Prevenção e Cuidado Integrados para o Controle da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus As Doenças Crônicas Não Transmissíveis DCNT representam um
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- Artur Martini Ximenes
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1 Prevenção e Cuidado Integrados para o Controle da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus As Doenças Crônicas Não Transmissíveis DCNT representam um dos principais desafios de saúde para o desenvolvimento global nas próximas décadas. Ameaçam a qualidade de vida de milhões de pessoas, representam o maior custo para os sistemas de saúde de todo o mundo e apresentam grande impacto econômico para os portadores, suas famílias e a sociedade em geral dos países especialmente os de baixa e media renda. Estimativa da Organização Mundial de Saúde OMS aponta que as DCNT já são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no mundo e por 45,9% da carga global de doenças. No Brasil, em 2008 as DCNT responderam por 62,8% do total das mortes por causa conhecida e séries históricas de estatísticas de mortalidade indicam que a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes entre as décadas de 30 e de 90. Estudos conhecidos apontam que um pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de doenças devido a essas enfermidades. Dentre esses fatores, destacam-se o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a obesidade, as dislipidemias, a ingestão insuficiente de frutas e hortaliças e a inatividade física. Hoje, há evidências suficientes para se afirmar que é possível prevenir a maioria das DCNT, bem como alterar o seu curso, melhorando o prognóstico e qualidade de vida dos indivíduos, por meio de ações para a prevenção desses principais fatores de risco. As transições demográfica, nutricional e epidemiológica ocorridas no século passado determinaram um perfil de risco em que doenças crônicas como a Hipertensão Arterial e o
2 Diabetes Mellitus assumiram ônus crescente e preocupante. Ambas são doenças muito freqüentes, constituindo sérios problemas de saúde pública. A Hipertensão Arterial é um problema crônico bastante comum. Sua prevalência é alta e aumenta em faixas etárias maiores. Mesmo sendo assintomática, a Hipertensão Arterial é responsável por complicações cardiovasculares, encefálicas, coronarianas, renais e vasculares periféricas. Estima-se que 40% dos acidentes vasculares encefálicos e em torno de 25% dos infartos ocorridos em pacientes hipertensos poderiam ser prevenidos com terapia anti-hipertensiva adequada. O Diabetes Mellitus configura-se hoje como uma epidemia mundial, traduzindo-se em grande desafio para os sistemas de saúde de todo o mundo. O envelhecimento da população, a urbanização crescente, o sedentarismo, dietas pouco saudáveis e a obesidade são os grandes responsáveis pelo aumento da prevalência do Diabetes. As conseqüências humanas, sociais e econômicas do diabetes são devastadoras para o mundo: quatro milhões de mortes por ano são determinadas por essa doença e suas complicações, representando 9% do total de mortes. O grande impacto econômico da doença ocorre notadamente nos serviços de saúde, como conseqüência dos crescentes custos do tratamento e, sobretudo das complicações, como a doença cardiovascular, diálise por insuficiência renal crônica e as cirurgias para amputações de membros inferiores. No Brasil, o Diabetes e a Hipertensão Arterial constituem a primeira causa de hospitalizações no sistema público de saúde. A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio- PNAD de 2008 mostrou que 14,0% e 3,6 % da população geral referiram Hipertensão e Diabetes respectivamente. A Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde vem desde 2006, desenvolvendo o VIGITEL Vigilância de Fatores de
3 Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, com o objetivo de realizar o monitoramento contínuo da freqüência e distribuição de fatores de risco e proteção para doenças crônicas em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Por meio destes dados é possível estimar a freqüência de indivíduos que referem diagnóstico médico prévio, de Hipertensão Arterial e de Diabetes Mellitus. Esses indicadores obviamente tendem a subestimar a freqüência desses agravos na população, na medida em que não incluem casos não diagnosticados, no entanto, são muito úteis para objetivos relacionados à gestão do cuidado na rede de saúde. Por meio do Vigitel também é possível estimar a freqüência de fatores de risco autoreferidos, importante para planejamento e monitoramento de ações de prevenção. Dados do Vigitel 2009 revelaram uma freqüência de adultos com idade igual ou superior a 18 anos que referiram diagnóstico médico de Hipertensão Arterial de 24,4% e de 5,8% para Diabetes, o que representa cerca de 28 milhões de portadores autoreferidos de Hipertensão e de 8,6 milhões de Diabetes da população do país. Estão bem estabelecidas às ações de saúde que devem ser implementadas para um efetivo controle desses agravos e de seus fatores de risco, visando, sobretudo sua prevenção, diagnóstico e tratamentos oportunos e de qualidade; o grande desafio é traduzir esses conhecimentos técnico-científicos em ações concretas na rede de saúde e no âmbito populacional, para que possa beneficiar o maior número possível de pessoas. O Ministério da Saúde vem adotando várias estratégias e ações para reduzir o ônus das doenças cardiovasculares na população brasileira entre elas as medidas anti-tabágicas, as políticas de alimentação e nutrição e de promoção da saúde com ênfase na
4 escola e, ainda, as ações de atenção à Hipertensão e ao Diabetes notadamente na rede básica. É importante registrar que a adoção da estratégia Saúde da Família como política prioritária de atenção básica, por sua conformação e processo de trabalho, compreende as condições mais favoráveis para a abordagem das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Em 2001 foi desenvolvido o Plano de Reorganização da Atenção a Hipertensão e Diabetes na Rede Básica do SUS. A partir de 2003 novas estratégias e ações foram incorporadas nas rotinas dos serviços de Atenção Básica, sendo área prioritária das Equipes de Saúde da Família no que se convencionou chamar de HIPERDIA. Com o objetivo de reforçar o direito de atenção integral ao Diabetes foi sancionada a lei nº , de 27 de setembro de 2006, que dispõe sobre a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos portadores inscritos em programas de educação para diabéticos. Esta lei foi regulamentada pela portaria nº , de 10 de outubro de 2007 que define o elenco de medicamentos e insumos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde aos usuários portadores de Diabetes Mellitus.Vide Para o desenvolvimento do HIPERDIA no âmbito da Atenção Básica foram definidas as seguintes diretrizes: 1- Prevenção de riscos e Atenção/Cuidado aos portadores, sobretudo na Rede Básica (incluindo Assistência Farmacêutica).
5 2- Vigilância à Saúde e monitoramento de qualidade 3- Formulação de diretrizes clínicas e capacitação/atualização para os profissionais de saúde 4- Educação em Saúde para desenvolvimento de autonomia do portador para o autocuidado 5- Estudos e Pesquisas 6- Parcerias visando implementação e qualificação das ações e participação social No sentido de concretizar as diretrizes propostas foram priorizadas as seguintes ações: 1. Elaboração e publicação de linhas-guia nacionais: diretrizes clínicas para a atenção básica de HA, DM e Prevenção de Doença Cardiocerebrovascular e Renal Crônica, na série-cadernos de Atenção Básica. 2. Capacitação de profissionais de saúde da rede básica, sobretudo médicos e enfermeiros: formação de uma rede de tutores (médicos e enfermeiros) em todos os estados para capacitação/atualização contínua dos profissionais de saúde da rede básica nas diretrizes clínicas, sob a modalidade de oficinas, além da produção e distribuição de material didático (aulas, cartazes e kits de Risco de Framingham e fórmula do
6 clearance de creatinina para avaliação de risco de doença renal crônica). Esta ação tem parceria com as seguintes entidades: Sociedade Brasileira de Cardiologia e o Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia; as Sociedades Cientificas de Diabetes, Hipertensão; Endocrinologia e Metabologia, Nefrologia; Medicina de Família e Comunidade; Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. Estratégia Nacional de Educação em Saúde para o autocuidado em Diabetes: ação desenvolvida desde 2007 em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, Secretaria de Saúde da Bahia/CEDEBA-Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia e a Fundação Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo/FFMUSP. Esta ação tem como objetivo promover a formação e o aperfeiçoamento de profissionais de nível superior que atuam na atenção básica, de modo a estimular e aprimorar o desenvolvimento de ações e atividades de apoio à realização do autocuidado pelo portador de diabetes mellitus tipo 2. Consta de atividades na forma de cursos à distância (EAD), oficinas presenciais e disponibilidade de materiais educativos e interatividade em plataforma na web utilizando o
7 Telessaude*. Com esta tecnologia já foram formados tutores/facilitadores (1100) nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. A partir dessa formação de tutores nacionais, deverá ser construída uma rede de tutores e multiplicadores em âmbito regional, estadual e local para qualificar a formação de grupos operativos de portadores, nas comunidades e unidades de saúde, dentro de diretrizes técnicas * estabelecidas. 4. Assistência farmacêutica gratuita com disponibilidade de medicamentos considerados essenciais (RENAME) e inclusão de todas as classes de medicamentos necessários para HA e DM, inclusive a insulina regular e os insumos para automonitoramento da glicemia. A insulina NPH e Regular são adquiridas e distribuídas pelo Ministério da Saúde. Para maiores informações sugere-se a leitura da portaria nº de 26 de novembro de 2009 aprova as normas de execução e de financiamento da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica, no site 5-Sistema informatizado de cadastro e acompanhamento de portadores na rede básica, o SIS-Hiperdia ( É um Sistema informatizado de gestão clínica que permite cadastrar e acompanhar os portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde, gerando informações para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais, estaduais e Ministério da Saúde. Com estas informações, são gerados relatórios que estão disponíveis na internet, onde todos os cidadãos podem acessar e utilizá-los
8 como subsídios para trabalhos científicos, pesquisas ou qualquer tipo de informação sobre esses agravos. Está em desenvolvimento o Hiperdia-Web que possibilitará maior agilidade no cadastro e acompanhamento dos portadores e disponibilização de relatórios gerenciais e de qualidade da atenção em diferentes pontos da rede de serviços. 6-Monitoramento e avaliação utilizando os indicadores do Pacto de Gestão. Hoje são utilizados os indicadores: internação por Acidente Vascular Cerebral-AVC e por complicações de DM. O pacto vem mostrando uma redução dessas internações, sobretudo por AVC e em menor proporção, por complicações de DM. 7-Estudos e Pesquisas: Estudos e pesquisas em Doenças Crônicas têm sido priorizados pelo Ministério da Saúde,como o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - ELSA Brasil, que tem o propósito de investigar a incidência e os fatores de risco para doenças crônicas, em particular, as cardiovasculares e o diabetes. Isso se dá por meio do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT) da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE). Recentemente o Ministério da Saúde, Ministério da Ciência e Tecnologia e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançaram editais e selecionaram estudos e pesquisas no sentido de suprir lacunas do conhecimento sobre a temática relacionada ao Diabetes Mellitus, de forma a permitir avanços no conhecimento, fornecer subsídios para a tomada de decisões para as políticas de saúde e proporcionar, direta ou indiretamente, melhorias na qualidade de vida da população. Vide site :( Linhas temáticas priorizadas:
9 Desenvolvimento e avaliação de estratégias para melhorar a qualidade da atenção ao paciente com diabetes na rede pública de saúde Prevenção do diabetes e suas complicações Avaliação de novas tecnologias terapêuticas e de diagnóstico do diabetes e suas complicações 8-Parcerias e Advocacy: Parceria contínua com as Sociedades Cientificas de Cardiologia - SBC, de Hipertensão-SBH, de Diabetes- SBD, de Endocrinologia e Metabologia- SBEM, com associações nacionais de portadores- Federação Nacional de Associações de Diabetes - FENAD e Associação de Diabetes Juvenil-ADJ e organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde - OMS, Organização Panamericana de Saúde-OPA, International Diabetes Federation-IDF, World Diabetes Foundation-WDF, Universidades e o complexo produtivo da saúde. Competências da Coordenação-Geral de Hipertensão e Diabetes-CGHD: Normalizar, promover e coordenar a organização e o desenvolvimento das ações e serviços de prevenção e
10 atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, observados os princípios e diretrizes do SUS; Formular diretrizes nacionais e disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o processo de educação permanente dos profissionais de saúde da rede primária envolvidos com as ações e serviços de prevenção e atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Melitus; Gerenciar o Sistema de Informação de Hipertensão e Diabetes- SIS -Hiperdia e realizar sistematicamente análises de cobertura e qualidade, divulgando informações visando subsidiar gestores estaduais e municipais na reorientação das ações; Assessorar e prestar cooperação técnica a Estados, Municípios e Distrito Federal na organização de ações e serviços de prevenção e atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus; Promover a articulação intra e inter-setorial para o desenvolvimento das ações e serviços de prevenção e atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus,
11 sobretudo para Assistência Farmacêutica, Vigilância e Estudos e Pesquisas na área; Desenvolver mecanismos de monitoramento e avaliação das ações de prevenção e atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus no âmbito da Atenção Primária; Estabelecer parcerias com a Sociedade Civil Organizada e organizações nacionais e internacionais no sentido de facilitar e promover as ações de prevenção e atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus no âmbito da comunidade.
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