CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

Transcrição

1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 1ª Região Nova Iguaçu/RJ Interessado(s) 1: Suscitante: Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho (PRT 1ª Região - PTM de Nova Iguaçu) Interessado(s) 2: Suscitado: Dr. Renato Silva Baptista (PRT 1ª Região PTM de Nova Iguaçu) Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): Observação: Conflito de Atribuição Conflito negativo de atribuição entre membros da PRT 1ª Região (PTM de Nova Iguaçu) CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÃO. Suscitado fora do prazo previsto pelo 1º, do art. 3º, da Resolução CSMPT nº 69/2007, com redação dada pela Resolução CSMPT nº 99/2011. Pelo não conhecimento do conflito, por intempestivo. RELATÓRIO Trata-se de conflito negativo de atribuição, oriundo da Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região/RJ (PTM de Nova Iguaçu), e suscitado pelo ilustre Procurador do Trabalho, Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho, contra o digno Procurador do Trabalho, Dr. Renato Silva Baptista, lotados na PTM de Nova Iguaçu (PRT 1ª Região/RJ). 1

2 Por considerar existente conexão ou pertinência temática deste IC com o Inquérito Civil nº 4791/ mais antigo -, o Exmo. Procurador do Trabalho, Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho, ora suscitante, determinou a juntada deste feito ao sobredito inquérito civil, com remessa dos autos ao i. suscitado, Dr. Renato Silva Baptista, oficiante naquele feito, para manifestação (fl. 145), verbis: Este procedimento administrativo tem por objeto a investigação de irregularidades na manutenção de máquinas e equipamentos. A semelhança do IC 782/2011, entendo haver conexão ou pertinência temática com o IC 4791/2009, precedente a todos, pois neste a investigação prossegue em estágio adiantado, com objeto especifico nos procedimentos (e cronogramas) de parada da produção para manutenção de máquinas e equipamentos. Julgo, portanto, que ambos devem caminhar juntos, para assegurar uma racionalidade mínima na atuação institucional e uma coerência lógica nas decisões. Nesse sentido, determino a juntada deste procedimento de investigação no IC /8-403 e a submissão deste despacho ao juízo do procurador lá oficiante para manifestar seu entendimento de concordância ou não. O i. suscitado assim não entendeu, com o argumento de que o IC sob sua presidência cuida apenas da jornada de trabalho nas paradas de manutenção, enquanto este procedimento versa sobre condições operacionais e de integridade das máquinas e equipamentos (fl. 147): Vieram os autos era razão do despacho de f que entendeu haver conexão ou pertinentinência temática com o IC 4791/2009. Todavia, os autos do IC 4791/2009 cuidam apenas da jornada de trabalho nas paradas de manutenção, enquanto estes 2

3 autos têm relação com a manutenção, vale dizer, condições operacionais e de integridade das máquinas e equipamentos da Inquirida. Diante desse quadro, devolvam-se os autos à banca 405 para uma eventual reconsideração. Retornando o feito ao Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho, este, por seu turno, suscitou conflito negativo de atribuição no seguinte sentido (fls. 153/158), ad litteram: Este procedimento de. investigação foi instaurado contra PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS, por denúncia do sindicato de classe [fl. 31], noticiando acidente de trabalho ocorrido em 15/12/2011 na Refinaria de Duque de Caxias REDUC. A denúncia sugere a falta de manutenção de equipamento como causa do evento. Mais adiante, em audiência [fls. 46/47], o sindicato denunciante alega a carência de empregados para realizar a necessária manutenção das máquinas e equipamento. A AGENCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP apresentou diversos relatórios de fiscalização da REDUC [fls. 48/90 e 111], concluindo que "houve na refinaria nos últimos dois anos, 2010 e 2011, 9 (nove) ações da ANP, conforme tabelas em anexo, sendo que 3 (três) delas reativas, em atendimento a denúncias provocadas pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Destilação e Refinação de Petróleo de Duque de Caxias, as demais ativadas pelo planejamento interno desta Superintendência" e que "cabe informar que não foi evidenciada pela ANP conduta negligente quanto a inspeção/manutenção dos j equipamentos da refinaria. Foi observado que a refinaria.vem melhorando a gestão dos recursos, principalmente, para as unidades mais antigas que demandam intervenções de inspeção/manutenção em intervalos de tempo menores, além da dificuldade verificada em encontrar materiais... de suprimento para reposição de componentes para seus equipamentos". A ANP é o órgão competente e independente para fiscalizar as empresas de exploração de petróleo no que concerne à 3

4 manutenção e conservação de maquinário, equipamentos e instalações, na forma de sua Resolução n 16/2010. Aliás,. as agências reguladoras foram criadas justamente para realizar inspeções técnicas, dada as especificidades das matérias em questão, no intuito de avaliar as atividades econômica desenvolvidas, com poder de policia administrativa para aplicar multas e impor outras sanções, como, por exemplo, a interdição de local, a suspensão de atividade e o cancelamento das licenças de operação. A PETROBRAS, por sua vez, apresentou relatório sobre o evento, Relatório de Análise da Ocorrência da Queda da U-1320 [fls. 95/98], apontando como causa básica, dentre outras, "gestão de manutenção preventiva", insinuando a falta de pessoal, pois se refere à gestão, ou seja, desvio na implementação dos programas preventivos aprovados pela agência reguladora. É dizer: há cultura ou intenção de prevenção; falta colocá-lo em prática. O sindicato de classe, em nova manifestação, volta a sustentar a ausência de pessoal para realizar adequadamente a manutenção e conservação ' do maquinário e, por consequência, o excesso de jornada de trabalho daqueles empregados dedicados à tal mister [fls. 99/105]. Informa, ainda, que ingressou com ação judicial pleiteando "reformas e manutenções básicas". Em complementação, a ANP apresentou novo relatório de fiscalização [fls. 111/124], sobre ação empreendida em 29/03/-2012 ria Unidade Termoelétrica U-1320, local do acidente, atestando que "foi evidenciada pela ANP sistemática de monitoramento e análise prévia das condições operacionais e de integridade dos equipamentos, em conformidade com as boas práticas de engenharia, além da manutenção de programas de capacitação inerentes às necessidades identificadas". E, em conclusão, "a ANP em sua vistoria e posterior análise da documentação enviada, no que tange ao gerenciamento, rastreabilidade e execução dos planos de manutenção e inspeções não constatou condutas que evidenciassem a ausência de controle e execução dos planos e manutenção e inspeções, bem como da aplicação de normas e boas práticas de Engenharia em conformidade com a legislação vigente". Entendo que este procedimento de investigação, ainda preliminar, envolve, indiretamente, a questão da jornada de trabalho. 4

5 Isso porque, há informação do sindicado denunciante de que o acidente ocorrido teve como causa a carência de pessoal do setor de manutenção e conservação e o excesso na duração do trabalho, fatos que impossibilitariam a adequada realização das tarefas relacionadas à manutenção e conservação dos equipamentos. Esse fato peculiar e de atribuição investigativa do Ministério Público do Trabalho não foi, evidentemente, objeto de análise por parte da ANP e, tampouco, da PETROBRAS. Nesse sentido, ao invés de simplesmente arquivar este procedimento administrativo ainda em fase preliminar, decidi [fl. 145], tendo ciência de outro procedimento de investigação em curso na Procuradoria do Trabalho do Município de Nova Iguaçu (IC /8-403), precedente (instaurado em 21/08/2009) e com objeto especifico na duração do trabalho (PARADA DE MANUTENÇÃO - JORNADA DE TRABALHO EXCESSIVA), encaminhá-lo por conexão ou aproximação temática ao órgão prevento, no fundo, com a intenção de auxiliar àquela investigação. No entanto, o procurador do trabalho que recebeu os autos do procedimento irmanado, entendeu por não haver a conexão ou pertinência temática arguida [fl. 147]. Como discordo desse entendimento reducionista e mantenho minha posição de que ambos dos procedimentos de investigação (IC /8-403 e IC /5-405) devem caminhar juntos e receber tratamento ou destino idêntico, suscito conflito negativo de atribuição. Invoco, ainda, como reforço de argumentação, uma situação incidental exatamente idêntica ocorrida no transcurso daquele procedimento conexo. No IC /1-405, instaurado em 27/12/2011 contra PETROBRAS também por acidente de trabalho e com objeto de investigação em "manutenção preventiva de equipamentos industriais", temário (MEIO AMBIENTE DO TRABALHO, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS), no qual se discutia os mesmos assuntos, houve despacho de aglutinação por conexão [fl. 65], por motivo igual aquele por mim invocado, e com concordância expressa [fl. 67 e 81] do mesmo procurador do trabalho que, tempos depois, lançou entendimento diverso, isto é, rechaçou a conexão. Tanto é verdade que, atualmente, aqueles procedimentos (IC /8-403 e IC /1-405) seguem a mesma sorte. Verificada, portanto, a divergência de entendimento de órgãos internos a configurar o conflito de atribuição negativo, DETERMINO, a REMESSA dos autos a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho, na forma do -artigo 103, 5

6 inciso VI da Lei Complementar n 75/93, para decidir sobre a questão. (destaques próprios) Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram os autos a esta Relatora (fl. 160). É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO O conflito negativo de atribuição sub studio (fls. 153/158) foi suscitado, pelo Excelentíssimo Procurador do Trabalho Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho, tardiamente, sendo INTEMPESTIVO. In casu, os autos foram conclusos ao i. Procurador suscitante em 10 de setembro de 2013 ( ), conforme termo à fl. 152, sendo suscitado conflito negativo de atribuição somente em 26 de novembro de 2013 ( ), consoante fl. 158, quando já havia claramente expirado o prazo normativo (10 dias art. 3º, 1º, da Resolução CSMPT nº 69/2007, com redação dada pela Resolução CSMPT nº 99/2011). Considerando que a conclusão dos presentes autos ao suscitante ocorreu em (fl. 152), tem-se como termo final do prazo estabelecido pelo 1º, do art. 3º, da Resolução CSMPT nº 69/2007 o dia Tardio, pois, o conflito suscitado somente em

7 Ademais, não há registro nos autos de qualquer fato/motivo que determine a suspensão e/ou interrupção do prazo normativo em questão (10 dias art. 3º, 1º, da Resolução CSMPT nº 69/2007, com redação dada pela Resolução CSMPT nº 99/2011). CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO pelo NÃO- CONHECIMENTO do CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÃO sub examine por intempestivo, determinando o retorno dos autos à Procuradoria do Trabalho no Município de Nova Iguaçu/RJ (PRT 1ª Região) para as providências cabíveis e necessárias. Dê-se ciência aos ilustres Procuradores do Trabalho, Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho e Dr. Renato Silva Baptista, e à chefia da Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região. Brasília, 12 de dezembro de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora CCR Relatora sgs 7