AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÓES DA COMARCA DE UBERABA/MG AÇÃO DE ALIMENTOS

Transcrição

1 AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÓES DA COMARCA DE UBERABA/MG JOANA DAS COVES, menor absolutamente incapaz, CPF n.44444, neste ato representada por sua genitora MARIA DAS COVES, brasileira, solteira, do lar, RG n e CPF n , domiciliada na Rua (endereço completo), vem a esse Juízo, por seus procuradores, propor a presente AÇÃO DE ALIMENTOS contra FERNANDO ALMEIRÃO, brasileiro, solteiro, comerciante, CPF e RG 55555, domiciliado na Rua (endereço completo), pelos fatos e fundamentos a seguir expostos: 1. DOS FATOS A mãe da autora, Maria das Coves, teve um relacionamento de alguns anos com o réu, do qual resultou o nascimento da autora, Joana das Coves Almeirão, na data de 03/04/2015 (certidão de nascimento anexa). Com o término do relacionamento, o pai da criança, ora réu, mudou- se para o município de Veríssimo/MG e desde então não presta auxílio à criação da menor. A mãe, por sua vez, apesar de envidar esforços para dar a sua filha uma condição digna de desenvolvimento, encontra- se desempregada e impossibilitada de arcar sozinha com todas as despesas, principalmente porque a criança apresenta especial condição de saúde que torna indispensáveis gastos com dieta especial e diversos remédios, conforme demonstram as receitas médicas anexas. O réu tem emprego formal como (descrever o emprego e a empresa) e renda de aproximadamente R$XXXX (XXX reais) mensais e plenas condições de auxiliar na criação de sua filha. Destaca- se ainda que ele, réu, ostenta em suas redes sociais e em aplicativos de celulares, situação de fartura, principalmente no que se refere a compra de bebidas alcoólicas, festas, etc., demostrando condição financeira mais do que satisfatória ao sustento da menor, conforme se verifica das imagens em anexo. Contudo, em todas as ocasiões em que a genitora da autora tenta dialogar com o réu para que ele possa prestar algum auxílio à criança, a resposta é negativa, motivo pelo qual não lhe restou alternativa a não ser propor a presente demanda judicial.

2 2. DOS FUNDAMENTOS O dever de assistência familiar, tamanha a sua importância, conta com especial previsão constitucional. Tal proteção, dentre outros fins, visa notadamente, colocar as crianças a salvo de qualquer forma de negligência, assegurando, na forma do artigo 227 da Constituição da República, a garantida de saúde, educação, alimentação, lazer, ou seja, vida digna. Nesse sentido, há expressa previsão constitucional estabelecendo o dever familiar de assistência mútua, notadamente aqui no caso concreto, dos pais em relação aos filhos, conforme disposição do artigo 229 da Constituição da República. Em sede infraconstitucional, o dever de assistência familiar, na forma de prestação de alimentos, encontra amparo legal no Código Civil, conforme artigo 1.696, onde se destaca o dever recíproco de prestação alimentícia entre pais e filhos. Desta forma, conforme demonstrado anteriormente, há amplo respaldo jurídico a amparar a pretensão da autora, de forma que se faz necessário destacar, dentre referida fundamentação, o caput e o 1º do artigo do Código Civil, em razão de especiais circunstâncias do caso em tela. Conforme esses dispositivos, a prestação dos alimentos deverá ser fixada na proporção do binômio necessidade- possibilidade, conforme se transcreve a seguir: Art , 1 o : Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. Em se tratando de possibilidade, verifica- se que o réu, detentor de emprego formal com rendimentos acima da média do trabalhador comum, encontra- se em situação privilegiada. Situação essa, demonstrada pelo próprio réu, que por vezes, ostenta sem pudor, em suas redes sociais, situação de abundância e fartura. No entanto, mesmo com plenas condições de prover sustento a sua própria filha, o réu, reiteradamente, nega- se em fazê- lo voluntariamente, tornando- se, portanto, indispensável a tutela jurisdicional. Quanto à necessidade, destaca- se que a autora, criança de apenas dois anos de idade, apresenta especial condição de saúde, conforme se verifica do receituário médico em anexo. Essa condição de saúde especial faz com que sejam necessários medicamentos e uma dieta especial, que acabam por majorar significativamente os gastos com a menor. Além desses cuidados especiais, de observância obrigatória a garantir a saúde da criança, há diversos outros gastos com alimentação, educação e vestimenta que são absolutamente necessários, encontrando a mãe dificuldades de prover sozinha a todas essas necessidades patrimoniais, visto que se encontra atualmente desempregada. Portanto, conclui- se que indispensável é a fixação de prestação alimentícia adequada e suficiente a assegurar os direitos básicos da menor, com especial

3 atenção à sua condição de saúde, tendo por fim a consecução da noção de vida digna, disposta no artigo 1º, III da Constituição da República. Cumpre ressaltar que clarividente o bom nível social- econômico do réu, possibilitando a fixação dos alimentos nos modos pleiteados: AGRAVO DE INSTRUMENTO SEPARAÇÃO JUDICIAL ALIMENTOS PROVISÓRIOS FIXAÇÃO CABIMENTO Cabível a fixação de alimentos provisórios em prol da separanda. É verossimilhante a versão de que ela era economicamente dependente do marido durante o casamento e que ele tem possibilidade de auxiliá- la. Negaram provimento. (TJRS AGI ª C.Cív. Rel. Des. Rui Portanova J ). O critério de fixação dos alimentos provisionais, provisórios ou definitivos está previsto no artigo 1.694, 1º, do Código Civil de 2002, que determina sejam observadas as necessidades do reclamante e os recursos econômicos da pessoa obrigada. Assim, a despeito da inexistência de fórmula matemática, a verba alimentar não pode ser arbitrada em quantia irrisória, imprópria para suprir as exigências vitais do alimentando (...).. (TJSC AC Palhoça 2ª CDCiv Rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben J ). Patente, no caso, o direito a alimentos da requerente para com o requerido, o qual dever ser processado nos termos da Lei 5.478/68. Visto isso, tem- se ainda que o artigo 4º da Lei alhures citada, permite ao juiz, ao despachar a exordial, fixar os alimentos provisórios. De igual forma, os alimentos provisórios, embora pelo seu caráter de provisoriedade, deve seguir as mesmas regras do artigo do Código Civil, levando em consideração os recursos do alimentante para seu arbitramento. Os Tribunais corroboram com a assertiva: PROCESSUAL CIVIL AGRAVO ALIMENTOS PROVISÓRIOS. Fixada a pensão provisória em quantia compatível com o padrão ostentado pelo pai, comprovadas atividades empregatícias e autônomas do alimentante a suportar o valor da pensão arbitrado. (TJES AI C.C v. Rel. Des. Frederico Guilherme Pimentel J ). A Lei nº 5.478/68, que regulamenta o procedimento da ação de alimentos, em seu artigo 4º prevê a fixação de alimentos provisórios, com o objetivo de prover sustento ao menor na pendência da lide.

4 No caso ora sob análise, é nítida a necessidade da fixação de tal provisão legal, devido ao fato de a criança, por apresentar condição especial de saúde, possuir necessidades básicas que devem ser providas sem demora, sob pena de grave dano a sua saúde. Somado a isso, destaca- se que a mãe passa por dificuldades financeiras, vez que se encontra desempregada e, assim, incapaz de prover sozinha todas as necessidades da criança. Portanto, imprescindível é a fixação de alimentos provisórios em favor da autora, no percentual de 30% do salário do réu, levando- se em conta a especial necessidade da criança e a sólida possibilidade contributiva do réu. Visto isso, correto o valor de natureza alimentar pleiteado. 3. CRIME DE ABANDONO MATERIAL Assim determina o Código Penal Brasileiro: Art Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo. Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.. Referindo- se ao crime de abandono material, elucida o saudoso mestre Julio Fabbrini Mirabete: "Como primeira conduta típica, prevê a lei a de deixar; sem justa causa, de prover a subsistência do sujeito passivo, não lhe proporcionando os recursos necessários para viver (alimentação, medicamento, remédios, vestuário e habitação), em conceito mais restrito do que aquele referente a alimentos. A obrigação deriva da própria lei; desnecessária a existência de sentença judicial no âmbito civil ou mesmo o pedido judicial do ofendido. Não exclui a criminalidade o fato de que a vítima está sendo sustentada por terceiros. A omissão, MESMO PARCIAL, configura o crime, não se deixando de responsabilizar inclusive aquele que presta esporádicas contribuições". (in Código Penal Interpretado, Terceira Edição, Ed. Atlas, 2003, p. 1721). O réu, sabendo de toda a situação difícil porque passa a autora, e, sabedor de tal situação calamitosa, deixou- a em total abandono material, não auxiliando nos custos do dia a dia, estando ela vivendo as custas de favor de seus familiares, principalmente para custear seus medicamentos, deixando- a à própria sorte, o que, ainda que em tese, configura o delito posto no artigo 244 do Código Penal. Com efeito, a vista do exposto, nos termos do artigo 40 do Código de Processo Penal, requer seja extraído cópia integral do processo e remetidas ao Ministério Público para a devida instauração da ação penal competente contra o réu pelo crime acima exposto, em razão da ação ser pública incondicionada e por questão de Justiça!

5 4. PEDIDOS Posto isso, requer: a) fixar, liminarmente, os alimentos provisórios, no valor de 30% (trinta) por cento da remuneração líquida do réu (deduzindo apenas INSS e Imposto de Renda), dada a situação especial da autora, os quais deverão ser depositados em conta bancária a ser aberta para tal finalidade; b) determine a expedição de ofício ao Banco do Brasil para que seja aberta conta bancária em nome da genitora da autora para recebimento de pensão alimentícia; c) determine a expedição de ofício à empresa (qualificação completa), para que junte aos autos cópia dos últimos 06 (seis) demonstrativos de salário do réu, confirmando o seu rendimento mensal, bem como para que efetue o desconto diretamente na folha de pagamento do réu do valor da pensão fixada e a deposite, mensalmente, na conta a ser aberta pela representante legal da autora para tal finalidade; d) digne- se designar audiência de conciliação, instrução e julgamento, determinando a intimação e citação do réu, para, querendo, nela comparecer e apresentar contestação, sob pena de revelia; e) a oitiva do ilustre Representante do Ministério Público; f) deferir a autora as benesses da gratuidade da Justiça, nos termos da Lei 1.060/50 e artigo 98 do Código de Processo Civil, por não ter ela condições de suportar os custos do processo; g) ao final, declarar procedente o pedido, fixando, em definitivo, os alimentos, no valor de 30% (trinta) por cento da remuneração líquida do réu (deduzindo apenas INSS e Imposto de Renda), dada a situação especial da autora, os quais deverão ser depositados em conta bancária a ser aberta para tal finalidade, incluindo os alimentos na parcela do 13 o salário, por exercer o réu trabalho formal; h) nos termos do artigo 40 do Código de Processo Penal, seja extraído cópia integral do processo e remetidas ao Ministério Público para a devida instauração da ação penal competente contra o réu pelo crime capitulado no artigo 244 do Código Penal, em razão da ação ser pública incondicionada; i) a condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em 15% sobre o valor da causa, como posto na Lei 1.060/50, bem como nos demais consectários legais que se fizerem necessários. 5. DAS PROVAS

6 Prova o alegado pelos documentos em anexo, depoimento pessoal do réu, sob pena de confissão e prova testemunhal, cujo rol será oportunamente apresentado. 6. DO VALOR DA CAUSA Dá- se à causa o valor de R$ (12 vezes o valor dos alimentos pleiteados). Termos em que, pede deferimento. Uberaba, 20 de maio de Pp. ADVOGADO OAB