Multi Forme. Natascha Lohraine de Oliveira Silva dos SANTOS. Leandro Pimentel ABREU. Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ

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1 1 Multi Forme 2 Natascha Lohraine de Oliveira Silva dos SANTOS 3 Leandro Pimentel ABREU Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ RESUMO A fotografia, assim como a dança, é regida por diversas técnicas que a ajudam a encontrar uma harmonia entre o objeto a ser fotografado e a paisagem que o rodeia, ou, no caso da dança, o corpo e espaço ao seu redor. Essa busca do equilíbrio é chamada composição, seja ela fotográfica ou coreográfica. O trabalho apresentado busca retratar a exploração da composição espacial através da dança, a relação e a interação do corpo do artista com o espaço que o rodeia e a expressão dos sentimentos que o mesmo desperta. PALAVRAS CHAVE: Dança; Composição; Forma; Espaço; Fotografia. 1 INTRODUÇÃO A composição é uma linguagem. É a disposição de algo que constitui um todo e é capaz de organizar a estrutura do que virá a ser de modo que seu início, meio e fim possam ser classificados e ordenados como tal. Por ser uma linguagem, podemos dizer que tudo o que existe é estruturado pela composição que se desenvolve de maneira peculiar em cada algo, mas que demanda um esforço para cifrar tudo o que foge aos limites da representação. O presente trabalho tem como finalidade o estudo da composição na fotografia e na dança através da experiência da realização de um ensaio fotográfico para a conclusão da disciplina de fotografia no primeiro semestre de Trabalho submetido ao XXII Prêmio Expocom 2015, na Categoria Produção Transdisciplinar, modalidade Ensaio fotográfico artístico (conjunto). 2 Aluna estudante do 6º. Semestre do Curso de Publicidade e Propaganda, nloh.oliveira@gmail.com. 3 Orientador do trabalho. Professor de Fotografia do Curso de Comunicação Social da UERJ e pós doutorando da Escola de Comunicação da UFRJ. pimenteleandro@hotmail.com. 1

2 Com posição, Gestell, significa a força de reunião daquele por que põe, ou seja, que desafia o homem a des encobrir o real no modo da dis posição, como dis ponibilidade. Com posição ( Gestell ) denomina, portanto, o tipo de desencobrimento que rege a técnica moderna mas que, em si mesmo não é nada técnico. (HEIDEGGER, 2006, p.24) Podemos compreender como composição fotográfica o equilíbrio entre as cores, as linhas, o ponto de vista, o destaque do assunto principal e a disposição dos assuntos secundários numa fotografia. Na dança, seja ela coreografada ou não, a composição é constituída de diversos elementos, dentre eles as mudanças do plano espacial, o ritmo, o entrelaçamento entre os gestos e indivíduos. Os dois objetos de estudo possuem linguagens peculiares, por isso tentar estudar uma pelos olhos da outra tornou se muito mais uma experiência sensível que uma busca por respostas objetivas. O meu corpo sabe da fotografia? Observei que uma foto pode ser objeto de três práticas (ou de três emoções, ou de três intenções): fazer, suportar, olhar. (BARTHES, A Câmara Escura, 1984) Ao perguntar para a aluna Beatriz Oliveira, de Direção Teatral, que estava presente no ensaio, qual o sentido de dançar para ela obtive como resposta o trecho a seguir: é encontrar um espaço que eu não encontro com palavras ou pensamentos, é o que completa minha lógica. [...] É se conectar de uma forma única. Respirar numa mesma batida. Num mesmo compasso, num mesmo som. Viver o outro, sentir o outro, ser o outro. É nesse espaço encontrado apenas pela dança, onde não cabem palavras ou pensamentos que o fotógrafo tenta adentrar e retratar, fazendo com que a linguagem fotográfica e a linguagem coreográfica convirjam e se descubram juntas, numa composição própria e com capacidade infinita para explorar as diversas formas que o corpo e o espaço são capazes de compor. 2 OBJETIVO Quantas formas existem em nosso corpo e com quantas outras podemos nos relacionar e compor? foram os questionamentos que nortearam o trabalho desde o princípio. Não a busca pela resposta em si pois são infinitas as formas de interação possíveis, mas a ideia de relacionar corpo e espacialidade, a experiência e a vivência dessa busca pelas respostas 2

3 através da exploração dos espaços e da relação dos corpos com eles, tendo a dança como ferramenta e a fotografia como forma de registro do experimento. O objetivo e maior desafio do trabalho proposto seria usar a arte da fotografia para expressar a arte da dança, usando da composição fotográfica para retratar a composição coreográfica tendo como interseção esse pequeno espaço/tempo de interação no qual a arte se dá. 3 JUSTIFICATIVA A escolha da dança como ferramenta ocorreu devido a leitura do capítulo "A arte é (tornou se) fotográfica?" do livro "O ato fotográfico e outros ensaios" de Philippe Dubois que apresenta a transformação da arte que antes conhecíamos as pinturas expostas em ateliês em fotografa, montagens, instalações, videoartes e tudo o que hoje conhecemos como arte contemporânea. Com todos esses criadores, as relações entre fotografia e arte contemporânea tornaram se de uma complexidade intelectual e formal bastante grande, mas sempre singular. Não existe nem regra a priori, nem preeminência de princípio de uma sobre a outra. Antes um jogo de relações entre ambas, infinitamente variado e fora de qualquer axiologia, indo da cópia mais estrita às perturbações mais extravagantes, do corpo a corpo mais físico à analogia mais abstrata. Cada artista, às vezes cada obra, tenta um golpe, experimenta, trança um fio, fia um ardil nessas relações. São esses golpes, esses fios, esses ardis "fotográficos" que fazem finalmente a arte contemporânea. E aqui que se pode ver da melhor maneira possível, pela primeira vez, até que ponto, ao longo de todo o seculo XX, foi de fato a arte (e na maioria das vezes em sua forma mais instituída: a pintura) que se tornou "profundamente fotográfica. (DUBOIS, 1993, p. 279). A dança, assim como as pinturas e fotografias, passou por diversos processos até romper com o classissismo e tornar se hoje o que conhecemos como dança contemporânea, dotada de linguagem própria e uma forma de interação corpo espacial única. A interseção de ambas as transformações artísticas na fotografia e na dança foi o que motivou o recorte do trabalho. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS 3

4 Foi utilizada uma câmera Nikon D90 com obturador em velocidade alta, a fim de obter uma exposição curta e consequentemente uma captura mais limpa do movimento dos bailarinos. Como o ensaio foi feito ao longo de uma manhã e em ambientes diferentes do mesmo prédio, a variação da luz natural tornou se perceptível. Sendo assim, por orientação do professor, houve um tratamento das fotografias no programa Adobe Photoshop, a fim de tentar equalizar as imagens e atenuar o impacto da diferença da luz em cada uma delas. A escolha do preto e branco deu se também em decorrência das dificuldades encontradas para reduzir a diferença da entrada de luz em algumas imagens, mas mostrou se a melhor alternativa uma vez que o ensaio trata desde o principio da poesia do movimento e a interação com o espaço. O preto e branco proporciona essa reflexão, pois abre um espaço para diversas interpretações e leituras do objeto fotografado. 5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO O curso proposto pelo professor orientador Leandro Pimentel, tinha como finalidade abordar a fotografia na mídia e na arte, apontando suas diferenças, interseções e usos na contemporaneidade. O viés escolhido para execução do trabalho fora a fotografia como arte, e mais ainda, a fotografia sobre a arte, tendo a dança como recorte e instrumento de exploração espacial. O processo realizado para chegar ao resultado final deu se plenamente na expressão dos sentimentos dos bailarinos ao ocuparem os espaços propostos. Tendo o prédio da Reitoria da UFRJ a como locação, fora pedido que os artistas tentassem expressar com sua arte o que as curvas, linhas, painéis e demais instalações lhes permitiam sentir. A captura de tais movimentos e sentimentos seria feita pela fotografia, levando em consideração a composição oposta pelos bailarinos. 4

5 (Bailarina: Silvia Patrícia) (Bailarina: Camila Ribeiro) 5

6 6 CONSIDERAÇÕES O trabalho realizado buscou estudar e relacionar a fotografia como arte e sobre a arte da dança, em suas diferentes, porém semelhantes, linguagens. O ensaio realizado foi o resultado da exploração sensível desse espaço de convergência que, como as artes plásticas e as mídias contemporâneas, está em constante movimento e mutação. Não buscando encontrar respostas, mas com a finalidade de mais uma vez, e que não seja a primeira nem a última na história da humanidade, fazer esse esforço para encontrar essa interseção onde as artes podem extrapolar os limites de suas linguagens técnicas e podem se encontrar livremente no espaço e no tempo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTHES, Roland. A Câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências: A questão da técnica. Petrópolis: Ed. Vozes, 200. DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Campinas SP: Papirus,