Coordenação-Geral de Tributação

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1 Fls. 2 1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Consulta nº Data 12 de setembro de 2014 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS - IOF IOF CÂMBIO. OPERAÇÃO DE EMPRÉSTIMO EXTERNO. A renovação, a repactuação e a assunção de obrigação de operação de empréstimo externo estão sujeitas à realização de operações simultâneas de câmbio. As operações simultâneas de câmbio ou de transferências internacionais em reais são consideradas, para todos os efeitos, operações efetivas, devendo ser adotados os procedimentos operacionais previstos na regulamentação e comprovado o recolhimento dos tributos incidentes nas operações. Nesse contexto, é devida a incidência da alíquota de 6% (seis por cento) na hipótese de a referida operação, inerente ao empréstimo externo, ter sido contratada ou liquidada, total ou parcialmente, em prazo inferior ao estipulado no inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007. Dispositivos Legais: Arts. 11, 14, 15-A, XXII, do Decreto nº 6.306/2007; e art. 7º, III, da Resolução BCB/CMN nº 3.844/2010. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA CONSULTA INEFICÁCIA. Não produz efeitos a consulta formulada quando o fato estiver disciplinado em ato normativo publicado na Imprensa Oficial antes de sua apresentação. 1

2 Fls. 3 Dispositivos Legais: Art. 18, VII, da IN RFB nº 1.396/2013. Relatório Trata-se de consulta sobre a interpretação da legislação tributária, encaminhada por representante de pessoa jurídica de direito privado (fls. 2, 3, 12 e 16), acerca da matéria de que trata o art. 15-A, IX e XXII, do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que regulamenta o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF. 2. Em suma, a interessada pontua que, em dezembro de 2000, firmou contrato particular de mútuo com pessoa jurídica sediada no exterior (fls. 2) e que tal operação (...) foi devidamente comunicada ao Banco Central do Brasil, por meio de Pedido de Registro de Operações de Empréstimo Externo, onde consta inclusive a nota de que os valores seriam disponibilizados (data da liquidação do contrato de câmbio) em (...) outubro de 2000 (...) Acrescenta que, em 12 de janeiro de 2012 (fls. 2), firmou dois contratos de câmbio com instituição financeira autorizada a operar no mercado de câmbio no Brasil (...) que não significam nova disponibilização, mas uma mera alteração em relação ao credor no exterior para pagamento (...), com a finalidade de se proceder à devolução (e ao cumprimento do mútuo) dos valores à Mutuante/sucessora no exterior. Sobre a incidência do IOF, referenciando os incisos IX e XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007, a consulente destaca: Consulta (fls. 2). Apesar da disposição do art. 15-A, inciso IX, do Decreto n /07 reduz a zero a alíquota do IOF/Câmbio nas liquidações de operações de câmbio de ingresso e saída de recursos no e do País, referentes a recursos captados a título de empréstimos e financiamentos externos sobre esse contrato (celebrado [em janeiro de 2012] para quitação do empréstimo anteriormente contraído) está sendo retido pelo banco o imposto à alíquota de 6% nos termos do art. 15-A, 2

3 Fls. 4 inciso XXII, com a redação dada pelo Decreto n , de 09 de março de [negrito no original] 3. Por fim, a consulente questiona: 3.1. considerada a liquidação do contrato de câmbio em outubro de 2000 [empréstimo externo realizado pela consulente em 2000], por ocasião da assinatura [em 2012] do contrato tendente à devolução dos valores mutuados, é devido IOF/Câmbio nessa operação mais recente? 3.2. se sim, e consideradas as disposições do art. 15-A, inciso IX e inciso XXII, é correta a tributação da operação à alíquota zero? 3.3. as alterações do Decreto n , de 12 de março de 2012, podem atingir uma operação ocorrida em 12 de janeiro de 2012? Fundamentos 4. Primeiramente, importa esclarecer que a redação original do inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007 (incluído pelo Decreto nº 7.456, de 2011) foi alterada pelo art. 1º do Decreto nº 7.457, de 6 de abril de 2011 (publicado no DOU de 7/4/2011). Assim, em 12 de janeiro de 2012 (data citada no questionamento do subitem 3.3), encontrava-se vigente a seguinte redação: XXII - nas liquidações de operações de câmbio contratadas a partir de 7 de abril de 2011, para ingresso de recursos no País, inclusive por meio de operações simultâneas, referente a empréstimo externo, sujeito a registro no Banco Central do Brasil, contratado de forma direta ou mediante emissão de títulos no mercado internacional com prazo médio mínimo de até setecentos e vinte dias: seis por cento Tal redação foi, posteriormente, alterada pelos seguintes Decretos: nº 7.683, de 29 de fevereiro de 2012, nº 7.698, de 9 de março de 2012, nº 7.751, de 13 de junho de 2012, e 7.853, de 4 de dezembro de Assim, em relação ao questionamento 3.3 (suposta retroatividade da hipótese de que trata o inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007), há que se considerar o texto do dispositivo no dia 12 de janeiro de 2012 e que, nessa data, já havia a previsão da aplicação da alíquota de seis por cento (redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 7.457/2011). Logo, tem-se 3

4 Fls. 5 que a consulta, em relação ao questionamento do subitem 3.3, não produz efeitos por força do art. 18, VII, da IN RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013: IN RFB nº 1.396/2013. Art. 18. Não produz efeitos a consulta formulada: (...) VII - quando o fato estiver disciplinado em ato normativo publicado na Imprensa Oficial antes de sua apresentação; (...). 5. Em suma, o inciso XXII e os 1º e 2º do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007 disciplinam que, dependendo do prazo para pagamento do empréstimo externo, o IOF incide à alíquota de 6% (seis por cento) sobre o valor da operação de câmbio relativa ao empréstimo captado no exterior por empresas brasileiras [nas liquidações de operações de câmbio contratadas, (...), para ingresso de recursos no País, inclusive por meio de operações simultâneas, referente a empréstimo externo, sujeito a registro no Banco Central do Brasil, contratado de forma direta (...) com prazo médio mínimo de até (...) dias]. Ademais, sem prejuízo da aplicação de penalidades, o 2º do art. 15-A estabelece que Quando a operação de empréstimo for contratada pelo prazo médio mínimo superior ao exigido no inciso XXII do caput e for liquidada antecipadamente, total ou parcialmente, descumprindo-se este prazo mínimo, o contribuinte ficará sujeito ao pagamento do imposto calculado à alíquota estabelecida no inciso XXII do caput, acrescido de juros moratórios e multa (...). Assim, em resumo, é devida a incidência da alíquota de 6% (seis por cento) na hipótese de o empréstimo externo ter sido contratado ou liquidado em prazo inferior ao estipulado no dispositivo O cálculo do prazo médio mínimo encontra-se definido pelo Ato Declaratório Interpretativo nº 41, de 1º de agosto de No caso sob análise, vislumbra-se que tenha ocorrido, em 2012, novação ou negócio assemelhado de operação de crédito externo em que houve substituição do credor (fls. 2). Em relação à incidência do IOF sobre as operações de câmbio, ressalte-se que Ocorre o fato gerador e torna-se devido o IOF no ato da liquidação da operação de câmbio (art. 11, parágrafo único do Decreto nº 6.306/2007) e que A base de cálculo do IOF é o montante em 4

5 Fls. 6 moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição, correspondente ao valor, em moeda estrangeira, da operação de câmbio (art. 14 do Decreto nº 6.306/2007). 7. O inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007 disciplina expressamente acerca da incidência do IOF (alíquota), inclusive, nas liquidações de operações simultâneas de câmbio relativas a empréstimos externos. Sobre a matéria, o RMCCI (Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais) esclarece que As operações simultâneas de câmbio ou de transferências internacionais em reais são consideradas, para todos os efeitos, operações efetivas, devendo ser adotados os procedimentos operacionais previstos na regulamentação e comprovado o recolhimento dos tributos incidentes nas operações (item 35 do capítulo 1 do título 1) O Conselho Monetário Nacional, nos termos da Resolução BCB/CMN nº 3.967, de 4 de abril de 2011, alterando a redação da Resolução BCB/CMN nº 3.844, de 23 de março de 2010, disciplina que a renovação, a repactuação e a assunção de obrigação de operação de empréstimo externo estão sujeitas à realização de operações simultâneas de câmbio. Resolução BCB/CMN nº 3.844/2010 Art. 7º Para os fins do registro de que trata esta Resolução, sujeitam-se à realização de operações simultâneas de câmbio ou de transferências internacionais em reais, sem entrega efetiva dos recursos e independentemente de prévia autorização do Banco Central do Brasil: (...) III - a renovação, a repactuação e a assunção de obrigação de operação de empréstimo externo, sujeito a registro no Banco Central do Brasil, contratado de forma direta ou mediante emissão de títulos no mercado internacional. (Incluído pela Resolução 3.967, de 4/4/2011.) [grifado] 8. A consulente não evidencia, na consulta, a natureza jurídica do acordo que culminou na celebração dos contratos de câmbio firmados em 12 de janeiro de 2012 (se houve, por exemplo, do ponto de vista da instituição financeira, renovação ou repactuação da operação de empréstimo externo) e omite se houve ou não observância ao prazo médio mínimo definido pelo inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/

6 Fls Contudo, das especificações dos referidos contratos de câmbio (fls. 21 e 25), denota-se que se trata de operação simultânea de câmbio relacionada ao regramento dado pela Resolução BCB/CMN nº 3.967/2011, considerando a necessária observância ao prazo médio mínimo de 720 dias definido pelo art. 1º do Decreto nº 7.457/2011 (fls. 21). Extrai-se, ainda (fls. 20 e 24), o código da natureza da operação ( N-95-47) Do RMCCI (subseções 1 e 24 da seção 2 do capítulo 8 do título 1), constata-se que a natureza da operação é integrada por doze elementos ( N-95-47, fls. 20 e 24) e que os dois últimos dígitos (no caso sob análise, o número 47) correspondem à identificação do grupo ao qual pertence a operação e que o código 47 é utilizado na hipótese de capitais estrangeiros alterações de características, Para utilização em renovação, repactuação e assunção de obrigação de empréstimo externo sujeito a registro no Banco Central do Brasil, contratado de forma direta ou mediante emissão de títulos no mercado internacional, cujas operações simultâneas de câmbio ou de transferências internacionais em reais, sem entrega efetiva dos recursos, devem obedecer à utilização da natureza-fato correspondente à modalidade de capital estrangeiro, vinculando-se a cada contrato de câmbio de venda um contrato de câmbio de compra Por conseguinte, tem-se como devida a incidência da alíquota de 6% (seis por cento) na hipótese de a operação (art. 7º, III, da Resolução BCB/CMN nº 3.844/2010) inerente ao empréstimo externo (relacionada aos contratos de câmbio firmados em 12/1/2012) ter sido contratada ou liquidada, total ou parcialmente, em prazo inferior ao estipulado no inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007. Conclusão 9. Em resposta à consulente, informa-se: i) que a renovação, a repactuação e a assunção de obrigação de operação de empréstimo externo estão sujeitas à realização de operações simultâneas de câmbio; ii) que as operações simultâneas de câmbio ou de transferências internacionais em reais são consideradas, para todos os efeitos, operações efetivas, devendo ser adotados os procedimentos operacionais previstos na regulamentação e comprovado o recolhimento dos tributos incidentes nas operações; iii) e que, nesse contexto, é devida a incidência da alíquota de 6% (seis por cento) na hipótese de a referida operação inerente ao empréstimo externo (operação relacionada aos contratos de câmbio firmados em 6

7 Fls. 8 12/1/2012) ter sido contratada ou liquidada, total ou parcialmente, em prazo inferior ao estipulado no inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/ Em relação ao questionamento 3.3 (suposta retroatividade da hipótese de que trata o inciso XXII do art. 15-A do Decreto nº 6.306/2007), há que se considerar o texto do dispositivo no dia 12 de janeiro de 2012 e que, nessa data, já havia a previsão da aplicação da alíquota de seis por cento (redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 7.457/2011). Logo, tem-se que a consulta, em relação ao questionamento do subitem 3.3, não produz efeitos por força do art. 18, VII, da IN RFB nº 1.396/2013 À consideração superior. PAULO HENRIQUE PASSOS TEIXEIRA DANTAS Auditor-Fiscal da RFB Disit/SRRF01 De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora da Cotir. RODRIGO AUGUSTO VERLY DE OLIVEIRA Auditor-Fiscal da RFB Chefe da Disit/SRRF01 Ordem de Intimação De acordo. À consideração do Coordenador-Geral da. CLÁUDIA LÚCIA PIMENTEL MARTINS DA SILVA Auditora-Fiscal da RFB Coordenadora da Cotir Aprovo a Solução de Consulta. Publique-se e divulgue-se nos termos do art. 27 da IN RFB nº 1.396, de 16 de setembro de Dê-se ciência à consulente. FERNANDO MOMBELLI Auditor-Fiscal da RFB - Coordenador-Geral da 7