FACULDADE DE MEDICINA DO ABC MANTIDA PELA FUNDAÇÃO DO ABC EXAMES REALIZADOS NOS ÁRBITROS DA DO ABC FMABC
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- Luiz Felipe Mascarenhas Teixeira
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1 RELATÓRIO DOS EXAMES REALIZADOS NOS ÁRBITROS DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL PELA FACULDADE DE MEDICINA DO ABC FMABC O Núcleo de Saúde no Esporte da Faculdade de Medicina do ABC FMABC, utilizando as suas várias especialidades, pela primeira vez na história da arbitragem brasileira submeteu o quadro de árbitros da Federação Paulista de Futebol a vários exames. Fig 1a Número real de árbitros atendido por especialidade
2 Fig 1b Percentual dos árbitros atendidos por disciplina Sabe-se que o treinamento intenso aumenta o risco de morte súbita na presença de doença cardíaca pré-existente e um dos objetivos foi afastar qualquer tipo de doença cardiovascular que os árbitros pudessem apresentar. A seguir, segue o relatório, com maiores detalhes, incluindo as disciplinas envolvidas. Teste ergométrico e ergoespirométrico Árbitros de elite podem atingir distâncias entre 9 e 13 km/h durante uma partida de futebol. Dessa distância percorrida, 4% a 18% são realizadas em alta intensidade, fazendo arranques e velocidades curtas. Aproximadamente, 60% dessa distância percorrida depende do fôlego pulmonar máximo (VO 2 máx) e do limiar anaeróbio (índice de resistência submáxima).
3 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE ÁRBITROS DE FUTEBOL Árbitros de elite podem atingir distância entre 9 e 13 km durante a partida; Média de 11 km 60% da distância atingida depende do VO 2 max e do limiar anaeróbio; Utilizam 85 a 90% da FC máxima do coração; Utilizam 62% do primeiro tempo e apenas 45% do segundo tempo 85% da FC max; Utilizam 70 a 80% do VO 2 max (fôlego pulmonar); (Castagna et al. 2007; Sports Med.) O perfil de deslocamentos dos árbitros da atualidade em uma partida é comparável aos meio-campistas e laterais. FUTEBOL ÁRBITROS DESLOCAMENTOS LATERAIS 36% MEIO - CAMPISTAS 6% 17% 11% 20% 36% 41% corrida intensa corrida lenta andar sprint 31% 38% corrida intensa corrida lenta andar sprint Corrida intensa = 18 km/h Corrida lenta = 12 km/h Andar = 6 km/h Sprint = 25 km/h A solicitação cardiovascular é intensa, pois os árbitros utilizam de 85% a 90% da frequência cardíaca máxima. Eles utilizam entre 62% e 45% desse esforço cardiovascular, respectivamente, no primeiro e no segundo tempo da partida. Eles utilizam de 70% a 80% do VO 2 máx (fôlego pulmonar máximo) na partida. A literatura especializada em futebol de alto nível demonstra que o VO 2 máx de jogadores de futebol varia de 55 a 68 ml/kg/min e o limiar anaeróbio de 13 a 15 km/h. A variação dos
4 árbitros da Federação Paulista de Futebol para o VO 2 máx foi de 44,9 a 66,8 ml/kg/min com média de 55,7 ml/kg/min. Cinqüenta por cento dos árbitros da FPF avaliados mostraram VO 2 máx na faixa de 56 a 66 ml/kg/min, bem superiores a diversos jogadores profissionais de diversos clubes de alto nível na atualidade. O limiar anaeróbio variou entre 12 e 16 km/h com média de 13,8 km/h. Árbitros da FPF / % 14% 50% 56 a 66 ml/kg/min < 50 ml/kg/min 51 a 55 ml/kg/min Fig.2 Desempenho em porcentagem do VO 2máx dos árbitros da Federação Paulista de Futebol (FPF) Pré Campeonato Paulista de Futebol em Obs. O VO 2 max ou fôlego pulmonar máximo em jogadores de futebol de elite varia de 55 a 68 ml/kg/min. 50% dos árbitros da FPF estão no mesmo nível. Avaliação ortopédica e fisioterapêutica Os encurtamentos musculares levam a um menor rendimento físico e propiciam lesões. Portanto, deve-se realizar trabalho de melhora no alongamento muscular de cada indivíduo, respeitando-se as características físicas e biológicas. Ao avaliarmos os árbitros, verificamos que a grande maioria apresenta algum grau de encurtamento muscular em membros inferiores, que limitam a real potência que esse grupo muscular pode desenvolver.
5 Na figura 3, observamos o número real dos árbitros que apresentaram encurtamentos musculares com sua respectiva porcentagem em relação ao número de indivíduos que passaram pelo nosso serviço. Fig. 3 Numero real com a respectiva porcentagem dos árbitros com encurtamento muscular. Observamos, também, que apresentaram alta incidência de escoliose, alteração vertebral não relevante nesses casos, pois não altera as atividades da vida cotidiana. Convém ressaltar que essa alteração de coluna vertebral provém de alterações posturais que se agravam com o passar do tempo, se não corrigida. A análise postural demonstra algumas alterações que em princípio não atrapalham a vida diária, porém se faz necessário ressaltar novamente que essas alterações a longo prazo levam as doenças do aparelho locomotor como artroses e dores musculares. Portanto, é recomendado trabalho de melhora postural que devem ser realizadas, utilizando técnicas como RPG ou Pilates. Não foram considerados indivíduos que apresentaram alguma lesão ou queixa, pois na sua grande maioria não impedem que desempenhem suas funções. O que devemos lembrar é que estes indivíduos são atletas e devem ter o mesmo preparo que os jogadores de futebol. Nos foi informado que os mesmos, quando sofreram as lesões, procuraram atendimento adequado (médico e fisioterapia), outros, em minoria, apenas repousaram e não procuraram atendimento. Essas lesões atrapalham o rendimento físico e caso não
6 seja feita uma reabilitação adequada com o profissional fisioterapeuta pode haver nova lesão, com um grau maior de complexidade, aumentando o tempo de tratamento e de retorno às atividades. Avaliação nutricional Foram atendidos praticamente todos os árbitros - 76 (95%). Destes, 62% realizaram a avaliação completa que incluiu anamnese indivídual (comportamento alimentar, hábitos etc.) e análise antropométrica (dobras cutâneas, perimetria de braço e pernas, peso, altura, IMC); 14% realizaram apenas a anamnese e 19% apenas as dobras cutâneas (antropométrico). Na figura 4 observamos o número real com suas respectivas porcentagens dos árbitros que passaram pela avaliação nutricional. Fig. 4 Número real com as respectivas porcentagens dos árbitros que passaram pela avaliação nutricional Não foi considerada na estatística o número de árbitros que utilizam a suplementação. A grande maioria relata que faz uso deste, sem orientação adequada. Devemos lembrar que uma alimentação equilibrada e balanceada fornece para o organismo todos os componentes necessários para uma vida saudável e, em casos particulares, pode-se
7 utilizar esta suplementação, porém sempre com acompanhamento médico ou do nutricionista. Além da suplementação, observamos erros alimentares em quase todos os árbitros, tanto qualitativo quanto quantitativo. Novamente, vale a pena ressaltar que estes indivíduos atletas devem manter hábitos alimentares adequados para sua função, pois sem a nutrição adequada não conseguem obter um rendimento físico satisfatório. Avaliação psicológica Foram avaliados 67 árbitros pelo serviço de Psicologia (83.75%). Avaliamos a parte cognitiva (atenção, concentração, aprendizagem, conhecimento formal, orientação espacial, comportamento vasomotor, memória de reconhecimento, memória operacional, percepção, flexibilidade cognitiva). Referente à parte cognitiva, observamos que 96,5% dos indivíduos avaliados encontramse dentro dos padrões de normalidade; 3,5% apresentam uma defasagem cognitiva, necessitando uma investigação mais detalhada se realmente existe a defasagem cognitiva, embora podendo ser enquadrada numa simples falta de comprometimento individual e subjetivo com a avaliação realizada. Na figura 5, observamos a porcentagem dos árbitros com as respectivas capacidades intelectuais.
8 Fig. 5 Porcentagem das capacidades intelectuais dos árbitros. Quanto ao nível de estresse dos árbitros avaliados, notamos que 93% não apresentam quadro de estresse; 4,4% encontram-se em fase de resistência ao estresse e 2,9% encontram-se em fase de alerta do estresse. Na figura 6, observamos a porcentagem dos árbitros que passaram pela avaliação de estresse. Fig. 6 Porcentagem dos árbitros com estresse. A avaliação psicológica mostra que os árbitros estão bem preparados para enfrentar a carga de trabalho que a profissão exige. Ressaltamos que essa avaliação não foi completa e foi recomendado individualmente, através dos laudos, que se faça uma avaliação complementar. Avaliação dos exames complementares Os exames complementares fazem parte de uma série de exames que podem auxiliar na investigação de alguma doença ou distúrbio metabólico, tudo isto visando a melhora da capacidade física do atleta. Foram submetidos à coleta de sangue, urina, eletrocardiografia de repouso, RX de tórax e ecocardiograma com Doppler. 75% dos árbitros foram submetidos a exames de sangue (60 árbitros). Na tabela abaixo (Figura 7 e 7a), notam-se as alterações encontradas.
9 Fig. 7 Número reasl de árbitros com alterações séricas. Fig. 7a Porcentagem de árbitros com alterações séricas. Estes árbitros com essas alterações foram orientados individualmente no relatório a repetirem o exame dentro de 3 meses. A avaliação do RX de tórax mostrou todos dentro da normalidade.
10 A avaliação do ecocardiograma com Doppler, evidenciou normalidade para todos os árbitros. A avaliação feita pelo ECG (eletrocardiograma) de repouso evidenciou apenas um árbitro com alteração que deverá ser investigada. Um árbitro apresentou durante o exame clínico, picos de hipertensão arterial. Foi submetido a MAPA (Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial), que mostrou níveis pressóricos, em 24 horas, dentro da normalidade. Avaliação oftalmológica Em 29 de novembro de 2008 foram atendidos nas dependências do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC os árbitros da Federação Paulista de Futebol. Em clima de cordialidade, todos foram submetidos a uma consulta oftalmológica completa, como forma de prevenção e preparação para a nova temporada que se iniciou em janeiro de A seguir, serão demonstrados os resultados finais em gráfico com diagnósticos (Figura 8). Conclusão
11 A FPF é vanguardista, mais uma vez sai na frente, submetendo seus árbitros a exames que servem de exemplo de seriedade e responsabilidade para com o preparo físico e saúde dos árbitros deste Estado. Exames realizados em consonância com as técnicas mais atuais, utilizadas como o suporte da aptidão funcional humana, realizados pela Faculdade de Medicina da Fundação do ABC FMABC, através dos mais exponenciais especialistas, nas diferentes áreas. Ressaltando a necessidade anual dessa avaliação completa para aprimorar o resultado da performance desses árbitros, lembrando que faz parte do Perfil do Árbitro que a comissão de arbitragem da FPF preconiza. Nesta data, 23 de Janeiro de 2009, oficializamos a entrega do relatório final para cada árbitro, contendo toda a avaliação realizada, digitalizada e gravada em CD, incluindo a declaração médica e o relatório detalhado. Lembramos que apenas 27 árbitros realizaram as avaliações cardiológicas, resultando em liberação para a atividade esportiva. Os demais necessitam complementar essas avaliações para, além da liberação da atividade física, estarem aptos para exercer sua função. Em resumo, parabenizamos os árbitros (apesar das dificuldades e da nãoregulamentação profissional) pelo preparo físico demonstrado. Isto não quer dizer que esse preparo é suficiente, pois se deve buscar sempre um nível de excelência como exige a Federação Paulista de Futebol. Prof. Dr. Luiz Henrique Camargo Paschoal Diretor da Faculdade de Medicina do ABC Profª Nidia Caivano Secretaria Geral da Faculdade de Medicina do ABC Dr. Marcelo Ferreira Coordenador do Núcleo de Saúde no Esporte da Faculdade de Medicina do ABC Dr. Caio Imaizumi Fisioterapeuta do Núcleo de Saúde no Esporte da Faculdade de Medicina do ABC.
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