As formas de vida grega que prepararam o nascimento da filosofia
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- Ruy Philippi Schmidt
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1 As formas de vida grega que prepararam o nascimento da filosofia
2 A Arte: (faculdade da imaginação) De modo mítico e fantástico mediante a intuição e a imaginação, tende a alcançar objetivos que também são próprios da filosofia A Religião:(faculdade da sensação) Por meio de representações não conceituais e por meio da fé, a religião tende a alcançar certos objetivos que a filosofia procura atingir com os conceitos e com a Razão. As condições sociopolíticas e econômicas: São as condições socioeconômicas e políticas que condicionam o nascimento de determinadas idéias.
3 A Arte: Poemas Homéricos: Ilíada Odisséia O poeta busca ver as razões das coisas (de forma mítica-imaginação), mas prepara aquela mentalidade que em filosofia, levará à busca da: Causa e do princípio, do por que último das coisas. Hesíodo: Teogonia: Nascimento dos deuses Nascimento do cosmos: (pois muitos deuses coincidem com partes do universo e com fenômenos do cosmos). As Obras e os Dias: Princípios éticos: A justiça: dá ouvido à justiça e esquece completamente a prepotência. (Hesíodo); Justa medida: sem zelo demais: o melhor está no meio; e ficando no meio, alcançaras a virtude.
4 A Religião: Dois tipos ou duas modalidades: Pública: tudo é divino, porque tudo o que ocorre é explicado em função da intervenção dos deuses. Mistérios: Pertencia a círculos restritos que tinham suas crenças específicas e suas próprias práticas. Ambas têm a base politeísta.
5 A religião pública Grega: Tudo é divino: Tudo o que ocorre é explicado em função da intervenção dos deuses: Os fenômenos naturais são promovidos por Nume; Os raios e relâmpagos são arremessados por Zeus do alto do Olimpo; As ondas do mar são provocadas pelo tridente de Poseidon; O sol é levado pelo áureo carro de Apolo e assim por diante. Mas também a vida social dos homens, a sorte das cidades, das guerras e da paz são imaginadas como vinculadas aos deuses de modo não acidental e, por vezes, até mesmo de modo essencial.
6 Quem são esses deuses: São forças naturais personificadas em formas humanas idealizadas ou então são forças e aspectos do homem sublimados, hipostatizados e aprofundados em esplêndidas semelhanças antropomórficas. Recordamos que Zeus é a personificação da justiça; Atena da inteligência; Afrodite do amor etc. Esses deuses são homens amplificados e idealizados, sendo assim diferentes só por quantidade e não por qualidade
7 A religião pública dos gregos é O que isso significa: Naturalista Que a religião grega somente pede ao homem não é que ele mude a sua natureza, ou seja, se eleve acima de si mesmo, mas, ao contrário, que ele siga a sua própria natureza; Fazer em honra dos deuses aquilo que está em conformidade com sua própria natureza é tudo o que pede do homem; E, da mesma forma que a religião pública grega foi naturalista, também a primeira filosofia grega foi naturalista.
8 A religião mistérica grega: Os mais influentes são os mistéricos órficos: (Orfeu): Sua importância: O orfismo é importante porque introduz na civilização grega um novo esquema de crenças e uma nova interpretação da existência humana; Efetivamente, enquanto a concepção grega tradicional, a partir de Homero, considerava o homem como mortal, colocando na morte o fim total de sua existência, o orfismo proclama a imortalidade da alma e concebe o homem segundo um esquema dualista que contrapõe o corpo à alma.
9 O núcleo das crenças órficas pode ser resumido como: No homem se hospeda um princípio divino, um demônio (alma) que caiu em um corpo em virtude de uma culpa original; Esse demônio não apenas preexiste ao corpo, mas também não morre com o corpo, estando destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, através de uma série de renascimentos, para expiar aquela culpa original; Com seus ritos e suas práticas, a vida órfica é a única em condições de pôr fim ao ciclo das reencarnações, libertando assim a alma do corpo; Para quem se purificou (os iniciados nos mistérios órficos) há um prêmio no além (da mesma forma que há punição para os não iniciados).
10 Vejamos um texto original que traduz o núcleo central da doutrina: alegra-te, tu que sofreste a paixão: antes, não a havias sofrido. De homem, nasceste Deus ; Feliz e bem-aventurado, serás Deus ao invés de mortal! De homem, nascerás Deus, pois derivas do divino! Isso significa que o destino último do homem é o de voltar a estar junto aos Deuses.
11 Porque tais idéias nasceram: A idéia dos prêmios e castigos de além-túmulo, nasceu para eliminar o absurdo que frequentemente se constata sobre a terra, isto é, o fato de que os virtuosos sofrem e os viciosos gozam; A idéia da reencarnação (metempsicose), ou seja, da passagem da alma de um corpo para outro, nasceu para explicar a razão pela qual sofrem aqueles que parecem inocentes.
12 Corpo X Alma: O homem via pela primeira vez contraporemse em si dois princípios em contraste e luta: A alma (demônio) Corpo (tumba ou lugar de expiação da alma). Rompe-se assim a visão naturalista: o homem compreende que algumas tendências ligadas ao corpo devem ser reprimidas, ao passo que a purificação do elemento divino em relação ao elemento corpóreo tornase o objetivo do viver.
13 Uma observação necessária: Os gregos não tinham livros sacros ou considerados fruto de revelação divina; Consequentemente, não tiveram uma dogmática fixa e imutável; Portanto, na Grécia também não pôde subsistir uma casta sacerdotal custódia do dogma; Essa inexistência de dogmas e de custódios dos dogmas deixou uma ampla liberdade para o pensamento filosófico, que não encontrou obstáculos do tipo daqueles que teria encontrado em países orientais, onde a existência de dogmas e de custódios dos dogmas iriam contrapor resistências e restrições dificilmente superáveis.
14 As condições sociopolítico-econômicas que favoreceram o surgimento da filosofia: No que tange à situação política os gregos igualmente gozavam de uma situação privilegiada, porque foi o primeiro povo da história que conseguiu construir instituições políticas livres; Nos séculos VII E VI a.c., a Grécia sofreu uma transformação socioeconômica considerável; As cidades tornaram-se florescentes centros comerciais, acarretando um forte crescimento demográfico; A filosofia nasce primeiro nas colônias e não na mãe-pátria; E isso aconteceu precisamente porque, com sua operosidade e com seu comércio, as colônias alcançaram primeiro uma situação de bem-estar e, devido à distância da mãe-pátria, puderam construir instituições livres antes do que ela.
15 As condições sociopolítico-econômicas que favoreceram o surgimento da filosofia: significa precisamente que já havia, de um lado, uma lógica do mito e que, de outro lado, na realidade filosófica ainda está incluído o poder do lendário (CHÂTELET, 1981: 21). O surgimento do pensamento filosófico nas colônias gregas da Jônia é significativo, uma vez que ali se dava um maior contato com outras culturas (via navegação e trocas comerciais), levando a uma relativização do mito e das práticas religiosas. O mito, como explicação do real através do elemento sobrenatural e misterioso, é considerado insatisfatório; os primeiros filósofos procuram explicar a realidade natural a partir dela própria: naturalismo da Escola Jônica.
16 Condições históricas para o surgimento da Filosofia: viagens marítimas: que revelaram que deuses, heróis e monstros eram ficções, desmistificaram o mundo exigindo uma explicação mais racional do que a mítica; invenção do calendário: que possibilitou uma nova capacidade de abstração e contagem do tempo, agora visto como natural e não como um poder divino incompreensível; invenção da moeda: que permitiu o cálculo abstrato de equivalência do valor de diferentes coisas (trocas comerciais não mais por escambo);
17 invenção da escrita alfabética: que revela alta capacidade de abstração visto que não se representa a imagem da coisa que está sendo dita (como nos hieróglifos egípcios), mas a idéia dela, o que dela se pensa e se transcreve. surgimento da vida urbana: com o predomínio do comércio e do artesanato surge a classe dos comerciantes ricos que, para suplantar o poder das famílias aristocratas procuram prestígio financiando e estimulando as artes, as técnicas e os conhecimentos (filósofos pagos, os sofistas, por ex.) invenção da política: que por meio da implantação da idéia de lei (legislação que regula e ordena a pólis), do surgimento do espaço público (na ágora todo cidadão tem o direito de tomar a palavra para dialogar e deliberar sobre aspectos políticos da pólis) e da implantação do discurso político (as questões referentes à cidade devem ser discutidas, comunicadas e ensinadas pelo discurso político em público e não secretamente) contribuíram para o nascimento da Filosofia.
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19 Da Polis à Política A ATIVIDADE POLÍTICA NASCE COMO ARTE DE CUIDAR DA POLIS. PARA ISSO É NECESSARIO DISCUTIR O COMO CUIDAR. E PARA QUE HAJA DISCUSSÃO DEVE HAVER PENSAMNETO. ENTRA EM CENA A FILOSOFIA. FILOSOFIA E POLÍTICA NASCEM JUNTAS, AMBAS
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22 * ASSUNTO NASCIMENTO DA FILOSOFIA * CONTEXTO Antigüidade Clássica: Séc. VI IV a. C. Período Clássico Grego = DEMOCRACIA Grega * ANTECEDENTES: MITO Narrativa Sobre a Origem de Alguma Coisa GENEALOGIA = Mitos que Contam a Origem dos Seres EVOLUÇÃO COSMOGONIA = Narrativas Sobre a Origem do Mundo a Partir da Atuação de Forças Divinas TEOGONIA = Mitos que Contam a Origem dos Deuses LOGOS Pensamento Racional, Discurso Racional COSMOLOGIA = Conhecimento Racional da Ordem do Mundo * CONDIÇÕES PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA: Viagens Marítimas e Criação da Moeda; Surgimento da Vida Urbana; Invenção do Calendário e da Escrita Alfabética. Invenção da POLÍTICA.
23 Referencia Bibliográfica ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, GARCIA, José Roberto. VELOSO, Valdecir da Conceição. Eureka: Construindo Cidadãos Reflexivos. Florianópolis: Sophos, REALE, G. ANTISERI, D. História da filosofia. 3 vol. São Paulo: Paulus, 1990.
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