SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA
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- Bento Figueiredo Guterres
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1 SEXUALIDADE E ADOLESCÊNCIA Nailde Gonçalves da Silva 1 Ângela Maria da Silva 2 Maria dos Prazeres A.Marcelino 3 Anísio Francisco Soares 4 1 INTRODUÇÃO Na maior parte do século XX, a sexualidade humana foi largamente ignorada como uma questão de reflexão. Talvez porque a experiência da sexualidade pareça tão intimamente conectada ao corpo e a existência biológica, tornando fácil relegar esses estudos aos domínios das ciências biológicas. Foi apenas nos últimos vinte anos que a marginalização da sexualidade e sua submissão à racionalidade médica começaram a ser questionadas, abrindo espaço para uma nova perspectiva. (PARKER, 1996). Falar sobre sexualidade não implica apenas em explorar o biológico, mas se trata de algo muito mais complexo por que tal assunto engloba crenças e valores imbricados em diferentes contextos culturais (ABERASTURY, 1995). A sexualidade não é algo uniforme, tem variados aspectos e momentos, tendo constantes descobertas. Ela está ligada diretamente ao exercido da cidadania, pelo respeito por si e pelo outro, nas questões de gênero, saúde e no direto a informação e ao conhecimento, pois a orientação sexual busca desvincular a sexualidade de mitos, tabus e preconceitos (ITOZ, 1999). Hoje em dia o movimento de mulheres tem falado em gênero. Gênero é um conceito útil para explicar muitos dos comportamentos de mulheres e homens em nossa sociedade, nos ajudando a compreender grande parte dos problemas e dificuldades que as mulheres enfrentam no trabalho, na vida política, na sua vida sexual e reprodutiva e na família. Para se entender o conceito de gênero é necessário compreender as diferenças entre sexo e gênero. Quando falamos em sexo nos referimos aos aspectos físicos, biológicos do macho e da fêmea, aquelas diferenças que estão nos nossos corpos e que não mudam radicalmente, apenas se desenvolvem de acordo com as etapas das nossas vidas. O conceito de sexo explica as 1 Discente do Curso de Bacharelado em Ciências Domésticas, Departamento de Ciências Domésticas /UFRPE. naildegs@yahoo.com.br 2 Discente do Curso de Bacharelado em Ciências Domésticas, Departamento de Ciências Domésticas /UFRPE. angtp201@yahoo.com.br 3 Discente do Curso de Bacharelado em Ciências Domésticas, Departamento de Ciências Domésticas /UFRPE. prazeresmarc@yahoo.com.br 4 Professor Adjunto II do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Área de Fisiologia e Farmacologia/UFRPE. asoares@dmfa.ufrpe.br 1
2 diferenças entre macho e fêmea da espécie humana. O conceito de gênero se refere apenas às pessoas e às relações entre os seres humanos. È a partir da observação e do conhecimento das diferenças sexuais que a sociedade cria idéias sobre o que é um homem e o que é uma mulher, as chamadas representações de gênero. Assim, as relações de gênero produzem uma distribuição desigual de autoridade, de poder e de prestígio entre as pessoas de acordo com seu sexo, configurando assim uma relação de poder (ALMEIDA, 1995). A nossa cultura tende a reduzir a sexualidade a sua função reprodutora e genital. Sexualidade e reprodução são processos que se expressam graças a órgãos específicos do ser humano e por isso tem uma estreita relação, mas não significa a mesma coisa. O sexo era sempre associado a idéias negativas de coisa feia, pecado, erro, vergonha, imoralidade e sujeira (SUPLICY, 2000). A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da potencialidade reprodutiva relaciona-se com a busca do prazer-necessidade. A sexualidade é entendida como algo inerente que se manifesta desde o momento do nascimento até a morte. Nesse sentido, a proposta de orientação sexual considera a sexualidade nas suas dimensões biológicas psíquica e sociocultural (SÃO PAULO, 1992). Na medida em que foi ficando clara e complexa a dimensão social da relação entre sexualidade e saúde, as pesquisas e as intervenções relacionadas a temas como violência sexual, gravidez não planejada e risco de infecção pelo HIV, entre outros, se tornaram preocupações centrais dos pesquisadores em todo o mundo (PAIVA,1997). A visão mais liberal da sexualidade está construindo o convencimento de que falar e educar sobre o sexo é necessário e urgente. A sexualidade pode agora ser vista como um problema de saúde pública além de um problema moral (CATONNÉ, 1994). A adolescência é uma época de contestação e espera-se então um grande questionamento dos valores por parte da adolescência. Aparentemente isso ocorre, mas uma análise menos superficial mostra que em relação à sexualidade o adolescente vive muito angustiado e culposo porque se comporta ou tem anseios diferentes do que os pais recomendam em ralação ao sexo. Esse conflito dificulta a vivência da sexualidade para o desenvolvimento e o prazer (SUPLICY, 2000). Neste sentido o papel do educador ao elaborar um tema tão importante numa sociedade tão complexa quanto a nossa, deve se desenvolver numa perspectiva de que para que no futuro, estaremos formando adultos mais conscientes quanto a vivencia de sua sexualidade como algo que vai mais além do prazer e precisa ser vivido com felicidade e responsabilidade (SUPLICY, 2000). 2
3 Tendo como objetivo desenvolver um trabalho de educação sexual com estudantes de ensino fundamental e médio de uma escola pública no Município de Paudalho, na perspectiva de instruir e orientar sobre temas referentes a educação sexual. 2 METODOLOGIA Os adolescentes apresentam diferentes interesses e entendimentos sobre os perigos das DSTs e AIDS, encontrando-se, assim, sob risco de infecção. De uma maneira geral, eles têm dificuldade de identificar o comportamento de risco do mesmo ponto de vista dos adultos. Como as lideranças adolescentes, geralmente, são vistas por seus colegas como exemplos, a idéia de treinar adolescentes utilizando-se a metodologia de larga escala, para desenvolverem atividades educativas em prevenção de DSTs e AIDS junto aos seus colegas da escola e da comunidade, surge como uma solução estratégica de abordagem preventiva. A proposta baseia-se em um trabalho de equipe através da troca de experiências e conhecimentos, buscando aumentar a percepção de risco e orientar para a adoção de práticas seguras. Assim sendo serão realizadas palestras com o tema específico e a utilização de panfletos, maquetes e paródias desenvolvidas pela equipe durante as oficinas de preparação. Esta intervenção objetiva conduzir os adolescentes a desenvolverem os conhecimentos necessários quanto a percepção de risco e opções de atitudes saudáveis, relacionadas com a sexualidade e a prevenção das DSTs e da AIDS. 3 RESULTADOS A proposta foi bem recebida pelos alunos das escolas municipais de paudalho, e os fatos de maior relevância no inicio do trabalho foram que dos cem alunos pesquisados na faixa etária de 12 a 18 anos, 62% disseram que os pais jamais falaram com eles sobre as mudanças ocorridas no seu corpo durante a puberdade e os outros 38% disseram terem obtidos essas informações com os irmãos mais velhos, amigos e namorados. Na questão sexualidade inicialmente 53% dos alunos confundia sexo e sexualidade para eles tinham o mesmo significado, 32% disseram ser coisa própria da pessoa, 7 % disseram não saber explicar e os outros 8% não responderam. No questionamento sobre masturbação 53% dos meninos acreditam ser uma forma individual de obter prazer, apenas 7% referiu-se a masturbação como forma de conhecer seu corpo, 27% não quiseram falar sobre o assunto, apenas 13% acreditam ser um forma de prazer individual, não chegaram a expressar este ato 3
4 como forma de conhecer o seu corpo além de obter prazer como ato em si. Na questão métodos preventivos 40% afirmaram usarem em todas as relações sexuais 30% fazem uso ocasionalmente 25% fazem uso de algum tipo de contraceptivos e 5% são virgens. Em relação às DST/s AIDS apenas 20% diziam conhecer os diferentes sintomas dessas infecções, 50% associam o corrimentos com sintomas únicos para DST/s e AIDS, 18% conhecem apenas a HIV e 12% apresentaram conhecimento superficial das DST/s e AIDS. Todos os alunos pesquisados disseram ser muito importante a educação sexual nas escolas, porque muitos não têm abertura com os pais para falarem sobre o assunto, já que em alguns casos os pais sentem vergonha de falarem sobre o tema e eles também sentem vergonha de perguntarem qualquer coisa sobre o assunto. Através das sínteses trazidas pelos estudantes pudemos perceber um ótimo entendimento por parte deles acerca das questões debatidas em sala. Podemos destacar algumas frases ditas por eles. As fotos que vimos das doenças sexualmente transmissíveis me faz adiar um pouco a vivencia de minha sexualidade ; Gostei das palestras, e vou conversar com os meus amigos para prevenirem-se utilizando a camisinha para previne tantos as doenças como uma gravidez indesejável ; Fiquei chocada com as fotos, agora relações sexuais só com camisinha. 4CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos e sugerimos a necessidade de trabalharmos esse tema nas escolas, já que muitos alunos apresentaram desconhecimento total ou parcial da questão abordada, tornandose imprescindível a reestruturação dos currículos escolares, ou seja, é necessário e urgente falar e educar sobre sexo nas salas de aula, de forma clara e provocadora, fazendo com os mesmos passem a refletir sobre sua postura mediante essa temática (Sexualidade e Adolescência). BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ABERASTURY, A. Adolescência normal. Ed. Saraiva: São Paulo, p ALMEIDA, Vanete. O que é Gênero? Um Novo Desafio para a Ação das Mulheres Trabalhadoras Rurais CATONNÉ, Jean-philippe. A sexualidade, ontem e hoje. Cortez: São Paulo,
5 ITOZ, S. Adolescência e sexualidade para eles e para nós, Ed. Paulinas; p. PARKER, Richard; BARBOSA, Regina Maria. Comportamento sexual, textos e formas. Rio de Janeiro, São Paulo (município). Secretaria de Educação. Projeto de orientação sexual (publicação interna). São Paulo. SUPLICY, Marta. Conversando sobre sexo. 21ª edição atualizada. Vozes: Petrópolis/Rio de Janeiro,
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