AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA MATERNA PARA PREVENIR DIARREIA INFANTIL EM REDENÇÃO-CE

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1 AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA MATERNA PARA PREVENIR DIARREIA INFANTIL EM REDENÇÃO-CE Brena Shellem Bessa de Oliveira 1, Rhaiany Kelly Lopes de Oliveira 2, Francisca Mayra de Sousa Melo 3, Maria Jocelane Nascimento da Silva 4, Emanuella Silva Joventino 5 Resumo: A autoeficácia consiste na confiança que um indivíduo possui em executar uma determinada atividade. Essa autoconfiança é responsável por aumentar a chance de que uma ação seja bem sucedida, logo, estudar a autoeficácia materna se torna relevante para que estratégias que auxiliam na prevenção da diarreia infantil sejam traçadas e implementadas. Então, os objetivos do presente projeto foram caracterizar o perfil sociodemográfico das mães de crianças menores de cinco anos residentes em Redenção-CE; analisar a incidência de diarreia entre as crianças das famílias investigadas e conhecer o nível de autoeficácia materna para prevenir diarreia infantil. Estudo descritivo, exploratório, transversal com abordagem quantitativa, realizado em oito Unidades de Atenção Primária à Saúde de Redenção-CE. A amostra foi constituída por 385 mães. Realizaram-se entrevistas, utilizando-se a Escala de Autoeficácia Materna para a Prevenção de Diarreia Infantil e formulário sociodemográfico. Os dados foram organizados e analisados pelo programa IBM SPSS Statistics (versão 20). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme parecer A maioria das famílias residia na zona urbana (N=215; 55,8%) e sobrevivia com renda per capta de até R$197 (N=258; 68,4%). Das crianças investigadas, a maioria já havia tido episódios diarreicos anteriores (N= 202; 52,7%). Ao analisar a autoeficácia materna, percebeu-se que grande parte das mães (69%) apresentou baixa autoeficácia (N= 156; 40,5%) ou autoeficácia moderada (N= 94; 24,4%). Constatou-se que a autoeficácia materna deve ser promovida pelos profissionais da saúde durante suas intervenções, uma vez que é capaz de aperfeiçoar o cuidado prestado pelas mães aos seus filhos. Palavras-chave: Diarreia infantil. Saúde da criança. Autoeficácia. Enfermagem. 1 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, brennashellem@gmail.com 2 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, rhaianyklopes@gmail.com 3 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, mayra.melo@hotmail.com 4 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, jocelane.nascimento.silva@gmail.com 5 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, ejoventino@unilab.edu.br INTRODUÇÃO Muitos óbitos infantis são causados por doenças e agravos que poderiam ser evitados com uma atenção à saúde de qualidade e com ações de prevenção/manejo adequadas realizadas pelos cuidadores das crianças. Em 2013, 68,8% das mortes infantis que ocorreram no Brasil poderiam ter sido evitadas. No Ceará, foram notificadas mortes de menores de

2 cinco anos, dessas (71,1%) ocorreram por causas evitáveis, dentre elas a diarreia (SESA/CE, 2014). Foram registrados até 26 de março de 2016, casos de doença diarreica aguda no Ceará, índice que supera a média dos últimos 10 anos e que representa um aumento de 57,4% quando comparado com Soma-se a isso o fato de Redenção ter notificado, nesse mesmo período, 690 casos de doença diarreica aguda, sendo que 34 casos aconteceram em crianças menores de um ano e 170 entre a faixa etária de 1-4 anos. Em 2015 ocorreram 1018 casos de diarreia, entretanto somente nos três primeiros meses do ano de 2016, Redenção registrou 690 episódios diarreicos (SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ SESA/CE, 2016). Pesquisa demonstra que as mães são as principais responsáveis por realizarem o cuidado dos filhos diariamente e por escolherem quais condutas devem ser feitas no manejo da diarreia (NHAMPOSSA et al., 2013). Logo, torna-se imprescindível que elas se sintam capazes e seguras durante o processo de cuidado e de tomada de decisões. Essa autoconfiança que o indivíduo possui ao executar uma atividade ou ação com base em seus conhecimentos e habilidades consiste na autoeficácia (BIZERRA et al., 2015). Dessa maneira, a autoeficácia se torna fundamental na promoção do autocuidado e do cuidado proporcionado a terceiros. Assim, os objetivos do presente estudo consistiram em caracterizar o perfil sociodemográfico das mães de crianças menores de cinco anos residentes em Redenção-CE, analisar a incidência de diarreia entre as crianças das famílias investigadas e conhecer o nível de autoeficácia dessas mães para prevenir diarreia infantil. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório, transversal, de abordagem quantitativa realizado oito Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) localizadas nas zonas urbana e rural do município de Redenção-CE. Participaram da pesquisa 385 mães de crianças com idade inferior a cinco anos, as quais residiam no município supracitado e eram atendidas em uma das UAPS selecionadas. Foram excluídas as mães que possuíssem alguma restrição que as impossibilitasse de compreender os instrumentos usados. As entrevistas se deram entre agosto e outubro de 2015, por meio da aplicação de um formulário sociodemográfico e da Escala de Autoeficácia Materna para Prevenir Diarreia Infantil (EAPDI).

3 A análise dos dados foi feita por meio do programa IBM SPSS Statistics (versão 20), mediante estatística descritiva. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), conforme parecer RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto ao perfil sociodemográfico, a maioria das mães morava na zona urbana (N=215; 55,8%); possuía idade que variava de 13 a 49 anos, com média de 27,55 anos (DP=± 7,2); era casada (N=123; 32%) ou vivia em união consensual (N=164; 42,7%); tinha de 1 a 4 anos de estudo (N=146; 38,1%), com média de 7,5 anos (DP=±4,6); era dona de casa (N=187; 48,6%); sobrevivia com renda de per capta de até R$197 (N=258; 68,4%) e vivia em residências com 2 a 10 moradores, com média de 4,3 pessoas (DP± 1,4). A localização da residência consiste em um determinante que pode influenciar na ocorrência de diarreia. Estudo realizado no Vietnã mostrou que o risco de diarreia é superior na zona rural quando comparada à zona urbana (NGUYEN et al., 2013). Além disso, sabe-se que a idade materna interfere diretamente no desenvolvimento de episódios diarreicos nas crianças e na autoconfiança que as mães possuem para prevenir esse agravo (JOVENTINO et al., 2013). O estado civil também é uma variável que afeta a confiança que mães possuem si mesmas para prevenir e manejar a diarreia infantil, já que estudo de Andrade et al. (2015) concluiu que mulheres que possuem um parceiro alcançam maiores escores na EAPDI. A baixa escolaridade materna aumenta o risco de diarreia em crianças menores de cinco anos (MELO et al., 2012), uma vez que o baixo nível de instrução pode dificultar que as mesmas assimilem e compreendam as informações repassadas pelos profissionais da saúde acerca dessa patologia. Ademais, a renda familiar influencia na autoeficácia materna para prevenir diarreia (ANDRADE et al., 2015), bem como a aglomeração de pessoas em uma residência (SIZIYA; MUULA; RUDATSIKIRA, 2013). A maioria das crianças estudada era do sexo feminino (N= 195; 50,6%), possuía idade que variava entre 1 a 3 anos incompletos (N= 151; 39,2%), com média de 22 meses (DP± 16 meses), não estudava até o momento da coleta de dados (N= 186; 48,6%) e já tinha apresentado episódio diarreico anterior (N= 202; 52,7%). A idade e o sexo da criança podem influenciar no desenvolvimento dessa afecção, já que os meninos se hospitalizam mais que meninas por conta de diarreia (NASCIMENTO; TREVISOL, 2014) e que essa patologia é mais incidente em crianças menores de um ano

4 (NHAMPOSSA et al., 2013). Além disso, o fato de a criança frequentar uma creche consiste aumenta suas chances de adquirir infecções (FURQUIM; MEDINA, 2014). A maioria das mães (69,9%) apresentou autoeficácia baixa (N= 156; 40,5%) ou moderada (N= 94; 24,4%), e somente 35,1% possuía uma autoeficácia elevada para prevenir diarreia, com uma média de 109 (DP= ±8) escores na EAPDI. Realidade semelhante foi encontrada em Quixadá-CE, onde grande parte das mães menores de cinco anos (89%) também apresentam taxas de autoeficácia materna indesejáveis (LOPES et al., 2013). Tal fato gera preocupação, pois a autoconfiança se caracteriza como fator essencial para que ações de prevenção e manejo da diarreia sejam realizadas pelas mães, pois ao se sentirem confiantes elas realizarão cuidados preventivos com maior convicção. CONCLUSÕES Verificou-se no presente estudo que a maioria das famílias vivia em condições sociodemográficas desfavoráveis, o que pode influenciar negativamente no desenvolvimento de diarreia infantil. Porém, a autoeficácia materna adequada pode amenizar esse risco, uma vez que ela é essencial para a adesão de hábitos de vida saudáveis, modificação de condutas, e para que as mães se sintam motivadas e executem ações que promova a saúde da criança. Porém, percebeu-se ainda que a maioria das mães não alcançou escores satisfatórios na EAPDI, fato que representa um fator de risco relevante para a ocorrência da patologia. Assim, torna-se imprescindível que os enfermeiros e demais profissionais da saúde foquem suas orientações e realizem atividades de educação em saúde que busquem promover a autoconfiança das mães no cuidado do filho. AGRADECIMENTOS Agradecemos à Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNCAP pelo financiamento do projeto, à UNILAB por ter proporcionado todo apoio para que o presente estudo fosse executado com êxito, à Secretaria Municipal de Saúde de Redenção por ter autorizado a realização da pesquisa, e, por fim, a todos os profissionais de saúde das UAPS por sua receptividade com os pesquisadores. REFERÊNCIAS ANDRADE, L.C.O; MENDES, E.R.R; VASCONCELOS, I; JOVENTINO, E.S; ALMEIDA, P.C; XIMENES, L.B. Fatores sociodemográficos na autoeficácia em prevenir a diarreia

5 infantil: estudo longitudinal. Online Brazilian Journal of Nursing, v. 14, n. 1, p , BIZERRA, R.L.; CARNAÚBA, J.P.; CHAVES, A. F.L.; ROCHA, R.S.; VASCONCELOS, H.C.A.; ORIÁ, M.O.B. Autoeficácia em amamentar entre mães adolescentes. Rev. Ele. Enf., v. 7, n. 3, Disponível em: < Acesso em: 12 set FURQUIM, F.C; MEDINA, L.T. Identificação de Staphylococcus e Enterobactérias em Brinquedos de uma Creche em Mato Grosso, Brasil. UNOPAR Cient. Ciênc. Biol. Saúde, v.17, n. 3, p , JOVENTINO, E.S; BEZERRA, K.C; COUTINHO, R.G; ALMEIDA, P.C; ORIÁ, M.O.B; XIMENES, L.B. Condiciones sociodemográficas y de salud para auto-eficacia materna en la prevención de la diarrea infantil. Rev. salud pública, v. 15, n.4, p , LOPES, T.C; CHAVES, A.F.L; JOVENTINO, E.S; ROCHA, R.S; CASTELO, A.R.P; ORIÁ, M.O.B. Avaliação da autoeficácia materna para a prevenção da diarreia infantil. Rev. Rene, v. 14, n. 6, p , MELO, D.S; OLIVEIRA, B.L; ANDRADE, M.I.S; PINTO, R.H; NETO, A.C.B. Diarreia aguda em crianças menores de dois anos assistidas no Programa de Saúde da Família no município de Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Brasil. Pediatria Moderna, v. 48, n. 8, p , NASCIMENTO, D.S.F; TREVISOL, S.F. Internações por gastroenterite e diarreia de origem infecciosa presumível em crianças de zero a cinco anos de idade. Revista da AMRIGS, v. 58, n. 1, p , NGUYEN, H. T; ERIKSSON, B; PETZOLD, M; BONDJERS, G; TRAN, T. K; NGUYEN, L. T; ASCHER, H. Factors associated with physical growth of children during the first two years of life in rural and urban areas of Vietnam. BMC Pediatrics, v. 13, Disponível em: < Acesso em: 12 set NHAMPOSSA, T; MANDOMANDO, I; ACACIO, S; NHALUNGO, D; SACOOR, C; NHACOLO, A; MACETE, E; NHABANGA, A; QUINTÓ, L; KOTLOFF, K; LEVINE, M. M; NASRIN, D; FARAG, T; BASSAT, Q; ALONSO, P. Health care utilization and attitudes survey in cases of moderate-to-severe diarrhea among children ages 0-59 months in the District of Manhica, southern Mozambique. Am. J. Trop. Med. Hyg., v. 89, Supl 1, p , SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ SESA. Boletim epidemiológico: Doenças Diarreicas Agudas Disponível em: < Acesso em: 12 set Informe epidemiolófico: Mortalidade Infantil Disponível em: < Acesso em 12 set SIZIYA, S; MUULA, A. S; RUDATSIKIRA, E. Correlates of diarrhoea among children below the age of 5 years in Sudan. Afr Saúde Sci, v. 13, p , n. 2, 2013.