Coerência e Coesão Textuais
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- Domingos Martins Carrilho
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1 Coerência e Coesão Textuais OBJETIVO: APRESENTAR O CONCEITO E OCORRÊNCIAS DA COERÊNCIA, PARA QUE O ALUNO VERIFIQUE SUA APLICAÇÃO NO PROCESSAMENTO DE TEXTOS NAS SUAS DIVERSIFICADAS CONDIÇÕES DE RECEPÇÃO E PRODUÇÃO. AUTOR(A): PROF. ROSELI FERREIRA LOMBARDI Coerência textual A Coerência tem relação com o material conceitual e linguístico do texto. Ela é responsável pelo sentido do texto e está ligada à compreensão, à possibilidade de interpretação daquilo que se diz ou escreve. Além de envolver aspectos lógicos e semânticos, envolve também aspectos cognitivos, pois é no partilhar de conhecimentos entre os interlocutores que o texto passa a fazer sentido. Sendo assim, a coerência textual se faz na sua lógica textual interna e depende de alguns fatores. "A coerência é profunda, subjacente à superfície textual, não-linear, não marcada explicitamente na estrutura de superfície. (...) A coerência diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma configuração veiculadora de sentidos. (...) A coerência, portanto, longe de constituir mera qualidade ou propriedade do texto, é resultado de uma construção feita pelos interlocutores, numa situação de interação dada, pela atuação conjunta de uma série de fatores de ordem cognitiva, situacional, sociocultural e interacional." CONCEITO DE COERêNCIA POR KOCH E TRAVAGLIA (2008, P.35-41) Coerência e Coesão Textuais 01 / /8
2 Mas fique atento! A falta de coerência pode ocorrer num texto, quando houver: Erros conceituais; Inadequação do texto à circunstância na qual é enunciado, ou; Inadequação do texto a quem ele é dirigido. Então, a coerência se torna condição indispensável para que um enunciado passe a ser um texto, devendo, portanto, relacionar as partes de tal texto tanto com o que já escreveu quanto com o que ainda vai escrever. Para realizar tudo isso, quatro elementos devem ser considerados, conforme Charolles (1978): a repetição, a progressão, a não-contradição e a relação. 1. Repetição Quando escrevemos um texto, precisamos utilizar algumas repetições, retomar os elementos já mencionados. Os pronomes, normalmente, encarregam-se de fazer essas retomadas, assim como também podemos utilizar palavras sinônimas, expressões equivalentes, terminações verbais ou até mesmo podemos repetir as palavras ou expressões, o que requer certo cuidado. Informação: Objeto disponível na plataforma Coerência e Coesão Textuais 02 / /8
3 É importante destacar que, às vezes, a repetição da palavra pode ser adequada e intencional, por exemplo, quando em uma peça jurídica, o redator repete os termos autor e réu e como no poema de Carlos Drummond de Andrade abaixo: No meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra. drummond.memoriaviva.com.br/alguma-poesia/certas-palavras/ acesso em ( 2. Progressão Se um texto não progredir, trazendo novas ideias e informações, ele se tornará enfadonho, numa constante repetição do que já foi dito. A progressão garante a continuidade do tema. Coerência e Coesão Textuais 03 / /8
4 Por outro lado, pode haver texto sem progressão, por exemplo, a propaganda abaixo que faz uso de pleonasmo. Coerência e Coesão Textuais 04 / /8
5 Legenda: CLIENTE: COEPEIXE LINK: 3. Não contradição Para um texto ser coerente, não se podem utilizar expressões que contradigam o que já foi dito anteriormente. Não se pode, por exemplo, ser contra a violência e, ao mesmo tempo, defender ferrenhamente a pena de morte. A contradição só é tolerada se for intencional, pois, do contrário, afeta a lógica do texto. Informação: Objeto disponível na plataforma OBSERVAÇÃO: Não podemos confundir a contradição com a oposição de ideias ou o contraste; este é um recurso muito utilizado para reforçar a argumentação. Assim, por exemplo, podemos dizer que o nosso país é riquíssimo e, em seguida, afirmar que existe uma má distribuição de renda que gera muita pobreza no Brasil, basta usar, também, um elemento que marque essa oposição (mas, no entanto, contudo). Coerência e Coesão Textuais 05 / /8
6 4. Relação Já tratamos da necessidade da inter-relação das ideias num texto. Este só será coerente se os fatos ou os conceitos apresentados tiverem um porquê que justifique a sua inclusão no texto. Não se podem lançar frases soltas, sem relação entre si, pois se não houver entrelaçamento, não será um texto. Essa metarregra é fundamentalmente pragmática, ela estabelece que os indivíduos, os fatos, as ações, as ideias, os acontecimentos ativados em um texto guardem algum tipo de ligação. Assim, quando redigimos, para que a coerência ocorra, as ideias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Se isso não acontecer, se não houver ligação entre as ideias e frases, elas acabarão se contradizendo ou quebrando uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve uma quebra de coerência textual. Informação: Objeto disponível na plataforma Então, quando o entendimento de um texto qualquer é comprometido, pode-se afirmar que ele está incoerente? Na maioria das vezes, sim. Mas é preciso tomar cuidado, pois não podemos achar que as dificuldades de organização das ideias se resumem à coerência ou à coesão. Elas facilitam bastante, mas não são suficientes para resolver todos os problemas de leitura e de redação. Portanto, precisamos estar sempre nos atualizando para ter maior domínio do processo de produção textual. Observação: Se você quiser saber mais sobre coerência, acesse o link abaixo: ( ATIVIDADE FINAL Assinale a alternativa que apresenta a relação correta dos elementos da coerência com sua aplicação: Coerência e Coesão Textuais 06 / /8
7 A. Repetição é observada quando precisamos usar palavras que retomam as informações ou se repetem. B. Relação é aplicada quando utilizamos expressões que se contradizem. C. Progressão é observada quando escrevemos ideias que se inter-relacionam. D. Não contradição é observada quando se dá a progressão do tema. REFERÊNCIA CHARROLES, M. (1978) Introdução aos problemas da coerência dos textos: abordagem teórica e estudo das práticas pedagógicas. In GALVES, C. (org.) O texto: leitura e escrita. Campinas, SP: Pontes, GARDELLIi, Magda Mulati; MACIEL, Maurícia e LOMBARDI, Roseli Ferreira. Língua portuguesa e produção de textos.1. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. Texto e Coerência. São Paulo: Cortez, 1997 A coerência Textual. 17 ed. São Paulo: Contexto, KOCH, I. V. O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto, < Ultimo acesso em 10 de abril de TEXTOS COMPLEMENTARES FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Oficina de texto. 10 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013 FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto para estudantes universitários. 20 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011 FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação Editora Ática, 4 ed. São Paulo, Para entender o texto: leitura e redação. Editora Ática, 16ª ed. São Paulo, Coerência e Coesão Textuais 07 / /8
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