6º Congresso Internacional ABRAMD 07 a 10 de Novembro de 2017 Belo Horizonte Minas Gerais
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1 6º Congresso Internacional ABRAMD 07 a 10 de Novembro de 2017 Belo Horizonte Minas Gerais Grupo de Trabalho CO32 O trabalho com famílias no cuidado ao indivíduo que faz uso problemático de drogas Eixo Temático: GT22 Redes de Atenção Psicossocial e o cuidado oferecido às pessoas que fazem isso problemático de drogas AVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO FAMILIAR E INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS NO GRUPO DE ORIENTAÇÃO FAMILIAR DE DEPENDENTES DE DROGAS NO PROAD UNIFESP: RELATO DE EXPERIÊNCIA Adriana Moro Maieski do Rosário Programa de Orientação e Apoio à Dependentes, Departamento de Psiquiatria UNIFESP
2 RESUMO Contexto: Várias pesquisas evidenciam a importância da família no tratamento de dependente de drogas. Nesse sentido, o grupo de orientação familiar é um espaço que possibilita a compreensão da dinâmica familiar e das intervenções para melhorar a qualidade das relações interpessoais. Objetivo: Avaliar o funcionamento familiar e as principais dificuldades encontradas nas relações interpessoais, proporcionando intervenções psicossociais para a melhoria das relações familiares para estimular a função protetiva das famílias. Método: O estudo foi transversal, exploratório, descritivo, qualitativo com observação participante, a população-alvo foi adultos entre 18 e 65 anos, usuários de substâncias psicoativas, e seus familiares. A amostra foram 20 familiares participantes do grupo de orientação à família do Programa de Orientação e Apoio a Dependentes (PROAD) da UNIFESP. Utilizou-se como instrumentos: questionário sociodemográfico, Drug Use Screening Inventory revised version (DUSI-R), versão reduzida, para identificação do uso de álcool e outras drogas; Family Environment Scale (FES), para avaliação do funcionamento familiar; questionário sobre avaliação das reuniões do grupo de família e grupo focal como estratégia para coleta de informações das reuniões de grupo. Resultados: As observações têm demonstrado que as famílias que participam do grupo melhoram a sua compreensão sobre a dependência de drogas, desenvolvem habilidades socioemocionais para lidar com as suas dificuldades pessoais e no trato com o paciente, compreendem como adotar condutas que auxiliam no tratamento e posturas que podem dificultar a recuperação do familiar, além de ser um espaço que permite identificarem os sentimentos negativos, como medo, culpa, forma de convivência e os limites no relacionamento com o familiar. Conclusão: O grupo de orientação familiar é uma das principais abordagens utilizadas no tratamento da dependência de drogas e contribui para melhoria das relações familiares, mas é necessário avaliar a eficácia dessa abordagem com a utilização de treinamento de habilidades socioemocionais para a melhoria do funcionamento familiar. Palavras-chave: Grupo de orientação familiar; Família; Dependência química.
3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO: o uso de álcool e outras drogas e as relações familiares PROBLEMA PERGUNTA E HIPÓTESE DA PESQUISA JUSTIFICATIVA OBJETIVOS Objetivo geral Objetivos específicos MATERIAL E MÉTODO Critérios de inclusão Critérios de exclusão Tipo de estudo Principais instrumentos a serem aplicados: Procedimentos Análise dos resultados Cuidados éticos Cronograma REFERÊNCIAS... 13
4 4 1 INTRODUÇÃO: o uso de álcool e outras drogas e as relações familiares De acordo com Matos et al., (2008), nos últimos anos, com causas multifatoriais, o uso de álcool e de outras drogas tornou-se um dos maiores problemas de saúde pública e social no Brasil. Com grande impacto social, a situação vem se tornando cada vez mais alarmante, o que reivindica maior atenção dos profissionais de saúde. Para Pinsky (2004), o abuso de drogas tem origem multifacetada, com influências biológicas, psicológicas e sociais. Nas palavras do autor: Adolescência é uma fase de metamorfose. Época de grandes transformações, de descobertas, de, de rupturas e de aprendizados. É por isso mesmo, uma fase da vida que envolve riscos, medos, amadurecimento e instabilidades. As mudanças orgânicas e hormonais, típicas dessa faixa etária, podem deixar os jovens agitados, agressivos, cheios de energia e de disposição num certo momento. Mas, no momento seguinte, eles podem ser acometidos de sonolência, de tédio, e de uma profunda insatisfação com seu próprio corpo, com a escola, com a família, com o mundo e com a própria vida. (PINSKY, 2004, p. 11). Dentre os aspectos sociais do abuso de drogas destacam-se a falta de oportunidade no mercado de trabalho, a necessidade de pertencer a um grupo social e a exclusão social, que muitas vezes exponencia o questionamento dos valores pessoais e culturais, próprios dessa fase da vida. Segundo Abraão (1999, p. 36): Na adolescência, quando a busca da identidade está associada à escassez de recursos psicológicos, quanto mais cedo ocorrer a experimentação de drogas, maior será o risco de evolução para um quadro abusivo ou até dependente. Nessa etapa, os danos decorrentes do abuso tornam-se evidentes (problemas psíquicos do adolescente, conflitos familiares, escolares e sociais) e cuidados especiais se fazem necessários. Alguns dados estatísticos sobre o uso de entorpecentes na adolescência e na vida adulta evidenciam que o consumo de drogas vem aumentando em algumas faixas etárias. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo IBGE, traz dados alarmantes sobre os hábitos dos adolescentes brasileiros. O trabalho, referente ao ano de 2015, foi realizado com estudantes concluintes do 9º ano em escolas públicas e privadas de todo o país, a maioria entre 13 e 15 anos. Os resultados mostram que o percentual de jovens que já experimentaram bebidas alcoólicas subiu de 50,3%, em 2012, para 55,5%, em 2015; já a taxa dos que usaram drogas ilícitas aumentou de 7,3% para 9% no mesmo período.
5 5 Um estudo inédito sobre o perfil e as principais dificuldades vivenciadas por famílias de dependentes químicos revela a falta de informação e a demora na busca de ajuda por parte das famílias que possuem um parente com dependência de drogas. O Levantamento Nacional de Famílias de Dependentes Químicos realizado pela UNIAD-INPAD entre 2012 e 2013, realizou um estudo abrangendo todas as regiões do Brasil com famílias de dependentes químicos em tratamento. Estima-se que 28 milhões de pessoas viva hoje com um dependente químico. Os poucos estudos que avaliam as famílias dos dependentes de álcool e/ou substâncias ilícitas demonstram evidências consistentes do impacto causado particularmente aos familiares mais próximos, tais como cônjuges, pais e filhos. Determinados processos familiares, tais como rituais, funções, rotinas, estruturas de comunicação, vida social e finanças da família são geralmente afetados. Da mesma maneira, problemas que incluem violência doméstica, abuso infantil, roubo de bens familiares, condução de veículos em estado de embriaguez e ausências prolongadas são comportamentos tipicamente descritos pelos familiares. Dentre os familiares entrevistados, as mulheres são a maioria (80%) e 46% são mãe que sofrem com impacto negativo causado pela dependência de álcool e/ou de substâncias ilícitas. Essas mães, além do forte impacto sofrido, são responsáveis pelotratamento (66%) e mais da metade delas é considerada chefe da Família. Ou seja, tem uma sobrecarga de cuidar do filho dependente e de ser responsável pelos cuidados da família. Outro aspecto apontado no levantamento que as famílias tem falta de orientação e levam muito tempo para buscar ajuda. O tempo médio para procurar ajuda foi de 3 anos após ter conhecimento do uso, sendo 2 anos para usuários de cocaína e ou crack e 7.3 anos entre dependentes de álcool. (LARANJEIRA, 2013). Segundo Schenker e Minayo (2004), a família é fundamental para o tratamento da dependência química porque está relacionada ao desenvolvimento saudável, ou não, de seus membros e os une a diferentes esferas da sociedade. Alguns autores (ANDOLFI, 1981; KALINA et al., 1999; MINUCHIN, 1990) acreditam que para compreender o contexto e o funcionamento familiar, é necessário voltar-se aos conceitos de família e as suas diversas funções. A família constitui-se em um grupo de pessoas que desempenha vários papéis e integra aspectos de ordem emocional, cognitivo, social e cultural, ou seja, é um sistema social formado por outros subsistemas: conjugal, parental, e fraterno, dentre outros. No mesmo sentido, Kalina et al., (1999) e Schenker (2008) consideram que os membros da família compartilham afetos, valores e normas. Os valores aprendidos dentro do grupo familiar têm um papel fundamental, uma vez que são o norte da vida de cada um de seus membros. Dessa forma, é na família que se aprende não apenas valores, mas também comportamentos que serão fundamentais para a formação da identidade do indivíduo. Do mesmo modo, Andolfi e Angelo (1988), Kaloustian (2005) e Minuchin (1990) acreditam que a família é um sistema que realiza constantes trocas com o
6 6 meio em que vive, transforma e é transformada por seu ambiente. Assim, quando ocorrem modificações no sistema familiar, a vida de cada membro sofre alterações e modificações que gerarão influências significativas nos padrões comportamentais de todos seus os membros. Segundo Payá (2011), no que se refere ao tratamento da dependência química, considera-se que a terapia familiar gera benefícios significativos, tanto no padrão de consumo do paciente quanto na melhora das relações familiares e sociais. Embora ainda não haja um consenso sobre qual o melhor modelo de terapia familiar, continua o autor, evidências indicam que intervenções com base na teoria sistêmica apresentam resultados positivos na medida em que enfocam as relações e os padrões de comportamento, e não exclusivamente a abstinência do dependente. O abuso de substâncias psicoativas implica consequências em todas as áreas da vida do indivíduo e de sua família, que, em especial, é um sistema que tem implicações na origem, no curso e nas consequências da dependência química. Por essa razão, a drogadição pode ser considerada um problema familiar (HALPERN, 2001, p. 123). Segundo Paz e Colossi (2013), no que se refere à dependência química, a família pode ser tanto um fator de risco como um fator de proteção. Para os autores, quando a família tem distanciamento afetivo, dificuldade na comunicação e fronteiras pouco definidas, o uso de substâncias é favorecido; do contrário, quando a família é acolhedora, possui comunicação adequada e promove afeto e proteção, pode-se considerá-la como um fator de proteção ao uso de drogas. Estudos de alguns autores (COELHO, 2006; FALEIROS, 2005; MINUCHIN; NICHOLS, 1995; PAZ; COLOSSI, 2013) indicam especificidades no funcionamento de famílias nas quais há dependência química. Minuchin e Nichols (1995) assinalam, por exemplo, que em famílias de jovens dependentes de drogas os vínculos entre pais e filhos são fracos e falta supervisão parental. Para os autores, o funcionamento dessas famílias é caótico e desorganizado e o dependente químico tende a ser tornar: (a) o centro dos problemas existentes na família e (b) um porta-voz e um depositário das dificuldades de todo o grupo familiar. O estudo de Seadi e Oliveira (2009), que teve como objetivo investigar fatores associados à adesão à abordagem multifamiliar no tratamento de dependentes químicos hospitalizados, mostrou que: (a) há associação entre a participação da família e a adesão ao tratamento e (b) a participação de dois ou mais familiares repercute na adesão. Assim, segundo Payá (2011), na medida em que as famílias também sofrem e adoecem quando um de seus membros é um dependente químico, tratá-las é uma
7 7 necessidade. Portanto, a abordagem familiar deve ser considerada como parte integrante do tratamento. Algumas abordagens recentes que incluem a família têm-se destacado no tratamento da dependência química: (a) a abordagem cognitivo-comportamental para famílias (FIGLIE et al., 2002) e (b) a abordagem familiar sistêmica (MINUCHIN et al., 2009). Nesse contexto é apresentada uma proposta de pesquisa e relato de experiência que tem como objeto um estudo transversal, exploratório, descritivo, qualitativo e com observação participante que visa avaliar o funcionamento familiar e as principais dificuldades encontradas nas relações interpessoais, visando proporcionar intervenções psicossociais para a melhoria das relações familiares para estimular a função protetiva das famílias. 2 PROBLEMA O problema do abuso de álcool e de drogas tem origem biopsicossocial e, de acordo com Figlie et al. (1999) e Seadi e Oliveira (2009), há poucas pesquisas sobre qual a abordagem familiar tem melhor eficácia para dependência química. Várias pesquisas evidenciam a importância da família no tratamento de dependente de drogas e, também, o grupo de orientação familiar como um espaço que possibilita a compreensão da dinâmica familiar, com intervenções para melhorar a qualidade das relações interpessoais. O presente estudo apresenta um relato de experiência sobre o grupo de orientação às famílias de dependentes de álcool e outras drogas realizado no Programa de Orientação e Atendimento à Dependentes (PROAD), no Setor de Adultos, o qual faz parte do Departamento de Psiquiatria da Univerisade Federal de São Paulo (UNIFESP). Face a esse contexto, são necessários estudos observacionais, descritivos e qualitativos de tratamento da dependência química que incluam a família no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e no aumento dos fatores de proteção. 3 PERGUNTA E HIPÓTESE DA PESQUISA As perguntas e a hipótese principal desta pesquisa são as seguintes: a participação da família no grupo de orientação familiar contibui para melhorar as relações familiares? A utilização de treinamento de habilidades socioemocionais e a reflexão de temas sobre relacionamento interpessoal familiar é eficaz para melhoria do funcionamento familiar? Este estudo observacional, descritivo e qualitativo pode contribuir para a avaliação do funcionamento familiar para identificar comportamentos de risco e de proteção e testar
8 8 intervenções psicossociais e treinamento de habilidades socioemocionais que podem contribuir para a melhora no tratamento da dependência química em jovens e adultos e para a elaboração de programas de prevenção seletiva e universal do uso de álcool e de drogas em adolescentes e jovens. 4 JUSTIFICATIVA O contexto das famílias atuais que vivenciam a dependência química apresenta vulnerabilidades nas relações sociais e emocionais, como: falta de informação, preconceito, conflitos familiares, problemas na comunicação e sentimentos negativos como desvalia, vergonha e culpa. Faleiros (2005) assinala outro aspecto: não raro, o usuário de drogas é rejeitado por sua família. Essa rejeição, segundo o autor, pode resultar em fragilização afetiva e perda de poder e de patrimônio, o que pode acarretar prejuízos de ordem moral, familiar, social, financeiro e físico para todos os envolvidos. Assim, considera Payá (2011), considerando que as famílias também sofrem e adoecem quando um de seus membros é um dependente químico, tratá-las é uma necessidade. De acordo com experiências em serviços de tratamento em dependência química, assim como na literatura internacional, acredita-se que para o processo de mudança de comportamento ser efetivo, é necessário realizar pesquisas que possam diagnosticar a realidade para posteriormente oferecer intervenções que também sejam educativas, vivenciais e reflexivas, formas comprovadamente eficazes e voltadas tanto ao usuário de álcool e outras drogas quanto à sua família. A implementação desta proposta de pesquisa é de suma importância pela necessidade, no Brasil, de estudos observacionais, descritivos e qualitativos, que avaliam o funcionamento familiar e medem a eficácia de intervenções psicossocias para a melhoria no relacionamento familiar, na adesão do tratamento de dependência química e no aumento dos fatores de proteção. Almeja-se que esses resultados positivos possam contribuir para a elaboração no futuro de projetos de prevenção do uso de álcool e outras drogas. 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivo geral Avaliar o funcionamento familiar e as principais dificuldades encontradas nas relações interpessoais, proporcionando intervenções psicossociais para a melhoria das relações familiares para estimular a função protetiva das famílias.
9 9 5.2 Objetivos específicos Traçar perfil sociodemográfico das famílias participantes do grupo; Identificar os tipos e os padrões de consumo de álcool e outras drogas com a aplicação do instrumento DUSI-R, versão reduzida, nos usuários que realizam tratamento no PROAD-UNIFESP, cujas famílias foram selecionadas para participar do estudo; Avaliar o funcionamento e o ambiente familiar por meio da aplicação do instrumento Family Environment Scale (FES), o qual avalia as seguintes áreas: 1. relacionamento, coesão, expressividade, conflito; 2. crescimento pessoal, independência, assertividade, interesses intelectuais, lazer, religião; 3. manutenção do sistema, organização, controle; Promover a reflexão de temas sobre problemas de comunicação, limites no relacionamento familiar, sentimentos negativos (culpa, vergonha, raiva, medo), preconceito, dentre outros; Utilizar o grupo focal para discussão e reflexão desses temas; Utilizar algumas técnicas de treinemanto de habilidades soioemocionais para melhoria dos relacionamentos familiares, estimulando o aumento de fatores de proteção; Avaliar temas e técnicas propostos por meio de questionário semi-estruturado aplicado aos familiares participantes do estudo. 6 MATERIAL E MÉTODO Estudo transversal, exploratório, descritivo, qualitativo com observação participante no grupo de orientação familiar no PROAD, Setor de Adultos na UNIFESP. 6.1 Critérios de inclusão a) Usuários, com dependência de álcool e outras drogas, participantes do PROAD- UNIFESP, com faixa etária de 18 a 65 anos e seus familiares; b) Familiares que participam do grupo de orientação à família e que possuam sintomas e/ou transtornos ansiosos, depressivos, déficit de atenção, hiperatividade, obsessivos e compulsivos; c) Todos os participantes devem ser alfabetizados e possuir o cartão do SUS e documento de identidade para participar do grupo de orientação familiar no PROAD.
10 10 d) Para amostra de conveniência, serão selecionadas até 20 pessoas de famílias que participam do grupo de família do PROAD, Setor de Adultos. 6.2 Critérios de exclusão a) Usuários com dependência não química do PROAD-UNIFESP. b) Famílias que possuam dependentes de álcool e outras drogas, mas que não estão em tratamento no PROAD-UNIFESP. c) Familiares com sintomas e/ou transtornos de personalidade, psicóticos, esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar. 6.3 Tipo de estudo Estudo transversal, exploratório, descritivo e qualitativo: por meio de um projeto piloto, a pesquisa avaliará o funcionamento e o ambiente familiar em 2 meses de participação em um grupo de orientação familiar. Grupo focal: o grupo focal como técnica de coleta e de análise de dados qualitativos. Os estudos que utilizaram o grupo focal demonstram ser esse um espaço de discussão e de troca de experiências em torno de determinada temática. Além disso, o grupo estimula o debate entre os participantes, permitindo que os temas abordados sejam mais problematizados do que em uma situação de entrevista individual. Os participantes, de modo geral, ouvem as opiniões dos outros antes de formar as suas próprias e, constantemente, mudam de posição, ou fundamentam melhor sua opinião inicial, quando envolvidos na discussão em grupo. (TRAD., 2009). 6.4 Principais instrumentos a serem aplicados: Drug Use Screening Inventory (DUSI-R) - instrumentos para triagem destinados à identificação de indivíduos que provavelmente apresentam problemas relacionados ao uso/abuso de álcool ou outras drogas. Nesse instrumento, dá-se mais ênfase àqueles com maior sensibilidade. A aplicação é rápida, o que não requer muito treinamento dos aplicadores. Além do uso/abuso de álcool e de outras drogas o DUSI-R também identifica outros problemas em outras áreas da vida do jovem, tais como: comportamento, saúde, transtornos psiquiátricos, sociabilidade, sistema familiar, escola, trabalho, relacionamento com amigos, lazer e recreação, conforme Tarter (1990), validado no Brasil por De Micheli e Formigoni (1999). Caso seja aplicada somente a tabela de frequência do uso de
11 11 substâncias no último mês, seguida das 15 questões da área do uso de substâncias, o tempo de preenchimento será de 3 a 5 minutos (DE MICHELI; FORMIGONI, 2002). Family Environment Scale (FES) teoria socioecológica e psicológica, teoria sistêmica familiar (MOOS e MOOS, 1986) - avalia características do ambiente social de todos os tipos de família e as mudanças decorrentes devidas à dependência química de um membro. São 10 subescalas com 3 dimensões do clima social familiar: 1. relacionamento, coesão, expressividade, conflito; 2. crescimento pessoal, independência, assertividade, interesses intelectuais, lazer, religião; 3. manutenção do sistema, organização, controle, considerando 90 itens: falsos e verdadeiros. Questionário sociodemográfico para traçar perfil sociodemográfico dos usuários selecionados para participar do projeto de pesquisa. Questionário semi-estruturado e elaborado pela pesquisadora para avaliar os temas e as técnicas utilizadas durante as sessões do grupo de orientação familiar. 6.5 Procedimentos Serão selecionados até 20 familiares de pacientes que participam do tratamento no PROAD, no Setor de Adultos, onde será apresentada a proposta do projeto de pesquisa, tanto para os familiares como para os pacientes que realizam o tratamento. Àqueles que concordarem será solicitado leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Em seguida, iniciaremos a aplicação dos instrumentos e questionários mencionados no item 6.4. Será realizado o grupo focal com alguns temas sobre relacionamento familiar, comunicação, limites entre outros e algumas sessões com técnicas de habilidades socioemocionais. 6.6 Análise dos resultados Para análise, será desenvolvido um banco de dados no programa estatísco SPSS, para os instrumentos e questionários quantitativos e serão apresentados os dados de forma descritiva em tabelas com a síntese da pesquisa. Para a análise qualitativa, as sessões de grupo focal e aplicação das técnicas de treinamento de habilidades socioemocionais serão gravadas em gravador e transcritas
12 12 para realizar a avaliação do conteúdo aplicado e fundamentada na teoria sistêmica e na terapia familiar estrutural. Os dados encontrados na pesquisa serão comparados a estudos quantitativos e qualitativos, nacionais e internacionais. 6.7 Cuidados éticos Todos os participantes do projeto de pesquisa terão os seus nomes mantidos em sigilo, bem como todos os dados encontrados, tanto na aplicação dos questionários quanto durante as sessões de grupo focal e aplicação das técnicas de treinamento de habilidades socioemocionais. Serão citadas e identificadas todas as fontes de autores de outras pesquisas que embasarão o estudo. 6.8 Cronograma O tempo total do projeto, incluindo os créditos, é de 10 meses. Pesquisa inicial e preparação do projeto: 2 meses; Discussão com o coordenador do PROAD e ajustes da proposta: 2 mês; Coleta de dados: 2 meses; Análise descritiva: 2 meses; Revisão da proposta de pesquisa, apresentação do trabalho e elaboração da redação do artigo: 2 meses.
13 13 7 REFERÊNCIAS ABRAÃO, I. Factores de risco e factores para as toxicodependências: uma breve revisão. Revista Toxicodependência, Lisboa, v. 5, n. 2, ANDOLFI, M.; ANGELO, C. Tempo e mito em psicoterapia familiar. Porto Alegre: Artmed, COELHO, S. V. Abordagens psicossociais da família. In: AUN, J. G.; VASCONCELLOS, M. J. E. (Orgs.). Atendimento sistêmico de famílias e redes sociais: fundamentos teóricos e epistemológicos. Belo Horizonte: Ophicina de Arte e Prosa, 2006, p DE MICHELI D.; FORMIGONI, M. L. O. S. Screening of drug use in a teenage Brazilian sample using the Drug Use Screening Inventory (DUSI). Addict Behav. v. 25, n. 5, p , DE MICHELI, D.; FORMIGONI, M. L. O. S. Psychometrics properties of the Brazilian version of DUSI (Drug Use Screening Inventory). Alcohol Clin Exp Res., v. 26, n. 10, p , FALEIROS, V. P. Estratégias em Serviço Social. São Paulo: Cortez, FIGLIE, N. B. et al. Intervenção breve em familiares de dependentes químicos: resultados de um estudo de seguimento de 30 meses. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 51, n. 5, p , FIGLIE, N. B. et al. Orientação familiar para dependentes químicos: perfil, expectativas e estratégias. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 48, n. 10, p , HALPERN, S. C. O abuso de substâncias psicoativas: repercussões no sistema familiar. Pensando Famílias, n. 3, p , KALINA, E. et al. Drogadição hoje: indivíduo, família e sociedade. Porto Alegre: Artmed, KALOUSTIAN, S. M. Família brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez, Brasília: UNICEF, LARANJEIRA, R. (Dir.). LENAD Família Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes. Disponível em: < content/uploads/2013/11/pressfamilia.pdf>. Acesso em: ago MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, MINUCHIN, S. Famílias: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artmed, MINUCHIN, S.; NICHOLS, M. P. A cura da família: histórias deesperança e renovação contadas pela terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, MOOS, R. H.; MOOS, B. S. Family environment scale manual. 3. ed. Palo Alto (CA): Consulting Psychologists Press, 1994.
14 14 O GLOBO. Uso de drogas aumenta entre adolescentes no país. Disponível em: < entre-os adolescentes-no-pais #ixzz4oquaetsw>. Acesso em: ago PAYÁ, R. Terapia familiar. In: DIEHL, A; CORDEIRO, D. C. ;LARANJEIRA, R. (Orgs.). Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011, p PAZ, F. M.; COLOSSI, P. M. Aspectos da dinâmica da família comdependência química. Estudos de Psicologia, v. 18, n. 4, p , PINSKY, I.; BESSA, M. A. (Org.). Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto, SCHENKER, M. ; MINAYO, M. C. S. A importância da família no tratamento do uso abusivo de drogas: uma revisão da literatura. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 3, p , SCHENKER, M. Valores familiares e uso abusivo de drogas. Rio de Janeiro: Fiocruz, SEADI, S. M. S.; OLIVEIRA, M. S. A terapia multifamiliar no tratamento da dependência química: um estudo retrospectivo de seis anos. Psicologia Clínica, v. 21, n. 2, p , TRAD. Leny A. Bonfim. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas emexperiências com o uso da técnica em pesquisa de saúde. Physis, 2009, v. 19, n. 3, p , TARTER, R. Evaluation and treatment of adolescent substance abuse: a decisiontree method. American Journal of Drug and Alcohol Abuse, n. 16, p. 1-46, VIANNA, V. P. T.; SILVA, E. A.; FORMIGONI, M. L. O. S. Versão em português da Family Enviroment Scale: aplicação e validação. Revista Saúde Pública, v. 41, n. 3, p , 2007.
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