V Jornada das Licenciaturas da USP/IX Semana da Licenciatura em Ciências Exatas - SeLic: A
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- Marco Antônio Igrejas Canto
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1 O ENSINO DE TEMAS RELACIONADOS COM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ATRAVÉS DE ATIVIDADES LÚDICAS Camila Filadelfo (bolsista de IC), Verónica Marcela Guridi (orientadora) Escola de Artes, Ciências e Humanidades Universidade de São Paulo Financiamento: Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo Eixo: 5. Ciências Biológicas. RESUMO Os avanços científicos e tecnológicos, somados à crescente modernização da sociedade, influenciaram a forma de alimentação das pessoas, o que tem produzido um quadro de doenças bastante preocupante. Assim, se faz necessário que o ensino de Ciências proporcione conhecimentos para que os alunos se conscientizem acerca da importância de uma alimentação saudável, utilizando metodologias que desenvolvam a autonomia e a criticidade. O presente trabalho teve como objetivo geral desenvolver, implementar e avaliar uma metodologia de ensino da temática alimentação e nutrição, usando atividades de caráter lúdico Com base em um pré-questionário que sondou os conhecimentos prévios dos alunos, foi desenvolvida uma sequência didática baseada no referencial de Zabala, que incluiu recursos e metodologias de caráter lúdico. A sequência foi aplicada em dois grupos de alunos de ensino fundamental II, em uma escola pública e outra particular. Após a aplicação, os alunos responderam um pós-questionário, o que possibilitou sondar as aprendizagens alcançadas após a aplicação da sequência. Os resultados mostram que as metodologias aplicadas e os recursos didáticos desenvolvidos potencializaram a aprendizagem dos alunos em relação ao tema e possibilitaram uma maior compreensão, contribuindo na construção dos conhecimentos e na modificação das atitudes e motivação em sala de aula. INTRODUÇÃO A alimentação é primordial para o desenvolvimento e para a sobrevivência do ser humano. Assim como em várias outras espécies, funciona em forma de combustível que é imprescindível na manutenção do metabolismo e do organismo de modo geral. A energia que nosso corpo precisa provém dos nutrientes adquiridos pela alimentação. Nas sociedades modernas, as descobertas por novos produtos industrializados, que são usados incorretamente, bem como a excessiva preocupação com a beleza e a estética,
2 impulsionaram a utilização de produtos para emagrecimento e outros fins, que muitas vezes tem excesso de nutrientes que prometem acelerar o metabolismo de forma rápida, mas não sempre saudável. E isto tem repercutido de forma especial nos jovens, ávidos por corpos perfeitos a qualquer custo. O surgimento de doenças relacionadas com a alimentação no país tem sido alertado por vários autores, como por exemplo, Oliveira et al. (s/d): O quadro epidemiológico brasileiro atual revela uma fase de transição, com predominância de aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) cuja morbi-mortalidade associa-se com a alimentação e o estilo de vida. Ou seja, a alimentação inadequada aparece como um dos fatores causais dessas doenças. É sabido que o problema da obesidade atinge crianças e adultos e o número de obesos aumenta cada vez mais, independentemente da classe social. Esses fatos mostram a necessidade de se realizar uma reeducação para que mude a realidade desses problemas de saúde causados por uma má alimentação e o descaso em alertar e conscientizar a população adequadamente. Para que isso mude é preciso salientar a importância da educação nutricional numa perspectiva que enfatize a saúde, não somente a beleza e a estética. A adoção de novas metodologias de ensino, como a utilização de jogos ou atividades lúdicas como recursos didáticos no ensino de ciências, pode potencializar a aprendizagem e o desenvolvimento da autonomia. De acordo com Kishimoto (2003, p.13) apud Castro e Costa (2011), o jogo é uma estratégia a ser considerada eficiente para promover a aprendizagem e aproximação dos alunos com o meio cultural, sendo fundamental para o desenvolvimento intelectual, portanto um aliado no ensino e na educação. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo geral desenvolver, implementar e avaliar uma metodologia de ensino da temática de alimentação e nutrição, baseada em atividades de caráter lúdico, com o intuito de contribuir para a aprendizagem significativa desses conteúdos, em grupos de alunos do ensino fundamental II. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido por meio da criação, implementação e avaliação de uma sequência didática que incorpora jogos e outras atividades lúdicas, e que pretende a favorecer a aprendizagem significativa de conteúdos relacionados com alimentação e nutrição no ensino fundamental II. A construção da seqüência didática obedeceu à perspectiva teórica de Zabala (1998). Foram elaborados um pré- questionário e um pós-
3 questionário para diagnosticar as aprendizagens alcançadas pelos alunos antes e depois da aplicação da seqüência. A seqüência didática foi aplicada em uma escola pública estadual, na turma de 7º série (8º ano) com 20 alunos na classe e em uma escola particular em uma turma de 7º série (8º ano) com 13 alunos. Foram desenvolvidos os jogos O Dominó da Alimentação e Trilha da Alimentação bem como as atividades lúdicas Leitura e Criação de Rótulos, Pirâmide alimentar e Cardápio saudável. RESULTADOS E DISCUSSÕES Tanto os alunos de escola pública quanto os do particular tiveram um bom desempenho após a aplicação da sequência didática, refletido no interesse pelo assunto abordado e pela aprendizagem. Em relação à análise do pré-questionário, os alunos de modo geral tanto da escola pública como da particular apresentaram um conhecimento baseado no senso comum, tinham dificuldades na identificação dos tipos de nutrientes, principalmente na análise de rótulos e na interpretação da pirâmide alimentar. Os gráficos 1 e 2 mostram a relação dos resultados no pré e no pós-questionário na escola pública e particular no que se refere aos tipos de nutrientes. Após a aplicação da sequência, a maioria dos alunos melhorou o seu conhecimento acerca dos tipos de nutrientes, sendo essa melhoria especialmente significativa nos casos em que havia um desconhecimento maior do assunto. Gráficos 1 (esquerda, escola pública) e 2 (direita, escola particular). Conhecimentos prévios dos alunos referentes aos tipos de nutrientes. Fonte: Pré e pós-questionários aplicados. Quando realizada a atividade de análise de rótulos de alimentos, na escola pública, no préquestionário houve os seguintes percentuais de acertos: lipídeos, 5%; vitaminas, 20% e proteínas, 50%. Após a aplicação da seqüência, esses percentuais passaram para: lipídeos, 80%; vitaminas, 75% e proteínas, 85%. Já na escola particular, os alunos apresentaram
4 maiores dificuldades no pré-questionário: lipídeos, 7%; proteínas, 30% e carboidratos, 38%, sendo que após a aplicação do projeto, os acertos tiveram um aumento muito significativo: acertos de 100% em proteínas, 80% para lipídios e 90%, carboidratos. Os resultados da questão referente à análise de rótulos do pós-questionário, mostram um desempenho favorável dos alunos nos itens que compõem um rótulo, como VD (valor diário percentual de consumo por dia), valor energético e gordura saturada, gordura trans, entre outros. Os alunos reconheceram que a gordura trans é prejudicial à saúde, assim como o excesso de gordura saturada, de sódio, de carboidratos e, de modo geral, a quantidade de nutrientes e calorias ingeridas. Houve um alto índice de aprendizagem relativa à leitura de rótulos e à identificação de nutrientes que foram trabalhados nas aulas. Com relação à compreensão de uma alimentação saudável, os alunos em sua maioria apresentaram um melhor entendimento através do projeto. Quando questionados acerca do que significa uma alimentação saudável, na escola pública as respostas foram: Alimentação correta, comer bem com 45%, seguida de fazer atividade física e ter saúde, com 25%. Já na escola particular, as respostas mais frequentes foram: Comer todos os tipos de nutrientes, com 70%, seguida de Alimentação balanceada, com 20%. CONSIDERAÇÕES FINAIS A aplicação da sequência didática apresentou resultados positivos, de um modo geral, mostrando que as metodologias adotadas foram eficazes para a melhoria do ensino nos temas de alimentação e nutrição, contribuindo para uma aprendizagem significativa. Assim, a intervenção pedagógica influenciou na construção dos conhecimentos dos alunos, havendo também modificações nas atitudes, na motivação, no raciocínio e principalmente no interesse pelo assunto abordado. Isso porque antes da intervenção os alunos apresentavam desinteresse, alguns nem tiravam o caderno da mochila, mas após aplicação do projeto, passaram a ter prazer em estudar e perceber o quando aquilo fazia sentido para a vida deles. Pelos resultados alcançados, é possível inferir que os recursos didáticos utilizados potencializaram a aprendizagem dos alunos e fortaleceram a função do professor como mediador. O processo de ensino supõe o desenvolvimento da autonomia, o crescimento do aluno, tal como afirmado por Puente:...Ensinar é dirigir ou fazer crescer o outro. Facilitar a aprendizagem é criar condições para que o outro, a partir dele próprio, aprenda e cresça (Puente, 1978, p. 9 apud Faria, 1987). Foram corroboradas ainda as afirmações de vários
5 autores, ao salientar os benefícios das atividades lúdicas: "... o jogo desenvolve além da cognição, a construção mental, afetividade, as funções sensório-motoras e a área social. (Kishimoto, 1996 apud Campos et al., 2003). Com a aplicação dos jogos e as atividades lúdicas percebeu-se uma mudança no comportamento dos alunos, que mostraram uma maior interação com a disciplina e interesse pelas aulas a serem desenvolvidas. O professor não dever ter medo de ousar. Deve questionar e questionar-se sempre acerca das metodologias utilizadas e se elas estão sendo efetivas e, mais do que tudo, se elas contribuem para o desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia necessárias para a vida em sociedade. Isso pressupõe uma mudança no papel do professor. E para que essa mudança aconteça, é necessário que os cursos de formação de professores ofereçam oportunidades de analisar criticamente a realidade, de considerar as diferentes alternativas para a consecução dos objetivos de ensino propostos. REFERÊNCIAS CAMPOS, L. M. L.; BORTOLOTTO, T. M.; FELICIO, A. K. C. A Produção de jogos didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem. São Paulo: UNESP, Disponível em: Acesso em: 10/02/2013. CASTRO, J. B., COSTA. F.C.P. Contribuições de um jogo didático para o processo de ensino aprendizagem de Química no Ensino Fundamental segundo o contexto da Aprendizagem Significativa. Revista electrónica de investigación en educación en ciencias, vol.6, no.2, Tandil, ago./dic Disponível em: Acesso em: 15/02/2013. FARIA, W. Teorias de Ensino e Planejamento Pedagógico: Temas Básicos e Educação e Ensino. São Paulo: EPU, OLIVEIRA, J. C.; COSTA, D. S.; ROCHA. B. M. S. (s/d) Educação nutricional com atividade lúdica para escolares da rede municipal de ensino de Curitiba. Disponível em: Acesso em: 16/02/2013. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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