PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo Regimental nº /50000, da Comarca de São Bernardo do Campo, em que são agravantes IVONICE DO FORTE MARIANO e ALTINO TIBURCIO MARIANO sendo agravado IVAN SPIGOLON. ACORDAM, em 35ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ARTUR MARQUES (Presidente), CLÓVIS CASTELO E MELO BUENO. São Paulo, 27 de fevereiro de Artur Marques PRESIDENTE E RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Agravo Regimental nº /50000 Agravantes: IVONICE DO FORETE MARIANO e ALTINO TIBURCIO MARIANO Agravado: IVAN SPIGOLON Comarca: SÃO BERNARDO DO CAMPO 1ª VARA CÍVEL V O T O Nº EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EMBARGOS À ARREMATAÇÃO IMPROCEDENTES APELAÇÃO RECEBIDA NO EFEITO DEVOLUTIVO PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO ARTIGO 587 DO CPC IMISSÃO NA POSSE SIMPLES MANDADO NOS PRÓPRIOS AUTOS ADMISSIBILIDADE PRECEDENTES DO STJ. 1. Os embargos à arrematação é modalidade de embargos e se encontra abrangida na disposição do artigo 520, V, do Código de Processo Civil, razão pela qual não tem efeito suspensivo a apelação interposta contra a sentença que julgou improcedente o pedido. Portanto, a execução é definitiva, nos termos do art. 587 do CPC. 2. O entendimento jurisprudencial predominante é no sentido de que, expedida a carta de arrematação, a imissão na posse se dá mediante simples mandado nos próprios autos onde a expropriação do bem ocorreu, sendo absolutamente desnecessária a propositura de nova demanda. 3. Recurso improvido. 1. Trata-se de recurso regimental interposto por IVONICE DO FORTE MARIANO e ALTINO TIBURCIO MARIANO, visando modificar a decisão monocrática de fls. 211/218, que negou seguimento a agravo de instrumento tirado da ação de execução que lhes promove IVAN SPIGOLON. Agravo Regimental nº /

3 Inconformados, os agravantes afirmam que a decisão de primeiro grau deve ser reformada, a fim de assegurar-lhes o direito de posse sobre o imóvel até o final julgamento do recurso interposto contra a sentença proferida nos embargos à arrematação. Insistem que a decisão que levou a totalidade do imóvel à hasta pública é ultra-petita, porque desrespeitou o limite da penhora de 50% sobre o bem. Afirmam que o arrematante não é parte nos autos e não possui legitimidade para pleitear a sua imissão na posse por simples mandado, devendo buscar seu direito através de ação autônoma. Pleiteiam o acolhimento do recurso. É o relatório. 2. De início, cumpre salientar que respeitado o entendimento expressado pelos dignos subscritores das razões recursais, nada existe a ser alterado na decisão monocrática, que expressamente consignou que, num primeiro momento, pretendem rediscutir a alienação sobre a totalidade do imóvel penhorado. Todavia, a matéria já restou superada em precedente agravo de instrumento envolvendo as partes, onde ficou decidido que 'A teor do disposto no artigo 655-B do CPC, todo imóvel indivisível e não somente parte dele deve ser levado à hasta pública, entregando-se ao cônjuge metade do produto apurado na alienação'. Vê-se, pois, que a decisão, a qual determinou que a alienação recairá sobre a totalidade do imóvel, resguardada a meação do cônjuge, está superada pela existência de coisa julgada, não podendo ser novamente conhecida, sob pena de infringência ao artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal. No mais, os embargos à arrematação é modalidade de embargos e se encontra abrangida na disposição do artigo 520, V, do Código de Processo Civil, razão pela qual não tem efeito suspensivo a apelação interposta contra a sentença que julgou improcedente o pedido. Agravo Regimental nº /

4 Portanto, a execução é definitiva, nos termos do art. 587 do CPC, e o arrematante tem o direito de se imitir na posse do imóvel assim adquirido. Ademais, esse é o entendimento prevalente desta Câmara, onde ficou assentado que: em sendo definitiva a execução, o recurso de apelação interposto da sentença que rejeita liminarmente ou mesmo a que julga improcedentes os embargos à arrematação, deve ser recebido apenas no efeito devolutivo, em atenção ao princípio da definitividade 1. Nesse sentido é a Súmula n 331, do STJ, assim ementada: "a apelação interposta contra sentença que julga embargos à arrematação tem efeito meramente devolutivo". De outra parte, quanto à alegação de que o arrematante não poderia ingressar nos autos para pleitear a imissão na posse do imóvel arrematado, a fundamentação exarada na decisão agravada foi expressa ao realçar que o entendimento jurisprudencial predominante é no sentido de que, expedida a carta de arrematação, a imissão na posse se dá mediante simples mandado nos próprios autos onde a expropriação do bem ocorreu, sendo absolutamente desnecessária a propositura de nova demanda. Nessa mesma direção, anota Theotonio Negrão que: "o adquirente, em hasta pública, de bem que se encontra em poder do executado, como depositário, será imitido na respectiva posse mediante simples mandado, nos próprios autos da execução, desnecessária a propositura de outra ação. O possuidor do bem penhorado passa a depositário, atuando como auxiliar do juízo, e ujas 1 - A I n /4-35ª Câm - Rel Des. CLÓVIS CASTELO - J Agravo Regimental nº /

5 eterminações haverá de obedecer incontinenti (RSTJ 73/407) 2. Esta também é a exegese firmada no Superior Tribunal de Justiça: ao adquirente do imóvel arrematado em execução não se exige a propositura de nova ação para imitir-se na posse do bem, podendo fazê-lo nos autos do processo executivo por meio de mandado judicial. Precedentes, II. Recurso especial conhecido e provido" 3. Aliás, em recente julgado do STJ ressaltou-se que: o arrematante, em hasta pública, de bem que se encontra em poder do executado, será imitido na posse mediante simples mandado, nos próprios autos da execução, sendo desnecessária a propositura de outra ação. É competente o Juízo da execução para expedir mandado de imissão provisória de posse 4. Nessa medida, a decisão monocrática merece ser prestigiada, não comportando qualquer modificação. 3. Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso. ARTUR MARQUES DA SILVA FILHO Relator 2 - "in" CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, Saraiva, 42ª ed., 2010, p. 822, nota 4 ao art. 703 do indigitado diploma legal. 2 - "in" CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, Saraiva, 42ª ed., 2010, p. 822, nota 4 ao art. 703 do indigitado diploma legal. 3 - REsp /MG. Rei. Min. Aldir Passarinho Júnior, 4a Turma, j. 30/05/ CC / SP -2ª Seção Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO J /2011. Agravo Regimental nº /