A CONTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES NA REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL DE USUÁRIOS COM TRANSTORNOS MENTAIS DO CAPS I DE LINS SP RESUMO
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1 A CONTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES NA REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL DE USUÁRIOS COM TRANSTORNOS MENTAIS DO CAPS I DE LINS SP RESUMO A criação dos centros de atenção psicossocial (CAPS) com dispositivos substitutivos ao modelo asilar, ao prestar atenção humanizada e qualificada às pessoas com transtornos mentais, objetiva sua autonomia e independência na construção do cotidiano. Assim, foi proposto este trabalho, visando proporcionar a reabilitação psicossocial das pessoas com transtornos mentais, através de uma proposta elaborada por uma terapeuta ocupacional e discentes do curso, utilizando atividades que vão ao encontro das necessidades apresentadas pelos usuários oferecendo possibilidades de exercer suas capacidades por meio de suas vivências, sendo essas fortalecidas pela literatura e portarias específicas que regem a criação dessa estrutura extra-hospitalar. Palavras-chaves: Transtorno mental; CAPS; Terapeuta Ocupacional; Atividades. INTRODUÇÃO Nos anos 70, em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde, em defesa da saúde coletiva, e para igualdade na oferta dos serviços; a Reforma Psiquiátrica inicia-se em um processo político e social complexo, compreendida com um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, e no cotidiano da vida das instituições. No ano de 1987, adota o lema Por uma sociedade sem manicômios, neste ano realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental no Rio de Janeiro; neste período surge o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Esta intervenção há repercussão nacional, que demonstrou a forma errada a possibilidade de construção de uma rede de cuidados efetivamente substitutiva ao hospital psiquiátrico. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são instituições brasileiras que tem como objetivo à substituição dos hospitais psiquiátricos, antigos 1/5
2 hospícios/manicômios e do modelo asilar de tratamento com seus métodos de cuidar dos transtornos mentais. Os CAPS são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua característica principal é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu território, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida quotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004, p 10). São considerados como dispositivos substitutivos e extra-hospitalar, com a finalidade de prestar atenção humanizada e qualificada as pessoas com transtornos mentais, que buscam alcançar autonomia e independência, resgatando os laços familiares e sociais do indivíduo. Os transtornos mentais têm sido definidos por uma variedade de conceitos, por exemplo, sofrimento, descontrole, impaciência, entre outros, que englobam um amplo espectro de condições que afetam a mente, considerando que sejam causados devido uma agressão à integridade ou ao funcionamento do sistema nervoso central ou por influências psicológicas, sociais, econômicas que acometem o funcionamento mental de maneira que a pessoa na maioria das vezes não consegue responder às demandas da vida cotidiana; desta forma resulta em falhas no desempenho de papéis, do autocontrole, comportamento, afetividade, senso-percepção, pensamento, senso-crítico, auto- cuidado; além de interferência no convívio sócio-familiar. Transtornos mentais, segundo DSM IV TR (apud SADOCK, 2007), é caracterizado como um comportamento, uma síndrome psicológica ou um padrão que está associado a uma perturbação ou deficiência, que ocorrem num individuo e estão associados a sofrimento ou incapacitação, ou com um risco significativamente aumentando de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. A partir do momento em que novas formas de assistência foram introduzidas, uma das modalidades que ganhou o maior destaque foi o da nãoexclusão social do paciente com transtorno mental, em oposição radical ao modelo anterior, hoje acredita-se que na convivência e na integração à sociedade na qual estão às maiores possibilidades de ocorrer a reabilitação psicossocial. De acordo com a Organização Mundial de Saúde- OMS, a reabilitação social é um processo abrangente e não simplesmente uma técnica, representando assim um meio que oferece aos indivíduos com transtorno mental a oportunidade de atingir o seu potencial funcional de forma independente na comunidade. A reabilitação psicossocial permite que pessoas com incapacidade possam ganhar ou recuperar aptidões necessárias para a vida na comunidade. Este programa possibilita ao sujeito em sofrimento psíquico a reconstituição de seu cotidiano a partir da produção de sentido e da inserção em seu contexto social. Na reabilitação psicossocial a Terapia Ocupacional passa a ter uma pratica voltada para atender os pacientes graves, diferente da ação periférica e desqualificada desenvolvida no hospital cuja atuação era basicamente ocupá-los para manter a ordem, com pouca interferência na promoção de saúde e na melhoria da condição de qualidade vida dos mesmos. 2/5
3 A proposta da Terapia Ocupacional é oferecer ao paciente, a possibilidade de reencontrar e desenvolver sua capacidade de buscar a autonomia, oferecer possibilidades de exercer suas capacidades e pensamento, por meio da construção livre de objetos (VIANA apud ARAUJO 1999). Essa construção é feita através da realização das atividades, sendo essas uma idéia que está na mente das pessoas e em sua linguagem cultural, que instrumentalizam a criação de espaços de saúde, para ampliação do cotidiano. OBJETIVO O presente trabalho tem por objetivo verificar se as atividades desenvolvidas pela terapeuta ocupacional e seus acompanhantes, discentes do curso de Terapia Ocupacional do Lins SP, no CAPS I com os pacientes de transtornos mentais contribui no processo de reabilitação psicossocial, amenizando as limitações; para que os clientes assistidos tenham oportunidade de manter e fortalecer os laços familiares e sociais. DESENVOLVIMENTO Cabe aos CAPS o acolhimento e a atenção às pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território. De fato, o CAPS é o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, inserção social que convida o usuário à responsabilidade e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. Cumprindo um papel estratégico na organização da rede comunitária de assistência, cabe aos CAPS o direcionamento local dos programas de saúde mental, o desenvolvimentos de projetos terapêuticos e comunitários, o encaminhamento e o acompanhamento dos usuários dos serviços residenciais terapêuticos. Os CAPS, inclusive o CAPS I, devem estar capacitados a prestar atendimento em regime intensivo, semi-intensivo e não intensivo, de acordo com a necessidade do caso. O tratamento intensivo é aquele destinado a pacientes que necessitam de acompanhamento diário. Semi-intensivo é o tratamento oferecido aos pacientes que em decorrência do seu quadro clinico necessita de acompanhamento freqüente, mas não precisa estar diariamente no CAPS e o não intensivo se destina aqueles que necessitam de uma freqüência menor ( BRASIL, Portaria/GM n 336,2002). São atitudes estratégicas, uma modalidade compreensiva, complexa de cuidados para pessoas vulneráveis aos modos de sociabilidade habituais que necessitam de cuidados igualmente complexos e delicados. Neste contexto a possibilidade da reabilitação psicossocial se caracteriza como um campo novo que vem se enriquecendo com as inúmeras experiências. 3/5
4 Cumprindo um papel estratégico na organização da rede comunitária de assistência, cabem aos CAPS o direcionamento local dos programas de saúde mental, o desenvolvimento de projetos terapêuticos e comunitários, o encaminhamento e o acompanhamento dos usuários dos serviços terapêuticos. (GAZAIM; BALLARIN; CARVALHO, 2007). A assistência prestada ao paciente no CAPS I inclui atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social) atendimento em oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, atividades comunitárias e integração do usuário e sua família na sociedade, realizados as terças e quintas feiras das 13 h às 17h. Sob essa perspectiva, o terapeuta ocupacional busca compor sua atuação neste serviço de saúde, pautando na universalização da assistência, nos quais todas as pessoas, independente da patologia, buscam a reabilitação psicossocial e a promoção de saúde, na construção de um cotidiano, criando espaço de intervenção na própria comunidade. Nesse novo modelo de atenção psicossocial, o profissional de terapia ocupacional deve levar, por meio de sua especificidade, ou seja, a utilização de atividades e a possibilidade de resgate do direito a cidadania dos usuários. Para tanto é preciso mudar o olhar sobre a atividade, não mais trabalhar com a atividade como uma abstração nula de sentido concreto para o individuo, mais unir sua função interpretativa, que se da através da dimensão inconsciente, com seu conceito de historicidade, nutrido pela dimensão sócio-política e cultural enquanto instrumento para a emancipação (GAZABIM, BALLARIM E CARVALHO, 2007). Assim as atividades realizadas pelo terapeuta ocupacional e discentes que acompanham o trabalho contribuem para a reabilitação psicossocial, indo ao encontro da teoria pertinente. RESULTADOS E DISCUSSÃO No CAPS I de Lins SP é realizado semanalmente atendimentos de Terapia Ocupacional em grupo com a terapeuta ocupacional responsável e os discentes do curso. Conforme afirma GAZAIM; BALLARIN; CARVALHO (2007) cabe ao CAPS o direcionamento dos programas de assistência de saúde mental através do desenvolvimento de projetos terapêuticos. VIANA apud ARAUJO (1999) enfatiza que a Terapia Ocupacional oferece possibilidades para o usuário exercer suas capacidades por meio de suas construções livres, sendo essas as atividades realizadas nesta proposta. 4/5
5 REFERÊNCIAS ARAUJO, R.P.Z.; Contribuição às propostas de reabilitação psicossocial (Atenção às crianças e adolescentes) Cadernos de Terapia Ocupacional. São Paulo, set BRASIL. DECRETO lei nº. 336, de 19 de fevereiro de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde Mental do Brasil: Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília, GAZABIM, M.L.; BALLARIN, S; Carvalho, F.B. Considerações acerca da reabilitação psicossocial: aspectos históricos; perspectivas e experiências. in: GALVÃO, C.R.C.; SOUZA, A.C.A. (Org). Terapia Ocupacional: fundamentação e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, /5
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