ESTRATÉGIAS DE ADUBAÇÃO PARA RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO E SOJA NO PLANALTO SUL CATARINENSE 1 INTRODUÇÃO

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1 1 ESTRATÉGIAS DE ADUBAÇÃO PARA RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO E SOJA NO PLANALTO SUL CATARINENSE 1 Carla Maria Pandolfo 2, Sérgio Roberto Zoldan 3, Milton da Veiga 4 INTRODUÇÃO O município de Campos Novos faz parte do Planalto Sul Catarinense e respondeu pelo plantio de 44. ha de soja e de 13.5 ha de milho na safra 11/12 (IBGE, 13), com cultivo predominantemente em Nitossolos, Latossolos e Cambissolos, solos de maior ocorrência no Planalto Catarinense (Dufloth et al, 5). Solos da região Sul do Brasil são originalmente ácidos e de baixa fertilidade, principalmente com relação ao teor e disponibilidade de fósforo, macronutriente essencial às plantas (Bissani et al., 8). No entanto, o uso agrícola desses solos, com aplicação de calcário e fertilizantes, tem propiciado características químicas mais adequadas ao crescimento das plantas (Bissani et al., 8). Isso tem sido constatado no município de Campos Novos, onde as lavouras utilizadas para produção de grãos normalmente tem apresentado boa fertilidade do solo nos últimos anos. Apesar da existência de um sistema de recomendação de adubação consolidado para os estados de SC e RS que reúne, há mais de anos, resultados de experimentos de adubação e calagem para os principais solos e culturas (Sociedade..., 4), são utilizadas outras estratégias de adubação nas principais culturas produtoras de grãos no Planalto Sul Catarinense. Essas estratégias incluem, muitas vezes, fertilizantes produzidos regionalmente, com recomendação de dose específica para cada cultura. O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento de grãos de milho e de soja, cultivados nas safras 11/12 e 12/13, comparando-se as estratégias de adubação mais utilizadas no Planalto Sul Catarinense, envolvendo adubos minerais e organominerais produzidos regionalmente. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido pela Estação Experimental da Epagri de Campos Novos, em dois locais no município de Campos Novos/SC, região do Planalto Sul Catarinense. Na primeira safra (11/12) o experimento foi conduzido em um Latossolo Vermelho e, na segunda (12/13), em um Nitossolo Vermelho. O solo de ambos os locais apresentava, na camada de -1 cm, teor médio ou alto de fósforo (P), teores altos de potássio (K) e teores médios de matéria orgânica (MO) (Sociedade... 4). 1 Trabalho conduzido com recursos da EPAGRI e COPERCAMPOS. 2,4 Eng. Agr., Dr. em Ciência do Solo, EPAGRI/EECN, BR 282, km 338, C.P. 116,Trevo, 89.6-, Campos Novos, SC. 3 Eng. Agr., M.Sc. Produção Vegetal, EPAGRI/EECN, BR 282, km 338, C.P. 116,Trevo, 89.6-, Campos Novos, SC.

2 2 Os tratamentos, que se constituíram em estratégias de adubação com P e K praticadas na região do Planalto Sul Catarinense, foram: 1. Testemunha, sem aplicação de P e K - Aplicação de nitrogênio (N) na base e em cobertura no milho, conforme recomendação da Sociedade... (4) e inoculação com Rhizobium na soja; 2. NPK Sociedade...(4) - Dose de adubo solúvel conforme Sociedade... (4), definido para cada cultura a partir do resultado da análise do solo e expectativa de produção, utilizando-se a fórmula com melhor ajuste à recomendação e uma expectativa de rendimento de 9. e 4. kg ha -1 de grãos para o milho e a soja, respectivamente. 3. NPK Organomineral_1 - Dose de organomineral para atender a recomendação de P e de K definido a partir do resultado da análise do solo pela Sociedade... (4) para o milho e a soja. 4. NPK Organomineral_2 - Dose de organomineral recomendados pelo fabricante para o milho e a soja. 5. NPK Agricultores - Dose e fórmula de adubo mais utilizada pelos agricultores da região para o milho e a soja. As quantidades de N, P e K aplicadas em cada cultura, tratamento e safra são apresentadas na tabela 1. O delineamento experimental foi blocos completos casualizados com quatro repetições em parcelas subdivididas. Nas parcelas principais (5 x 25 m) foram semeadas as culturas de milho e soja e nas sub-parcelas (5 x 5 m) foram aplicados os tratamentos de estratégias de adubação. A área útil foi 1 m 2 para o milho e 6 m 2 para a soja. As cultivares de milho utilizadas foram a P353 Herculex na safra 11/12 e P32R48H na safra 12/13 e de soja foram Energia e Nidera 6262 nas safras 11/12 e 12/13, respectivamente. A semeadura das culturas foi realizada com semeadora para plantio direto após a dessecação das culturas de inverno, utilizando-se espaçamento entre linhas de 5 cm para soja e para o milho. Os tratamentos fitossanitários foram realizados sempre que necessários, utilizando-se os produtos e doses recomendados para as culturas. Os rendimentos obtidos na área útil de cada parcela foram corrigidos para 13% de umidade e transformados para kg ha -1. Os rendimentos de milho e de soja foram submetidos à analise de variância (P<,5). RESULTADOS E DISCUSSÃO As estratégias de adubação não diferiram entre si em relação ao rendimento de grãos de milho e de soja nas duas safras estudadas (Tabela 2), o que pode ser atribuído à condição de fertilidade do solo existentes nas lavouras, já que em ambos os locais os solos apresentavam, na camada de -1 cm, teor médio ou alto de P, teores altos de K e teores médios de MO (Sociedade... 4). Uma menor resposta à adição de nutrientes é esperada nessas condições, mesmo que o aporte de P e de K tenha sido mais alto em ambas as culturas nas estratégias de adubação 2, 3 e 5 em relação ao tratamento 4 (Tabela 1). Isso também pode ser verificado na estratégia 1 (testemunha), sem aplicação de P e K, onde se observa que os rendimentos de grãos de milho e de soja, em ambas as safras, não se diferenciaram em relação às outras estratégias com aporte de P e K. No

3 3 entanto, é provável que o uso continuado de estratégias com menor aporte de nutrientes leve a um decréscimo de produtividade das culturas se a adição de P e de K for menor do que a exportação desses nutrientes pelos grãos das culturas, reduzindo os teores disponíveis no solo. Os rendimentos médios de grãos na safra 11/12 foram de e kg ha -1 para o milho e para a soja, respectivamente, enquanto na safra 12/13 foi de 8.43 e kg ha -1, respectivamente. Considerando-se que, em média, são exportados 8 kg de P 2 O 5 e 6 kg de K 2 O em 1 t de grãos de milho e 14 kg de P 2 O 5 e kg de K 2 O em 1 t de soja (Sociedade..., 4), na safra 11/12 foram exportados, na média de todos os tratamentos, 43 kg ha -1 de P 2 O 5 e 32 kg ha -1 de K 2 O pelo milho e 3 kg ha -1 de P 2 O 5 e 43 kg ha -1 de K 2 O pela soja. Já na safra 12/13 as exportações de P e de K tanto pelo milho quanto pela soja foram maiores, de 64 kg ha -1 de P 2 O 5 e 48 kg ha - 1 de K 2 O no milho e de 35 kg ha -1 de P 2 O 5 e 5 kg ha -1 de K 2 O na soja. Assim, a quantidade de nutrientes exportada variou em função do rendimento de grãos das culturas nas duas safras estudadas, principalmente na cultura do milho. Os diferentes rendimentos médios de grãos das culturas entre safras, com rendimentos menores do que as médias estimadas pelo IBGE (13) para a safra 11/12 em Campos Nonos/SC (de 9. kg ha -1 para o milho e 3.3 kg ha -1 para a soja), podem ser atribuídos à ocorrência de estiagem e/ou à má distribuição de chuvas ocorridas durante o ciclo de desenvolvimento do milho (Figuras 1a e 1c) e da soja (Figuras 1b e 1d) nas safras avaliadas. Nesse sentido, considerando-se a possibilidade de variação nos rendimentos de grãos das culturas entre os anos, na maioria das vezes determinado pelas condições climáticas, o uso de estratégias que pressupõem a recomendação de P e de K baseada em análise do solo e na reposição ou expectativa de rendimento da cultura continua se constituindo na estratégia de menor risco no médio e longo prazo. CONCLUSÕES Considerando-se o período estudado, as diferentes estratégias de adubação não diferem entre si no rendimento de grãos de milho e de soja cultivados em solos com boa fertilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BISSANI, C. A.; GIANELLO, C.; CAMARGO, F. A. O. et al. Fertilidade dos solos e manejo da adubação de culturas. Porto Alegre: Metrópole, p. DUFLOTH, J.H.; CORTINA, N.; VEIGA, et al. (Org.). Estudos básicos regionais de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 5. CD-ROM. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: IBGE Cidades@; Santa Catarina, Campos Novos. Disponível em: < www. ibge. gov. br/ cidadesat/ topwindow.htm?1>. Acesso em: 29 abr 13.

4 4 SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO - SBCS. Comissão de Química e Fertilidade do Solo RS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 1 ed., Porto Alegre/RS: SBCS/NRS, 4. p. Tabela 1. Quantidade de N, P 2 O 5 e K 2 O adicionada em cada tratamento e safra para o milho e para a soja. Cultura/Safra/Tratam. N base 1 N cobertura 1 N total P 2 O 5 K 2 O kg ha Milho 11/ , , Milho 12/ , Soja 11/ ,5-1, Soja 12/ O nitrato de amônio foi a fonte nitrogenada utilizada em todos os tratamentos e locais para o milho; 2 Fontes por tratamento para o milho: (2) ; (3) e (4) Organomineral 5-1-1; (5) A soja foi inoculada com Rhizobium. 2 Fontes por tratamento para a soja: Local 1: (2) e (5) --; (3) e (4) Organomineral ; Local 2: (2) 2--; (3) e (4) ; (5) --15.

5 5 Tabela 2. Rendimento de grãos em duas safras de milho e feijão em função de estratégias de adubação (médias de quatro repetições). Safra/Tratamentos Rendimento de grãos Milho Soja kg ha / NS NS CV (%) 17,1 12,9 12/ NS NS CV (%) 15,2 12, NS : Diferenças entre médias não significativas ao nível de 5% de probabilidade de erro. Figura 1. Precipitação diária após o plantio de milho (a, c) e soja (b, d) nas safras 11/12 e 12/13. Dados obtidos na estação meteorológica da EPAGRI/EECN, situada aproximadamente a 25 e 5 km dos locais de condução dos experimentos, respectivamente na primeira e segunda safra. (a) (b) 7 Safra 11_12 7 Safra 11_ (c) Dias após o plantio do milho (d) Dias após o plantio da soja 1 Safra 12_13 7 Safra 12_ Dias após o plantio do milho Dias após o plantio da soja