HOSPITAIS. O indicador de Controlo das IRCS nos Objectivos do Contrato-Programa 2007
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1 Junho de 2007 Newsletter nº 0 Desenvolvida com a especial colaboração da ARS Norte HOSPITAIS O indicador de Controlo das IRCS nos Objectivos do Contrato-Programa 2007 No exercício da definição dos objectivos de qualidade e eficiência de âmbito regional, para efeitos, entre outros, de determinação da parte variável do valor de convergência do Contrato-Programa de 2007, a ARS Norte e a Agência de Contratualização, decidem seleccionar um indicador de controlo da infecção hospitalar, que passam a designar por "Taxa de Infecção Hospitalar". À partida o propósito é claro: trata-se de conhecer e acompanhar as unidades de saúde da região norte no que respeita a esta área de risco, de modo a promover a diminuição das infecções relacionadas com cuidados de saúde (IRCS). É reconhecido que a IRCS constitui um importante problema de saúde, com relevantes custos sociais e privados, afectando a efectividade, a eficiência e a qualidade dos serviços prestados às populações. Sabemos também que o nível de sistematização do conhecimento sobre esta problemática se encontra deficitário, tornando-se por isso pertinente harmonizar as formas de registo, desenvolver políticas que, de forma organizada e concertada, permitam, por um lado, obter informação de retorno sobre a infecção nas diversas unidades e, por outro, pôr em marcha as recomendações de boas práticas nesta matéria. Temos consciência que é difícil, neste contexto de desiguais dinâmicas das CCI, definir para cada unidade, uma medida precisa de desempenho da "Taxa de Infecção Hospitalar", pelo que a solução encontrada recai mais sobre o que poderíamos designar por objectivos de processo, do que propriamente em objectivos de resultado, como legitimamente se intui dos termos da definição do indicador. Em paralelo, a ARS nomeou uma Comissão Regional de Controlo da Infecção Hospitalar, composta por elementos de formação pluridisciplinar, que no quadro das suas atribuições mais amplas - de definição, acompanhamento e avaliação dos objectivos e metas regionais e nacionais neste domínio de actividade - apoiaram tecnicamente o desenho de todo este processo.
2 Deste modo, da primeira reunião conjunta entre elementos da Agência de Contratualização e da Comissão Técnica, resultam algumas linhas de força, cujos principais pontos passamos a elencar: 1. O objectivo imediato é criar um indicador (eventualmente compósito) que permita monitorizar e melhorar os standards de desempenho das actividades das comissões de controlo da infecção hospitalar dos Hospitais da Região Norte; 2. Integrar a medida dos resultados em controlo da infecção hospitalar nos recursos financeiros variáveis a afectar aos Hospitais na forma da verba de convergência; 3. Utilizar, se possível, vários itens por permitirem avaliar uma maior variedade de aspectos da problemática, que é objecto de medida; 4. Reconhecer, que a ausência de registos sistemáticos de avaliação dos programas dos diversos hospitais dificulta, nesta fase, a selecção de um único indicador de aferição dos resultados da incidência da IRCS; 5. Os indicadores a seleccionar devem traduzir medições de resultados em linha com a actuação nacional de prevenção e controlo da IRCS, i.e., ter como quadro de referência o actual PNPCIRCS e as boas práticas internacionais nesta matéria; 6. Os objectivos a fixar devem satisfazer alguns requisitos comuns aos restantes indicadores de qualidade e eficiência, nomeadamente:. Serem facialmente entendidos, mensuráveis e que permitam um acompanhamento fácil por parte dos Hospitais;. Apontem para uma convergência dos indicadores a prazo (2/3 anos) para os níveis verificados nos melhores hospitais;. Apresentem melhorias sustentadas numa base anual, i.e., desejam-se melhorias incrementais num cenário temporal de médio prazo;. Exijam níveis de esforço proporcionais à posição de partida de cada unidade de saúde. Pedir um esforço maior aos que têm pior desempenho e um esforço menor aos que têm um melhor desempenho. Em contrapartida, há que reconhecer e integrar a existência de alguns constrangimentos de acção que se prendem com a já referida ausência de conhecimento estruturado quanto ao nível desigual das políticas e programas em curso nos diversos hospitais. Por consequência, razões de ordem temporal (necessidade de desenvolvimento imediato de um indicador a integrar o Contrato Programa de 2007) e organizacionais (expectativa de arranque das estruturas relacionadas com a auditoria e o controlo da informação sobre a actividade hospitalar em sede de acompanhamento) são tidas em conta na operacionalização deste indicador de qualidade e segurança dos doentes. Neste quadro metodológico, a Agência desenvolveu uma matriz de indicadores em que os mesmos são classificados por linhas estratégicas e grupos de políticas, precisando
3 igualmente para cada um deles a existência ou não de: i) padrão ou standard de desempenho; ii) conhecimento do ponto de partida de cada instituição; iii) escalas de medida dos indicadores. O objectivo foi o de desenvolver uma estrutura de suporte capaz de conduzir à selecção dos indicadores com características de maior efectividade para os propósitos do nosso estudo. Aceda aqui à Matriz de Indicadores A solução final encontrada passou pela definição de um indicador compósito, com incidência em objectivos de processo, que se materializou em 4 indicadores que procuraram captar dimensões diferentes e abrangentes desta problemática:. Comissão de Controlo de Infecção (CCI) constituída e operacional e com os recursos adequados, tal como previsto no Despacho da Direcção-Geral da Saúde, publicado no Diário da república nº 246, de 23710/1996; PRÉ-REQUISITOS. Disponibilidade de soluções alcoólicas para desinfecção das mãos para utilização quotidiana pelo profissionais de saúde;. Disponibilidade de equipamento de protecção individual (batas, luvas, máscaras/respiradores e protecção ocular) para utilização quotidiana pelos profissionais de saúde; NOTA: Os pré-requisitos são condições imprescindíveis para participação nos indicadores. O não cumprimento dos pré-requisitos é da responsabilidade da Administração da respectiva instituição hospitalar. Sistema de vigilância microbiológica básico: Há algum mecanismo de comunicação formal entre os Serviços de Microbiologia e a CCI, de informação dos microrganismos problema? 1- definição e detecção de microrganismos problema (multirresistentes ou de fácil transmissão nosocomial) pelo laboratório de microbiologia; 2- comunicação diária entre laboratório e CCI, na presença de microrganismos problema; INDICADOR 1 3- operacionalização das precauções básicas ou baseadas na transmissão (contacto, gotícula ou partícula) nos doentes colonizados/ infectados com este tipo de microrganismos => envolve formação dos profissionais e adequação da estrutura física. Instrumento(s) de Validação: Lista dos microrganismos que o laboratório de microbiologia considera como "microrganismos problema" e Relatório de Ecologia Hospitalar da Instituição. INDICADOR 2 Adesão a pelo menos mais um dos programas de vigilância epidemiológica existentes do Programa Nacional de Controlo de Infecção (PNCI) ou a outro tipo de vigilância considerada relevante para a instituição em causa (a avaliar caso a caso). Vigilância Epidemiológica que o PNCI disponibiliza:
4 - HELICS Prevalência (mínimo 2 inquéritos com, pelo menos, 3 meses de diferença); - HELICS Cirurgia; - HELICS Cuidados Intensivos; - Vigilância da Infecção Nosocomial da Corrente Sanguínea; - Vigilância em Neonatologia; - Vigilância em Diálise. Outros - Infecção da corrente sanguínea associada ao cateter venoso central - Infecção respiratória associada à ventilação - Infecção urinária associada à algaliação Resultado: variável binomial SIM/NÃO (se sim, resultados de tal vigilância). Instrumento(s) de Validação: Relatório(s) periódico(s) de vigilância epidemiológica efectuada. A) Realização de, no mínimo, 4 reuniões anuais da CCI Instrumento(s) de Validação: Actas das reuniões B) Realização de acções de formação com as seguintes características: INDICADOR 3 1- englobem as seguintes classes de profissionais: médicos, enfermeiros, auxiliares de acção médica, técnicos de superiores de saúde e técnicos de diagnóstico e terapêutica; 2- englobem, pelo menos, 10% dos profissionais da instituição; com representatividade dos vários grupos profissionais; 3- incidam, entre outras, nas seguintes temáticas:. Precauções Universais Higienização das Mãos Vigilância Epidemiológica Microrganismos Problema/ Medidas de Isolamento. Resultado: realizou totalmente / realizou parcialmente / não realizou (cruzando o acréscimo de nº de profissionais envolvidos e o acréscimo de temas abordados) Instrumento(s) de Validação: Programas de formação Objectivo estrutural O Hospital deverá estruturar os sistemas de informação capazes de medir os seguintes indicadores de resultado, os quais poderão constituir futuros itens de desempenho do controlo das IRCS: INDICADOR 4. Consumo de solução alcoólica para desinfecção das mãos (litros por mil dias de internamento);. Reinternamentos por IRCS. Prevalência e densidade de incidência de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), Acinetobacter baumannii multirresistente e Pseudomonas aeruginosa multirresistente (denominadores a utilizar: por total de isolados da
5 mesma espécie; por 1000 dias de internamento);. Consumo de vancomicina, linezolide e carbapenemos (denominadores a utilizar: por consumo total de antibióticos; por 1000 dias de internamento) Instrumento(s) de Validação: Disponibilização dos indicadores listados Pensamos deste modo ter trazido para a agenda da contratualização um domínio de inquestionável interesse para a qualidade e eficiência das organizações de saúde e para o bem-estar dos utilizadores dos serviços. Sabemos que nos esperam tarefas adicionais, nas quais o papel do acompanhamento periódico será fulcral, mas o esforço no presente irá por certo trazer retorno no futuro. Newsletter desenvolvida com a especial colaboração da ARS Norte
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