Aula 01 Conteúdo: Escopos da Tutela Coletiva, microssistemas e espécies de Direito Coletivo.
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1 Turma e Ano: Turma Regular Master B (2015) Matéria / Aula: Tutela Coletiva Aula 1 Professor: Samuel Côrtes Monitor: Rômulo Ribeiro Teixeira Aula 01 Conteúdo: Escopos da Tutela Coletiva, microssistemas e espécies de Direito Coletivo. Bibliografia: Fredie Didier, Volume IV. Ed. Jus Podivm Pela ausência de uma sistematização legislativa, é imprescindível o acompanhamento dos Informativos do STJ e do STF. Tutela Coletiva significa Tutela Jurisdicional Coletiva, é o Direito Processual Civil Coletivo, são as regras e princípios tendentes à tutela de direitos que pertencem a uma coletividade. Essa noção de tutela coletiva parte da premissa que o código de processo civil individual não é o instrumento processual adequado para a tutela desses direitos, do contrário não seria necessário uma matéria esparsa sobre o tema, e sim uma simples adequação, mas a história mostrou que essa adequação não era compatível, não era suficiente. Isso se mostra no estudo do professor Mauro Capeletti, sobre as ondas de acesso à justiça, primeiro percebe-se que o acesso era muito caro, então a primeira onda é a da gratuidade da justiça. Depois, com o passar do tempo, as pessoas passam a se agrupar, aí surgem os direitos pertencentes a esses grupos, a noção de direitos difusos, coletivos, que seriam a segunda onda do acesso à justiça. Já na terceira etapa percebe-se que o Poder Judiciário está inchado, que a tutela jurisdicional já não está sendo prestada de maneira adequada, então surgem os meios alternativos de solução de conflitos, arbitragem, mediação, conciliação. E na tutela coletiva nós temos um meio alternativo para a solução de conflitos que é o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que estudaremos. Ao longo do tempo, todo o estudo do direito processual civil, sempre se partiu de uma necessidade de ampliar o acesso à justiça, da necessidade de prestar uma tutela jurisdicional adequada, efetiva, célere e compatível com o direito material deduzido em juízo. A premissa básica é a da necessidade de ampliação do acesso à tutela jurisdicional. O estudo se inicia do artigo 5º, inciso XXXV da CF/88, que positiva o célebre princípio da inafastabilidade da juridição, que hoje sofre uma releitura de que é Direito Fundamental o acesso ao Poder Judiciário com efetividade. É isso que busca as regras e princípios da tutela coletiva, do processo civil coletivo,
2 ampliar o acesso à tutela jurisdicional, por isso pode-se falar em princípio do devido processo legal coletivo. A Tutela Coletiva é uma prestação de tutela jurisdicional diferenciada, pois utiliza instrumentos e procedimentos especiais destinados à tutela jurisdicional de direitos que também são especiais, que também possuem uma certa peculiaridade, como no caso os direitos coletivos. O Novo CPC traz avanços no tema, e, ainda que continue sendo insuficiente, traz institutos voltados para a Tutela Coletiva, ainda que não sejam voltados para o processo coletivo. O incidente de resolução de demandas repetitivas tem como característica que, diante de demandas de massa, o juiz quando verificar a existência da possibilidade daquela matéria deduzida em juízo formar um processo coletivo, ele vai pegar aquela demanda, encaminhar pro tribunal, e suscitar um incidente de resolução de demanda repetitiva. Não apenas o juiz da causa, mas também o Ministério Público, a defensoria ou as partes interessadas podem requerer a instauração desse incidente. Esse incidente está dentro da lógica da vinculação dos precedentes, que nada mais é que você tutelar de forma coletiva os conflitos de interesse. Isso porque com uma única decisão, a partir desse incidente, essa decisão fixará a tese jurídica daquele conflito, e essa tese se aplicará a todos os casos que versem sobre a mesma matéria. Esse novo incidente de demandas repetitivas está inserido dentro desse contexto de tutela coletiva. óbvio. Todos os princípios do processo civil individual são aplicáveis ao processo coletivo, por Escopos do Processo Coletivo 1º Ampliação do acesso à justiça Prestando uma tutela jurisdicional diferenciada, em busca da tutela de direitos que são também diferenciados, em razão da peculiar condição de serem titularizados por toda uma coletividade. 2º Conferir uma maior economia e celeridade processual Prestação de uma tutela jurisdicional efetiva, adequada, dentro de um período razoável de tempo, Através de uma única demanda, por força do regime especial de formação de coisa julgada. 3º Buscar maior efetivação do direito material Sancionar aquele que viola direito material, que sob a ótica individual pareça irrelevante economicamente, mas de maneira social possui grande impacto, principalmente no que concerne ao enriquecimento daquele que pratica o ato ilícito.
3 4º Segurança Jurídica Uma das bandeiras do Novo CPC, vide força vinculante dos precedentes. 5º Conferir paridade de armas - Permite que as partes litigantes litiguem em pé de igualdade, por mais forte que seja a pessoa do infrator da norma. Ao estabelecer entes legitimados próprios á tutela coletiva, o legislador concluiu que os entes legitimados seriam os representantes adequados, seriam aqueles entes que conjugariam forças para demandar em pé de igualdade em prol da tutela jurisdicional da coletividade. O que fazer, a título de instrumento, pra tutelar de maneira adequada esses direitos coletivos? O que temos são diversas leis, que quando reunidas, formam o chamado microssistema de processo coletivo. A primeira grande lei a ser lembrada, que integra o microssistema de processo coletivo, é a lei de Ação Popular, lei 4.717/65. Mas o grande marco do processo coletivo é a lei da Ação Civil Pública, lei 7.347/85, que quando entrou em vigor permitia a utilização do processo coletivo em casos muito restritos, apenas as hipóteses previstas em seu artigo 1º. Mas com o gradativo desenvolvimento social, e a CRFB/88, houve ampliação dessa tutela coletiva, especialmente com a outorga ao Ministério Público legitimidade para tutela a todo e qualquer direito pertencente à coletividade, em vista do interesse público. A CRFB/88 faz parte desse microssistema de processo coletivo. A coletividade também pode figurar no pólo passivo do processo. Pode ter uma Ação Civil Pública, com esse nome, voltada à tutela individual de algum direito indisponível. Bem como tutelar um idoso individualmente considerado, em situação de risco, através da Ação Civil Pública. A análise será feita sob a ótica do processo civil individual. Lei 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor O CDC, nessa seara, é regra geral sobre tutela coletiva, tendo duas virtudes: 1ª Aprimorar o sistema de tutela coletiva, esclarecer alguns conceitos, além de ratificar aquilo que já constava da lei 7.347/85. 2ª Inaugurar no Direito Brasileiro a tutela dos direitos individuais homogêneos. Tutela essa que veio importada do direito norte americano, faz as vezes das ações de classe do direito norte americano.
4 A lei da Ação Civil Pública e o Código de Defesa do Consumidor formam o núcleo duro, ou normas gerais do processo coletivo. Artigo 21 da lei 7.347/85 Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. Este artigo tem que ser conjugado com o artigo 90 do CDC. É a base legal para a construção teórica do microssistema de processo coletivo. Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições. Esse microssistema também é composto pelo Estatuto do Torcedor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Deficiente, poupadores do mercado de valores mobiliários, Lei do mandado de segurança coletivo, lei de improbidade administrativa[...] O Código de Processo Civil somente terá aplicação nos processos de natureza coletiva de maneira residual, e não de forma subsidiária. Desde que haja compatibilidade formal, ou seja, inexista regra específica no microssistema de processo coletivo, e desde que haja compatilidade material, que a aplicação da regra processual não inviabilize a própria tutela jurisdicional coletiva. Havendo omissão, busca-se a solução dentro do microssistema de processo coletivo (aplicação subsidiária). Não sendo possível, utiliza-se o código de processo civil (aplicação residual). Direitos Coletivos em Espécie Artigo 81 do CDC. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
5 I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; Nota: O indivíduo não tem legitimidade pra tutelar interesse da coletividade, salvo quando se tratar de Ação Popular. Direito Difuso Titularidade: A sociedade, que é composta por pessoas indeterminadas. Ou por ser impossível, ou por ser extremamente complexo/difícil determinar essas pessoas. A jurisprudência do STJ caminha no sentido de ser possível o dano moral coletivo/difuso. Vide Súmula 532 do STJ. Divisibilidade: O direito difuso é indivisível, pertence a toda a sociedade. Havendo violação a direito difuso, ela se dará de maneira uniforme, quer você indivíduo concorde ou não. São também indisponíveis, não pode o titular da ação dispor de nenhuma maneira desse direito difuso, não pode renunciar a sua tutela. Princípio da obrigatoriedade que pode, no entanto, ser mitigada em alguns casos. Cabe Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que não é acordo, e sim uma maneira que o infrator vai ter para se adequar às exigências legais. Artigo 84, 1º do Código de Defesa do Consumidor A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. No direito difuso/coletivo, não pode o autor requerer por motivos pessoais a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos, se ela ainda for possível de ser cumprida, ou se o resultado prático equivalente ainda for possível de ser alcançado. Então a regra do artigo 84, 1º não se aplica por completo às lides coletivas diante dessa peculiaridade de ser indivisível, indisponível, inalienável e intransacionável. A solução sempre se dará de maneira uniforme. Origem: Circunstâncias de fato, o ato ilícito. Artigo 81, inciso I do Código de Defesa do Consumidor. interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
6 Direito Coletivo Artigo 81, inciso II do Código de Defesa do Consumidor interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; Titularidade: Comunidade, caracterizada por um grupo, categoria ou classe de pessoas. Indivisibilidade: Pertence a todo o grupo de maneira indistinta, a solução a ser dada atingirá a todos. Ressalva quanto a ação for movida por associação, hoje o entendimento é no sentido de que aquela solução somente vai atingir os integrantes da própria associação, em especial aqueles que tiverem autorizado o ajuizamento da ação coletiva. Origem: Relação jurídica base, anterior ao ato ilícito. Quando o ato ilícito acontece, já há um liame entre as partes envolvidas. O que se discute é o ato ilícito que vem posterior a essa relação jurídica base que é anterior. Próxima aula, Direitos individuais homogêneos.*
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