Professores de Libras: Encontros

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1 TATIANE MILITÃO DE SÁ GILDETE DA SILVA AMORIM MENDES FRANCISCO (Org.) Professores de Libras: Encontros Anie Pereira Goularte Gomes Arina Costa Martins Cardoso Betty Lopes L Astorina de Andrade Camila Righi Medeiros Camillo Daniel Junqueira Carvalho Gildete da Silva Amorim Mendes Francisco Nathalia Quintella Suarez Mouteira Nerli Nonato Ribeiro Mori Ricardo Ernani Sander Tatiane Militão de Sá Valeria Fernandes Nunes 1

2 TATIANE MILITÃO DE SÁ GILDETE DA SILVA AMORIM MENDES FRANCISCO (Org.) Professores de Libras: Encontros 1º edição RIO DE JANEIRO

3 S111p Professores de Libras: Encontros / organização de Tatiane Militão de Sá, Gildete da Silva Amorim Mendes Francisco 1. ed. Rio de Janeiro, p. 21cm. Conteúdo: Parte I. Libras, suas relações e traços culturais Parte II. Surdez: Implicações sobre Libras e cultura surda Parte III. Libras e a formação docente, premissas para o nível superior Parte IV. Educação bilíngue de filhos ouvintes com pais surdos. ISBN Libras. 2. Surdez. 3. Ed. Bilíngue. 4. Formação Docente. 5. Cultura Surda. I. Sá, Tatiane Militão de. II. Francisco, Gildete da Silva Amorim Mendes. III. Professores de Libras: Encontros. CDD 419 3

4 SOBRE ESTE LIVRO O livro Professores de Libras: Encontros tem por finalidade ampliar discussões entre saberes docentes e auxiliar no caminho para o uso e difusão de Libras, conforme Decreto 5.626/05. Este se divide em temáticas sobre: Libras, Surdez, Formação docente e Educação Bilíngue. Vejamos a seguir como se apresenta o Encontros: PARTE I LIBRAS, SUAS RELAÇOES E TRAÇOS CULTURAIS A ARBITRARIEDADE E ICONICIDADE EM SINAIS: RELAÇÕES CULTURAIS, segundo Valeria Fernandes Nunes (p. 21), é um artigo visa ao estudo das relações icônicas e arbitrárias em línguas de sinais tendo em vista às relações de cultura como uma ferramenta útil na produção de materiais para o ensino de línguas visual-espaciais. Por meio de uma pesquisa lexicográfica, são selecionados treze sinais de diferentes línguas (Língua Brasileira de Sinais, Língua 4

5 Gestual Portuguesa, Língua de Sinais Japonesa, Língua de Sinais Americana, Língua de Sinais Ucraniana, Língua de Sinais Russa, Língua de Sinais Alemã, Língua de Sinais Chinesa e Língua de Sinais Árabe) A maioria dos sinais foi retirada do dicionário online Spread the Sign Web Dictionary SWD. A fundamentação teórica tem como base as contribuições sobre arbitrariedade (SAUSSURE, 1978; STOKOE, 1960; QUADROS E KARNOPP, 2004), iconicidade (BRITO, 1995) e questões culturais (MALINOWSKI, 1935; FIRTH, 1968; BURKE, 2003; STROBEL, 2013). Assim, verifica-se que em uma língua gestual é possível utilizar recursos visuais e espaciais disponíveis no ato da comunicação e tais recursos podem ser aproveitados para a criação de sinais com base em como determinada cultura. POESIAS SINALIZADAS: ANTROPOMORFISMO COM TRAÇOS CULTURAIS DE IDENTIDADE SURDA, conforme Betty Lopes L Astorina de Andrade (p. 51), explica que a Literatura Surda sinalizada desempenha um 5

6 papel cultural de suma importância na comunidade surda, pois ela está ligada a identidade e cultura surda. Na literatura surda, encontramos poesias sinalizadas em Língua de Sinais por poetas surdos, que são muito ricas em detalhes linguísticos e culturais, por meio dos quais é possível explorar a imaginação, manifestar emoções e transmitir elementos culturais a gerações futuras. Esta pesquisa teve como enfoque investigar na literatura surda, vídeos de poesias em Línguas de Sinais, analisando e identificando o uso do antropomorfismo com traços culturais de identidade surda pelos poetas surdos. Segundo Sutton-Spence e Napoli (2010), antropomorfismo significa dar características humanas a animais ou objetos inanimados. As comunidades surdas saboreiam antropomorfismo, devido ao seu uso generalizado nas narrativas de histórias e poesias pelos surdos em suas comunidades. (Sutton-Spence e Napoli, 2010). Para Bauman (2006), é importante a perspectiva de poesia sinalizada como um conjunto de elementos fonéticos com imagens visuais até imagens em movimento e que uma das maneiras de entender a poesia sinalizada é através da análise linguística. Neste 6

7 estudo, com a leitura dos vídeos, a análise linguística do uso do antropomorfismo com traços culturais de identidade surda, utilizado pelos poetas surdos, foi possível ver o uso do antropomorfismo na natureza, em animais e em objeto inanimado, mostrando a contribuição dos poetas surdos com sua experiência sensorial surda. O antropomorfismo, talvez ironicamente, pode revelar uma visão de mundo surdo, mais que quaisquer outras coisas sobre como as entidades não humanas se comportam. Desejamos que esse trabalho oportunize contribuições aos futuros poetas surdos, no uso das diversas possibilidades de antropomorfismo com traços culturais de identidade surda em poesias sinalizadas. Palavras-chave: Literatura Surda, Identidade surda, Cultura Surda, Antropomorfismo PARTE II SURDEZ: IMPLICAÇÕES SOBRE LIBRAS E CULTURA SURDA PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO DO SUJEITO SURDO: UM OLHAR SOBRE A APRENDIZAGEM E A 7

8 CULTURA SURDA, de acordo com Anie Pereira Goularte Gomes e Camila Righi Medeiros Camillo (p. 76) o artigo tem como objetivo problematizar a cultura surda e a aprendizagem compreendendo que ambas engendram práticas que produzem efeitos no contexto escolar, atuando nos modos de subjetivação dos sujeitos surdos. Para isso nos filiamos à perspectiva pós-estruturalista e operamos com as ferramentas analíticas do dispositivo pedagógico e da subjetivação para discutir sobre o fazer pedagógico atrelado a arena de significações que permeiam a comunidade surda. Nesse cenário em que se enreda escola regular e alunos surdos é impensável não tratar sobre os modos pelos quais esses alunos são constituídos em meio a todos esses investimentos no âmbito pedagógico que visam à produção de sujeitos que desenvolvam habilidades e competências, como princípio de aprendizagem e mobilidade social. Da mesma forma, a relação entre a esfera cultural e educacional pode produzir um determinismo na forma como esse sujeito se relaciona com o conhecimento. Enfim, pensar sobre como os surdos se constituem sujeitos culturais e de aprendizagem a partir de 8

9 modos de subjetivação, que se dão na relação consigo mesmo e com os outros, é uma possibilidade para entender as formas de ser e estar na contemporaneidade. SURDEZ, DIFERENÇA E ARTEFATOS CULTURAIS: PENSANDO A PRODUÇÃO DA PEDAGOGIA VISUAL texto o qual Arina Costa Martins Cardoso e Gildete da Silva Amorim Mendes Francisco (p. 102), declaram que o trabalho busca discutir a surdez, enquanto uma experiência visual e cultural, fora do plano da deficiência (SKLIAR, 1999; QUADROS, 2003; LOPES, 2007), trazendo alguns elementos artísticos de poesia e de imagem constitutivos no texto, como fontes também de saber. Inicialmente, tratamos os conceitos de Diferença, Diversidade e Alteridade, pensando com Skliar e Duschatzky (2000) os eufemismos enquanto mecanismos controladores e reguladores da alteridade. Trazemos a noção de artefatos culturais, discutindo com Strobel (2013) os artefatos da cultura surda nos quais a imagem é elemento fundamental. Tratamos sobre a imagem e as tecnologias visuais hoje, para nos centrar na Experiência Visual dos 9

10 sujeitos surdos, questionando a escola enquanto espaço de educação que necessita ser para esses sujeitos espaço de educação visual. Finalizando, a partir de Campello (2007, 2008), identificamos a necessidade de repensar o currículo na escola para o surdo e não apenas adaptá-lo. Dessa forma, com base na experiência visual dos surdos e seus artefatos culturais, propomos pensar a Pedagogia Visual no espaço escolar, uma pedagogia que beneficia não apenas os sujeitos surdos, mas a todos envolvidos no processo educativo. PARTE III LIBRAS E A FORMAÇÃO DOCENTE, PREMISSAS PARA O NIVEL SUPERIOR EXPERIÊNCIA DE UM EXERCÍCIO DE PESQUISA PARA ESTUDANTES DA DISCIPLINA DE LIBRAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CAMPUS SÃO MATEUS, aqui Daniel Junqueira Carvalho (p. 134) revela um exercício de pesquisa com experiência de trabalho que foi desenvolvido com objetivo de estimular a 10

11 participação dos estudantes matriculados na disciplina de Libras nos cursos de Licenciatura e Bacharelado. A participação dos estudantes é direcionada para a reflexão dos discursos que relatam as práticas que deveriam funcionar no processo de inclusão, de acessibilidade e de direitos humanos, embora isso seja algo bastante complexo. Essa discussão é voltada para a compreensão da essência dos documentos que reconhecem a educação de surdos desde a Declaração de Salamanca de 1994 à Lei Brasileira de Inclusão de Os documentos aprovados são cruciais para que os estudantes reflitam sobre a educação de surdos e seus direitos a partir do processo histórico envolvido neles. O exercício de pesquisa dos estudantes será, portanto, uma atividade acadêmica dividida em três temas: 1) Legislações, Acessibilidade e Direitos dos Surdos na Educação; 2) Legislações, Acessibilidade e Direitos dos Surdos na Saúde e; 3) Legislações, Acessibilidade e Direitos dos Surdos nos Locais Públicos. Porém a discussão será direcionada apenas ao primeiro deles. Os passos metodológicos e as estruturas a serem conduzidos são: 1) Investigar as legislações que são 11

12 ofertadas, garantidas e reconhecidas sobre os direitos dos surdos; 2) Criar algumas questões para busca de dados tendo por base os discursos pelas práticas que são circuladas no(s) município(s); 3) Apresentar os resultados das práticas que são identificadas e interpretadas pelos discursos do público sobre os direitos dos surdos e assim verificar se estão sendo respeitadas e cumpridas. A apresentação final dos estudantes possibilitará aproximações entre os discursos e as práticas e que eles sejam vistos no mesmo patamar, para identificarmos as possíveis ações que são conduzidas. LIBRAS NA FORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ESCOLAS INCLUSIVAS COM ALUNOS SURDOS, Tatiane Militão de Sá, Gildete da Silva Amorim e Nathalia Quintella Suarez Mouteira (p. 166) afirmam que o presente estudo traz reflexões sobre o estágio supervisionado em escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro no intuito de oferecer subsídios à práxis educacional que possa alicerçar ações pedagógicas junto aos cursos de licenciaturas. As 12

13 discussões realizadas sobre os temas: Língua, Cultura e Currículo à luz das teorias de Fernandes (2002, 2007), Strobel (2008) e legislação pertinente (BRASİL, 2005), possibilitaram entender as contribuições do projeto da disciplina Libras no estágio supervisionado, em seu fazer/acontecer, identificando os modos como ele se processa em escolas inclusivas com alunos surdos. Assim foram analisamos diários apresentados em grupos denominados A, B e C no intuito de problematização ideias sobre as praticas pedagógicas para Surdos, visando à promoção da acessibilidade na formação docente. Assim, consideramos que o resultado deste projeto provoca o desafio do graduando que atua em escolas inclusivas com surdos em analisar e refletir sobre a importância da Língua de Sinais, como forma de respeito à cultura surda e flexibilização do Currículo previsto em relação ao praticado no espaço escolar. 13

14 PARTE IV- EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE FILHOS OUVINTES COM PAIS SURDOS CODAS: INTÉRPRETE SINGULARES DA LÍNGUA DE SINAIS, conforme Ricardo Ernani Sander e Nerli Nonato Ribeiro Mori (p. 194), o artigo é um recorte da pesquisa de mestrado concluída, que teve como título Educação bilíngue de filhos ouvintes de pais surdos (CODAs) com o olhar de pais surdos. A pesquisa teve como objetivo explorar e promover reflexões acerca dos processos comunicativos e aspectos da aprendizagem e desenvolvimento dos CODAs, bem como, sua condição e constituição singular como tradutores/intérpretes da língua de sinais - TILS. O termo CODA também é utilizado no Brasil, embora seja um acrônimo da língua inglesa para Children of Deaf Adults. Esse grupo minoritário cresce bilíngue por imersão, de forma natural, a partir do contato com os seus pais surdos usuários da língua de sinais, no caso do Brasil, a Língua Brasileira de Sinais Libras e, simultaneamente podem adquirir a Língua 14

15 Portuguesa no contato com pessoas ouvintes, geralmente os avós que são os modelos linguísticos orais. Os CODAs apresentam uma condição linguística distinta, ímpar, pois, convivem cotidianamente com duas línguas, duas culturas. A metodologia para a pesquisa qualitativa exploratória, foi por meio de um questionário de identificação, com um roteiro de questões semi-estruturadas para o recortee de vinte pais surdos. As entrevistas foram conduzidas em Libras, registradas em vídeo e transcritas para a Língua Portuguesa. Os dados obtidos foram analisados a partir de dois itens para este artigo em específico: a formação da identidade dos CODAs e a singular constituição como intérprtes de Libras. Identificou-se que, para os CODAs, que tem exposição à língua de sinais em um ambiente linguístico favorável, a aquisição da linguagem é semelhante à experiência das demais crianças ouvintes que estão expostas à língua oral. Outrossim, para os CODAs se tornarem bilíngues, necessitam também da exposição à língua oral, seja no ambiente familiar, com pessoas ouvintes ou no escolar. Assim crescem bilíngues, 15