Migração Intrametropolitana: um estudo comparativo entre as Regiões Metropolitanas do Nordeste (Fortaleza, Recife e Salvador)

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1 Migração Intrametropolitana: um estudo comparativo entre as Regiões Metropolitanas do Nordeste (Fortaleza, Recife e Salvador) Palavras-chave: Migração; Intrametropolitana; Região Metropolitana de Fortaleza; Região Metropolitana de Recife; Região Metropolitana de Salvador Raíssa Marques Sampaio Sidrim <raissa_mss@hotmail.com> Mestranda em Demografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) Wilson Fusco < wilson.fusco67@gmail.com> Pesquisador da Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Populacionais (CGEP) Fundação Joaquim Nabuco * Trabalho apresentado no VII Congreso de la Asociación LatinoAmericana de Población e XX Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Foz do Iguaçu/PR Brasil, de 17 a 22 de outubro de ** Agradeço aos comentários e sugestões de Ricardo Ojima (UFRN).

2 INTRODUÇÃO No início do século XX a população da América Latina era predominantemente rural, mas essa realidade foi se modificando e parte do continente teve o processo de urbanização mais acelerado que países industrializados no começo do desenvolvimento (Gonzalez, 1989). Vignoli (2002) afirma que a urbanização da segunda metade do século XX fez com que a região fosse reconhecida como a mais urbanizada do mundo em desenvolvimento; a área urbana do continente em 1950 abrigava 69 milhões pessoas, em 2000 alcançou 391 milhões, o que, em termos percentuais, significa que cresceu de 41% para 75% em relação à população total. Simultaneamente ao veloz incremento da proporção urbana da população, foi o ritmo com que cresceram as cidades e aglomerações de caráter metropolitano. Cada vez mais a população urbana tende a se concentrar em cidades de grande tamanho, denominada metrópole, sendo esse um dos aspectos mais eminentes da transformação urbana latino-americana (Gonzalez, 1989). A urbanização brasileira seguiu a tendência latinoamericana. Segundo Faria (1983), esse processo aconteceu de forma veloz, vasta e concentrada. Em 1950 a população urbana que era de quase 18 milhões de habitantes, chegou a cerca de 80 milhões em O grau de urbanização no Brasil aumentou de 36% para 68% em 30 anos. Pinho e Brito (2013) acrescentam que a urbanização também foi marcada pela concentração de atividades econômicas e de população em áreas metropolitanas. Em 1970 e 1980, ápice da urbanização no Brasil, cerca da metade da população urbana habitava aglomerações metropolitanas, sendo 34,1% e 31,1%, respectivamente, residindo nos núcleos (Brito; Amaral, 2001) Mais recentemente, porém, o crescimento populacional das aglomerações metropolitanas tem sofrido declínio, provocado pela redução tanto da taxa de fecundidade, como dos saldos migratórios (Brito; Souza, 2005). Para Baeninger e Brito (2007, p.7) os núcleos metropolitanos passam a perder peso relativo, desde a década de 70, reforçando os processos de mobilidade intrametropolitana e de periferização da população. Por outro lado, a taxa de crescimento populacional nas periferias mantém-se alta, embora declinante, apesar de também sofrerem com a redução dos saldos migratórios (Brito; Souza, 2005). Nesse contexto, em anos recentes, observa-se a periferização da população nas principais metrópoles do Brasil. Tal processo de desenvolvimento das periferias, em um

3 movimento desigual e maior que os respectivos núcleos metropolitanos é, em parte, justificado pelas migrações intrametropolitanas que são marcadas pelo deslocamento populacional dos núcleos em direção às periferias (Pinho; Brito, 2013). O principal objetivo do trabalho é analisar os fluxos migratórios intrametropolitanos das Regiões Metropolitanas de Fortaleza (RMF), Recife (RMR) e Salvador (RMS), todas no Nordeste brasileiro. As RMs são estudadas a partir dos seus respectivos crescimentos populacionais, processos de urbanização e migrações intrametropolitanas, no período de 1995/2000 e 2005/2010. MATERIAL E MÉTODOS O recorte territorial selecionado é composto pelas três regiões metropolitanas do Nordeste institucionalizadas em 1973: Região Metropolitana de Fortaleza, Região Metropolitana de Recife e Região Metropolitana de Salvador. No que se refere a periodização, o estudo analisa o fluxo migratório intrametropolitano nos quinquênios de 1995/2000 e 2005/2010. Foi utilizada a categoria de migrante de data fixa, que é mensurada a partir do quesito sobre a residência anterior há exatamente cinco anos antes do levantamento censitário. Dessa forma, os microdados dos censos demográficos de 2000 e 2010 produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são as mais relevantes fontes quantitativas de informação. O tratamento estatístico das informações foi realizado com o uso do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciense). RESULTADOS E DISCUSSÃO No que se refere ao primeiro quinquênio analisado (1995/2000), a RMR foi a que teve o maior fluxo migratório intrametropolitano, com migrantes; seguida da RMF, com ; e, por último, a RMS, que contou com migrações. No quinquênio seguinte (2005/2010) a ordem continua a mesma: RMR com , RMF com , e RMS com Contudo, é importante observar que, das três RMs, somente na RMS houve aumento em termos absolutos do fluxo. Quanto à direção que essas migrações têm tomado, de um quinquênio para outro (1995/2000 para 2005/2010), observa-se que na RMR houve diminuição do fluxo núcleoperiferia, tanto em termos absolutos quanto em termos relativos, quando passou de (52,73%) para (46,27%) migrantes; por sua vez, o fluxo periferia-núcleo cresceu

4 de (11,51%) para (15,22%); já o fluxo periferia-periferia apresentou queda em termos absolutos (de para ), mas em termos relativos sofreu pequeno crescimento (de 35,76% para 38,51%). Bem como na RMR, o fluxo núcleo-periferia na RMF também apresentou descenso entre os dois quinquênios, de (68,86%) migrantes para (64,87%); houve leve diminuição em números absolutos do fluxo periferia-núcleo, que, enquanto em 1995/2000, foi de (13,16%), em 2005/2010 foi de (13,66%), não apresentando mudanças significativas em termos relativos; diferentemente dos fluxos já apresentados, o deslocamento periferia-periferia teve ascensão de (17,98%) no primeiro quinquênio para (21,47%) no segundo. A RMS obteve crescimento em dois dos três fluxos nos quinquênios estudados. O núcleo-periferia foi um deles, ampliando a quantidade de migrantes de (64,54%) para (68,97%); já o periferia-núcleo decresceu de (16,03%) para (11,88%); o fluxo periferia-periferia que teve (19,46%) migrantes em 1995/2000, expandiu para (19,15%) no quinquênio posterior (2005/2010). CONCLUSÃO Levando em consideração as análises feitas nesse estudo nota-se que, das três metrópoles nordestinas, apenas a Região Metropolitana de Salvador apresentou crescimento, ainda que pequeno, do fluxo migratório intrametropolitano, enquanto que a Região Metropolitana de Recife e a Região Metropolitana de Fortaleza revelaram outra dinâmica, uma vez que o fluxo de migrantes intrametropolitanos diminuiu de intensidade entre 1995/2000 e 2005/2010 nesses espaços. Quanto à direção que esses fluxos tomaram, as mudanças observadas foram distintas de uma metrópole para outra. Nas regiões metropolitanas de Recife e Fortaleza, o sentido núcleo-periferia decresceu, enquanto que na de Salvador apresentou crescimento. Já o fluxo periferia-núcleo se expandiu na RMR e diminuiu na RMF e RMS. Ao contrário desse, o periferia-periferia apresentou descenso na RMR e crescimento nas outras duas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAENINGER, R; BRITO, F. Crescimento das cidades, das metrópoles e do interior do brasil contemporâneo, Disponível em:

5 < 5>. Acesso em: 11 de abril de BRITO, F.; HORTA, C. J. G.; AMARAL, E. F. de L. A urbanização recente no Brasil e as aglomerações metropolitanas. In: XXIV CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE POPULAÇÃO DA IUSSP, 24, 2001, Salvador. Anais Disponível em: < pdf >. Acesso em: 11 de abril BRITO, F.; SOUZA J. de. Expansão urbana nas grandes metrópoles: o significado das migrações intrametropolitanas e da mobilidade pendular na reprodução da pobreza, Disponível em: < Acesso em: 15 de março de FARIA, V. E. Cinquenta anos de urbanização no Brasil, Disponível em: < s_de_urbanizacao.pdf>. Acesso em 11 de abril de GONZALEZ G, Edelmira. La metropolización de América Latina, Disponível em: < Acesso em 14 de março de PINHO, B. A. T. D.; BRITO, F. Fluxos migratórios intrametropolitanos: o caso da região metropolitana de Belo Horizonte, , Disponível em: < Acesso em: 15 de março de VIGNOLI, J. R. Distribución territorial de la población de América Latina y el Caribe: tendencias, interpretaciones y desafíos para las políticas públicas, Disponível em: < Acesso em 04 de abril de 2016.