 e 52,7 pontos. O indicador geral foi positivamente influenciado pela a evolução das pequenas empresas, que registraram um valor bem superior: 58,3 pontos. Expectativas de demanda Expectativas de compras de matéria-prima DE AUMENTO DE QUEDA DE AUMENTO DE QUEDA

10 Expectativas de emprego EXPECTATVA DE AUMENTO Expectativas de quantidade exportada DE AUMENTO DE QUEDA DE QUEDA Perfil da amostra: 158 empresas sendo 32 pequenas, 61 médias e 65 grandes. Período de coleta: De 1º a 11 de outubro de Como é feita a pesquisa? Realizada mensalmente. GLOSSÁRIO Trimestralmente, um conjunto adicional de questões é avaliado. Deve ser avaliada a partir de pontos situados entre seus limites: 0 (zero) : avaliação negativa, estoque abaixo do planejado ou UCI abaixo do usual ou queda nos preços das matérias primas. 50 (cinqüenta): indiferente, estoque dentro do planejado ou UCI dentro do usual ou estabilidade nos preços das matérias primas. 100 (cem): avaliação positiva, estoque acima do planejado ou UCI acima do usual ou crescimento dos preços das matérias primas. NOTA A Sondagem industrial é elaborada pela unidade de Política Econômica da CNI em conjunto com as Federações de Indústria de 23 estados do Brasil (no caso do RS Unidade de Estudos Econômicos - FIERGS), embora sejam consultadas empresas de todo o território nacional. As informações solicitadas são de natureza qualitativa e resultam do levantamento direto com base em questionário próprio. Cada pergunta permite cinco alternativas excludentes a respeito da evolução ou expectativa de evolução da variável em questão. As alternativas estão associadas, da pior para a melhor, aos escores 0, 25, 50, 75 e 100. As perguntas relativas ao nível de atividade, a evolução dos estoques tem como referência o mês anterior. As perguntas relativas a UCI usual e a estoques planejados/desejados tem como referência o próprio mês. As perguntas relativas à situação financeira, margens de lucro, acesso ao crédito e os principais problemas referem-se ao trimestre. As questões de expectativas referem-se aos próximos seis meses. O indicador de cada questão é obtido ponderando-se os escores pelas respectivas freqüências relativas das respostas. Os resultados gerais para cada uma das perguntas são obtidos mediante a ponderação dos indicadores dos grupos de empresas Pequenas (entre 10 a 49 empregados), Médias (entre 50 e 249 empregados) e Grandes (250 empregados ou mais) utilizando-se como peso a variável segundo a CEE/TEM competência 2009.