GESTÃO DE RECURSOS/LEVANTAMENTO: POPULAÇÃO SÉNIOR A RESIDIR SÓZINHA E/OU EM RISCO SOCIAL NO CONCELHO DE LOURES

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1 GESTÃO DE RECURSOS/LEVANTAMENTO: POPULAÇÃO SÉNIOR A RESIDIR SÓZINHA E/OU EM RISCO SOCIAL NO CONCELHO DE LOURES Decorrente da aprovação do Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Loures a Rede Social de Loures encontra-se a implementar o Plano de Ação de No Eixo Estratégico I: Intervenção em Grupos e Territórios Vulneráveis, ficou definido como um dos Objetivos Específicos a promoção e realização de Ações de Sensibilização em algumas áreas, sendo uma delas a área de Gestão de Recursos. Tendo em atenção que a gestão de recursos tem como finalidade identificar, selecionar, orientar e dirigir a ação num determinado contexto e para que seja efetuada uma gestão racional dos recursos existentes é necessário a sua identificação e o seu conhecimento efetivo; assim, de acordo com o eixo estratégico, a finalidade e os objetivos definidos em PDS o enquadramento e a identificação da Ação: GESTÂO DE RECURSOS / LEVANTAMENTO: POPULAÇÂO SÉNIOR A RESIDIR SOZINHA E/OU EM RISCO SOCIAL NO CONCELHO DE LOURES Enquadramento 1 Com base nos dados apurados nos Censos de 2011, o Instituto Nacional de Estatística divulgava, em Fevereiro do corrente ano, que cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos em Portugal. Mais de 1,2 milhões de idosos vivem sozinhos ou em companhia de outros idosos, o que significa um aumento de 20% registado na última década Estes dados foram obtidos após a análise dos Censos 2011, segundo os quais idosos vivem sozinhos e residem exclusivamente com outras pessoas com 65 anos ou ainda mais velhas, o que corresponde a cerca de 60% da população idosa em Portugal. As pessoas na terceira idade que vivem sozinhas ou na companhia de outros idosos subiram de (dados do Censos 2001) para 1,2 milhões em 2011, o que corresponde a um aumento de 28%. Segundo o INE, a tendência é geral em todo o país, embora algumas regiões tenham aumentado o número médio de idosos em solidão, nomeadamente Lisboa e Alentejo (subida de 22%) e Algarve (21%). Já o Norte do país e os Açores, com uma subida de 17%, foram as 1 -O enquadramento que se segue é essencialmente, baseado em dados quantitativos (dados estatísticos) mas também, em dados qualitativos (baseados em alguns estudos sobre a temática). 1

2 regiões que registaram, apesar de grande, uma menor percentagem de idosos sem companhia. Num país cada vez mais envelhecido há 129 idosos para cada 100 jovens quase um quarto da população idosa vive completamente só. Este é um problema que se agudiza nas grandes cidades, mas também e por contraponto, nas regiões rurais mais isoladas, onde as redes de apoio familiares e de vizinhança são mais frágeis ou inexistentes. As notícias que vão surgindo na comunicação social espelham esta realidade. Durante o último ano multiplicaram-se as notícias sobre a morte de idosos que viviam sozinhos e que só foram descobertos semanas, meses ou anos depois. Com base nos dados fornecidos pela PSP, o jornal O Sol, noticia que idosos foram encontrados mortos em casa durante 2011, em todo o país, sendo a sua grande maioria em Lisboa e arredores. Para o sociólogo Manuel Villaverde Cabral ( ) a descoberta de idosos mortos em casa é uma manifestação perversa do envelhecimento da população portuguesa, para o qual falta uma politica integrada ( ). Segundo Maria de Lurdes Quaresma (2004), a velhice não tem que ser considerado um problema, o que poderá ser problemático é a ausência, a insuficiência ou a inadequação de respostas sociais para a satisfação das necessidades humanas básicas diárias, ou uma articulação deficiente entre o indivíduo idoso e a sociedade. Alguns Dados Estatísticos sobre o País Portugal envelheceu muito na última década, com o número de cidadãos acima dos 65 anos de idade a aumentar para 2,023 milhões, o que corresponde a cerca de 19% da população residente no país. Esta subida, analisou o INE, significa que o número de idosos subiu 19% entre as duas operações censitárias 2001 e De forma resumida, é no Norte que se observa a maior percentagem de população idosa, correspondendo a 31% do total. Segue-se o Centro do país e a região de Lisboa, com cerca de 26%, Alentejo (9,1%), Algarve (4,4%), Madeira (2%) e Açores, onde os idosos representam 1,6% da população. No que diz respeito à residência, 20% dos alojamentos têm idosos como únicos residentes, o que significa uma subida de 28,3 % na última década. Em 10% dos alojamentos portugueses existe um só residente: um idoso. 2

3 Alguns dados Estatísticos sobre o Concelho de Loures Ainda, com base nos dados apresentados pelo INE nos resultados provisórios dos Censos e de forma muito resumida apresentam-se alguns dados referentes ao Concelho de Loures e relacionados com a temática em causa: A Densidade Populacional por Freguesia, a Estrutura Etária da População, a População Residente por Escalão Etário, Índice de Envelhecimento da População na Área Metropolitana de Lisboa, Índice de Envelhecimento por Freguesia, Dimensão das Famílias Clássicas por Freguesia e Estado Civil da População residente por Freguesia e a Distribuição por sexo. Densidade Populacional por Freguesia Freguesias Nº/Km² Apelação 3962 Bobadela 2477 Bucelas 137 Camarate 3497 Fanhões 241 Frielas 390 Loures 829 Lousa 192 Moscavide Sacavém 4523 S. Iria de Azóia 2413 S. Antão do 279 S. A. Cavaleiros 7125 S. João da Talha 2701 S. Julião do 289 Unhos 2121 Portela Prior Velho 5407 (Quadro I) São nas freguesias mais a norte (Bucelas, Fanhões, Lousa e outras) onde se verificam as baixas densidades populacionais e uma população residente dispersa pelo vasto território. Por contraponto, as freguesias de Moscavide e Portela apresentam as densidades populacionais mais elevadas Quadro1. Estrutura Etária da População do Concelho de Loures 2 - A Informação disponibilizada na página atualizada do Município. 3

4 Gráfico 1 Ao analisarmos a Estrutura Etária da População do Concelho, verificamos um acréscimo de 5,1% da população do grupo dos idosos com 65 e mais anos - Gráfico 1 População Residente no Concelho de Loures por Escalão Etário Freguesias Total 0-14 anos anos anos 65 e + anos Apelação Bobadela Bucelas Camarate Fanhões Frielas Loures Lousa Moscavide Sacavém S. Iria de Azóia S. Antão do S. A Cavaleiros S. João da Talha S. Julião do Unhos Portela Prior Velho CONCELHO (Quadro II) Loures, Moscavide, Sacavém, Stª Iria da Azóia e Camarate, respetivamente, são as freguesias com maior percentagem de população residente no escalão etário entre os 65 e + anos Quadro II Índice de Envelhecimento da População na Área Metropolitana de Lisboa (2001 e 2011) 4

5 Gráfico 2 O índice de envelhecimento, representa o número de idosos por cada 100 jovens, sendo atualmente de 111. Apesar de Loures se apresentar como o quarto município mais jovem da área Metropolitana de Lisboa, comparativamente a 2001, o índice de envelhecimento situavase nos 77,4, o que significa um crescimento bastante considerável (de 77,4 para 111) - Gráfico 2. Índice de Envelhecimento por Freguesia (2001 e 2011) Gráfico 3 Portela, Bucelas, Lousa, Moscavide, Bobadela e Stº Antão do são as freguesias com maior índice de envelhecimento (200, 179 e 171, 165, 159 e 149, respetivamente); Prior Velho, Santo António dos Cavaleiros e Apelação são as freguesias mais jovens do município de Loures (64, 68 e 76, respetivamente) Gráfico 3 e Quadro III. Índice de Envelhecimento por Local de Residência Freguesias Índice de Envelhecimento Nº Apelação 76 5

6 Bobadela 159 Bucelas 179 Camarate 96 Fanhões 127 Frielas 83 Loures 106 Lousa 171 Moscavide 165 Sacavém 115 S. Iria de Azóia 117 S. Antão do 149 S. A. Cavaleiros 68 S. João da Talha 110 S. Julião do 134 Unhos 83 Portela 200 Prior Velho 64 CONCELHO 111 (Quadro III) Dimensão das Famílias Clássicas no Concelho de Loures (2011) Gráfico 4 Verificamos o predomínio das famílias compostas por duas pessoas (34%) e por três pessoas (23,5%); Registam-se 21,7% de famílias clássicas com apenas uma pessoa (em 2001, esse número era de 16%); Cerca de 15% de famílias com 4 elementos; 6% de famílias mais alargadas (5 ou mais pessoas); em 2001, esse número era de 7,7% - Gráfico 4 e Quadro IV. 6

7 Dimensão das famílias clássicas por Freguesia (2011) Dimen. Freguesias Total 1 pessoa 2 pessoas 3 pessoas 4 pessoas 5 ou mais pessoas Apelação Bobadela Bucelas Camarate Fanhões Frielas Loures Lousa Moscavide Portela Prior Velho Sacavém S. Iria de Azóia S. Antão do S. A. Cavaleiros S. João da Talha S. Julião do Unhos CONCELHO (Quadro IV) Estado Civil da População do Concelho em 2011 (%) Gráfico 5 Regista-se uma preponderância dos solteiros (44,4%), seguidos pelos indivíduos com a situação conjugal de casado (42,8%); Situações de viúvo e de divorciado registam valores percentuais semelhantes; Regista-se, também, um aumento do número de divorciados/separados em relação a 2001: em 2001, o número situava-se nos casos; em 2011, é de casos - Gráfico 5. 7

8 Estado Civil da População Residente por Freguesia (2011) E. Civil Freguesias Total Solteiro Casado Viúvo Divorciado Apelação Bobadela Bucelas Camarate Fanhões Frielas Loures Lousa Moscavide Portela Prior Velho Sacavém S. Iria de Azóia S. Antão do S. A Cavaleiros S. João da Talha S. Julião do Unhos CONCELHO (Quadro V) Distribuição da População do Concelho segundo o Sexo Gráfico 6 Relativamente ao sexo, regista-se uma predominância do sexo feminino em relação ao sexo masculino, de mais mulheres. 1. Levantamento: Tema 8

9 Com base no enquadramento apresentado, e não perdendo de vista as considerações sobre o tema que seguem abaixo, para a realização desta ação optou-se por fazer uma abordagem ao tema: População Sénior a Residir Sozinha e/ou em Risco Social no Concelho de Loures. Parte-se do princípio que, à semelhança de outros concelhos, no concelho de Loures pessoas idosas a viverem sozinhas e/ou em risco social é uma realidade, contudo, não dispomos de informação básica sistematizada - quer por freguesia, quer no concelho sobre, entre muitas outras questões: Quem são estas pessoas, o local de residência, se têm família, se dispõem de alguma rede de suporte ou se já foram sinalizadas para alguma entidade. É sobre esta realidade que pretendemos incidir com a realização do levantamento. Algumas considerações ao Tema É um fato que hoje há mais idosos. A reforma e a viuvez constituem pontos essenciais na trajetória da vida das pessoas, porque alteram de forma mais ou menos profunda o seu diaa-dia. O afastamento dos colegas e das rotinas de trabalho e a progressiva imobilização isolam continuamente o idoso. As pessoas tendem a envolver-se menos e a desvincular-se socialmente. Por outro lado, também, as mudanças com a viuvez são várias e difíceis de gerir, nomeadamente, a nível pessoal, familiar e social, obrigando a um processo de adaptação por parte do idoso. Verifica-se que com frequência o idoso é remetido para segundo plano, deixando de ser reconhecido como membro de referência da família. Estudos sobre a solidão e o isolamento nos idosos indicam que, exceto alguns casos particulares, o estatuto social que os idosos têm atualmente traduz uma realidade que leva frequentemente ao isolamento e consequentemente á solidão, através da diminuição das suas redes sociais de convívio e de apoio. Estes estudos sobre a temática, indicam-nos que devido à maior longevidade das mulheres, são sobretudo elas que ficam sós. Nas cidades e locais mais urbanizados, muitas mulheres idosas vivem sozinhas em andares de prédios sem elevador, o que em grande parte, também, explica o seu isolamento. Estas pessoas evitam subir e descer escadas, evitam atravessar as ruas e enfrentar a agitação do trânsito e evitam utilizar os meios de transporte (pensados para serem utilizados, essencialmente, por pessoas ágeis). A nossa sociedade ainda encara o envelhecimento como uma fase de decadência. O idoso é, na maior parte dos casos, rejeitado do sistema produtivo e socialmente desqualificado. Constatamos que, efetivamente, são vários os fatores que deixam o idoso numa posição social 9

10 muito vulnerável: por usufruir de reformas e pensões muito baixas, por viver, muitas vezes em habitações degradadas, por ter grandes despesas com a saúde, pela sua condição de reformado, sem relação com o trabalho e com os colegas, pela diminuição das suas redes sociais de convívio e de apoio, pela dificuldade de comunicação com as gerações mais jovens, pelo isolamento em relação á família e indisponibilidade desta para com ele, pela perda de autonomia física e funcional, mas também, pelas dificuldades várias de adaptação, entre outros (Sílvia, 2001). Atendendo ao fato de que o número de idosos, bem como a maior longevidade do ser humano, não devem ser considerados um problema, pois são conquistas decorrentes do processo de envelhecimento social e que apesar das muitas dificuldades vividas pelos idosos no decorrer da velhice, acreditamos que nos cabe melhorar e/ou criar condições para que o homem, ao viver mais tempo, possa usufruir de mais apoios para melhorar a sua condição de vida. Ao iniciarmos um trabalho nesta área, juntamente, com a reflexão decorrente dos dados apurados, pretendemos que possamos contribuir com alguma resposta efetiva a nível de Freguesia/Concelho. Morar sozinho pode ser uma alternativa para idosos que lutam para manter a sua independência e autonomia ou pode ser mesmo inevitável para aqueles que, apesar de se sentirem sós ou abandonados, não possuem outras pessoas com as quais possam estar. Muitas são as questões que se colocam mas pouco se sabe, ainda, sobre os idosos que vivem sozinhos e da forma como enfrentam as dificuldades do dia-a-dia, como procuram ajuda e quem faz parte da sua rede de suporte, entre muitos outros aspetos. Este levantamento não chega para responder a todas estas questões, contudo, pretende-se que o mesmo seja o início de um trabalho de sistematização e aprofundamento dos dados existentes no concelho relacionados com esta temática. O Grupo de Trabalho Julho de