PROCESSO: RTORD
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- João Gabriel Domingues Canário
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1 ACÓRDÃO 7ª TURMA TERCEIRIZAÇÃO. ENQUADRAMENTO. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Não demonstrada a ilicitude na terceirização dos serviços, as vantagens salariais previstas em norma coletiva inerente à categoria dos empregados da empresa tomadora dos serviços não alcançam os empregados contratados por meio de empresa interposta. Inaplicável, assim, a Orientação Jurisprudencial nº 383, da SDI-I, do TST. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário, em que são partes RAQUEL NEVES DA CRUZ, como recorrente e CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e PROBANK S/A EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL, como recorridas. A r. sentença foi proferida pelo MM. Juiz Evandro Lorega Guimarães, da 38ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que julgou improcedente o pedido de pagamento dos benefícios da categoria dos bancários. Inconformada com a r. decisão de fls. 357/360, a reclamante pede a reforma da sentença, consoante razões de fls. 362/377. Afirma a recorrente que a r. sentença deve ser reformada, vez que deve ser reconhecido o enquadramento sindical na categoria dos bancários, por desempenhar tarefas inerentes à própria atividade-fim da tomadora, e todos os benefícios profissionais e normativos da categoria bancária, calcado no princípio constitucional da isonomia. Sustenta que as atividades por ela desenvolvidas são tipicamente bancárias e executadas nas próprias dependências da CEF,
2 utilizando-se de terminal de caixa para autenticação de documentos, além disso, era subordinada a segunda reclamada, como pode se comprovar mediante depoimento, pois estava sob o comando de funcionários da mesma, realizando atividades inerentes aos bancários. Aduz que a CEF desvirtua a prática da terceirização, contratando empresas para realização de atividade-fim, mantendo os empregados da suposta terceirizada, sob controle do próprio banco, deixando nítida a fraude à legislação trabalhista. Assevera que, com base no princípio constitucional da igualdade (art. 5º, da CRFB/88) e, por aplicação analógica do art. 4º e art. 12, da Lei nº 6.019/74, faz jus à percepção da mesma remuneração dos bancários. Custas dispensadas (fls. 360). Contrarrazões às fls. 380/384. O órgão Ministério Público do Trabalho manifestouse às fls. 389, em promoção da ilustre procuradora Deborah da Silva Felix, pelo regular prosseguimento do feito, não vislumbrando interesse público que determine a emissão de parecer pormenorizado. É o relatório. V O T O legais de admissibilidade. CONSTITUCIONAL Conheço do recurso, por atendidos os pressupostos BENEFÍCIOS DOS BANCÁRIOS ISONOMIA Alega a recorrente que deve ser reconhecido o enquadramento sindical na categoria dos bancários, por desempenhar tarefas
3 inerentes à própria atividade-fim da tomadora, e todos os benefícios profissionais e normativos da categoria bancária, calcado no princípio constitucional da isonomia. Sustenta que as atividades por ela desenvolvidas são tipicamente bancárias e executadas nas próprias dependências da CEF, utilizando-se de terminal de caixa para autenticação de documentos, além disso, era subordinada a segunda reclamada, como pode se comprovar mediante depoimento, pois estava sob o comando de funcionários da mesma, realizando atividades inerentes aos bancários. Aduz que a CEF desvirtua a prática da terceirização, contratando empresas para realização de atividade-fim, mantendo os empregados da suposta terceirizada, sob controle do próprio banco, deixando nítida a fraude à legislação trabalhista. Assevera que, com base no princípio constitucional da igualdade (art. 5º, da CRFB/88) e, por aplicação analógica do art. 4º e art. 12º, da Lei nº 6.019/74, faz jus à percepção da mesma remuneração dos bancários. Sem razão. Postulou a reclamante os benefícios da categoria dos bancários, afirmando que, apesar de desenvolver, na 2ª reclamada, tarefas próprias de serviços bancários, como caixa, tais como conferência e compensação de valores, autenticação de envelopes e malotes do caixa empresa, análise de docs de lançamentos de valores nas contas dos clientes, lançamento de cheques, recebimento de contas, borderôs de cheques, duplicatas, promissórias, preparação para malotes de compensação, pagamento de penhor, manipulação de numerário, transferência, depósitos, recolhimento de envelope de caixa rápido, o que fez desde que ingressou na 1ª ré, não estava enquadrada na categoria dos bancários, nem tampouco recebia os direitos estendidos à mesma, o que fere preceitos contidos na CLT
4 A autora foi admitida em , no cargo de digitadora, pela primeira reclamada PROBANK S/A EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL (fls. 33), para prestar serviço na segunda reclamada CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, sendo dispensada sem justa causa em (fls. 38). A primeira reclamada PROBANK S/A EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL tem por objeto segundo o estatuto social de fls. 205/231, verbis: (...) c) Serviços de entrada, tratamento e processamento de dados e administração de recursos de tecnologia da informação e comunicação, incluindo tratamento de documentos, compensação de cheques e atividades de retaguarda bancária, digitação, digitalização, indexação, organização, arquivamento, guarda e recuperação de dados; Não se trata, portanto, de instituição financeira que atua na coleta, captação ou empréstimo de recursos financeiros, nem de empresa contratada para a prestação de serviços de correspondente, nos termos da Resolução nº 3.110/2003, editada pelo Banco Central do Brasil. As reclamadas firmaram contrato de prestação de serviço (fls. 275/289), tendo como objeto, verbis: Prestação de serviços de digitação de dados, relatórios e serviços correlatos; acertos em terminal/micro via programa de entrada de dados de erros de digitação; conferência de relatórios e/ou documentos; controle/transmissão de dados em microcomputadores, terminais de processamento e equipamentos processadores de documentos;
5 inserção e retirada de formulário contínuo em impressoras; recepção, distribuição, controle, envelopamento e expedição de documentos e/ou relatórios, utilizando-se dos meios de comunicação existentes na CAIXA; preparo, conferência e preenchimento de documentos preliminares e finais para processamento; somatório de documentos para conferência de relatórios e/ou preparação de lotes para digitação, emissão de relatórios, conferência de relatórios e/ou documentos; corte de formulário contínuo; controle de produção e arquivo. Cabia, assim, à reclamante, provar que exercia atividade tipicamente de bancária, ou seja, atividade-fim da segunda reclamada, ônus do qual não se desincumbiu. A reclamante, no depoimento pessoal de fls. 345, declarou que não atendia ao público, nem vendia produtos da CEF, verbis: (...) que trabalhou na agência de São Cristóvão até 2003 e depois no prédio da Voluntários da Pátria da CEF; que na Voluntários da Pátria trabalhava com a compensação de cheques, não fazendo atendimento ao público; que não vendia produto da CEF ou tinha acesso às contas de seus clientes. (Grifamos). Declarou o representante legal da primeira reclamada, às fls. 346, declarou, verbis: (...) que a reclamante fazia conferência de documentos, não sabendo de qual empresa; que não sabe informar quais documentos a reclamante fazia conferência, sequer se relacionados com a compensação de cheques; que não sabe informar se a reclamante trabalhava com o sistema informatizado
6 da CEF; que a reclamante trabalhava na CEF e não atendia o público. A testemunha indicada pela autora, ao ser ouvida às fls. 347, afirmou que a autora não atendia ao público, nem vendia produtos da CEF, esclarecendo que, quanto aos cheques, apenas realizava a conferência visual, não conferindo as assinaturas dos cheques com o cadastro dos clientes, bem como, acesso às respectivas contas bancárias, verbis: (...) que trabalhou na reclamada de a como digitador; que trabalhou com a reclamante no setor de compensação de cheques da CEF, na Rua Voluntários da Pátria; (...) que a reclamante trabalhava com serviço relacionado com a compensação de cheque, o mesmo ocorrendo com o depoente; que não fazia atendimento ao público ou vendia produtos da CEF, o mesmo ocorrendo com a reclamante; que havia empregado da CEF fazendo o mesmo trabalho e sabe de tal fato por causa do crachá identificador usado por este; que parte das funções eram cumpridas no sistema informatizado da CEF, outra fazendo a conferência de cheques, eventuais fraudes, e o acompanhamento da evolução dos cheques até o final, o mesmo ocorrendo com a reclamante; que o supervisor da CEF, Edilberto fazia a distribuição dos serviços e horários; que quando se refere à fraude em relação aos cheques é porque fazia a conferência visual para sua detecção; que não conferia a assinatura dos cheques com o cadastro do cliente ou tinha acesso às suas contas; que havia um coordenador da primeira reclamada no local de trabalho; que caso necessitasse faltar ou chegar mais tarde, comunicava ao supervisor da CEF; que o coordenador Alexandre da primeira reclamada desempenhava as mesmas funções e também
7 controlava frequência e horário, férias, sendo portavoz dos empregados com a primeira reclamada. (Grifamos). A reclamante, portanto, não exerceu atividade de bancária e, muito menos, àquelas descritas na inicial na qualidade de caixa. Não demonstrada, ademais, a ilicitude na terceirização dos serviços, as vantagens salariais previstas em norma coletiva inerente à categoria dos empregados da empresa tomadora dos serviços não alcançam os empregados contratados por meio de empresa interposta. Inaplicável, assim, a Orientação Jurisprudencial nº 383, da SDI-I, do egrégio TST, verbis: TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRES-TADORA DE SERVIÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, A, DA LEI N.º 6.019, DE (DEJT divulgado em 19, 20 e ) A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação analógica do art. 12, a, da Lei n.º 6.019, de Nego provimento. Pelo exposto: Conheço do recurso. No mérito, nego-lhe provimento para manter a r. sentença em todos os seus termos
8 A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso. No mérito, negar-lhe provimento para manter a r. sentença em todos os seus termos. Rio de Janeiro, 15 de fevereiro de 2012 MARIA DAS GRAÇAS CABRAL VIEGAS PARANHOS Desembargadora Presidente e Relatora \MiVF\3/reg
A reclamante recorrente alega, em síntese, que deve ser reformada a decisão quanto ao intervalo do digitador.
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