A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO COM FOCO NO LETRAMENTO MATEMÁTICO
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- Márcia Bugalho
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1 XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019 Grace Dórea Santos Baqueiro gbaqueiro1@gmail.com.br Gabriele Souza de Carvalho gabriele_carvalho2@hotmail.com Matheus Marcos de Brito da Cruz matheus_britosd@hotmail.com.br Resumo: Almejando alcançar qualidade na aprendizagem da matemática, e considerando a necessidade de adequar o ensino à nova proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), propomos o desenvolvimento do presente minicurso, visando apresentar a resolução de problemas como um caminho para desenvolver o letramento matemático. De modo mais específico, pretendemos: 1) promover uma breve discussão sobre a prática e a formação docente; 2) expor ideias de Bicudo e Borba, de Onuchic e da BNCC sobre a importância da resolução de problemas como metodologia de ensino; 3) apresentar problemas matemáticos para que os participantes possam resolvê-los e relacioná-los com a BNCC, identificando, por exemplo, competências e habilidades observadas em suas soluções. Esperamos assim produzir e divulgar material que possa ser utilizado em sala de aula ou em futuras pesquisas, contribuindo assim para a melhoria do ensino e aprendizagem da matemática. Palavras-chave: Resolução de Problemas. BNCC. Letramento Matemático. Ensino. Aprendizagem. INTRODUÇÃO Em 2018, foi aprovada no Brasil a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo que define: [...] o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE). (BRASIL, 2018, p. 7, grifo no original)
2 Esse documento explica que, embora a matemática seja uma ciência hipotéticodedutiva, é importante considerar o papel heurístico das experimentações em sua aprendizagem: o ensino de matemática não deve ter como foco aplicações técnicas dessa ciência, mas sim a compreensão, a construção de significados e a argumentação consistente. Deste modo, a BNCC apresenta uma articulação entre aritmética, álgebra, geometria, estatística e probabilidade, com o intuito de permitir que o aluno, entre outros aspectos, desenvolva a capacidade de identificar oportunidades de utilização da matemática para resolver problemas, aplicando conceitos, procedimentos e resultados para obter soluções e interpretá-las segundo os contextos das situações (BRASIL, 2018, p. 263). Com isso, o documento informa que o Ensino Fundamental deve ter compromisso com o letramento matemático, definindo este com base na matriz de referência de 2012 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) como: [...] as competências e habilidades de raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de modo a favorecer o estabelecimento de conjecturas, a formulação e a resolução de problemas em uma variedade de contextos, utilizando conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáticas. (BRASIL, 2018, p. 264) Considerando que o docente é o responsável pelo planejamento da aula, concordamos com o documento da BNCC ao explicitar que o professor precisa adotar uma metodologia propícia para a apresentação heurística dos conceitos matemáticos para que o letramento matemático possa ocorrer. Acreditamos que um dos possíveis caminhos para isso seja abordar a resolução de problemas como metodologia de ensino, uma vez que, segundo a BNCC (BRASIL, 2018), a resolução de problemas é um dos objetos e estratégias para a aprendizagem ao longo de todo o Ensino Fundamental, visto que os procedimentos matemáticos de resolução de problemas são citados como forma privilegiada da atividade matemática. O documento aponta que: Esses processos de aprendizagem são potencialmente ricos para o desenvolvimento de competências fundamentais para o letramento matemático (raciocínio, representação, comunicação e argumentação) e para o desenvolvimento do pensamento computacional. (BRASIL, 2018, p. 264) Também nos pautamos em Onuchic (1999, p. 203), ao destacar que a resolução de problemas vem despertando crescente interesse entre educadores matemáticos, pois atualmente esse enfoque considera os alunos como participantes ativos, os bons problemas como
3 instrumentos precisos e bem definidos e a atividade de problemas como uma coordenação complexa simultânea de vários níveis de atividade. Onuchic (2013, p. 98) chama atenção para o destaque dado por Lester e Koehle, em 2013, ao ressurgimento internacional de pesquisas sobre a resolução de problemas e às novas perspectivas quanto a sua natureza e seu papel na matemática escolar. Acredita que, retomando essa atenção, a resolução de problemas poderá se tornar um componente integrante do currículo, em vez de ser tratada separadamente como um tópico, muitas vezes até mesmo negligenciado. Segundo Bicudo e Borba (2005, p. 251), o processo de ensino-aprendizagem envolvendo o aluno, o professor e o saber matemático é visto como um dos principais projetos de investigação em Educação Matemática. Assim, embasando-nos nas ideias de Onuchic (1999; 2013) e do exposto na BNCC (BRASIL, 2018), decidimos criar o presente minicurso com o intuito de apresentar a resolução de problemas como caminho para desenvolver o letramento matemático. A seguir, apresentaremos as etapas a serem desenvolvidas durante o minicurso. DESENVOLVIMENTO Elaboramos um minicurso com 25 vagas, tendo como público-alvo graduandos e graduados em licenciatura em matemática, em pedagogia ou em áreas afins. O minicurso se compõe de dois momentos, nos quais se proporão discussões sobre problemas matemáticos, metodologias de ensino, experiências profissionais, a BNCC e o letramento matemático, entre outros tópicos que possam ser suscitados. Serão adotados estes procedimentos metodológicos: 1.º Momento: Parte I: Iniciaremos com a leitura coletiva do texto A volta do velho professor (A VOLTA..., [s.d.]), do site Oficina da Pesquisa, idealizado pelo professor Carlos José G. dos Santos. Em seguida, lançaremos duas questões sugeridas por uma professora e adaptada pelo professor Santos: 1) Este texto é uma crítica positiva ou negativa à escola? 2) Como seria a escola ideal para você? Solicitaremos aos participantes que façam suas anotações em papel e depois socializem as respostas, promovendo assim uma reflexão sobre a prática docente. Visamos com isso iniciar uma discussão sobre a metodologia de ensino que vem sendo desenvolvida em sala de aula. Parte II: Exposição de slides sobre resolução de problemas matemáticos.
4 Parte III: Uma breve apresentação da BNCC para os anos finais do Ensino Fundamental e um exemplo de como analisamos a questão 18 da prova de nível 1 da 14.ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP, 2018). Mostraremos, com base na BNCC, as competências, unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades de matemática identificados na estratégia que utilizamos para solucionar o problema. O intuito é relacionar, por meio do exemplo, a resolução de problemas e o letramento matemático. 2.º Momento: Os participantes formarão cinco grupos de cinco componentes e para cada grupo sortearemos uma questão da referida prova da OBMEP. Também lhes entregaremos informações sobre a unidade temática, os objetos de conhecimento e as habilidades referentes ao 6.º e ao 7.º ano do Ensino Fundamental explicitadas na BNCC. Estipularemos um prazo de 30 minutos para que os grupos percorram as seguintes etapas: 1) resolver a questão sorteada; 2) identificar as competências, a unidade temática, os objetos de conhecimento e as habilidades observados nas respectivas soluções; 3) sugerir formas de trabalhar o problema em sala de aula. Disporemos de folhas tamanho A4 para que os componentes façam seus registros, que serão subsequentemente socializados com toda a turma. Finalizaremos com a entrega de um kit contendo provas e banco de questões da OBMEP. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esperamos que, ao aplicar o presente minicurso utilizando questões da OBMEP, possamos promover reflexões sobre a importância da formação continuada do professor e de ensinar matemática por meio da resolução de problemas. Pretendemos que ao analisarem as competências, a unidade temática, os objetos de conhecimento e as habilidades, conforme preceitua a BNCC, presentes nas soluções dos problemas, os participantes percebam a necessidade de observá-los também ao planejarem suas aulas de matemática, bem como ao elaborarem avaliações internas. Com a metodologia proposta, esperamos que se vivencie uma troca de experiências entre todos os envolvidos e que os participantes venham a visualizar as questões da OBMEP sob outras perspectivas ou seja, como caminho para que possam incrementar suas metodologias e avaliações desenvolvidas em sala de aula e também como maneira de se familiarizarem com as propostas da BNCC e com o conceito de letramento matemático.
5 Esperamos que tal discussão e o compartilhamento de experiências despertem o interesse pelo ensino de matemática aliado à resolução de problemas como metodologia de ensino. Frisamos a importância de desenvolver conexões que permitam ao professor trabalhar a resolução de problemas em sala de aula em conjunto com a OBMEP e esperamos que tais conexões sejam também estendidas a outras avaliações, a exemplo da Prova Brasil e do Enem. Salientamos também que aproveitaremos o momento ímpar do minicurso para gerar instrumentos de coleta de dados que possam servir ao desenvolvimento de futuros estudos, visando assim contribuir para a pesquisa em Educação Matemática. REFERÊNCIAS A VOLTA do velho professor. [s.d.]. Disponível em: < PROFESSOR.pdf>. Acesso em: 28 jan BICUDO, M.A.V.; BORBA, M. de C. Educação matemática: pesquisa em movimento. In: BICUDO, M.A.V.; BORBA, M. de C. (Orgs.). Prática reflexiva do professor de matemática. 2. ed. rev. São Paulo: Cortez, p BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria Executiva, Secretaria de Educação Básica. Base nacional comum curricular. Brasília: MEC, OBMEP OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS, 14. Nível 1, 6. o e 7. o anos do ensino fundamental, l. a fase Disponível em: < Acesso em: 2 out ONUCHIC, L. de la R. Ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, M.A.V. (Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, p ONUCHIC, L. de la R. A resolução de problemas na educação matemática: onde estamos? E para onde iremos? Revista Espaço Pedagógico, Passo Fundo, v. 20, n. 1, p , Disponível em: < Acesso em: 15 abr
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