História da Arte. Aula 10: Cubismo

Transcrição

1 História da Arte Aula 10: Cubismo

2 Referência: Gênio na arte de limpar

3 Picasso, a alma do cubismo Em 1905, Picasso começou a pintar com um estilo mais vigoroso. Ele estudava proporções e a integridade orgânica (JANSON, 2009). A continuidade do corpo humano é esquecida na tela, que se assemelha a um campo de vidros quebrados (crítica). As facetas angulares não são uniformes. Uso do sombreamento, como efeito de tridimensionalidade. A inspiração de Picasso vem da preocupação com as pinturas do pós-impressionista Cezanne, que tinha estudos sobre volume e espaço. De acordo com Gombrich (2008), na fase do cubismo, o desejo do artista é o de criar em vez de copiar a realidade. O movimento artístico em sua primeira fase, o cubismo analítico, com o estudo das facetas, tem suas referências também no primitivismo de máscaras. Na volta a esse primitivismo, há a busca de uma infância mais que duradoura para a arte moderna. Esse regresso é a busca de algo verdadeiro.

4 O ESPAÇO No cubismo, Picasso acredita que o espaço deforma-se, decompõe-se tal como as figuras geométricas (ARGAN, 1992). E o espaço, é a realidade ordenada e configurada na consciência. O artista trabalha as dimensões altura e largura, na vertical e horizontal. A terceira dimensão é criada com linhas oblíquas (inclinadas) que trazem a profundidade, e as curvas (volume). O cubismo traz para o plano é o que é relevo, e modela no chiaroscuro, os volumes.

5 Retrato de Ambroise Vollard (Picasso, óleo sobre tela, , Museu Pushkin, Moscou) As facetas pequenas e precisas são prismas (polígonos 3D, figuras planas formadas por retas: triângulos, equilátero, pentágono, hexágono, etc). Contrastes são diminuídos. Cores e texturas não competem com o desenho.

6 Cubismo sintético 2ª fase do cubismo, com obras de Georges Braque e Picasso entre outros, é composta de fragmentos de materiais cortados e colados. Os artistas começam a pensar na superfície do quadro como um bandeja, na qual serviam a natureza-morta, colocando objetos reais sobre essa bandeja. Os objetos de colagem são moldados e combinados. Mais tarde, desenhados e pintados com o objetivo de dar um sentido figurativo. Mas é mantida a identidade original dos fragmentos dos materiais (JANSON, 2009). Funções dos objetos: representar algo, apresentar (eles mesmos), através da intersecção de camadas de materiais colados.

7 Le Courier (1913, Georges Braque, Museu de Arte de Filadélfia) Tiras de madeiras, parte do envoltório de um charuto, papel jornal e às de copas. Materiais: carvão, grafite, tinta, papel impresso, guache.

8 Um quadro está concluído quando apagou a ideia. E em vez da ideia na mente, há um objeto que todos podem ver (BRAQUE) A ARTE DE BRAQUE NÃO É ABSTRACIONISMO. É PERCEPÇÃO VISUAL.

9 Três músicos (Picasso, 1921, óleo sobre tela, Museu de Arte Moderna, NY). Picasso pintava como se estivesse fazendo colagens.

10 Café Bar (1919, óleo e areia sobre tela, Braque)

11 3 bailarinos (Picasso, 1925, óleo sobre tela, Galeria Tate, Londres) Neste quadro, Picasso pinta com liberdade e manipula as partes do corpo humano, em efeito de colagem, sombras. Resultado: obra jocosa, grotesca e sinistra, algumas vezes (JANSON, 2009).

12 Guernica (1937, Picasso, Museu Reina Sofia, Madri)

13 Quadro histórico O quadro Guernica foi pintado por Picasso no período do facismo espanhol, quando bombardeiros alemães atacaram a cidade de Guernica, a serviço do ditador espanhol Franco. Guernica é o único quadro histórico do nosso século (ARGAN, 1992, p. 455). É o fato histórico, não o representa. Não há cor. Não há relevo. Sem cor e relevo fica interrompida a relação do homem com o mundo (ARGAN, 1992). A técnica é de têmpera, com o uso de aglutinadores, o cal utilizado em afrescos, mais modernamente, o ovo, sobre a tela. Guernica simula colagem, com a sobreposição de planos, em quatro retângulos e um triângulo central. Primeiro retângulo: a mãe que chora, segundo: cavalo, terceiro: mulheres e último: homem com os braços para cima. Para Picasso, a função do artista não é educar, é tomar partido nas contradições e conflitos que podem colocar em risco a existência da sociedade ou seu destino. Não fui eu que a fiz, fizeram-na vocês (Picasso, sobre Guernica).

14 Influências: Composição em vermelho, azul e amarelo (1930, Mondrian) O pintor holandês Piet Mondrian é influenciado pelo cubismo, quando vai para Paris, um centro de artes e de artistas. Horizontais e verticais, tons primários, mais branco e mais preto. Ele trabalha linha, plano e cor. Resultado de equilíbrio, através da harmonia de posições desiguais, mas equivalentes. Linhas pretas e retangulares coloridas. Quadros de diversos tamanhos com predomínio do branco (luz) e presença do preto (não luz). Na arte de Mondrian, a clareza e da disciplina que refletem as leis do universo.

15 O conhecimento através da percepção Para Mondrian, se conhece através da percepção. Mas para conhecer a essência das coisas, deve-se refletir sobre a percepção. Pensando-se sobre noções comuns da linha, planos e cores fundamentais, é possível compreender a obra do artista, através da estrutura constante da consciência. A plasticidade na obra de Mondrian é caracterizada pelas linhas negras. As cores se tocariam e se influenciariam, se essas linhas não existissem. Para Mondrian, não devem existir relações de força entre as cores, e sim relações métricas, proporcionais, com uma igualdade de valores. Para o artista, a percepção da cor não muda. O que muda é a valorização da cor na tela, conforme a amplitude da área coberta e a forma.

16 Com sua obra, Mondrian quer eliminar o trágico da vida (ARGAN, 1992). O ARTISTA ACREDITA QUE NÃO TEM O DIREITO DE INFLUENCIAR O OUTRO EMOTIVAMENTE E SENTIMENTALMENTE. MONDRIAN É CONSIDERADO POR ARGAN, COMO O PINTOR MAIS CIVILIZADO DO SÉCULO XX. PARA ELE, O ARTISTA QUE DESCOBRE UMA VERDADE DEVE DEMONSTRAR COMO CHEGOU A ISSO E UTILIZAR NA VIDA DA COMUNIDADE. O ARTISTA IDEALIZA UMA SOCIEDADE CAPAZ DE SOLUCIONAR PROBLEMAS RACIONALMENTE E INFLUENCIA A ARQUITETURA (FUNCIONALIDADE DE ESPAÇOS). NADA TEM VALOR, SE NÃO FOR VERDADE. (ARGAN, 1992, p. 412).

17 Influências: Carnaval em Madureira (Tarsila do Amaral, 1924)

18 Influências: Homem cubista (1928, Ismael Nery)

19 Arte como intervenção na realidade histórica As Meninas (Velazquez, 1656, Museu do Prado Madri) As Meninas (Picasso, 1957 Museu Picasso, Barcelona)

20 Não busco, encontro (Picasso) Pablo Picasso, o fundador do cubismo, é um dos maiores artistas do século XX: pintor, escultor, artista gráfico e ceramista. O artista renega a arte da pesquisa e afirma a superioridade da invenção artística em relação à ciência e técnica. Para ele, o fato artístico nunca passa. É um acontecimento que pode ser transformado com a intervenção do artista. E ao mover-se, altera-se a perspectiva. A arte é mover-se livremente, sem complexos (Pablo Picasso). Ele reestruturou quadros de Velazquez (barroco), Manet, Coubert (realismo), entre outros. Em As Meninas, de Velazquez, Picasso substitui o formato vertical pelo horizontal. Em Picasso, a infanta continua importante na obra mas é o próprio artista quem tem mais destaque, com um tamanho desproporcional. Em Velazquez, as janelas estão fechadas (o quadro era visto apenas por quem frequentava o palácio). Em Picasso, as janelas estão abertas. Quando Picasso pintou As Meninas, estava exilado na França e envolvido em campanha para anistiar republicanos, após o fim da Guerra Civil Espanhola.