O ENFERMEIRO NO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS NOS SERVICOS DE SAÚDE*
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- Giovanna Fonseca Ribeiro
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1 O ENFERMEIRO NO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS NOS SERVICOS DE SAÚDE* Janaína Verônica Lahm 1 Elizabeth Maria Lazzarotto INTRODUÇÃO: A preocupação com o meio ambiente começou somente no final do século passado, onde a política ambiental se limitava à saúde pública e controle de epidemias (BRILHANTE, 1999). Para o autor, na década de 80, os países desenvolvidos estabeleceram sistemas específicos para o gerenciamento de resíduos sólidos, preocupados com os riscos que os componentes infectantes de tais resíduos pudessem causar à saúde do homem e ao próprio meio ambiente. Para o autor, o próprio meio ambiente tem a capacidade natural para assimilar certos dejetos, sem causar poluição e o restante resulta em lixo poluente no meio ambiente. Neste sentido, segundo Ipardes (2001, p. 188), a Agenda 21 descreve os problemas que poderão acontecer sem um trabalho preventivo adequado do gerenciamento dos lixos hospitalares. Cita que [...] a existência de padrões de produção e consumo não sustentáveis está aumentando a quantidade e variedade dos resíduos persistentes no meio ambiente em um ritmo sem precedente. Entretanto, essa tendência pode aumentar consideravelmente as quantidades de resíduos produzidos até o fim do século e quadruplicá-los ou quintuplicá-los até o ano Neste sentido, o autor coloca que [...] uma abordagem preventiva do manejo dos resíduos centrados na transformação do estilo de vida e dos padrões de produção e consumo oferece as maiores possibilidades de inverter o sentido das tendências atuais. O impacto ambiental provocado pelos resíduos dos serviços de saúde deve-se, principalmente, ao seu alto poder infectante. Porém, no Brasil, a grande maioria das cidades não tem tratamento e destino final adequado para os seus resíduos, 1 Enfermeira, Graduanda, Supervisora de Enfermagem do Hospital Dall`Oglio. Rua Crissiumal, 2363, Jd. La Salle. Toledo/PR. CEP: janainaveronica@bol.com.br. Tel: (45)
2 tornando-se cada vez pior o impacto ambiental nessas cidades. Um dos principais instrumentos de análise dessa área de conhecimento é a avaliação de riscos, utilizado para sintetizar as informações e os julgamentos com o objetivo de identificar os riscos associados a uma determinada exposição e para o gerenciamento desses riscos, sendo necessária uma seleção e implementação de estratégias apropriadas para o controle e a prevenção e a análise de seus impactos nas políticas públicas (FUNASA, 2002). Portanto, é necessário desenvolver indicadores de saúde e ambiente que permitam uma visão abrangente dos mesmos, para tomada de decisões através de diversas ferramentas, tais como a epidemiologia, a estatística e a sua utilização. De acordo com a Funasa (2002, p. 12), existem diversas formas de vigilância objetivando o controle de transmissão das doenças e dos fatores de risco dentro do âmbito do setor saúde, incluindo o monitoramento de vetores, alimentos e água para o consumo humano e controle da incidência das doenças e de possíveis casos que passam a servir de sentinelas, em articulação com a análise epidemiológica. O gerenciamento de resíduos sólidos (separação, acondicionamento, transporte, tratamento e destino final), técnica utilizada para preservação da saúde pública e do meio ambiente, é definida, pela Resolução RDC nº 33/2003, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2003, p. 3), como [...] um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Através de um regulamento técnico, elaborado pela Anvisa, aplicado a todos os geradores de resíduos de serviço de saúde (RSS), as instituições que geram estes resíduos irão, por meio das características e do volume e tipo do lixo produzido, elaborar um plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (PGRSS), estabelecendo as diretrizes para o manejo dos resíduos. Neste sentido, o PGRSS propõe que os resíduos devem ser manejados por meio das seguintes etapas: segregação, acondicionamento, identificação,
3 transporte interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo, coleta e transporte externo e destinação final (BRASIL, 2004). OBJETIVO: O objetivo geral foi caracterizar os conhecimentos do enfermeiro sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos nos estabelecimentos hospitalares preconizado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. MATERIAL E METODO: Esta pesquisa se denomina aplicada, sendo esta de caráter exploratório-descritivo, com o intuito de conhecer o papel do enfermeiro no gerenciamento de resíduos hospitalares. Segundo os objetivos do estudo esta se caracteriza como exploratória, buscando obter uma visão geral do conhecimento do enfermeiro no gerenciamento de resíduos sólidos hospitalares. Foi considerado no estudo enfermeiros que atuam no gerenciamento de resíduos sólidos. A amostra foi de 05 enfermeiras, que atuam em hospitais com atendimento geral, ou seja, com abrangência de várias especialidades médicas localizadas em Cascavel-PR. Foi utilizada a entrevista semi-estruturada, para participar da pesquisa os sujeitos assinaram um termo de consentimento, considerando as normas e regulamentos para pesquisa com seres humanos, número 196/96. Para coleta dos dados utilizou-se um questionário com três perguntas abertas e realizada a análise quantiqualitativa das mesmas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Participaram da pesquisa 03 enfermeiras, que desempenham a função de gerenciamento de resíduos hospitalares e 02 enfermeiras da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) dos hospitais gerais de Cascavel- Pr, sendo o Hospital Nossa Senhora da Salete, Hospital Policlínica, Hospital São Lucas, Hospital e Maternidade Santa Catarina e Hospital e Maternidade Dr. Lima. O perfil demográfico mostrou que a faixa etária compreende dos 24 aos 52 anos, sendo 4 do sexo feminino e 1 sexo masculino. Três são casados, com filhos e dois solteiros. A formação acadêmica foi na UNIOESTE e UNIPAR em Cascavel-PR. O ano de conclusão da graduação foi variável 1996 a Da amostra pesquisada, três não possuem nenhuma pós-graduação concluída, e dois possuem especialização e um mestrado. Em relação á quantidade de vínculos empregatício 2 possuem 2 vínculos
4 empregatício e 3 somente 1 vínculo. A maioria considera com autonomia a tomada de decisões e a minoria relata não possuir autonomia para as tomadas de decisões. Sobre quem realiza e como é feito o manejo dos resíduos sólidos, a metade respondeu que o serviço de apoio é quem realiza a coleta e a maioria relatou que é a enfermeira do CCIH que é responsável. Sobre qual é a atuação do enfermeiro no gerenciamento dos resíduos, a maioria respondeu que o enfermeiro deve orientar sua equipe quanto á importância do gerenciamento de resíduos, e a metade delas declararam que os enfermeiros devem orientar e capacitar sua equipe. Em relação á importância do gerenciamento dos resíduos sólidos hospitalares para a saúde ambiental e coletiva, todos os enfermeiros responderam que com o direcionamento correto dos lixos hospitalares evitaríamos a contaminação do ambiente e conseqüentemente uma melhor qualidade de vida para todos os seres vivos. Constatou-se que profissional enfermeiro ainda não está atualizado com o conhecimento necessário para desenvolver o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos nos hospitais, muito se deve à sobrecarga de tarefas/atividades a ele imposta, à falta de capacitação e aos parcos recursos adequados para o manejo do lixo e sua segurança. Constatamos que nenhuma instituição direcionou e nem propiciou a capacitação adequada de um profissional exclusivo para essa tarefa de gerenciar o lixo produzido nos hospitais. CONCLUSÃO: É importante termos em mente que o profissional enfermeiro ainda hoje é sobrecarregado de funções e responsabilidades, mesmo existindo uma equipe multiprofissional, que contudo não trabalha em equipe. Um dos motivos pelo qual esse gerenciamento não está sendo implanto corretamente é decorrente do aumento de custo para adequar à situação atual dos municípios e das instituições de saúde. Para um trabalho eficaz deve ser realizada capacitação e aumentar o conhecimento dos profissionais que lidam com os resíduos sólidos de saúde, sendo que estes iriam propiciar as condições básicas na melhoria da qualidade ambiental e de vida da comunidade. Atualmente os serviços de coleta de resíduos gerados nos municípios são realizados muitas vezes por caminhões abertos, sem proteção contra vazamentos, e com
5 equipe de trabalho sem preparação e sem equipamentos de proteção individual para realizar tais funções. O destino final dos resíduos dos serviços de saúde, na sua grande maioria, é queimado a céu aberto ou jogado em valas sem nenhum tipo de tratamento, pondo em risco a saúde pública e do meio ambiente, através de suas frações infectantes (emissões de gás, cloro, dioxinas etc.) que entram em contato com o ar, solo, água e animais, causando inúmeras doenças preocupantes à saúde coletiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 33, 25 de fevereiro de Brasília: ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 306, 7 de dezembro de Brasília: ANVISA, BRILHANTE, M.; CALDAS, L. Q. D. E. A. Gestão e avaliação de riscos em saúde ambiental. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, p FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Vigilância ambiental em saúde. Brasília: MS, out IPARDES. Agenda 21. Conferência das nações unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento. Curitiba: IPARDES, p. SANTOS, A. R. dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
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