UNIDADE III Análise Teórico-Prática: Projeto-intervenção
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- Vagner Santiago Lisboa
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1 UNIDADE III Análise Teórico-Prática: Projeto-intervenção Nesta unidade, abordaremos, de forma introdutória, alguns aspectos relacionados ao Projeto-intervenção e ao Trabalho de Conclusão do Curso. Aqui, procuraremos fornecer informações sobre a natureza e importância do projeto-intervenção, sua relação com sua formação e com as possibilidades de mudança na realidade da escola em que você atua. Também fazemos referência ao Trabalho de Conclusão do Curso em sua estreita vinculação com o projeto-intervenção. Como você poderá observar, nossa preocupação é possibilitar que seu percurso formativo, neste curso, possibilite-lhe articular teoria -prática, tendo como objeto de estudo e intervenção na escola. É objetivo dessa unidade fornecer subsídios para a elaboração dos trabalhos acima mencionados, além de lembrar alguns aspectos importantes que podem auxiliar na organização de seus estudos. 3.1 Análise Teórico-Prática: Desenvolvimento do Projeto de Intervenção Introdução O Programa Nacional Escola de Gestores tem por objetivo proporcionar ao gestor escolar a oportunidade de refletir e intervir na realidade vivenciada na instituição em que atua. Conforme afirma Brasil (2009, p.7), buscou-se a institucionalização de uma política de formação nacional de gestores escolares, baseada nos princípios da gestão democrática, tendo por eixo a escola como espaço de inclusão social e da emancipação Projeto Vivencial Unidade III 1
2 humana. O curso apresenta como foco de formação os princípios da Gestão Democrática, tendo como eixo norteador a articulação entre teoria e prática e possibilitando que, ao longo de seu desenvolvimento, os gestores analisem e reflitam sobre aspectos relacionados à sua prática. De acordo com Brasil (2009, p.2): Pretende-se, portanto, um Programa de interface com o profissional em exercício, no sentido de tratar os aspectos teóricos em articulação com seus problemas concretos, valorizando a produção de saberes construídos no próprio trabalho, e ampliando o conhecimento no campo da gestão. Conforme afirma Castro (2012, p.7), propõe-se uma formação reflexiva que consiste num processo de reconstrução da própria experiência profissional e pessoal à medida que esses analisam criticamente a sua ação pedagógica e inclui tanto o domínio teórico do conhecimento profissional quanto a capacidade de saber mobilizá-los. A análise teórico-prática proposta no curso relaciona-se diretamente com o Projeto Político Pedagógico (PPP), por este se constituir como um importante instrumento de implementação dos princípios da gestão democrática. O desenvolvimento da análise pauta-se na dialética entre a teoria e a prática, visando proporcionar aos gestores conhecimentos que permitam intervir diretamente na instituição em que atuam. Para trabalhar dentro dos princípios da análise teórico-prática recomenda-se a elaboração de um projeto de intervenção, que permita ao gestor, juntamente com o coletivo de sua escola, propor ações que visem aperfeiçoar situações e/ou aspectos identificados pelo grupo na instituição como frágeis, tendo como eixo norteador os princípios da Gestão Democrática. É importante mencionar que o projeto de intervenção proposto deve permitir um olhar crítico do coletivo para a realidade vivenciada na escola, com vistas a implementar e/ou consolidar a Gestão Democrática no seu cotidiano. Por esse motivo, é fundamental trabalhar com base na dialética entre a teoria e a prática, pois será a partir dos conteúdos e conhecimentos adquiridos no curso que os gestores, juntamente com o coletivo de suas escolas, terão condições de estabelecer estratégias e mecanismos que Projeto Vivencial Unidade III 2
3 possibilitem vivenciar os princípios da Gestão Democrática O Projeto de intervenção Como podemos observar, o projeto de intervenção precisa estar diretamente vinculado à realidade vivenciada na escola e não tem condições de ser desenvolvido por meio de atitudes e/ou ações isoladas dos gestores. O desenvolvimento do projeto de intervenção fundamenta-se nos princípios da pesquisa-ação. A pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento e a compreensão como parte da prática. (ENGEL, 2000, p. 182). PARA SABER MAIS Para saber mais são indicadas as leituras das obras: THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. (14ª Ed.) São Paulo:, Editora Cortez, TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p , set./dez Conforme afirma Engel (2000), a pesquisa-ação é ideal para o desenvolvimen- Projeto Vivencial Unidade III 3
4 to de uma pesquisa relacionada à prática, por permitir que todos atores envolvidos no processo participem a fim de melhorar o problema identificado. A pesquisa-ação permite que o participante da pesquisa produza o seu próprio conhecimento, que está diretamente vinculado à prática vivenciada pelo mesmo. Engel (2000) define características consideradas essenciais para a realização da pesquisa-ação. Dentre elas, pontuamos a seguir as mais significativas para a discussão apresentada: O processo de pesquisa deve tornar-se um processo de aprendizagem para todos os participantes e a separação entre sujeito e objeto de pesquisa deve ser superada. (...) A pesquisa-ação é situacional: procura diagnosticar um problema específico numa situação também específica, com o fim de atingir uma relevância prática dos resultados. (...) A pesquisa-ação é autoavaliativa, isto é, as modificações introduzidas na prática são constantemente avaliadas no decorrer do processo de intervenção e o feedback obtido do monitoramento da prática é traduzido em modificações, mudanças de direção e redefinições, conforme necessário, trazendo benefícios para o próprio processo, isto é, para a prática, sem ter em vista, em primeira linha, o benefício de situações futuras. (ENGEL, 2000, p. 184). Como pode se observar, a pesquisa-ação proporciona um movimento cíclico no desenvolvimento da pesquisa, pois as suas etapas e/ou fases de desenvolvimento não ocorrem de forma fragmentada. Isso, porque a solução dos problemas identificados devem ser constantemente avaliados e monitorados a fim de verificar a eficácia das ações propostas. A esse respeito, Tripp (2005, p. 446) elaborou o diagrama abaixo no qual apresenta as quatro fases quem norteiam o desenvolvimento da pesquisa-ação e demonstra o movimento cíclico que as mesmas realizam. Projeto Vivencial Unidade III 4
5 O projeto de intervenção a ser desenvolvido nas escolas deverá seguir esse movimento cíclico proporcionado pela pesquisa-ação, com a definição de ações e estratégias que relacionam-se diretamente com o Projeto Político Pedagógico e a implementação dos princípios norteadores da Gestão Democrática. 3.2 Caminhos Possíveis para a Definição do seu Projeto de Intervenção Introdução Brasil (2009) estabelece os objetivos que devem ser alcançados com a formação oferecida pelo curso. Dentre eles, destaca-se a capacidade de: Desenvolver uma compreensão pedagógica de gestão escolar, situada nos contextos micro e macro da escola, superando as concepções fragmentadas do processo educacional e contemplando as dimensões da construção e formação como objeto do trabalho pedagógico. (BRA- SIL, 2009, p. 10) Tendo como referência o objetivo anteriormente apresentado propomos que o projeto de intervenção deve ser desenvolvido com base na escolha de uma das opções a seguir: > Elaboração coletiva do PPP, caso a escola ainda não possua; Projeto Vivencial Unidade III 5
6 > Reelaboração do PPP, caso a escola já possua; > Problemática relevante no contexto escolar que esteja diretamente vinculada ao PPP da instituição e/ou outro aspecto referente ao trabalho do gestor. As opções anteriormente mencionadas permitem ao gestor um primeiro olhar crítico sobre a situação vivenciada por sua escola. A partir disso, então, deverá definir o objeto de análise a ser desenvolvido no projeto de intervenção. Nesse processo de definição é importante que o gestor dialogue com a comunidade escolar envolvida para definir e/ou identificar a situação problemática que mais condiz com a realidade da escola naquele momento. Esse diálogo constitui-se como importante característica da pesquisa-ação, pois permite que o gestor, juntamente com o seu coletivo, defina e estabeleça estratégias em conjunto, visando à melhoria da realidade apresentada. Engel (2000) afirma que: Este tipo de pesquisa constitui um meio de desenvolvimento profissional de dentro para fora, pois parte das preocupações e interesses das pessoas envolvidas na prática, envolvendo-as em seu próprio desenvolvimento profissional.(engel, 2000, p.183) Constitui-se como propósito do curso permitir que os gestores estabeleçam uma conexão entre a teoria e a prática, desenvolvendo uma análise crítica a respeito da realidade vivenciada em sua instituição e, principalmente estabeleça com a sua equipe de trabalho ações e meios que auxiliem na sua mudança. A sala ambiente Projeto Vivencial apresenta como objetivo proporcionar um percurso formativo, durante o desenvolvimento do curso, que possibilite articular teoria e prática, tendo como objeto de estudo e intervenção, a escola em que atua. Tendo como referências as opções já apresentadas para a elaboração do Projeto de Intervenção é importante que o gestor esteja atento para as seguintes etapas que Projeto Vivencial Unidade III 6
7 norteiam a elaboração e desenvolvimento do mesmo Definição de um problema Denomina-se por problema a identificação por parte do pesquisador de situações que necessitam ser aperfeiçoadas na escola. No caso específico do Projeto de Intervenção proposto no curso, a definição do problema terá como norte uma das opções apresentadas sobre o Projeto Político Pedagógico da instituição em que o cursista em formação atua. Com a definição da opção que mais atenda a realidade vivenciada na escola, o gestor deverá delimitar o problema prioritário que será objeto de intervenção Pesquisa preliminar Essa etapa é desenvolvida em três momentos que se complementam: revisão bibliográfica, observação da realidade escolar e levantamento das necessidades. Revisão bibliográfica: tem por objetivo construir o referencial teórico sobre o tema em análise, com vistas ao diálogo com a literatura existente, bem como conhecer pesquisas e estudos que se assemelhem ao projeto proposto. É importante salientar que o desenvolvimento do projeto de intervenção, apesar de focalizado na prática, não prescinde da teoria. Observação da realidade escolar: momento de observar e analisar a situação problemática identificada. Trata-se de um olhar mais apurado sobre a realidade vivenciada, no intuito de estabelecer ações e estratégias que proporcionem mudanças. Levantamento das necessidades: essa fase ocorre em paralelo ao desenvolvimento da observação da realidade escolar, pois será a partir da análise e observação que o pesquisador terá condições de identificar quais pontos merecem mais atenção no desenvolvimento do projeto de intervenção. Projeto Vivencial Unidade III 7
8 No desenvolvimento da pesquisa preliminar é essencial que as fases anteriormente mencionadas ocorram de forma simultânea e integrada, permitindo ao pesquisador e à equipe envolvida na pesquisa uma compreensão da situação problemática identificada com vistas ao seu aperfeiçoamento Hipótese A definição de hipóteses auxilia na realização do projeto de intervenção, pois orienta a ação a ser desenvolvida. Na pesquisa-ação a definição de hipóteses está diretamente vinculada aos possíveis mecanismos que podem ser adotados para alcançar os objetivos propostos no projeto de intervenção Desenvolvimento e implementação do Plano de Ação Nessa etapa desenvolve-se o plano de ação, propriamente dito. Com base nas informações obtidas nas etapas anteriores, o pesquisador (nesse caso, o gestor) juntamente com o coletivo de sua escola deve estabelecer ações, estratégias e mecanismos que auxiliem diretamente na mudança da situação problemática vivenciada. Exemplo: no caso das escolas que não possuam o Projeto Político Pedagógico, o plano de ação proposto pode estabelecer como meta a elaboração e implementação do Projeto Político Pedagógico em parceria com a comunidade escolar. Definido o plano de ação inicia-se a realização do mesmo com a implementação das ações propostas, estabelecendo um momento de interlocução entre o gestor e o coletivo de sua escola. Lembre-se que, todas as ações e estratégias adotadas devem ter como referência os princípios da gestão democrática, para que a mesma possa ser vivenciada de fato na instituição escolar Coleta de dados Na pesquisa-ação frequentemente são utilizadas entrevistas (grupais ou individuais). Pode-se, também adotar a aplicação de questionários, análise documental, Projeto Vivencial Unidade III 8
9 pesquisa bibliográfica e/ou observação participante. Todas essas técnicas permitem a obtenção de informações importantes que contribuem para o planejamento e realização do projeto Avaliação Característica que deve estar presente em todas as etapas do projeto de intervenção, desde o início da discussão e identificação da situação problemática até o momento final de sua implementação. O Projeto de Intervenção será realizado em equipes com no máximo 4 integrantes, sob a orientação e acompanhamento do Professor Responsável pela Sala Ambiente Projeto Vivencial. Será desenvolvido desde o início do curso, sendo que ao final deverá ser apresentado um relatório analítico do Projeto de Intervenção como atividade avaliativa da sala ambiente. O Projeto de Intervenção constitui-se como pré-requisito para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Projeto Vivencial Unidade III 9
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