Superior Tribunal de Justiça

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1 EDcl no MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) RELATORA EMBARGANTE PROCURADOR EMBARGADO ADVOGADO IMPETRADO : MINISTRA LAURITA VAZ : UNIÃO : MOACIR ANTONIO MACHADO DA SILVA : REGINA MARIA ORTH DE ARAGÃO : MARCELO PIRES TORREÃO : MINISTRO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ANISTIA. PORTARIA. EFEITOS RETROATIVOS. PAGAMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. OMISSÕES. INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. INVIABILIDADE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. ANÁLISE. DESNECESSIDADE. 1. A obtenção de efeitos infringentes, como pretende a Embargante, somente é possível, excepcionalmente, nos casos em que, reconhecida a existência de um dos defeitos elencados nos incisos do mencionado art. 535, a alteração do julgado seja conseqüência inarredável da correção do referido vício; bem como nas hipóteses de erro material ou equívoco manifesto, que, por si sós, sejam suficientes para a inversão do julgado. Precedentes. 2. No caso, inexiste qualquer vício a ser sanado. Da simples leitura do acórdão ora embargado, depreende-se, inequivocamente, que todas as questões apontadas como não enfrentadas foram, clara e explicitamente, abordadas. 3. A solução da controvérsia posta à apreciação desta Superior Tribunal carece da análise dos dispositivos constitucionais apontados pela Embargante, na medida em que se funda exclusivamente na interpretação da legislação infraconstitucional, mormente na Lei n.º 1.533/51 - Lei do Mandado de Segurança e na Lei n.º /02 - Lei das Anistias. 4. Embargos de declaração rejeitados. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Votaram com a Relatora os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Maria Thereza de Assis Moura, Felix Fischer, Hamilton Carvalhido e Paulo Gallotti. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nilson Naves e Paulo Medina. Brasília (DF), 27 de setembro de 2006 (Data do Julgamento) MINISTRA LAURITA VAZ Relatora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 1 de 6

2 EDcl no MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) RELATÓRIO EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ: Trata-se de embargos de declaração opostos pela União, em face de acórdão proferido por esta Egrégia Seção, o qual restou ementado nos seguintes termos, in verbis: "MANDADO DE SEGURANÇA. ANISTIA. LEI N.º /02. PORTARIA DO MINISTRO DA JUSTIÇA. PARCIAL CUMPRIMENTO. EFEITOS RETROATIVOS. DISPONIBILIDADE ORÇAMENTÁRIA. COMPROVAÇÃO. LEIS ORÇAMENTÁRIAS. DESTINAÇÃO DE RECURSOS. PRAZO DE 60 DIAS. ART. 12, 4º, LEI N.º /02. TRANSCURSO. ATO OMISSIVO CONFIGURADO. DIREITO DO IMPETRANTE AO INTEGRAL CUMPRIMENTO DA PORTARIA. 1. A própria Lei de Anistia confere a competência ao Ministro de Estado para prática do ato impugnado, consubstanciado no não cumprimento, no prazo de 60 dias, das Portarias de Anistia que lhe são dirigidas. Assim sendo, é de ser afastada a alegação de ilegitimidade passiva do Ministro de Estado para figurar no mandamus como autoridade coatora. Precedente. 2. Restando caracterizada a conduta omissiva ilegal da Autoridade apontada como coatora, é descabida a alegação de ocorrência de decadência para a presente impetração, uma vez que o prazo decadencial previsto no art. 18 da Lei n.º 1.533/51 se renova continuamente, quando se tratar de ato omissivo continuado, como ocorre na hipótese. Precedente. 3. Buscando o Impetrado o integral cumprimento da Portaria expedida pelo Ministro da Justiça, e não a cobrança de valores anteriores à impetração, a via mandamental se mostra viável, devendo ser afastada, na espécie, a Súmula n.º 269/STF. Precedentes do STF e STJ. 4. Demonstrada a existência de dotação orçamentária para o pagamento dos efeitos financeiros das Portarias expedidas pela Ministério da Justiça e verificado o decurso do prazo previsto no art. 12, 4º, da Lei n.º /02, exsurge cristalino o direito líquido e certo do Impetrante ao integral cumprimento da Portaria que reconheceu a sua condição de anistiado político. 4. Ordem concedida." (fl. 114) Em suas razões, sustenta a União, em síntese, que o acórdão ora embargado restou omisso no tocante às questões relativas (a) à ilegitimidade passiva da autoridade indicada como coatora, (b) à inadequação da via do mandado de segurança para o pagamento de parcelas referentes a período anterior ao ajuizamento do writ, conforme o entendimento sufragado nas Súmula n. os 269 e 271 do STF, e (c) à inexistência de direito líquido e certo em face da ausência de disponibilidade financeira para o integral cumprimento das Portarias de Anistias, nos termos do art. 12, 4º, da Lei n.º /02, e da inexistência de ato omissivo Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 2 de 6

3 (ilegal) por parte da autoridade apontada como coatora. Argumenta, ainda, que o exame da existência do direito líquido e certo do Impetrante à percepção da parcela indenizatória, reconhecido pela Portaria de Anistia, deve ser realizado sob a ótica constitucional, mormente à luz dos arts. 167, inciso II, e 169, 1º, incisos I e II, que vedam a realização de despesa sem prévia dotação orçamentária, e dos arts. 5º e 100, caput, que consubstanciam o Princípio da Isonomia na sistemática dos precatórios para o pagamento de valores oriundos de decisões judiciais. Por fim, requer que esta Egrégia Seção se manifeste expressamente acerca dos referidos dispositivos constitucionais, para fins de prequestionamento, de modo a viabilizar o acesso à instância extraordinária. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 3 de 6

4 EDcl no MANDADO DE SEGURANÇA Nº DF (2006/ ) EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ANISTIA. PORTARIA. EFEITOS RETROATIVOS. PAGAMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. OMISSÕES. INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. INVIABILIDADE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. ANÁLISE. DESNECESSIDADE. 1. A obtenção de efeitos infringentes, como pretende a Embargante, somente é possível, excepcionalmente, nos casos em que, reconhecida a existência de um dos defeitos elencados nos incisos do mencionado art. 535, a alteração do julgado seja conseqüência inarredável da correção do referido vício; bem como nas hipóteses de erro material ou equívoco manifesto, que, por si sós, sejam suficientes para a inversão do julgado. Precedentes. 2. No caso, inexiste qualquer vício a ser sanado. Da simples leitura do acórdão ora embargado, depreende-se, inequivocamente, que todas as questões apontadas como não enfrentadas foram, clara e explicitamente, abordadas. 3. A solução da controvérsia posta à apreciação desta Superior Tribunal carece da análise dos dispositivos constitucionais apontados pela Embargante, na medida em que se funda exclusivamente na interpretação da legislação infraconstitucional, mormente na Lei n.º 1.533/51 - Lei do Mandado de Segurança e na Lei n.º /02 - Lei das Anistias. 4. Embargos de declaração rejeitados. VOTO EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (RELATORA): Os embargos não merecem prosperar. Com efeito, nos rígidos limites estabelecidos pelo art. 535, incisos I e II, do Código de Processo Civil, os embargos de declaração destinam-se apenas a suprir omissão, afastar obscuridade ou eliminar contradição, eventualmente, existentes no julgado. A obtenção de efeitos infringentes, como pretende a Embargante, somente é possível, excepcionalmente, nos casos em que, reconhecida a existência de um dos defeitos elencados nos incisos do mencionado art. 535, a alteração do julgado seja conseqüência inarredável da correção do referido vício; bem como nas hipóteses de erro material ou equívoco manifesto, que, por si sós, sejam suficientes para a inversão do julgado. Nesse sentido: "PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ART. 535 DO CPC. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO INEXISTENTES. EFEITOS INFRINGENTES OU MODIFICATIVOS. REJEIÇÃO. 1. A questão referente à obrigatoriedade de, em agravo de Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 4 de 6

5 instrumento, a parte juntar cópia de peça essencial ao deslinde da controvérsia, independentemente de tratar-se daquelas elencadas no art. 525, I, do CPC, foi decidida de maneira clara e precisa no acórdão que julgou o agravo regimental, pelo que não há omissão ou contradição a serem sanadas. 2. A possibilidade de atribuição de efeitos infringentes ou modificativos a embargos de declaração sobrevém como resultado da presença de omissão, obscuridade ou contradição, vícios a serem corrigidos no acórdão embargado, e não da simples interposição do recurso. 3. Embargos de declaração rejeitados." (EDcl no AgRg no Ag /PE, 5ª Turma, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ de 10/04/2006.) No caso, inexiste qualquer vício a ser sanado. Da simples leitura do acórdão ora embargado, depreende-se, inequivocamente, que todas as questões apontadas como não enfrentadas foram, clara e explicitamente, abordadas. Assim sendo, a pretensão da Embargante de imprimir efeitos infringentes aos presentes embargos declaratórios se mostra manifestamente descabida, na medida em que, repisa-se, inexiste qualquer omissão a ser sanada no acórdão proferido por esta Egrégia Turma, quando do julgamento do mandamus. De outra parte, também não merece prosperar a pretensão da Embargante de provocar a manifestação desta Corte Superior de Justiça sobre os temas de natureza constitucional elencados em suas razões. Com efeito, é cediço que o magistrado não está obrigado a responder todas as alegações das partes e tampouco rebater todos os argumentos aventados, desde que os fundamentos utilizados sejam suficientes para embasar a decisão, como, de fato, ocorreu na hipótese. Ora, a solução da controvérsia posta à apreciação deste Superior Tribunal prescinde da análise de dispositivos constitucionais, na medida em que se funda exclusivamente na interpretação da legislação infraconstitucional, mormente na Lei n.º 1.533/51 - Lei do Mandado de Segurança e na Lei n.º /02 - Lei das Anistias. Ante o exposto, em face da inexistência das alegadas omissões, REJEITO os presentes embargos de declaração. É como voto. MINISTRA LAURITA VAZ Relatora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA SEÇÃO EDcl no Número Registro: 2006/ MS / DF EM MESA JULGADO: 27/09/2006 Relatora Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro GILSON DIPP Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. JULIETA E. FAJARDO C. DE ALBUQUERQUE Secretária Bela. VANILDE S. M. TRIGO DE LOUREIRO IMPETRANTE ADVOGADO IMPETRADO ASSUNTO: Administrativo - Anistia EMBARGANTE PROCURADOR EMBARGADO ADVOGADO IMPETRADO AUTUAÇÃO : REGINA MARIA ORTH DE ARAGÃO : MARCELO PIRES TORREÃO : MINISTRO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO : UNIÃO : MOACIR ANTONIO MACHADO DA SILVA : REGINA MARIA ORTH DE ARAGÃO : MARCELO PIRES TORREÃO : MINISTRO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Seção, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Votaram com a Relatora os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Maria Thereza de Assis Moura, Felix Fischer, Hamilton Carvalhido e Paulo Gallotti. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Nilson Naves e Paulo Medina. Brasília, 27 de setembro de 2006 VANILDE S. M. TRIGO DE LOUREIRO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 30/10/2006 Página 6 de 6