IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO FEMININO: SOBRE A EFETIVIDADE DE UM DOS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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1 IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO FEMININO: SOBRE A EFETIVIDADE DE UM DOS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Giovanna Moura Ribeiro Caetano 1 Giovana de Carvalho Florencio 2 Marianny Alves 3 RESUMO O estudo em questão almeja discutir a efetividade do intuito de empoderamento feminino no que se refere a igualdade de gênero, levando se em consideração o objetivo de número cinco dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs). Positivados na Agenda 2030, os 17 Objetivos têm por finalidade alcançar uma sociedade sustentável e por isso socialmente desenvolvida. Ao definir empoderamento, palavra mais fácil de ser sentida do que descrita, vem à tona durante o texto, a importância do acesso das mulheres aos meios que o efetivem, principalmente através de políticas públicas. Relevante dizer que a representatividade é fator importante para que o processo de empoderamento, tirando a mulher do papel de submissa e mostrando a todas que podem, sim, deixar de serem sujeitas passivas da história política, econômica e social de seu país e do mundo, para serem sujeitas ativas de suas próprias histórias. No que tange ao desenvolvimento sustentável, é preciso mencionar que não diz respeito somente ao ambiente econômico, envolve toda uma força de olhar e gerir a sociedade, seja em planos políticos, econômicos ou sociais. Trata-se de olhar para o futuro balanceando a saúde do planeta, com uma forma de vida que se pauta no bem-estar para as pessoas, relações de consumo menos vorazes, que as indústrias reflitam sobre os impactos de suas ações na natureza, na vida das pessoas e na economia. Ao relacionar empoderamento com desenvolvimento sustentável, entende-se que só é possível haver desenvolvimento sustentável pleno a partir de uma efetiva igualdade de gênero. O objetivo em questão traz em seu título: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, para assim, ter-se desenvolvimento social. Nesse sentido, voltando-se para a perspectiva nacional, saindo do papel, analisa-se dados, como o de participação das mulheres na política, divisão de tarefas domésticas, inclusão das mulheres no mercado de trabalho, entre outros, com o intuito de verificar a efetividade do objetivo cinco e suas metas em nosso país. Resta esclarecer que se trata de estudo bibliográfico, por vezes documental, de cunho dedutivo, que não visa o esgotamento do 1 Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). gmourarc@gmail.com; 2 Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). giovanacflorencio@hotmail.com; 3 Mestranda em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com área de concentração em Direitos Humanos. Especialista em Direitos Humanos pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Diretora de eventos científicos da Federação Nacional dos Pós-graduandos em Direito (FEPODI). mariannyalves@hotmail.com

2 tema, mas sua importante inclusão em ambiente acadêmico. Considera-se que é preciso sair da teoria e construir prática, reconhecendo que a mera conquista de direitos não é suficiente para superação do problema. PALAVRAS CHAVE: Empoderamento feminino, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, Igualdade de gênero. GRUPO DE TRABALHO: Políticas Públicas e Direitos Humanos. PROBLEMA DE PESQUISA: Em 2015, a ONU, na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, juntamente com 193 países-membros adotou a Agenda 2030, com 17 objetivos e 169 metas. A Declaração traz em seu objetivo número cinco: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Empoderamento Feminino está dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o Brasil é um dos países-membros que adotou a Declaração, mas sua efetividade material é observada à nível nacional? Nesses dois anos que se passaram, há resultados satisfatórios para cada uma das seis metas desse objetivo? OBJETIVO: Discutir sobre a efetividade do objetivo de número cinco da Agenda 2030 no Brasil. REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS De acordo com Lisboa (2008, p.2) Empoderamento implica a alteração radical dos processos e das estruturas que reproduzem a posição da mulher como submissa. Nesse sentido, empoderamento feminino é baseado em representatividade, em valorizar a participação das mulheres em ambientes políticos, sociais e econômicos. Olhar para a mulher e fazê-la se enxergar, não mais como subordinada e sem personalidade jurídica, mas sim como mulher independente, emancipada e que resiste. O empoderamento colocado em prática torna-se um verbo reflexivo. A desconstrução pode até ter um start externo, alguém ou uma situação que seja a faísca do incêndio. Mas todo o processo em que a mulher cai em si de sua situação, é interno e personalíssimo. Reconhecer que existe desigualdade de gênero, ficar indignado com a situação e lutar por mudança, será algo que partirá de mulher em mulher, cada uma

3 olhando para dentro de si, para suas situações cotidianas e refletindo sobre seu papel na sociedade. (LISBOA, 2008) Mas para que o empoderamento aconteça, a faísca tem que sair de algum local. Seja com a possibilidade que a internet traz de acesso a informações, opiniões, debates pautados teorias-ideológicas e mais do que isso: militância na temática. O empoderamento também pode e deve ser fomentado por parte de políticas públicas que são muito estimuladas pela Organização das Nações Unidas. A ONU seguindo o legado do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, criou em 2010 a ONU Mulher. Para fortalecer o empoderamento e a defesa dos direitos das mulheres, essa entidade junto com o Pacto Global criaram os Princípios de Empoderamento das Mulheres. Fomentando o poder às mulheres no mercado de trabalho e na comunidade, sete são esses princípios, que falam sobre liderança e empoderamento, oportunidades iguais e não-discriminação, saúde e segurança, educação e treinamento, desenvolvimento empresarial, liderança e engajamento comunitário e transparência e prestação de informações. RESULTADOS Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades (ONU, 2015). O desenvolver-se sustentavelmente está intimamente ligado a construirmos uma nova sociedade com um novo olhar. O desenvolvimento sustentável se finca em três alicerces, três dimensões: a econômica, a social e a ambiental. Olhar para o crescimento econômico, para a produtividade, para os serviços oferecidos pelo país, mas sem perder a questão da sustentabilidade, pensando em como estamos usando os nossos recursos e como isso impactará a natureza e as gerações futuras, deixar para trás o crescimento econômico dos séculos anteriores e olhar para a economia com os óculos dos direitos humanos de terceira geração. O desenvolvimento sustentável não fica estagnado na economia. A sociedade tem que olhar de forma sustentável para as suas relações. Olhar para a pobreza e o analfabetismo, para a questão de gênero e sexualidade, ter empatia pelo outro, pensar no futuro das próximas gerações e em que tipo de sociedade estamos construindo para eles.

4 Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a ONU, atualizando os objetivos do milênio e concluindo o que foi emanado pela Rio+20 (4), acordou os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Como parte central da Agenda 2030 (5), os ODS são 17 objetivos, 169 metas pontuadas, para serem concretizados durante 15 anos até o final da vigência dos ODS. Foi adotado por 193 países em setembro de Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas (ONU, 2017). Esse é o objetivo número cinco da Agenda Proporcionar igualdade não só formal, mas material entre mulheres e homens. Efetivar, através de políticas públicas, o empoderamento das mulheres e meninas para que alcancemos a tão sonhada igualdade. O objetivo cinco tem seis metas que o especificam. As metas respondem à pergunta de como proceder para alcançar o objetivo. Dando assim um enfoque maior em temas como: fim da discriminação contra mulheres, fim da violência nas esferas públicas e privadas, fim do tráfico e da exploração sexual, eliminar casamentos forçados e casamentos infantis, eliminar as mutilações genitais femininas, promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, garantir a participação plena e com iguais oportunidades para mulheres na vida política, econômica e pública, garantir acesso universal à saúde sexual e reprodutiva, realizar reformas para que as mulheres tenham direitos iguais a recursos financeiros e acesso a propriedades, aumentar o uso de tecnologias, principalmente tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres, adotar e fortalecer políticas e legislações sólidas para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento feminino. Ante aos dados obtidos pela ONU (2016) sobre as metas do objetivo número cinco, no entanto, já se vê quadros desanimadores. Os dados sobre o percentual de cadeiras ocupadas por mulheres nos parlamentos nacionais de 2003 até 2016, após vários altos e baixos, teve uma melhora de 1,34 o percentual (Unidade), um baixo crescimento na participação feminina no ambiente político. Em 2012, o tempo gasto no trabalho doméstico e de cuidado não remunerado era de 13, 33 (Unidade) entre as mulheres e de 3, 13 (Unidade) entre os homens. Outro dado relevante é o percentual de mulheres entre 20 e 24 anos que se casaram por volta dos 15 anos de idade. Em 2006, 10,5 por cento das mulheres já estavam casadas antes

5 de atingir a maior idade. Neste mesmo ano, o percentual de mulheres entre 20 e 24 anos que se casaram por volta dos 18 anos de idade foi de 35, 6. Esse dado preocupa a partir do pensamento de que o início da fase adulta da mulher, que ela estaria concluindo o ensino médio e começando o ensino superior, é sobrecarregado por conta de um casamento, que, como mostra o dado no parágrafo de cima, as mulheres além de ter o trabalho externo à casa, também acumulam o trabalho doméstico. (ONU, 2006) Apesar de aumentarem nos últimos anos o número de tratados, convenções e declarações que voltam o olhar sobre a igualdade de gênero, os dados da efetividade no Brasil não são satisfatórios. Falta um maior fomento ao empoderamento feminino, um maior apoio às políticas públicas que ajudem a equilibrar o tratamento entre os gêneros. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Política Externa: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Disponível em: < BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/134-objetivos-dedesenvolvimento-sustentavel-ods>. Acesso em: 15 jun INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Plataforma Agenda A Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Disponível em: < Acesso em: 13 jun LISBOA, Teresa Kleba. O empoderamento como estratégia de inclusão das mulheres nas políticas sociais. In: FAZENDO GÊNERO 8, Anais do Seminário Internacional Fazendo Gênero, 8. Santa Catarina: UFCS, Disponível em: <file:///c:/users/mary/downloads/lisboa_o+empoderamento+como+estrat%c3%a 9gia+de+inclus%C3%A3o.pdf> Acesso em: 14 jun ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU Mulheres. Princípios de Empoderamento das Mulheres Disponível em: < Acesso em: 14 jun Cúpula da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável. (2015) Disponível em: < Acesso em: 13 jun Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável Disponível em: < Acesso em: 15 jun O que é desenvolvimento sustentável?. Disponível em: < Acesso em: 13 jun