Catarata: evolução do tratamento cirúrgico
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- Leonor Leveck Cerveira
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1 1 Catarata: evolução do tratamento cirúrgico FERREIRA, João Maria. Docente do Curso de Medicina Unifeso. CAVALCANTI, Manoel Lima Hollanda. Estudante do curso de Medicina na instituição UNIFESO Palavras-chave: catarata, cristalino, facoemulsificação. Introdução Catarata é o processo de envelhecimento ou lesão do cristalino, local por onde penetram os feixes de luz que formam as imagens na retina. O cristalino é uma estrutura semi-sólida, composta por proteína gelatinosa e clara, contida em uma cápsula atrás da íris, possuindo um grande poder de refração. Estudos mostram que uma alteração nessa proteína pode causar um processo de coagulação, levando a perda de sua transparência original, tornando-se o cristalino gradativamente opaco, provocando distorções das imagens gerada na retina. As causas de catarata são idade avançada (geralmente a partir dos 60 anos), traumas, efeitos colaterais de alguns medicamentos, infecções, desordens metabólicas e hereditariedade 6,7. Objetivo Este trabalho visa esclarecer o que é a catarata, mostrando sua história, classificação e os diversos procedimentos cirúrgicos que hoje são realizados. Observando assim a influência história do processo de evolução nas técnicas cirúrgicas atuais. Metodologia Realizou-se revisão bibliográfica, tendo como fonte os bancos de dados disponíveis: MEDLINE, Scielo, Manual da CBO e livros textos, sobre os conhecimentos da catarata, dando enfoque nos diversos procedimentos cirúrgicos que hoje são realizados para sua terapêutica.
2 2 História Das rui nas da Babilônia antiga, surgiu a te cnica de aspiraça o do cristalino, que permaneceu por um curto periódo de tempo. A ide ia do deslocamento do cristalino para câmara vi trea veio da I ndia e foi utilizada por mais de 3000 anos. Somente em 1750, o cirurgia o francês Jacques Daviel realizou, com sucesso, a primeira extraça o extracapsular planejada. A te cnica intracapsular era mais fa cil e, por isso, tornou-se o me todo de escolha em meados do inićio do se culo XX. A partir de 1950, a utilizaça o do microsco pio ciru rgico, juntamente com o desenvolvimento da te cnica extracapsular, da facoemulsificaça o e das lentes intra-oculares, nos levaram a uma nova era no tratamento da catarata 2. Definição e Classificação Catarata e a denominaça o dada a qualquer opacidade do cristalino. E a maior causa de cegueira trata vel nos paiśes em desenvolvimento. Segundo a Organizaça o Mundial de Sau de, ha 45 milho es de cegos no mundo, dos quais 40% sa o devidos a catarata. Conforme o momento em que ocorreu a opacificação, a catarata pode ser classificada como congênita ou adquirida 1,3,4. 1)Cataratas congênitas: são as que acometem a criança antes do nascimento, nunca produzem uma opacificação total.. O que permite à criança uma visão razoável. 2) Cataratas adquiridas: As principais causas das cataratas adquiridas são traumatismos, senilidade e algumas moléstias que causam perturbações endócrinas. As cataratas adquiridas podem ser classificadas em senis, traumáticas e metabólicas. Cataratas senis: A opacificação senil do cristalino apresenta-se em indivíduos de idade avançada, nos quais os mecanismos de defesa, deixam o organismo mais vulnerável ao desenvolvimento de qualquer processo patológico. Cataratas traumáticas: A cápsula do cristalino funciona como uma capa proteção que não permite ao humor aquoso, que banha a parte anterior do olho, penetrar o seu interior. Um ferimento pode provocar a ruptura da cápsula, ocorrendo uma opacificação. Cataratas metabólicas: As perturbações endócrinas também podem ocasionar catarata. No caso do diabete há um desequilíbrio que se manifesta no cristalino, as células das fibras que formam o cristalino podem ficar edemaciadas e, com o passar do tempo, se impregnam de cálcio 3,4,7.
3 3 Diagnóstico Devemos associar a queixa subjetiva do paciente aos sinais objetivos do exame oftalmolo gico. As queixas mais frequentes sa o: diminuiça o da acuidade visual, sensaça o de visa o nublada ou enevoada, sensibilidade maior a luz, alteraça o da visa o de cores, mudança frequente da refraça o. Os sinais objetivos encontrados no exame oftalmolo gico de rotina sa o: perda da acuidade visual, mensurada geralmente pela Tabela de Snellen e alteraça o da transparência do cristalino na biomicroscopia 1,7,8. Ao indicar a terapêutica ciru rgica, sera o necessa rios exames oftalmolo gicos complementares, essenciais no planejamento ciru rgico e pesquisa de doenças associadas, bem como a te cnica a ser empregada e o seu momento adequado. - Acuidade visual de Snellen: a acuidade para perto e para longe com óculos apropriado deve ser testada. - Teste de sensibilidade ao contraste: u til em olho com catarata incipiente, pore m, sintoma tica. - Exame do cristalino e da pupila com lanterna: as respostas pupilares direta e consensual não são afetadas por opacificação se uma luz forte é usada; se usar uma luz fraca as respostas podem ser menos pronunciados ao se examinar um olho com catarata densa. Uma luz também pode tornar opacidade anteriores mais visíveis ao examinador. - Biomicroscopia: exame fundamental para se detectar a presença, localização, extensão da opacificação - Tonometria de aplanaça o: exame ideal para se medir a pressa o intraocular. - Biometria: cujo objetivo principal e a medida do comprimento axial do globo ocular, imprescindi vel para o ca lculo do valor dio ptrico da lente intraocular. - Topografia corneana: determina o valor da curvatura da co rnea (K), importante para o ca lculo do valor dio ptrico da lente intraocular.. - Ecografia B ou ultra-sonografia do globo ocular: obrigato ria quando ha opacificaça o total dos meios transparentes do globo ocular com o objetivo de avaliar o segmento posterior, ou seja, cavidade vi trea, retina, coro ide e nervo o ptico. Microscopia especular: avalia o endote lio corneano, de cuja capacidade funcional depende a transparência da co rnea. Ideal e fundamental no pre -operato rio, pois define a te cnica e a estrate gia ciru rgica a serem empregadas 1,7,8.
4 4 Tratamento O u nico tratamento curativo da catarata e o ciru rgico e consiste em substituir o cristalino opaco por pro tese denominada de lente intraocular (LIO). Toda vez que a qualidade de vida do portador de catarata esteja comprometida, ou seja, que existam limitaço es nas atividades realizadas habitualmente, a cirurgia esta indicada 1,7. A cirurgia da catarata, denominada de facectomia, pode ser realizada por diversas te cnicas ou me todos, sendo as mais conhecidas a facoemulsificaça o e a extraça oextracapsular programada 1,7. Técnicas cirúrgicas: 1)Extração de catarata intracapsular: a remoção de todo o cristalino (com a cápsula intacta) é feita com um fórceps ou um criofaco. 2) Extracapsular: essa técnica é destinada a remover as porções opacas do cristalino sem afetar a integridade da cápsula posterior e da face anterior do vítreo. 3) Facoemulsificação A facoemulsificaça o e uma te cnica que utiliza tecnologia avançada, tanto nos equipamentos como nos insumos. A evoluça o da te cnica e da tecnologia utilizada na cirurgia de catarata, verificadas nas u ltimas duas de cadas, trouxe como consequência imediata o encurtamento do tempo da cirurgia, ra pida recuperaça o fiśica e visual e a reduça o do tempo de internaça o hospitalar 1,3,5. Incisões: em uma técnica popular, um sulco escleral de espessura suficiente para acomodar a largura da LIO é feito perpendicularmente à esclera, 2mm posterior e tangencial ao limbo. Um túnel escleral de 3mm é então feito, com entrada para dentro da câmara anterior. O comprimento da incisão de entrada na câmara anterior é inicialmente mantido somente longo o suficiente para o diâmetro da sonda de facoemulsificação e é estendido após a faco para acomodar a LIO. Depois é realizada uma outra incisão a 90 graus da primária, essa incisão possibilita a entrada do segundo instrumento útil para segurar o núcleo durante a facoemulsificação. Essas incisões geralmente são auto-selante 1,3,5. Remoção do cristalino: aremoção do núcleo cristaliano é realizada com a sonda de facoemulsificação. O núcleo e emulsificado por uma agulha de titânio e aspirado pela sonda que também passa irrigando fluido dentro do olho.
5 5 Colocação da LIO: após a remoção, é injetado material viscoelástico para expandir o saco capsular. A lente e posicionada entre a cápsula posterior e a cápsula anterior remanescente se possível. A Faco é considerada a cirurgia de escolha por ter recuperação visual mais precoce, retorno mais rápido às atividades habituais, dentre outros benefícios 1,3,5. Conclusão O tratamento cirúrgico da catarata passou por uma série mudanças, obtendo uma evolução extraordinária. Hoje temos como opções cirúrgicas principais a extração extracapsular e a facoemulsificação. Devido ao número de contra-indicações à facoemulsificação ter diminuído drasticamente ao longo dos últimos anos, como resultado da melhora do instrumental e das técnicas, o ato operatório ser menos invasivo, sendo realizado pequenas incisões e sem a nessecidade de sútura, recuperação visual mais precoce, retorno precoce as atividades habituais, ela tem-se tornado o método de escolha para os oftalmologistas. REFERÊNCIAS 1- Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Diretriz Catarata: diagnóstico e tratamento. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. 2003; Souza EV, Rodrigues MLV, Souza NV. História da cirurgia da catarata. Med. Ribeirão Preto. 2006; 39 (4): Pavan-Langston D. Manual de oftalmologia Diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Medsi, Arieta CEL. Cristalino e catarata. Cultura Médica, Mauger TF. Havener's ocular pharmacology. 6. ed. Saint Louis: Mosby, Vaughan D. Oftalmologia geral. 4. ed. São Paulo: Atheneu, Riordan-Eva P, Whitcher JP. Oftalmologia geral de Vaughan&Asbury. 17. ed. Porto Alegre: Artmed, Moreira JBC. Oftalmologia clínica e cirúrgica. São Paulo: Atheneu, 1995.
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