Brasília, 03 de abril de 2014 Of. Circular nº 010/2014. Ref: DECISÃO TRT SOBRE INSALUBRIDADE VCI. Prezado Associado:

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1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE TRANSPORTE TERRESTRE DE PASSAGEIROS SAUS Quadra 1 Bloco J Edifício CNT 8º andar Entrada 10/20 Torre A CEP Brasília DF T.: + 55 (61) F.: + 55 (61) abrati@abrati.org.b r Brasília, 03 de abril de 2014 Of. Circular nº 010/2014 Ref: DECISÃO TRT SOBRE INSALUBRIDADE VCI Prezado Associado: Para conhecimento estamos encaminhando uma nova decisão do TRT da 3ª Região, em Reclamação Trabalhista promovida em face da Rápido Federal e da Real Expresso, onde o ex-motorista pleiteou insalubridade pelo exercício da profissão de motorista, alegando que a chamada VCI Vibração de Corpo Inteiro teria produzido situação insalubre no exercício. O envio que fazemos é como contribuição por se tratar de um precedente que poderá ser útil em casos semelhantes porventura existentes em outras associadas, na mesma linha daquele que remetemos em abril de 2012, também em caso da Real Expresso. Atenciosamente. José Luiz Santolin Superintendente 1

2 RECORRENTES: RECORRIDOS: RÁPIDO FEDERAL VIAÇÃO LTDA. E OUTRO (REAL EXPRESSO LTDA.) LUIS CARLOS GAIOSO EMENTA: LAUDO PERICIAL. EXTENSÃO. O laudo não é determinante na definição do direito envolvido no objeto da perícia. Suas conclusões não vinculam o juiz (art. 436 do CPC). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário, oriundos da 1ª Vara do Trabalho de Uberaba em que figuram, como recorrentes, RÁPIDO FEDERAL VIAÇÃO LTDA. E OUTRO (REAL EXPRESSO LTDA.), e, como recorridos, LUIS CARLOS GAIOSO. RELATÓRIO A MMª Juíza da 1ª Vara do Trabalho de Uberaba julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial para condenar as reclamadas, solidariamente, a pagarem ao autor as parcelas constantes do dispositivo da sentença. Custas, pelas reclamadas ( fs. 209/ 215). Recorrem as reclamadas contra o adicional de insalubridade, a responsabilidade solidária, a emissão de novo PPP e o valor dos honorários periciais (fs. 216/223). Comprovam o pagamento das custas e o depósito recursal (fs. 224/226). Há contrarrazões do reclamante ( fs. 229/ 232). Tudo visto. VOTO 1. ADMISSIBILIDADE 1.1. Pressupostos recursais Preenchidos os pressupostos intrínsecos (cabimento, legitimação, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo ao poder de recorrer) e extrínsecos (tempestividade, regularidade formal, quitação das custas e depósito recursal), conheço do recurso.

3 2. MÉRITO 2.1. Adicional de insalubridade A juíza sentenciante, calcada no laudo pericial, condenou as reclamadas no adicional de insalubridade, grau médio, com reflexos (fs. 210/211). A tese do apelo é de que os níveis de vibração detectados na perícia estão vinculados às más condições das rodovias e não dos veículos, o que afasta a responsabilidade das recorrentes. Ressaltam que inexiste EPI para neutralizar a vibração e que os parâmetros de apuração deste agente insalubre são os adotados na Europa e América do Norte, que apresentam realidade diversa da nossa, brasileira, notadamente no que concerne à malha rodoviária. Requerem a exclusão dos honorários periciais e reflexos, além da obrigação de emitir novo PPP. Consta do Anexo nº 8 da NR-15 que as atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada, às vibrações localizadas ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres. Não se pode desprezar a realidade desta demanda, nem tampouco o restante do conjunto probatório. O laudo pericial constatou a insalubridade em grau médio, por exposição à vibração durante todo o pacto (Anexo nº 8 da NR-15 - fs. 156/157). O expert esclareceu que dentre os sistemas que podem contribuir para transmissão da vibração ao condutor estão as condições da pista de rolamento, conservação do veículo, sistemas de suspensão, velocidade, etc (f. 172). O autor, motorista rodoviário, conduzia ônibus de passageiros nos trechos de Uberaba-São Paulo e Uberaba-Brasília (f. 130). Não há nenhuma prova de má conservação, falta de manutenção ou defeitos nos ônibus conduzidos, sendo de conhecimento comum que esses veículos são dotados de modernos sistemas de suspensão e amortecimento. Aliás, pelas fotos de f. 137, vê-se que o modelo de veículo conduzido pelo autor era moderno, dotados de bom nível de conforto, sem o qual longas viagens não seriam toleradas...

4 Nesse contexto, percebe-se que não houve omissão da reclamada, que adotou todas as medidas para proporcionar aos seus empregados ambiente de trabalho confortável. Pela própria redação da NR-15, Anexo 8, vê-se que só se caracteriza a insalubridade quando o empregador expuser o empregado às vibrações sem a proteção adequada, o que não ficou comprovado nos autos. Por fim, embora o trecho periciado tenha sido eleito pelas partes, abrangeu apenas parte de um dos percursos, 1h28min, o que, a meu ver, não tem o condão de revelar as condições reais de trabalho do autor, tendo em vista os longos trechos percorridos e as possíveis condições variáveis das estradas, fator relevante que não pode ser atribuído à reclamada. O laudo não é determinante na definição do direito envolvido no objeto da perícia. Suas conclusões não vinculam o juiz (art. 436 do CPC). Recentemente julguei processos envolvendo a mesma situação, ou seja, motorista rodoviário e insalubridade por vibração (processos nº s e RO, DJ 06.jun.2012 e 09. dez. 2011, respectivamente). Provejo para absolver as reclamadas da condenação ao pagamento de adicional de insalubridade e reflexos, julgando a ação totalmente improcedente. Prejudicas as demais questões recursais Sucumbência Diante da absolvição das reclamadas da condenação imposta na sentença, ficam invertidos os ônus da sucumbência, cabendo ao reclamante o pagamento das custas, isento, por ser beneficiário da justiça gratuita (f. 215). Também correriam por sua conta os honorários periciais, dos quais fica isento por não ter crédito a receber nos autos. Faculta-se ao perito pleitear seus honorários na forma da Resolução nº 66 de 2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. 3. CONCLUSÃO O TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA TERCEIRA REGIÃO, por sua Nona Turma, à vista do contido na certidão de julgamento (f. retro), à unanimidade, conheceu do recurso; no mérito, sem divergência, deu-

5 lhe provimento para absolver as reclamadas da condenação ao pagamento de adicional de insalubridade e reflexos, julgando a ação totalmente improcedente; invertidos os ônus sucumbenciais, isento o reclamante das custas e dos honorários periciais; facultou ao perito pleitear seus honorários na forma da Resolução nº 66 de 2010 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Belo Horizonte, 24 de julho de 2012 RICARDO ANTÕNIO MOHALLEM Relator