Palavras-chave:Projeto.Formação Continuada de Professores. Gêneros Textuais.
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- Isaac Ávila Correia
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1 O ESTUDO DOS GÊNEROS TEXTUAIS EM UM PROJETO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA TEORIA À PRÁXIS Ligiane Pessoa dos Santos Bonifácio, M.Sc. UFAM Cristiane Alves da Silva, Esp. UFAM Resumo: Neste trabalho, apresentamos o projeto de formação continuada, intitulado Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa com Ênfase no Estudo dos Gêneros Textuais, bem como evidenciamos os resultados alcançados a partir da sua execução. Esse projeto foi elaborado e desenvolvido pela equipe de Linguagens, da Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério, da Secretaria Municipal de Educação, em Manaus-AM. O trabalho fundamentou-se, principalmente, nos postulados de Antunes (2003, 2009), Bakhtin (1997), Marcuschi (2008) e Bazerman (2007) acerca dos gêneros textuais e suas implicações no processo ensino-aprendizagem. O desenho metodológico e a temática de nosso projeto de formação continuada surgiram a partir de uma consulta, em dezembro de 2011, aos professores da rede municipal. A consulta foi feita via formulários e diários de bordo. Segundo os professores, havia grande necessidade de estudarem e pensarem a respeito do trabalho em sala de aula a partir dos gêneros textuais. Com base nesses dados, estruturamos o projeto de formação continuada e, em seguida, ele foi executado. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho é realizar uma reflexão sobre o projeto, bem como relatar a experiência advinda dessa formação continuada, realizada com professores do primeiro ao nono ano do ensino fundamental da rede municipal, em Manaus- AM. Como resultado da análise parcial das discussões, dos comentários escritos e dos relatos orais ocorridos nos encontros realizados no primeiro semestre de 2012, podemos dizer que o estudo em grupo, a análise da temática e a oficina relacionada à temática podem ser um método eficaz para a formação continuada de professores com interesses específicos no ensino de Língua Portuguesa. Palavras-chave:Projeto.Formação Continuada de Professores. Gêneros Textuais. 1 O PROJETO DE FORMAÇÃO CONTINUADA O projeto de formação continuada intitulado Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa com Ênfase no Estudo dos Gêneros Textuais foi formatado e executado visando ao estabelecimento de uma ligação entre os resultados de estudos modernos a respeito da teoria dos gêneros textuais e a atividade diária de ensino dos professores que atuam na sala de aula. Para tanto, a formação continuada ocorreu por meio de quatro módulos presenciais, entre os meses de março a novembro de 2012, em escolas municipais de Manaus-AM, bem como por meiovirtual, via plataforma moodle. Para este artigo, apresentaremos os resultados com base nos dois primeiros módulos, tendo em vista que, após essa etapa, as autoras assumiram outras atividades docentes
2 2 Durante os módulos, a equipe de Linguagens, da Divisão de Desenvolvimento Profissional do Magistério, da Secretaria Municipal de Educação,realizou atividades que fomentavam a reflexão sobre o trabalho com o ensino da leitura e da escrita, articulando teoria e prática, de forma que os professores/cursistas pudessem pensar em como sistematizar os conhecimentos sobre o ensino da escrita na perspectiva da teoria de gênero, ampliando situações de letramento nas salas de aula. Os gêneros textuais envolvidos nesse projeto foram: lendas amazônicas,poemas,histórias em quadrinhos e crônicas. O objetivo geral do projeto foi o de possibilitar a construção de saberes relacionados aos fundamentos didático-pedagógicos necessários ao desenvolvimento de uma metodologia voltada para o ensino de língua portuguesa a partir dos gêneros textuais. E como objetivos específicos: suscitar reflexões, debates, ações que promovessem uma intervenção significativa na escola; compreender, de forma consistente e bem fundamentada, os princípios teóricos subjacentes aos gêneros textuais. Pautamo-nos em autores como Irandé Antunes (2003, 2009), Bakhtin (1997), Marcuschi (2008) e Bazerman (2007) para planejarmos o nosso trabalho. Os resultados a que chegamos foram analisados por meio dos relatos orais, das mensagens escritas em diários de bordo e das avaliações feitas pelos cursistas. Esses resultados nos indicam que, por meio de nossa atuação, pudemos contribuir para que os professores pudessem, a partir do conhecimento dos princípios teóricos e das atividades trabalhados nosmódulos, pensar em formas de atuar com base em fundamentações teóricas mais sólidas, ampliando as competências mais significativas e interativas dos alunos no uso da linguagem a partir dos gêneros textuais. 2 A BASE TEÓRICA DO PROJETO Ao planejarmos o projeto de formação continuada, levamos em consideração, entre outros fatores, a ideia de que,por meio de nossa atuação, podemos contribuir, em alguma medida, para a atividade diária dos professores em sala de aula, qual seja, fazer crescer o letramento dos alunos e ampliar as competências mais significativas, interativas e de encantamento, relativos aos usos literários ou não da língua. (ANTUNES, 2009, p. 15). O projeto, bem como sua realização,também partiu da necessidade de que é, tal qual pontua Bazerman (2007, p. 102), necessário refletir sobre os tipos de habilidades e 04641
3 3 tarefas necessárias para que as pessoas se desenvolvam como participantes letrados competentes dentro do mundo textualmente denso da modernidade. Dito de outra forma, por meio do projeto realizado, tivemos a intenção de colaborar para que os professores/cursistas refletissem sobre o objeto de trabalho deles, ao mesmo tempo se percebessem como leitores/autores competentes de textos, dotados de habilidades que os possibilitam a ajudar os alunos a também serem leitores/autores competentes, sabendo atuar nas mais diferentes circunstâncias comunicacionais. A abordagem para o ensino pautado em gêneros textuais está intimamente relacionada com o letramento e demanda métodos que levem em consideração as ricas contextualizações do discurso, pois, como nos adverte com Bazerman (2007, p. 195), a análise de textos isolados (tipicamente ao nível da organização formal, o estilo ou função linguística) oferece pouco domínio sobre o que estudantes e outros escritores precisam saber e entender de gênero para se tornarem comunicadores competentes em qualquer nível. O gênero do discurso,para Bakthin (1997),não é uma maneira/possibilidadeda língua, mas uma maneira do enunciadoque embolsa do gênero uma certa expressão única, singular. No gênero, a palavra permite certa unicidade. Os gêneros equivalem a conjunturas e a assuntos próprios da comunicação verbal e, por consequência, para determinadas questões de contato entre as significações da palavra e a realidade concreta. Gostaríamos de finalizar esse capítulo com um conceito de Marcuschi (2008) que tanto nos orientou na escolha e na maneira de realizar as atividades do projeto. Segundo o autor (2008, p. 161), os gêneros textuaissão atividades discursivas socialmente estabilizadas que se prestam aos mais variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício de poder. Podemos entender que a escolha do gênero e o modo como usamoso mesmo nos possibilita a inserção, ação e controle social no dia a dia, ou ainda a exclusão, se tal escolha e modo não forem feitos adequadamente. Em nosso projeto, focalizamos esses aspectos. 3 OS RESULTADOS Opúblico- alvo do projeto foi composto por professores do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental, o que se configurava como um desafio maior, uma vez que 04642
4 4 a equipe precisava planejar atividades que pudessem contemplar as turmas com as quais os professores trabalhavam. Desse modo, eram apresentadas algumas sugestões aos professores, de maneira que eles pudessem escolher/adaptar quais as que poderiam e como poderiam ser trabalhadas com as turmas deles. Durante os módulos, foram realizadas atividades em grupo nas quais os professores eram convidados a estabelecer a relação entre os conteúdos estudados e atividades que fazem parte da sala de aula.houve o privilégio da leitura, interpretação e produção de textos, de modo a suscitar constantemente debates,análise e prática. O estudo dirigido, a formação de grupos cooperativos e a produção de textos escritos e orais, na forma de oficinas,foram atividades recorrentes no decorrer da execução do projeto. Houve, ainda, audição e análise de letras de músicas, bem como exposição de material audiovisual, seguida de discussão. Após cada módulo, os formadores escreviam um relatório evidenciando como a atividade ocorreu, os resultados alcançados, como foram as avaliações dos cursistas, bem como a participação deles. Com base nos dados desses relatórios é que efetivamos a análise dos resultados alcançados. Por meio dos relatos orais e do diário de bordo, os cursistas afirmaram ter (re)construído o conhecimento acerca do gênero trabalhado nos módulos, bem como puderam ter acesso a algumas sugestões que, segundo eles, serão usadas na sala de aula. Cabe, aqui, ressaltar que os cursistas evidenciaram como pontos positivos o fato de que a formação possibilita pensar em novas ideias para o trabalho em sala de aula, atendendo às necessidades de alguns professores a esse respeito. Alguns cursistas também relataram a questão do domínio de conteúdo demonstrado pelo formador, o que certamente gerou um clima de segurança do cursita em relação ao formador, àquilo que ele está apresentando, explicando, sugerindo. Já como pontos negativos, podemos evidenciar questões relacionadas à estrutura física onde ocorreu a formação, bem como à questão estrutural como falta de lanche, almoço, que segundo eles deveria ser oferecido pela SEMED. Como afirmamos anteriormente, o desenho metodológico do projeto realizado foi pautado nos autores Antunes (2003, 2009), Bronckart (1999), Bakhtin (1997), Marcuschi (2008) e Bazerman (2007). Particularmente, Bazerman (2007) nos orientou ao pontuar os elementos que devem se fazer presentes em um projeto que considere o desenvolvimento das habilidades estudantis para produzir, entender e usar gêneros. De 04643
5 5 acordo com esse autor, um projeto de ensino com vistas ao aprimoramento do uso da linguagem deve: a) (re)produzir elementos-chave dos sistemas de atividades dentro dos quais o gênero tem evoluído historicamente e como é usado hodiernamente (abordagem de aprendizado com base em projetos e experiências). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de formação que realizamos se configurou como uma atividade que possibilitou pensar acerca da inclusão dos gêneros textuais nas aulas de Língua Portuguesa, de forma intencional, planejada e reflexiva, uma vez que estes são estruturas ideológicas que auxiliam a formação psicosocial dos sujeitos de uma socidade. Estudar as nuances relacionadas aos gêneros textuais, mesmo que por meio de um projeto que se realizava em quatro horas semanais e com poucos encontros virtuais, via plataforma moodle, certamente teve suas implicações no processo ensinoaprendizagem e se mostrou bastante necessário e útil aos professores da rede municipal de Manaus que participaram de nosso projeto de formação continuada. REFERÊNCIAS ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Editorial, BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina Galvão Gomes Pereira. São Paulo: Martins Fontes, BAZERMAN, Charles. Escrita, Gênero e Interação social. São Paulo: Cortez, MARCUSHI, Luiz Antônio. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São Paulo: Parabólica Editorial,
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