Da liberdade e de sua negação. A questão é muito complicada. Apresenta-se em sequência algumas ideias chaves.
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- Igor Tavares Borges
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1 Da liberdade e de sua negação A questão é muito complicada. Apresenta-se em sequência algumas ideias chaves. 1
2 Segundo o liberalismo Os filósofos políticos liberais distinguem, com frequência, um conceito clássico liberal de liberdade de um conceito clássico democrático de liberdade. No conceito liberal, liberdade significa ausência de coerção. No conceito democrático, significa autonomia, a saber, o poder de autodeterminação. 2
3 Isaiah Berlin Em Dois conceito de liberdade, esse autor opôs liberdade negativa e liberdade positiva. Liberdade negativa é estar livre de coerção. A liberdade negativa é sempre liberdade contra a possível interferência de alguém. A liberdade negativa é liberdade do ser humano como indivíduo. 3
4 Liberdade positiva Ao contrário, a liberdade positiva é liberdade do ser humano como ser social. A liberdade positiva é a possibilidade de se autogovernar e de manter como ser autônomo no seio da sociedade. A liberdade positiva, portanto, é autonomia. 4
5 Como Marx vê essa liberdade Na Questão Judaica há uma frase em que Marx mostra que a liberdade negativa se interverte em não liberdade. Trata-se de um a sociabilidade que faz com que cada homem veja no outro homem, não a realização, mas, ao contrário, a restrição de sua liberdade 5
6 A crítica de Marx em O capital O modo de produção capitalista cria historicamente uma liberdade formal que vigora na aparência do sistema, em especial na esfera da circulação de mercadorias. Por quê? Por que o modo de produção capitalista esta baseado em relações de produção indiretas e, portanto, coisificadas e prenhes de fetichismo. Como tal, assim ele cria o indivíduo possessivo e competitivo. 6
7 Parece mas não é... Trata-se, para ele, porém, de um sistema de coerção institucionalizado como sistema de liberdade esta é aparente, mas funcionalmente necessária. Assim, fica garantida uma certa liberdade formal (a negativa por meio do mercado e a positiva por meio da democracia). O limite dessa liberdade se mostra tanto na produção de mercadorias quanto na esfera política. 7
8 E porque não é Não é porque o contrato de trabalho pressupõe ex-ante a liberdade do trabalhador, mas também a sua subordinação ex-post ao despotismo da fábrica. Não é porque a democracia representativa pressupõe a liberdade do eleitor e do voto, mas também que tal voto e a tal vontade do eleitor serão necessariamente sabotados em certa medida por aqueles que exercem a representação. 8
9 Ora, esse sistema não é harmônico Engels menciona que diversas contradições atravessam o sistema da relação de capital: Produção organizada x anarquia dos mercados Produção social x apropriação privada Sistema: a meta é acumulação de valor x o meio é o consumo e investimento de valores de uso. E que essas contradições engendram crises. 9
10 Solução histórica A solução que apareceu para a crise do capitalismo de laizez-faire foi sempre a regulação estatal. A crise do laissez-faire (começa antes de 1914 e culmina na crise de 1929) redunda em duas soluções: a) Sistema de acumulação centralizado (socialismo real no Oriente); b) O capitalismo regulado (social democracia e neoliberalismo no Ocidente). Nota: capitalismo é um sistema de acumulação descentralizado. 10
11 Governanças Na história do capitalismo desde o século XVIII até o presente, nota-se a existência três governanças sucessivas: a) Liberalismo clássico b) Liberalismo social c) Neoliberalismo b) e c) nasceram na década dos anos 30 com a crise do liberalismo clássico ( e a crise de 29). 11
12 Liberalismo clássico O sistema econômico é visto como uma ordem natural em que o Estado não deve ser intrometer. Defende o império da liberdade de iniciativa fora do Estado, propõe limites estreitos para a ação governamental. Eis que o sistema deve funcionar e se desenvolver espontaneamente. 12
13 Liberalismo social (keynesianismo) O sistema é uma ordem social que produz riqueza crescente, mas falha. E que, por isso, deve ser organizado pelo Estado. A liberdade individual não é para uns, mas para todos, fortes e fracos. Deve prosperar, pois, em consonância com a pacificação do conflito social e com o crescimento econômico inclusivo. 13
14 Neoliberalismo O sistema econômico é uma ordem moral baseada na auto realização por meio competição que deve ser preservado, nutrido e mesmo reposto pelo Estado. A liberdade individual é a possibilidade de agir como auto empresário de si mesmo e de competir em todas as esferas da vida social. 14
15 Segundo Dardot e Laval O neoliberalismo é a razão do capitalismo contemporâneo, de um capitalismo desimpedido de sua referência arcaicas e plenamente assumido como construção histórica e norma geral de vida. O neoliberalismo pode ser definido como o conjunto dos discursos, práticas e dispositivos que determinam um novo modo de governo dos homens segundo o princípio universal da concorrência. 15
16 Crises terminais No começo do século XX, ocorreu a crise terminal do capitalismo de laissez-faire. A solução encontrada foi a regulação estatal. Houve grosso modo três formas de estatização: o socialismo real (a partir de 1917), a socialdemocracia e o neoliberalismo (a partir de 1929). No fim do século XX teve a falência do socialismo real. E do capitalismo regulado de modo keynesiano. No começo do século XXI, estamos diante da crise do capitalismo regulado de modo neoliberal e, portanto, da crise do capitalismo regulado pelo Estado... Terminal? 16
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