PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 ACÓRDÃO Registro: Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , da Comarca de Bauru, em que são agravantes KIYOSI SUZUKI e MATSUE SHINOHARA SUZUKI sendo agravados CAIO GRACCO DA SILVA COZZA e VANESSA SEGURA SANCHES COZZA. ACORDAM, em 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Não Conheceram do recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FRANCISCO LOUREIRO (Presidente) e ALEXANDRE LAZZARINI. São Paulo, 22 de março de Percival Nogueira RELATOR Assinatura Eletrônica

2 Voto nº Agravo de Instrumento nº Comarca: Bauru Agravantes: KIYOSI SUZUKI e OUTRA Agravados: CAIO GRACCO DA SILVA COZZA e OUTRA AÇÃO ANULATÓRIA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA PROFERIDA EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO NECESSIDADE DE INTERPOSIÇÃO ORAL E IMEDIATA Em decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento, o recurso cabível será o agravo na forma retida, interposto oral e imediatamente. Lei /05, que alterou o art. 523, 3 do CPC, retirando a possibilidade de escolha entre o agravo de instrumento e o retido. Imposição legal. Recurso não conhecido. Kiyosi Suzuki e Matsue Shinohara Suzuki interpuseram o presente agravo de instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo, contra a r. decisão xerocopiada às fls. 12, proferida em sessão solene de instrução e julgamento, realizada nos autos da Ação Anulatória, deflagrada por Caio Gracco da Silva Cozza e Vanessa Segura Sanches Cozza, no ponto que, indeferiu a produção de prova documental, mandando desentranhar as notas promissórias anteriormente exibidas. (fls. 02) Após tecer comentários sobre o objeto da demanda, os agravantes ponderaram a pertinência da prova documental, eis que, segundo afirmam, a prova documental (juntada das notas promissórias), foi produzida antes (petição protocolizada em 30 de maio fls. 323) e não para os fins de tal audiência, mas com o fito de comprovar o alegado na contestação (especificamente fls. 254/256), ou seja, comprovar a existência de dívida dos Agravo de Instrumento nº Comarca de Bauru - Voto nº mms 2

3 Agravantes para com o co-requerido Júlio Akio Kosaka. (fls. 04) Consideram que a decisão recorrida afronta princípios de relevância constitucional (devido processo legal, contraditório e ampla defesa). Pedem, ao final, seja, concedido efeito suspensivo ao presente, com o fito de que a causa aguarde o julgamento deste para que, repita-se, não seja sentenciada sem a apreciação da prova em tela no bojo probatório. (fls. 06) Da decisão recorrida os agravantes foram intimados em 06 de junho de 2011 (fls. 12). O agravo foi interposto no dia 15 de junho de 2011 (vide chancela mecânica às fls. 02). Cópia das procurações juntadas às fls. 08 e 10/11. O preparo foi recolhido às fls. 32/33. O presente recurso foi inicialmente distribuído ao Eminente Desembargador José Marcos Marrone que, conferiu-lhe o efeito suspensivo (fls. 37). Sobrevieram razões de contraminuta (fls. 58/63). Em razão da competência preferencial idêntica às da 1ª a 10ª Câmaras de Direito Privado, os autos vieram-me conclusos nesta data (20 de março de 2012). É o relatório. Em que pese às razões expostas pelos agravantes, o recurso não reúne condições de ser conhecido. Agravo de Instrumento nº Comarca de Bauru - Voto nº mms 3

4 Da análise dos autos, constata-se que o agravo interposto pelos agravantes, busca a reforma de decisão proferida em audiência de instrução realizada em 06 de junho de Cumpre rememorar que a lei /05, promoveu alterações no art. 523 do CPC, sendo a principal delas o parágrafo terceiro, cuja dicção é explícita em dizer que contra as decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida. Nota-se, portanto, que os agravantes utilizaram da via recursal inadequada para manifestar a sua irresignação, vez que o correto seria interpor o agravo retido oralmente e na própria audiência de instrução e julgamento, constando do respectivo termo nos moldes do art. 457 do CPC. Sobre o tema, Gilson Delgado e Patrícia Miranda Pizzol: "Quanto ao agravo contra as decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento, houve também uma alteração promovida pela Lei n /05. De acordo com a redação do 3o do art. 523 do CPC, 'das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante'. Como se vê, não se trata mais de uma faculdade para o agravante. Agora, ele não pode escolher entre interpor o agravo instrumento ou o agravo retido, tampouco pode escolher entre interpor o agravo retido, oralmente, na própria audiência ou fora dela, por escrito, no prazo de dez dias, salvo exceções. (Recursos no Agravo de Instrumento nº Comarca de Bauru - Voto nº mms 4

5 Processo Civil 5ª Edição São Paulo. Atlas, 2008). E ainda: "Quando a lei veda a interposição do recurso por determinada forma, temos caso de descabimento do recurso. A lei veda a interposição de agravo de instrumento das decisões proferidas em audiência (CPC art ). Cabe exclusivamente agravo retido dessas decisões..." (Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery. Código de Processo Civil Comentado 10ª Edição 2007 Revista dos Tribunais). A jurisprudência sobre o tema, não destoa: "PROCESSO CIVIL. PROCEDIMENTO SUMÁRIO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. AUDIÊNCIA. AGRAVO RETIDO. ART , CPC. DOUTRINA. RECURSO DESPROVIDO. Nos termos do art , CPC, no procedimento sumário o agravo, em regra, é retido em duas hipóteses: a) quando interposto contra decisão sobre matéria probatória, seja ela proferida ou não em audiência; b) quando interposto contra decisão interlocutória proferida em audiência, independentemente do tema decidido (STJ Resp /MG Rel. Min Sálvio de Figueiredo Teixeira j ). "Procedimento sumário. De acordo com o Tribunal local, "contra as decisões proferidas em audiência, o recurso cabível é o de agravo retido e não o de instrumento". Em tal aspecto, não se ofendeu texto de lei federal. 2. "Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a Agravo de Instrumento nº Comarca de Bauru - Voto nº mms 5

6 despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo" (Súmula 211). 3. Agravo regimental improvido. (STJ AgRg /RJ Rel Min. Nilson Naves, j ). Destarte, meu voto não conhece do recurso. JOSÉ PERCIVAL ALBANO NOGUEIRA JÚNIOR Relator Agravo de Instrumento nº Comarca de Bauru - Voto nº mms 6