Caso Real: Vaginose Bacteriana
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- Marco Antônio Gonçalves Bayer
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1 Caso Real: Vaginose Bacteriana Isabel do Val Profª Adjunta Ginecologia UFF Chefe Amb. Patologia TGI e Colposcopia-UFF Fellow ISSVD Board Member IFCPC
2 Identificação: 35 anos, branca. QP: corrimento com cheiro muito forte há 1 semana. Contracepção: ACO com 0,035 mg EE. HPP: Submetida a vários cursos de antimicóticos, com recorrências freqüentes.
3 Ao exame VAGINA: Conteúdo vaginal homogêneo, acizentado e aderente. VULVA: Não havia sinais de eritema e edema.
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5 Qual o próximo passo para a elucidação diagnóstica? a. Microscopia direta com solução salina e KOH 10% b. Avaliação do ph vaginal c. Cultura de conteúdo vaginal d. Nenhum exame será necessário
6 Clue cells (> 20% das células escamosas) na solução salina. ph vaginal > 4,5. Teste aminas positivo ao KOH 10 %.
7 O diagnóstico é: a. Vaginose bacteriana b. Candidíase c. Tricomoníase d. Vaginite descamativa
8 Comentários A presença de clue cells é o fator preditivo de maior importância no diagnóstico da VB. Diante de esfregaço citológico sugestivo de VB com paciente sintomática deve-se seguir os critérios de Amsel para confirmação diagnóstica (3 deles).
9 Devemos tratar mulheres assintomáticas?? Mulheres com VB assintomática e que desejam engravidar deverão ser tratadas, assim como aquelas que irão submeter-se à operação ginecológica eletiva.
10 Que outros exames deverão ser solicitados? a) Pesquisa de Chlamydia b) Cultura c) Coloração Gram d) Nenhum
11 Comentários Apesar da cultura para G. vaginalis ser positiva em praticamente todos os casos de VB, essa bactéria pode ser detectada em cerca de 50%- 60% das mulheres que não preenchem os critérios diagnósticos para esta condição clínica. Portanto, não se preconiza cultura de secreção vaginal para o diagnóstico de VB. A coloração pelo método de Gram, mais confiável que o esfregaço a fresco, tem sensibilidade de 93% e especificidade de 70%, porém não é utilizado de rotina.
12 Como devemos abordar essa paciente? CDC 2011 Metronidazol gel 0,75%, via vaginal, 1 x/ dia por 5 dias OU Metronidazol 500 mg, via oral, 2 x/ dia por 7 dias OU Clindamicina creme 2%, via vaginal, 1 x/ dia por 7 dias
13 Comentários O metronidazol continua sendo a droga de escolha para o tratamento da VB. Esse sucesso resulta da ação contra as bactérias anaeróbias e da suscetibilidade da G. vaginalis aos hidroximetabólitos do metronidazol. O índice de cura clínica imediata é maior que 90%, passando para aproximadamente 80% após quatro semanas de tratamento, qualquer que seja a via de administração. O uso de clindamicina creme a 2% (5 g) via vaginal por sete dias parece ser menos eficaz do que o metronidazol. O uso de metronidazol com posologia de 2 g em dose única tem baixa eficácia, não sendo portanto, recomendado. Apesar do Mycoplasma hominis e do Mobiluncus curtissi serem resistentes ao metronidazol, estes, geralmente, não são detectados no seguimento de pacientes tratadas com sucesso.
14 Outra boa opção!! Tinidazol na dose de 1 g ao dia durante 5 dias. O uso de 2 g em dose única diária por 2 dias é menos eficaz e desencadeia mais efeitos colaterais. Os estudos in vitro revelam resultados semelhantes entre o metronizadol e o tinidazol. Entretanto, pelo fato do tinidazol ter vida média mais longa, este oferece maior benefício quando comparado ao metronidazol, pois a quantidade e a frequência de sua utilização são menores, desencadeando menos efeitos colaterais. O tinidazol parece ser boa opção nos casos de recorrência da VB.
15 Controle Cura Microscopia com solução salina 4 semanas após término do tratamento: Desaparecimento clue cells Restabelecimento da flora lactobacillar Presença de polimornucleares ph < 4
16 Recorrência
17 Recidiva - Fatores relacionados Falha na redução agentes patogênicos-biofilme formado pela G. Vaginalis Falha na recolonização vaginal Lactobacillus protetores (L crispatus e jensenii) Falha na acidificação vaginal Resistência do Mycoplasma hominis e do Mobiluncus curtissi à terapêutica com metronidazol Reto sendo fonte endógena agindo como reservatório para bactérias associadas à VB.
18 Recidiva - Estratégias terapêuticas Mudar o antibiótico utilizado Metronidazol 500 mg 12/12 horas ou Tinidazol 1 g / dia = 7 dias Ácido bórico 600 mg via vaginal diário por 3 semanas (destruir o biofilme) Metronidazol gel 0.75% gel 2x/sem = 4 a 6 meses ATENÇÃO!!! Candidíase secundária.
19 Comentários finais Pelo fato de existirem poucas evidências sugerindo que a VB seja entidade sexualmente transmissível, não se indica o tratamento para o parceiro. Da mesma forma, nenhum estudo conseguiu demonstrar redução nas taxas de recidiva de VB em mulheres cujos parceiros foram tratados.
20 ABG CAP RJ 7 a 8 de agosto de 2015
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