Educação Patrimonial Centro de Memória
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- Ester das Neves Henriques
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1 Educação Patrimonial Centro de Memória
2 O que é história? Para que serve? Ambas perguntas são aparentemente simples, mas carregam uma grande complexidade. É sobre isso que falarei agora.
3 A primeira questão é que a história se refere a duas coisas que são próximas, mas, não são iguais. A história é toda a vida humana ao longo dos tempos, mas também, é todo o relato sobre essa vida. Fiquemos, por enquanto, com a primeira definição.
4 A história é vivida por todos, todos fazem história ao viver. Permitindo assim, uma comparação com alguns aspectos da vida de cada um. Nós nascemos em uma certa data, numa família e de uma determinada forma. Eu, por exemplo, nasci em 13 de outubro de 1977, na família Ferreira Pires, de cesárea na maternidade Laranjeiras na cidade do Rio de Janeiro. Vejam: meu nascimento comporta várias informações. Do mesmo jeito, qualquer acontecimento no tempo também comporta um nascimento com determinadas características. Por exemplo, o golpe civil militar de Quando ele começou? De que forma? Foi feito por quem? Os acontecimentos também tem um nascimento.
5 Depois que nascemos, nossos pais nos registram num cartório, assim, já possuímos uma certidão de nascimento. Nossos pais nos vacinam, protegendonos contra as doenças. Nos alimentam. Em algumas famílias, a mãe nutre a criança apenas com leite materno, outras as crianças são alimentadas com mamadeiras. Claro que cada família tem um costume, condições de vida diferentes.
6 Numa família a criança fica no quarto dos pais, na outra fica já num quarto próprio. Numa família, a criança é cuidada pelos pais que são casados, numa outra é cuidada pelos avós, numa outra é cuidada pela mãe apenas. Se fossemos fazer uma lista das diferenças do cuidado com a criança nós ficaríamos o resto da vida listando, pois, cada criança é de um jeito e cada família cria e cuida de um jeito. Só queria dar esse exemplo da grande diferença nos cuidados com uma criança para chamar atenção que, também, é assim com a história vivida por cada um: ela possui tantas características e diferenças quanto as pessoas que a vivem.
7 Então, fica a pergunta: tudo que a pessoa vive é história? Primeiro: é sim, é a sua história. Lembrando que a história também é o relato da vida. Então, aqui, está algo importante: para ser história mesmo, é preciso deixar uma marca no tempo. É preciso que mais de uma pessoa saiba, é necessário que os acontecimentos de uma vida tenham deixado algum registro, algum vestígio. Pois, se não, será apenas a história de uma pessoa, que serve apenas para ela e para seus conhecidos e familiares.
8 E, o que seriam esses registros? O que seriam esses vestígios? Voltando ao exemplo do nascimento: a certidão de nascimento é um desses vestígios. Através dela podemos buscar as informações necessárias a respeito da história da pessoa da qual tal documento se pronuncia, como por exemplo, em qual cidade nasceu, suas condições e características de nascimento, quem eram seus pais e avós, entre outras informações. Se essa certidão não se perder ou se estragar, ela pode ser uma importante fonte documental, capaz de revelar fragmentos da história das pessoas.
9 Outro exemplo: ao nascer, a criança é fotografada em família. Essa fotografia que é um objeto familiar, um objeto do afeto familiar pode servir para contar a história dessa família, mas também, a história da moda na época da foto, pelas roupas de cada um. Pode contar a história da infância ou das formas como as crianças são amparadas. Pode contar, também, a história da fotografias, como eram as fotografias na época em que essa foto foi feita.
10 Vejam bem, então, o que são os registros históricos? É tudo que o homem tenha feito em determinado período e que sobreviva para que os interessados em história possam no futuro pegar esse objeto, esse documento e retirar informações históricas dele. Temos aqui um outro ponto importante: quem faz história? Quem se interessa por ela?
11 Primeiro, é preciso ter a dimensão que todos fazem história, que ao viver estamos fazendo história, a história da vida de cada um. Mas, para além desse aspecto que é comum a todos (nós todos fazemos história), existe um grupo de pessoas que se interessa, profissionalmente, pela história. São os historiadores. O que eles fazem? São eles que encontram esses registros e vestígios, estudando-os, retirando informações históricas e assim, nos contam um relato sobre o que aconteceu. Mas, esse o que aconteceu depende sempre dos vestígios, das informações contidas nesse vestígio, nesse registro. O historiador não conta exatamente o que aconteceu, ele conta o que foi possível saber com os documentos que ele tinha e a sua capacidade de interpretação e análise.
12 Chegamos agora a pergunta: Para que serve a história feita pelos historiadores? Vamos voltar a nossos exemplos da criança. Se ela ao nascer não for registrada, não for vacinada, se ela viver numa zona rural muito afastada e nunca tiver contato com a cidade, se ela crescer nesse ambiente e nunca tiver um documento ou tirar uma foto ou escrever alguma coisa, a história dessa criança ficará sendo apenas a história dela e de seus familiares. Agora, se ela tiver documentos, fotos, qualquer forma de escrita, esses registros, marcas da sua vida podem servir para um historiador pesquisar algum aspecto da história do tempo dessa criança.
13 O que for registrado, o que for feito em um determinado tempo e deixar uma marca em algum documento escrito ou não é a matéria-prima da história dos historiadores. Imagine, uma pessoa que não produza nenhum registro, é como se ela não tivesse existido. Assim, é com os acontecimentos, sejam eles os mais simples, como, uma derrota do seu time de futebol do coração, ou os mais complexos, como por exemplo, o Feudalismo. Se eles deixam registro e se um historiador se interessar por ele teremos um relato, teremos a história escrita, feita para todos.
14 Imagine se não houvesse as pirâmides do Egito, que não houvesse nada escrito, desenhado, feito pelos povos que viveram no Egito Antigo, a história deles não existiria, não seríamos capazes de saber nada, pois não haveria como os historiadores estudarem e retirarem as informações. Pense, ainda, que essas coisas existiram na época, mas que foram destruídas ao longo do tempo, não seríamos capazes, igualmente de fazer a história do Egito Antigo. Aqui, gostaria de colocar outra questão importante: como os registros, os vestígios são guardados, preservados?
15 Sem a preservação, sem o acondicionamento correto, sem a proteção contra o tempo, qualquer registro humano pode se estragar, pode se destruir e aí, como disse antes, não haveria como fazer história. Ao longo do tempo, as sociedades foram inventando formas de guardar e preservar esses registros: por exemplo, os arquivos e os museus.
16 Aqui, vocês tem a oportunidade de conhecer um desses lugares que preservam os registros para que os historiadores do futuro possam fazer a história. É o Centro de Memória, que guarda e preserva registros escritos e visuais, dos mais variados tipos sobre a história do Centro-Oeste Mineiro. Por exemplo, no futuro um historiador pode querer apresentar em um relato sobre a história dos clubes de futebol da cidade. Ele poderia com os jornais guardados no Centro de Memória conseguir datas de jogos, placares, jogadores, técnicos, público e várias outras informações. Percebam, então, a grande importância do Centro de Memória: ela torna possível a história da nossa região hoje e no futuro.
17 A Fundação Educacional de Divinópolis FUNEDI, atual, Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG Unidade Divinópolis, possui uma história de 50 anos oferecendo cursos e atividades de extensão na região polarizada por Divinópolis. As atividades acadêmicas realizadas incluem, de forma expressiva, a pesquisa em diferentes áreas do conhecimento ou sobre temas ou fatos significativos para a Divinópolis e região.
18 Fruto de trabalhos desenvolvidos no campo da pesquisa sócio-histórica, a FUNEDI/UEMG criou em 2005, um espaço institucional que trabalha especificamente com a temática da memória visando implementar pesquisas e atuar como espaço de iniciação científica para os alunos. O Centro de Memória da FUNEDI CEMEF, que coloca à disposição da comunidade acadêmica sua infraestrutura e o acesso aos conjuntos documentais sob sua guarda. O CEMEF diversificou sua atuação executando diferentes projetos e está aberto à participação de professores, alunos e demais pessoas interessadas em desenvolver projetos de pesquisa sobre a memória enquanto tema transversal que, assim considerado, diz respeito a todas as áreas do conhecimento.
19 O Centro de Memória da FUNEDI - CEMEF foi instituído em 2005, para atender às demandas regionais e da comunidade acadêmica no que diz respeito à promoção e à integração de investigações sobre questões relacionadas à memória e à história oral, bem como realização de pesquisas e monografias. Nesse sentido, realiza pesquisas sobre questões relacionadas à memória, especialmente do Centro-Oeste Mineiro em relação à sociedade, educação, cidade, cultura e política; disponibiliza para a comunidade acadêmica e geral um banco de imagens dos documentos históricos e fotografias que vem sendo digitalizados desde o ano 2002; promove eventos acadêmicos com a participação da comunidade e de alunos dos variados cursos oferecidos pela FUNEDI em Divinópolis, Cláudio e Abaeté; interage com os curso de graduação, pós-graduação e extensão, realizando atividades, pesquisas e acolhendo alunos em iniciação científica; promove a realização de estudos e pesquisas interdisciplinares voltados à reconstrução da memória histórica e sociocultural.
20 Em 2013, o Centro de Memória da FUNEDI foi contemplado com Prêmio Pontos de Memória 2012 IBRAM Ministério da Cultura, tornando-se igualmente num Ponto de Memória. Ao longo do tempo, a FUNEDI se comprometeu, em numerosos convênios e parcerias visando desenvolver ações de preservação da memória histórico-cultural de Divinópolis e região. Essas atividades e outras mais demonstram o comprometimento dessa instituição com a preservação da memória de Divinópolis e região, indo além do âmbito do ensino, com suas atividades de pesquisa e extensão.
21 Em 2014, O Centro de Memória, vendo a necessidade de divulgação de seu acervo físico e digital, criou o Portal EmRedes. O Emredes: Portal da Memória do Centro-Oeste Mineiro, consiste em divulgar o acervo que que vem sendo constituído pelo Centro de Memória desde 2005, a criação do Portal da Memória do Centro-Oeste Mineiro disponibiliza materiais audiovisuais (fotos e vídeos e textos) resultantes dos trabalhos desenvolvidos por profissionais e estudantes da UEMG Unidade Divinópolis, bem como por outros estudiosos e grupos sociais que tenham interesse em disponibilizar, para o público em geral, os acervos históricos que possuem sobre a região. O Portal da Memória do Centro-Oeste Mineiro pretende se tornar um instrumento permanente de acesso a todos os cidadãos interessados em realizar pesquisas sobre a região, no qual estarão disponíveis diversos e documentos.
22 O Portal também funciona como um centro de referência regional que possibilita a coleta de dados, fixação e produção de informações, bem como o atendimento a demandas locais para formação, capacitação de pessoal e confecção de material informativo e formativo. Dessa forma, o Portal sistematiza e arquiva as produções e, na medida do possível, produz novos materiais por iniciativa própria ou demanda de escolas e organizações sociais. Nesse sentido, ele se constitui enquanto um acervo de informações e as produz; atende a demanda formativa de comunidades e é formado pelas informações cedidas pelas mesmas. A administração do Portal esta a cargo da equipe de profissionais que apresenta este projeto, cabendo aos mesmos receber e analisar as contribuições vindas de diversos grupos de estudo e pesquisa sobre o centro-oeste mineiro. Todos os membros da equipe são funcionários da UEMG Unidade Divinópolis, atuando em diferentes segmentos, porém com inserção no Centro de Memória dessa instituição.
23 O Portal é divulgado junto às escolas públicas da cidade de Divinópolis e da região centro-oeste, através de material gráfico e da realização de oficinas com estudantes do ensino médio e dos anos finais do ensino fundamental sobre o tema memória. A manutenção desse portal após sua criação e divulgação será assumida pela instituição proponente, buscando o envolvimento de outras organizações governamentais e não-governamentais que trabalhem com a pesquisa sobre o tema, ampliando, assim, o seu acervo e as possibilidades de contribuição para a realização de estudos sobre a memória do centrooeste. Acredita-se, pois, que este trabalho estimula a educação através da pesquisa e a construção identitária da população divinopolitana e do centro-oeste de Minas Gerais, tornando-se um espaço virtual em que sejam divulgados os resultados de estudos sobre o tema, incentivando a realização de outros trabalhos nessa mesma área.
24 A criação do Portal da Memória do Centro-Oeste Mineiro foi adequado aos propósitos da UEMG Unidade Divinópolis, que se empenha em disponibilizar sua produção técnico-científica para uso da comunidade, colocando sua estrutura à serviço do desenvolvimento regional, incluindo como parte desse desenvolvimento a valorização da memória e do patrimônio histórico. Essas ações representam para a UEMG Unidade Divinópolis sua contribuição para a criação de um Museu virtual como um Ponto de Memória.
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