RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

Transcrição

1 PROCESSO Nº: REEXAME NECESSÁRIO RELATÓRIO O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado): Cuida-se de reexame necessário de sentença prolatada pelo MM. Juízo da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, que concedeu a segurança nos autos da ação mandamental impetrada por DILTON NASCIMENTO BARROS em face de Superintendente da Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Norte, para assegurar ao impetrante o direito ao afastamento do cargo, sem prejuízo da sua remuneração mensal, para participação no Curso de Formação Profissional para o cargo de Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte. É o relatório. PROCESSO Nº: REEXAME NECESSÁRIO VOTO O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

2 A questão controversa trazida à apreciação, por força de reexame necessário, diz respeito à possibilidade de concessão de afastamento de servidor público federal, sem prejuízo da respectiva remuneração, nos termos do art. 20, 4º, da Lei 8.112/90, para participar de curso de formação relativo a cargo pertencente à Administração Pública Estadual. In casu, referida matéria encontra-se pacificada no âmbito deste Tribunal Regional Federal, no sentido de que o servidor público federal também tem direito, em homenagem ao princípio constitucional da isonomia, de se afastar do exercício de seu cargo, optando pela respectiva remuneração, para participar de curso de formação, mesmo quando se tratar de cargo da Administração Pública Estadual. Nesse sentido, trago, à guisa de exemplificação, os seguintes precedentes jurisprudenciais, in verbis: "DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PARTICIPAÇÃO EM CURSO DE FORMAÇÃO PARA O CARGO DE DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. POSSIBILIDADE. 1. A controvérsia instaurada na presente demanda consiste em se perquirir a possibilidade (ou não) de o autor se afastar de seu cargo de servidor público federal do IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará para participar do Curso de Formação de Inspetor de Polícia Civil do Ceará. 2. A respeito da matéria a Lei 8.112/90, em seu art. 20, parágrafo 4º., permite ao servidor em estágio probatório se afastar do cargo com o objetivo de participar de curso de formação tão-somente quando se tratar de concurso para provimento de cargo da Administração Pública Federal. 3. A jurisprudência firmada neta egrégia Corte Regional vem se posicionando em situações como a ora exposta, no sentido de conceder o afastamento em homenagem ao princípio da isonomia, pois não é razoável impedir a participação de um servidor público em curso de formação somente sob o argumento de que o cargo almejado não faz parte da Administração Pública Federal, mas sim da Administração Pública Estadual. Precedente: REO , Rel. Des. Federal Rogério Fialho, DJE , p Remessa oficial improvida." (REO , Desembargador Federal Emiliano Zapata Leitão, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::13/12/ Página::111.) CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PEDIDO DE AFASTAMENTO PARA PARTICIPAR DE CURSO DE FORMAÇÃO, SEM PREJUÍZO DA REMUNERAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. Apelação interposta em face da sentença que concedeu a segurança, determinando que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte autorizasse o afastamento do Impetrante (servidor público federal) para participar de curso de formação para o cargo de Delegado de Polícia Civil, do Estado da Paraíba, sem prejuízo da remuneração que recebe do seu cargo atual. 2. A Lei nº 9.624/98, no seu art. 14, parágrafo 1º, dispõe que será facultada, ao candidato

3 servidor da Administração Pública Federal, a opção do vencimento e das vantagens de seu cargo efetivo, quando aprovado em concurso público para provimento de cargo da mesma Administração. 3. A jurisprudência tem entendido que também se admite a prerrogativa estabelecida no art. 14, parágrafo 1º, da Lei nº 9.624/7998, nas hipóteses de aprovação em concurso para a Administração Pública Estadual, em respeito ao princípio constitucional da isonomia. Apelação e Remessa Necessária improvidas. ( , AC/RN, DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO, Terceira Turma, JULGAMENTO: 12/02/2015) ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO PARA JUIZ DO ESTADO DE ALAGOAS. AFASTAMENTO, SEM PREJUÍZO DA REMUNERAÇÃO, DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL PARA FREQUENTAR CURSO DE FORMAÇÃO ESTADUAL. RAZOABILIDADE. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. I - A aplicação literal do art. 20, da Lei nº 8.112/90 c/c o art. 14, parágrafo 1º, da Lei nº 9.624/98, só concederia ao agravado o direito de se afastar de suas funções para participar de curso de formação para cargo na Administração Pública Federal. II - Em respeito ao princípio da isonomia, não se mostra razoável que servidores públicos federais tenham direito de afastar-se do exercício do cargo para freqüentar curso de formação referentes a cargos da esfera Pública Federal, e não o tenham quando se tratar de cargos da Administração Estadual ou Municipal. III - Agravo de instrumento a que se nega provimento. (PROCESSO: , AG108567/AL, DESEMBARGADOR FEDERAL EDÍLSON NOBRE, Quarta Turma, JULGAMENTO: 19/10/2010, PUBLICAÇÃO: DJE 28/10/ Página 773) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PARTICIPAÇÃO EM CURSO DE FORMAÇÃO PARA O CARGO DE DELEGADO DA POLÍCIA CIVIL. RESSARCIMENTO DAS DESPESAS REMUNERATÓRIAS. OMISSÃO. DIREITO DE AFASTAMENTO COM REMUNERAÇÃO. 1. Tem razão a embargante quanto à omissão do acórdão ora embargado sobre a matéria do ressarcimento das despesas remuneratórias realizadas com o autor durante o curso de formação em comento. 2. O servidor público federal, ainda que em estágio probatório, tem direito de se afastar do exercício do cargo, com opção pela remuneração respectiva, para participar de curso de formação profissional para provimento de cargo da Administração dos Estados, Distrito Federal e Municípios, em homenagem ao princípio da isonomia. (AMS , JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-djf1 DATA:14/12/2012 PAGINA:736.)

4 3. Quanto ao prequestionamento do art. 14 da Lei nº9624/98, impende frisar que não se prestam os embargos de declaração para questionar a interpretação ou aplicação de dispositivos legais, papel este destinado a outras modalidades recursais. 4. Embargos de Declaração parcialmente providos. (PROCESSO: , APELREEX11996/03/CE, DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma, JULGAMENTO: 25/04/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 02/05/ Página 61) Destarte, nenhum reparo merece a sentença, que reconheceu o direito do impetrante ao afastamento do cargo de Policial Rodoviário Federal, sem prejuízo da remuneração mensal, para participação no Curso de Formação Profissional para o cargo de Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte, visto que se encontra em sintonia com a jurisprudência emanada desta e. Corte Regional. Por tais fundamentos, nego provimento à remessa oficial. É como voto. PROCESSO Nº: REEXAME NECESSÁRIO EMENTA CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO DE CURSO DE FORMAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PRECEDENTES. 1. Remessa oficial de sentença que concedeu a segurança para assegurar ao impetrante o direito ao afastamento do cargo de Policial Rodoviário Federal, sem prejuízo da remuneração mensal, para participar do Curso de Formação Profissional para o cargo de Delegado de Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte. 2. A jurisprudência desta e. Corte Regional firmou entendimento no sentido de reconhecer, em

5 homenagem ao princípio constitucional da isonomia, o direito de o servidor público federal se afastar do exercício do cargo, optando pela remuneração respectiva, para participar de curso de formação destinado ao provimento de cargos da Administração Pública Estadual. 3. Precedentes: APELREEX11996/CE (Desembargador Federal Manoel Erhardt, Primeira Turma, DJE 02/05/2013); REO (Desembargador Federal Emiliano Zapata Leitão, Primeira Turma, DJE 13/12/2012); AG108567/AL (Desembargador Federal Edílson Nobre, Quarta Turma, DJE 28/10/2010); (Desembargador Federal Geraldo Apoliano, Terceira Turma, 12/02/2015). 4. Remessa oficial desprovida. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à remessa oficial, nos termos do Relatório, Voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 22 de outubro de (Data de julgamento)