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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N i iiiiii mil iiii UM uni uni mu um nu M * * Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n , da Comarca de São Paulo, em que é apelante CONSTRUTORA CONCISA LTDA (MASSA FALIDA) sendo apelado BANCO DO BRASIL S/A. ACORDAM, em 16 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores JOVINO DE SYLOS (Presidente), SIMÕES DE VERGUEIRO E CÂNDIDO ALEM. São Paulo, 4 de outubro de JOVINO DE SYLOS PRESIDENTE E RELATOR

2 VOTO N : 9868 APEL.N 0 : COMARCA: SÃO PAULO APTE. : CONSTRUTORA CONCISA LTDA. APDO. : BANCO DO BRASIL S/A *Ação indenizatória c.c. pedido de danos materiais - ajuizamento por empresa falida representada por sócio diretor impossibilidade - ilegitimidade ativa falência não encerrada - concordata suspensiva não cumprida - administração em princípio exercida pelo síndico, atualmente administrador judicial, cabendo-lhe a representação da massa falida em juízo - CPC,art. 12, III - direito de administração e de acesso ao Judiciário perdido pelo devedor ou falido, nos autos sem prova de recuperação - inteligência dos arts. 36 e 40 do Dec. Lei 7661/45 e atual art. 103 da Lei /05 - indeferimento da inicial e extinção do processo sem exame do mérito (CPC, art. 267, VI) - deferida assistência judiciária no feito - recurso provido parcialmente.* 1. Cuidando-se de ação indenizat6$ia base no art do CC/1916 (atualmente art. CC/02), c.c. pedido de danos materiais móviàk por

3 2 CONSTRUTORA. CONCISA LTDA. (empresa falida), através de seu sócio diretor Clovis Rosa da Cruz, em face do BANCO DO BRASIL S/A, com apoio no art. 36 do Dec. Lei 7.661/45 e versando habilitação de crédito aparelhada pela instituição bancária nos autos da massa falida (fls. 15)em valor muito superior ao quantum afinal deferido (fls. 106), impondo-se então as pretensões exordiais, a r. sentença de fls. 129 indeferiu a petição inicial e julgou extinto o processo, sem apreciação do mérito, por ilegitimidade ativa (CPC, art. 267, VI), considerando que, a partir da decretação da falência, "os titulares da empresa (devedora ou falida) perdem a condição de representantes e a massa falida é representada pelo síndico. Terceiros interessados podem ajuizar ação em defesa da massa só em nome próprio." 2. Irresignada, recorreu a autora a este Tribunal (fls. 133), buscando a reforma do julgado e sustentando que nada obsta que a empresa seja representada pelo sócio diretor e detentor da maior participação societária, a falida mantém a personalidade jurídica e a massa não detém a propriedade dos direitos discutidos, cabendo ao síndico a representação apenas da massa falida, e não da sociedade devedora que comparece no pólo ativ/5 da demanda. Insistiu no pedido de gratuidade judiciária 1060/50) formulado na exordial devido às difiou econômicas enfrentadas tanto pela empresa falida pelo seu sócio diretor.

4 3 3. O recurso foi recebido e processado sem a intervenção do réu (CPC, art. 296). A Procuradoria de Justiça opinou pelo desacolhimento do apelo, inclusive nos termos da cota ministerial de primeiro grau (fls. 124, 165 e 228). Oportunamente, em janeiro/2007, veio aos autos certidão relacionada ao feito da falência, no sentido de que ao aludido sócio diretor foi concedida assistência judiciária, bem como deferida em favor da empresa devedora concordata suspensiva (fls. 194). Ê o relatório. 4. Desde logo e para os efeitos do presente, especialmente tendo em mira, como visto, a certidão de fls. 194 assim como a documentação de fls. 140 e segs.,incluindo a declaração de pobreza de fls. 146, resolve-se conceder assistência judiciária à postulante e/ou a seu sócio diretor para os propósitos de direito. 5. A solução terminativa, no entanto, não merece reforma. De fato, decretada a falência da autora na vigência do Dec. Lei 7.661/45 (fls. 14) e estendida ao seu sócio diretor majoritário (fls. 12) todas as obrigações impostas à empresa devedora ou falida (art. 37 da citada legislação especial), decerto que desde o momento; da abertura da falência ele perdeu o direito de administrar os seus bens e deles dispor (art. 40). M/ 6. Da mesma forma que no atual arfc-r 103 da Lei /05, o art. 36 da Lei de Quebras anterior

5 4 estabelecia o direito do falido de fiscalizar a administração da massa, de requerer providências conservatórias dos bens arrecadados e o que for a bem dos seus direitos e interesses, "podendo intervir como assistente", nos processos em que a massa seja parte ou interessada e interpor recursos cabíveis. 7. Contudo, a administração da falência é exercida pelo síndico na lei anterior (art. 63), da mesma maneira que hoje incumbe ao administrador judicial (Lei /05, art. 22), ficando efetivamente expresso no art. 12, n III, do CPC, que a representação da massa falida em juízo, ativa e passivamente, cabe ao síndico, ou presentemente ao administrador judicial. E o referido art. 36 do Dec. Lei 7.661/45 certamente não autoriza, como pretende e insiste a apelante e/ou seu sócio diretor, o comparecimento do falido em juízo como parte. Inequívoco o permissivo legal do comparecimento da massa falida no pólo ativo principal, e não do falido. 8. A figura da massa falida desaparece do mundo jurídico, por conseguinte passando a falida, validamente através de seu sócio diretor, a ter legitimidade para estar em juízo, apenas com a sentença de encerramento da falência e julgadas extintas as o^riaações do falido.isso tanto na lei antiga como na atualv /o que corretamente não ocorre na espécie dos autos, 9. E não é o caso de modificar o prfesente desfecho em virtude da superveniente certidão de flsv 194

6 5 relacionada ao deferimento à falida do benefício da concordata suspensiva (Dec. Lei 7661/05, art. 177), mormente que a fls. 244 e segs. deste feito há notícias da própria postulante no sentido de que nenhum ativo da empresa foi realizado e nenhum pagamento foi feito aos credores, o que sem dúvida deixa de levar ao cumprimento das obrigações e da concordata, afastando dos interessados a possibilidade de readquirir direito à livre administração disposição dos bens bem como ao amplo acesso ao Judiciário. 10. Por derradeiro, vale ressaltar que o juízo recursal é de controle e não de criação. Em conseqüência, certeiramente a sentença ora confirmada reflete o estado de fato da lide no momento da entrega da prestação jurisdicional, inexistente argüiçao superveniente bastante a ensejar mudanças na situação exposta no "decisum". 11. Com esses fundamentos, isenta a apelante dos encargos da sentença terminativa em razão da gratuidade judiciária concedida, entretanto obedecendo os termos do art. 12 da Lei 1060/50, dá-se provimento parcial ao recurso. São Paulo, all80103.docab:js