OFICINAS DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL
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- Miguel Varejão
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1 OFICINAS DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL Maria Goretti Quintiliano Carvalho i - UEG Oficinas de Educação Matemática em escola de tempo integral trata-se de projeto de extensão que visa mediar as crianças em sua relação com os saberes matemáticos; a aproximação entre a Universidade e a Escola de Educação Básica no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos matemáticos por meio de oficinas no contra turno, com atividades lúdicas, recreativas, entre outras, que estimulem e medeiem as crianças em seu processo de ensino aprendizagem; bem como na formação inicial dos acadêmicos do curso de pedagogia, que participaram como colaboradores nessa proposta. O projeto foi desenvolvido em escola de tempo integral, envolvendo cerca de 250 crianças. Este trabalho teve como referencial teórico-metodológico as reflexões de Charlot (2000, 2001) sobre a aprendizagem as dificuldades de aprendizagem; D Ambrósio (2009) sobre a etnomatemática e a prática docente para o ensino da matemática; Delgado (2011) e Finco (2011) sobre as concepções de criança e de infância. A partir das atividades desenvolvidas com as crianças, pôde-se observar que com a execução dos jogos e brincadeiras os alunos conseguiram uma melhor compreensão dos conteúdos de matemática; que as dificuldades de aprendizagem podem ser trabalhadas por meio de diferentes metodologias que estimulem seus alunos, com recursos que atendam seu processo de aprendizagem. Observou-se também aproximação entre a Universidade (professora e acadêmicos/as) e a escola de tempo integral, o que possibilitou contribuir com os acadêmicos em sua formação inicial. Bem como permitiu que a Universidade colaborasse com a escola no planejamento e na execução das oficinas no contra turno (no período vespertino). Palavras-chave: Conteúdos matemáticos. Ensino/aprendizagem. Oficina de matemática. JUSTIFICATIVA As dificuldades de aprendizagem afligem inúmeros professores, que em seu cotidiano percebem que alguma criança não está conseguindo aprender e que não é capaz de compreender o que está sendo ensinado. Algumas escolas, preocupadas em resolver esse problema, organizam aulas de reforço no contra turno com as crianças diagnosticadas como tendo dificuldades de aprendizagem. Ao mesmo tempo, em que as famílias dessas crianças, preocupadas com as dificuldades de aprendizagem de seus filhos, buscam, fora da escola, solução desse problema por meio de aulas com professores de reforço. Assim, o problema é fixado na criança que não aprende, é atribuída a ela toda a responsabilidade das dificuldades de aprendizagem que ela enfrenta em seu processo de aprendizagem. 5108
2 2 Este trabalho compreende que a criança é um sujeito histórico e de direitos, é uma categoria social específica, que atua a partir de suas especificidades, de sua visão de mundo, em suas experiências, em suas relações com os adultos. Sendo que a infância deve ser compreendida como uma construção social ou cultural, e as diferenças entre os adultos e crianças não podem ser interpretadas diretamente como biológicas, tais como tamanho físico ou maturidade (PROUT, 2000 apud FINCO, 2011, p. 160). Nessa mesma perspectiva, Kuhlman (1997 apud DELGADO, 2011, p. 196) afirma que é preciso considerar a infância como uma condição de criança, pois o conjunto de experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos, geográficos e sociais é muito mais do que uma representação dos adultos sobre esta fase da vida. Assim, esse trabalho tem como eixo de suas ações aproximar-se das representações de mundo das crianças, suas concepções, bem como de seus desejos. Contrapondo-se aos trabalhos que consideram as crianças somente em seu caráter biológico e essencialmente natural. E dessa forma, organizar atividades educativas de conteúdos curriculares de matemática a partir dessa concepção de criança e de infância. Na visão de Charlot (2001, p. 82) o desejo é a mola da mobilização e, portanto, da atividade [...] o valor do que aprendemos (seja esse valor positivo, negativo, ou nulo) não é nunca adquirido de uma vez por todas. Assim, é mais importante mediar os indivíduos a aprender utilizar recursos para aprender do que ensinar conteúdos intelectuais, pois esses só têm validade enquanto a comunidade científica o reconhecer como tal, enquanto uma sociedade continuar considerando que se trata de um saber que tem valor e que merece ser transmitido (CHARLOT, 2000, p. 63). Segundo os PCNs, A educação básica deve, antes de tudo, preparar o aluno para um processo de educação permanente. Para tanto, é necessário, que no processo de ensino e aprendizagem, sejam exploradas: a aprendizagem de metodologias capazes de priorizar a construção de estratégias de verificação e comprovação de hipóteses na construção do conhecimento, a construção de argumentação capaz de controlar os resultados desse processo, o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a criatividade, a compreensão dos limites e alcances lógicos das explicações propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de ensino que favoreça não só o descobrimento das potencialidades do trabalho individual, mas também, e, sobretudo, do trabalho coletivo. (BRASIL, PCNS, 1998). 5109
3 3 Nessa perceptiva, é mais importante compreender o processo de aprendizagem dos alunos para mediá-los na construção de sua autonomia na construção e relação com o saber para que a figura do professor seja paulatinamente menos importante para o aluno. Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo principal mediar as crianças no processo de ensino/aprendizagem dos conteúdos matemáticos em escola de tempo integral. E como objetivos específicos: a) elaborar atividades que valorizem a participação (por meio do diálogo) das crianças em seu processo de aprendizagem; b) estabelecer atividades em parceria com escola de Ensino Fundamental - fase I; c) desenvolver oficinas de educação matemática na escola-campo; d) contribuir, em parceria com a escola de Educação Básica, na formação inicial dos futuros professores. Metodologia Para a realização desse projeto foram desenvolvidas ações que se aproximam da metodologia de pesquisa ação, que fomentem a integração entre a Universidade, a Escola, as crianças, os professores e a comunidade. Dessa forma, foram planejadas com as crianças atividades de jogos, brincadeiras, diálogos, visando a colaborar com as crianças em seu processo de aprendizagem. Os planejamentos e execução de oficinas de educação matemática foram de acordo com os conteúdos trabalhados pelos professores no turno matutino, nas aulas de matemática. Discussão O diálogo é importante e dar oportunidade a essa prática é uma estratégia que vem sendo mais mais adotada. O objetivo principal do diálogo é criar um ambiente menos inibido para os ouvintes. (D AMBRÓSIO, 2009, p. 107). A escola campo é gratuita e integral, o que oportuniza às comunidades carentes uma melhora de vida, pois, a mesma considera as particularidades de sua localidade, na qual, ela garante o atendimento de alunos com deficiência em todos os aspectos, porém, existe uma falha no que diz respeito ao atendimento complementar dos mesmos, pois são poucos os profissionais para essa função. No entanto, a instituição escolar não procura métodos que motivem os alunos no seu tempo de permanência, com atividades culturais, esportivas e recreativas; uma vez 5110
4 4 que as atividades no contra turno são semelhantes às desenvolvidas no período matutino, são aulas com a mesma metodologia. As crianças atendidas pela escola é, em grande parte, constituída de crianças carentes. No ensino de tempo integral a permanência das mesmas é das 7 horas da manhã até às 16 horas. Nesse período, são oferecidos às crianças refeições como café da manhã, almoço, lanche, e também o banho, elas têm recreio de 20 minutos nos dois períodos. Sendo que, após o almoço, as crianças vão para as suas salas para dormirem até as 13:00 horas. Nesse horário, iniciam as aulas com projetos, acontecendo um segundo recreio às 15 horas e, posteriormente, às 15:15h é servido o lanche na própria sala de aula e, por fim, às 16horas é o horário de saída das crianças. O projeto de extensão foi realizado em parceria com a escola no período vespertino, sendo apoiado pela diretora, coordenadoras e professores, o mesmo contou com a participação de discentes dos cursos de Pedagogia da UEG Câmpus São Luís de Montes Belos-GO, com o objetivo de ensinar às crianças os conteúdos de matemática por meio dos jogos e brincadeiras, estimulando o diálogo entre os envolvidos nesse processo. Para tanto, foram divididos os acadêmicos por turma, e as atividades desenvolvidas quinzenalmente. Segundo Campos (2014, p. 51), o papel do professor no processo de ensino/aprendizagem é o de [...] planejar suas aulas e escolher diversos recursos que sirvam de apoio para o trabalho que será realizado em sala. Buscar atividades que proporcionem interação, participação e socialização, [...], sendo assim, o docente deve buscar diferentes metodologias as quais instigam o interesse e a curiosidade do aluno em aprender. Considerações finais Por meio deste trabalho, pôde-se perceber que por meio dos jogos, brincadeiras e atividades lúdicas as crianças apresentaram menor dificuldade em relação aos conteúdos matemáticos. Segundo Beluce (2011), a dificuldade de aprendizagem refere-se a uma inabilidade mediante as atividades acadêmicas. Sendo assim, se as dificuldades de aprendizagem dos conteúdos matemáticos forem observadas pelo professor e o mesmo buscar inovar suas aulas com recursos e metodologias diversificados as dificuldades de aprendizagem poderão ser superadas ou pelo menos amenizadas. 5111
5 5 Sendo assim, pôde-se verificar que a utilização de metodologias lúdicas, que instiguem o aluno ao raciocínio, à interação com os colegas, à criatividade, facilitam o processo de ensino-aprendizagem, e que muitas vezes os alunos apresentam alguma dificuldade, não porque têm algum déficit de aprendizagem, mas sim, pelas metodologias utilizadas pelos professores. Referências BELUCE, Débora Carvalho. Distúrbios de Aprendizagem: contribuições para o professor que atua com crianças portadoras de distúrbios. Centro Universitário de Filadélfia UNIFIL. I Simpósio Nacional de Iniciação Científica. 03 a 07, out BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Ministério da Educação / Secretaria de Ensino Fundamental, BRASIL. Plano Nacional de Educação [recurso eletrônico] : Lei nº , de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, Disponível em:< Acesso em: 28 de Out. de CAMPOS, Ana Maria Antunes de. Discalculia: superando as dificuldades em aprender Matemática. Rio de Janeiro: Wak Editora, CHARLOT, Bernard. A noção de relação com o saber: bases de apoio teórico e fundamentos antropológicos. In: CHARLOT, Bernard. (Org.). Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001, CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas, D'AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática.17. ed. Campinas SP: Papirus, DELGADO, Ana Cristina Coll. Estudos sócio antropológicos da infância no Brasil: caminhos, problematizações e diálogos. In: MARTINS FILHO, Altino José; PRADO, Patrícia Dias. Das pesquisas com crianças: à complexidade da infância. Campinas SP: Autores Associados, 2011, p FINCO, Daniela. Educação infantil e gênero: meninas e meninos como interlocutores nas pesquisas. In: FILHO, Altino José Martins; PRADO, Patrícia Dias (orgs.). Das pesquisas com crianças à complexidade da infância. Campinas, SP: Autores Associados, i Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Mestre em em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Professora efetiva da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus São Luís de Montes Belos, nos cursos de Pedagogia e de Letras, na linha de Didática e Práticas de Esnino. 5112
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