Módulo de Políticas Públicas de Saúde. Implementação de Rede de Cuidado. O Modelo Institucional do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Minas Gerais
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- João Vítor Ferretti Pinheiro
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1 Módulo de Políticas Públicas de Saúde Implementação de Rede de Cuidado O Modelo Institucional do Hospital Risoleta Tolentino Neves em Minas Gerais Monica Costa Novembro de 2015
2 Reitor da UFMG: Professor Jaime Arturo Ramírez Vice-Reitora: Professora Sandra Regina Goulart Almeida Presidente Fundep: Professor Alfredo Gontijo de Oliveira Afonso Diretores do HRTN: Geral - Professor Henrique Oswaldo Gama Torres Técnica Assistencial - Dra. Mônica Aparecida Costa Administrativa - Marli Inês Santana da Silva Antunes
3 Fundamentação Conceitual Especificidades da Saúde Saúde como fenômeno social cultural biológico decorrente das condições de vida e trabalho Micropolítica do trabalho vivo Ordem negociada Especificidades do Trabalho em Saúde Tensão constitutiva Trabalho vivo, criativo, em ato Necessidade de construir novos modelos para refletir sobre saúde e trabalho em saúde
4 Os Modelos Tradicionais da Saúde Assistência: desenvolvimento de práticas fragmentadas baseadas na lógica das profissões, gerando procedimentos sem resultar em cuidado integral Ensino: formação de profissionais centrados em campos específicos de saber com atuação técnica e focal, perdendo a dimensão de sujeito político e social Gestão: priorização de intervenções administrativas semelhantes aos outros setores produtivos e baseados na lógica da eficiência Fragmentação e pouca integralidade e efetividade do cuidado Mercantilização da saúde e do trabalho em saúde, gerando ações, serviços e sistemas não universais, não equânimes, não integrais e não resolutivos Dicotomia Assistência e Ensino Assistência e Gestão
5 A Saúde e o Trabalho em Saúde Especificidades da Saúde Saúde como fenômeno social cultural biológico decorrente das condições de vida e trabalho Micropolítica do trabalho vivo Ordem negociada Especificidades do Trabalho em Saúde Tensão constitutiva Trabalho vivo, criativo, em ato Necessidade de construir novos modelos para refletir sobre saúde e trabalho em saúde
6 A Superação dos Modelos Tradicionais em Saúde Gera a necessidade de novos olhares e estratégias para o trabalho em saúde a partir do reconhecimento da sua complexidade, entrelançando valores e experiências que orientam a abordagem individual e a abordagem coletiva Produção de Novos Modelos de Gestão, Assistência e Ensino em Saúde A Incorporação da Clínica no Cálculo do Gestor O Caráter indissociável da assistência e ensino O Caráter indissociável da gestão e da assistência
7 A Reflexão e Intervenção sobre as Organizações Hospitalares O hospital como organização complexa, autônoma, isolada, com sistema de valores próprio e que recebe, cuida e devolve os pacientes para o local de origem. O hospital como estação de cuidado da rede, com base territorial definida e com papel estabelecido a partir das necessidades da população de referência e do sistema local e regional de saúde.
8 INOVAÇÕES EM GESTÃO HOSPITALAR Especificidades da saúde Complexidade das organizações hospitalares O Planejamento como Tecnologia de Gestão O Hospital como Estação Cuidadora na Rede A Ordem Negociada A INTEGRALIDADE DO CUIDADO
9 O CUIDADO NO HOSPITAL NA REDE A definição das linhas de cuidado prioritárias do hospital articuladas com o projeto de assistência do município, região metropolitana e estado O hospital como estação cuidadora da rede necessária para garantir a integralidade do cuidado O hospital inserido no SUS desenvolvendo processos de acolhimento e humanização do trabalho e da assistência, fluxos e protocolos articulados com os outros serviços de saúde O hospital participando de fóruns coletivos para formatação da rede de referência e contra-referência
10 O CUIDADO NO HOSPITAL EM SI É resultado do somatório de diversos atos cuidadores parciais que se complementam de maneira mais ou menos negociada e consciente entre os vários profissionais Tradicionalmente o trabalho em saúde está organizado segundo a lógica das profissões e ocorre de maneira fragmentada, produzindo procedimentos que geram necessidade de outros procedimentos Os processos de coordenação podem qualificar o trabalho em saúde desenvolvendo arranjos e dispositivos que possibilitem a articulação dos vários saberes e práticas profissionais
11 Estratégias para Novos Modelos de Gestão Hospitalar Inserção do hospital no território e na rede local e regional de saúde Construção de novos modelos de cuidado Democratização institucional Descentralização administrativogerencial Institucionalização da rede de contratualidade Negociação de indicadores e metas Envolvimento do hospital com a comunidade O MODELO DO NOVO HOSPITAL
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19 HISTÓRICO DA GESTÃO UFMG/FUNDEP Criação do HRTN pela SES/MG para atuação como unidade de referência para trauma no eixo norte da RMBH; Até maio de Gerenciamento pela FHEMIG com funcionamento parcial do Pronto Socorro, 24 leitos de Clínica Médica e 10 leitos de CTI; 1 º semestre de Discussões com a SMSA/BH para definição do perfil e papel do HRTN na rede hospital geral com pronto socorro porta aberta para trauma e especialidades clínicas e implantação das Linhas de Cuidado Clínico, Cirúrgico e Intensivo; Final de maio de Celebração de Convênio com a SES/MG e início da gestão UFMG/FUNDEP; Agosto de 2007 Implantação da Linha de Cuidado Materno Infantil com abertura da Maternidade após discussão da demanda da SMSA/BH; Janeiro de 2012 Municipalização com Contrato de Gestão com a SMSA/BH.
20 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO HRTN Modelo institucional baseado na inserção do HRTN na rede a partir da lógica do usuário Financiamento por orçamentação negociada anualmente com o gestor municipal e com ciência dos gestores federal e estadual com definição das prioridades, indicadores e metas para acompanhamento Desenvolvimento de modelo de gestão descentralizada e colegiada com poucos níveis hierárquicos baseado no fortalecimento das coordenações das Linhas de Cuidado, coordenações técnicas assistenciais e das gerências administrativas Contratação de RH por regime Celetista, realização de compras e contratação de serviços por procedimento análogo a Lei de Licitações 8666/93
21 MODELO ASSISTENCIAL HRTN - HISTÓRICO Esgotamento dos modelos tradicionais baseados na lógica das profissões com fragmentação do cuidado Perfil de necessidades e problemas de saúde LÓGICA DO USUÁRIO Gera a necessidade de modelos alternativos de assistência, ensino e gestão MODELO DE GESTÃO DO CUIDADO Inserção na rede INTEGRALIDADE DO CUIDADO MODELO DE LINHAS DE CUIDADO CLÍNICO, CIRÚRGICO, MATERNO-INFANTIL, INTENSIVO
22 Incorporação da clínica no cálculo do gestor para desenvolvimento dos processos gerenciais e organizacionais LÓGICA DO USUÁRIO Gestão a partir do cuidado Gestão Clínica Modelo de Gestão do Cuidado MODELO DE GESTÃO DO CUIDADO Reconhecimento e interpretação das questões humanas e dos problemas pela escuta, principal estratégia dos profissionais contra a fragmentação do cuidado, por possibilitar as condições necessárias para cuidar das pessoas com problemas complexos Efetividade clínica. Desenvolvimento de processos de coordenação da equipe para propiciar a realização do trabalho dos diversos profissionais e unidades, a partir da lógica dos usuários, articulando os saberes e práticas para o cuidado integral. Gestão Clínica Estreita associação entre os processos assistenciais e gerenciais, construindo dispositivos que possibilitam a articulação dos vários saberes e práticas profissionais em torno das necessidades dos usuários, segundo uma racionalidade cuidadora.
23 Modelo Institucional do HRTN Organização da assistência, do ensino e da gestão Eixos: lógica do usuário com a gestão clínica dos casos e inserção na rede como uma estação cuidadora Constituição de Linhas de Cuidado: Clínico, Cirúrgico, Materno-infantil e Intensivo Prontuário eletrônico único por paciente Reuniões clínicas e corridas de leito multiprofissionais Utilização de indicadores de processos e resultados Participação nos fóruns interinstitucionais de urgência Desenvolvimento de estratégias de articulação na rede regional
24 A Evolução do Modelo Assistencial do HRTN Superação do Modelo de Assistência e de Organização Hospitalar baseado nos Serviços de Especialidades Médicas Implantação do Modelo das Linhas de Cuidado Clínico, Cirúrgico, Materno Infantil e Intensivo Necessidade de Aprimoramento do Modelo de Linhas de Cuidado Existente Definição de Perfis Prioritários em cada Linha de Cuidado com abordagem de Equipe Multiprofissional a partir do Pronto Socorro Cuidado centrado trabalho médico e de enfermagem Participação das outras profissões por meio do modelo de interconsultas Fragmentação assistencial pela manutenção da lógica das profissões Horizontalização do cuidado multiprofissional no Pronto Socorro, CTI e enfermarias Construção de Planos de Cuidado por Equipe de Referência para pacientes complexos em cada Linha de Cuidado a partir do Pronto Socorro
25 MODELO DE LINHAS DE CUIDADO - HRTN CLÍNICO 96 LEITOS DE ENFERMARIA COM 18 LEITOS DA UNIDADE DE AVC PRONTO SOCORRO 111 LEITOS CIRÚRGICO Ortopedia Cirurgia Geral Cirurgia Vascular Cirurgia Plástica Neurocirurgia MATERNO-INFANTIL 84 LEITOS DE ENFERMARIA BLOCO CIRÚRGICO DE 6 SALAS AMBULATÓRIO DE EGRESSOS 28 LEITOS DE ALOJAMENTO CONJUNTO 14 LEITOS DE CUIDADO PROGRESSIVO NEONATAL BLOCO OBSTÉTRICO COM 2 SALAS Total de 368 leitos INTENSIVO 5 LEITOS NO PRONTO SOCORRO 30 LEITOS DE CTI
26 O HRTN NA REDE GESTÃO UFMG/FUNDEP Inserção como unidade de referência regional para o atendimento do trauma, dos pacientes com doenças clínicas, neurológicas e vasculares de média e alta complexidade e parturientes de médio e alto risco no eixo norte de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Em 2015: Dos atendimentos e internações com origem no Pronto Socorro 65% foram procedentes de BH. Dos atendimentos e internações na Maternidade 43% foram de procedentes de BH. Os habitantes de Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Vespasiano, São José da Lapa e Lagoa Santa predominam dentre os pacientes atendidos e internados dos outros municípios. Essa base territorial mantém-se ao longo dos anos e impõe a necessidade de um planejamento e gestão em rede regional, com articulação com os distritos sanitários de BH e municípios vizinhos - gestores, unidades e equipes.
27 O HRTN NA REDE GESTÃO UFMG/FUNDEP UNIDADE DE REFERÊNCIA NAS REDES ASSISTENCIAIS PRIORITÁRIAS COM ABRANGÊNCIA REGIONAL METROPOLITANA SES/MG Participação nos fóruns para elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional. SMSA/BH Celebração do Contrato de Gestão, Avaliação trimestral dos indicadores de Qualidade, Desempenho Hospitalar e da Comissão Perinatal. Relação de parceria com o Conselho de Saúde do HRTN, Conselhos Distritais, Conselho Municipal de BH e Conselho Estadual
28 Definição de Algumas Equipes de Referência para Cuidado de Idosos de Perfis Complexos Perfil Idoso com AVC Idoso com ICC Idoso com Doença Vascular Periférica Idoso com Fratura de Fêmur Idoso em Cuidado Paliativo Equipe de Referência Neurologista, Enfermeiro, Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Nutricionista, Serviço Social, Farmacêutico Clínico, Enfermeiro, Farmacêutico, Nutricionista Clínico, Cirurgião Vascular, Anestesiologista, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Psicólogo, Farmacêutico Clínico, Ortopedista, Anestesiologista, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Farmacêutico Clínico, Enfermeiro, Farmacêutico, Psicólogo, Nutricionista, Assistente Social
29 CARACTERÍSTICAS DO MODELO DE ENSINO E PESQUISA Modelo de ensino definido pelo modelo assistencial de Linhas de Cuidado com a participação de alunos e residentes das diversas unidades assistenciais do HRTN Constituição dos cenários de prática para alunos de cursos técnicos, alunos de graduação da UFMG e de residentes médicos e multiprofissionais do Hospital das Clínicas e de outros hospitais Inserção dos docentes das unidades acadêmicas nas atividades assistenciais do HRTN Inserção do corpo clínico do HRTN nas atividades de preceptoria de alunos e médicos residentes e multiprofissionais Implantação das Residências próprias do HRTN de Clínica Médica, Cirurgia do Trauma, Neurologia e Residência Multiprofissional da Saúde do Idoso e da Área Profissional da Enfermagem em Intensivismo, Urgência e Trauma Estágios do PET Linha de Urgência e Emergência
30 DESAFIOS E PERSPECTIVAS HRTN Convivência do modelo tradicional de assistência e ensino baseado na lógica das profissões e caracterizado pela atuação dominante do médico e enfermagem com o modelo de abordagem multiprofissional organizado através das equipes de referência com resistência para as propostas de modificação nos processos de trabalho com definição em equipe da abordagem terapêutica e diagnóstica do cuidado dos pacientes Clínica Ampliada Projeto Terapêutico Singular Ferramentas de Gestão Clínica REGIONALIZAÇÃO DO HRTN A PROPOSTA DE MATRICIAMENTO REGIONAL
31 A Regionalização do HRTN Principal unidade hospitalar de referência para a média e alta complexidade nas situações de urgência e emergência Hospital de ensino formador de RH Assistência Integrada à Rede Centro Regional de Formação de RH e produção de conhecimento
32 A complexidade do processo de gestão do cuidado é dada pela existência e ação dos diversos atores que buscam imprimir direcionalidade às práticas de saúde conforme seus valores, interesses e projetos. Os processos de qualificação e integralidade do cuidado exigem intencionalidade, não ocorrendo espontaneamente. As ações gerenciais podem induzir a uma adequada relação entre profissional/equipe e usuário, a uma desejada articulação entre os diversos setores no contexto institucional e a uma integralidade em rede. Existe uma dependência entre as 3 dimensões da gestão do cuidado profissional, organizacional e sistêmica.
33 A gestão do cuidado deve buscar uma integralidade da atenção que resulte de uma incontável rede de encontros e de apaziguamento da tensão constitutiva do trabalho em saúde a partir da lógica do usuário. Os nós dessa rede são conexões humanas entre sujeitos com grande potencial de energia e criatividade. O trabalho nobre da função gerencial é ativar esta energia e criatividade, possibilitando o aparecimento de produtos que assegurem maior capacidade de compreender e intervir nos determinantes e nos problemas de saúde dos indivíduos e da população pelos trabalhadores, resultando em mais saúde e autonomia para os usuários. Isso significa gerir o trabalho em saúde a partir da defesa da vida individual e coletiva.
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