ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA AVALIAÇÃO DA DOR NOS PACIENTES CRÍTICOS DA UTI
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- André Molinari de Sintra
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1 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA AVALIAÇÃO DA DOR NOS PACIENTES CRÍTICOS DA UTI Ana Paula da Conceição Silva* Roseane Lino da Silva Freire** RESUMO A dor é considerada uma experiência subjetiva, emocional e individual que deve ser avaliada e descrita tão automaticamente quanto os outros sinais vitais. No entanto, se observa que esta prática é pouco realizada pela equipe de enfermagem nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Este estudo teve por objetivo conhecer o que literatura tem reportado em relação à atuação da enfermagem na avaliação da dor nos pacientes críticos por meio de uma revisão sistemática da literatura. Os artigos foram pesquisados nas bases de dados LILACS e SciELO entre os anos de 2000 a 2012, constituindo-se uma amostra de oito publicações. Os resultados evidenciaram que a maioria dos profissionais de enfermagem tem conhecimento insuficiente sobre a identificação, avaliação e alívio da dor. A implementação de condutas sistemáticas de cuidado possibilita um manejo da dor mais completo e eficaz. Palavras - chave: Dor. Avaliação. Enfermagem. * Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal de Sergipe. apaulinhacsilva@hotmail.com ** Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal de Sergipe. enfaroseane@gmail.com Artigo apresentado à Atualiza Cursos como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem em UTI, sob orientação da Professora Msc. Cristiane Dias.
2 2 1 INTRODUÇÃO A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor complexo que admite pacientes em estado crítico. Ela exige da equipe multiprofissional aguçada capacidade de observação, conhecimento técnico-científico e experiência, a fim de identificar e controlar precocemente qualquer alteração fisiológica. Neste ambiente, a enfermagem assume papel preponderante na precoce identificação e avaliação das alterações hemodinâmicas, já que são os profissionais que estão em maior contato com tais pacientes. O processo de avaliação de enfermagem é amplo e envolve a promoção, manutenção e restauração do conforto e bem estar do paciente frente à vivência estressante e invasiva dos tratamentos. Para tanto, ele deve levar em consideração os cinco sinais vitais: temperatura, pulso, respiração, pressão arterial e dor. A dor, experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial, deve ser registrada no mesmo ambiente e ao mesmo tempo em que são avaliados os outros sinais com o objetivo de assegurar ao indivíduo uma assistência holística e efetiva. 1,2 A avaliação da dor é complexa e não se resume apenas à intensidade. As características dolorosas também devem ser registradas, incluindo o seu início, local, irradiação, periodicidade, tipo da dor, duração e fatores desencadeadores. Esta avaliação deve fazer parte das atividades diárias da equipe de enfermagem e é justificada pelas alterações que este sinal pode gerar no quadro clínico do paciente: alterações nos padrões de sono, apetite e libido; inquietação; irritabilidade; ansiedade; alterações de energia; sudorese; diminuição da capacidade de concentração; taquicardia; hipertensão; palidez; dentre outras. Entretanto, em função da sua subjetividade e da dificuldade da mensuração, a dor, quinto sinal vital, não é valorizada pela grande maioria dos profissionais. 1 Diante disso, surge um importante questionamento: Como a enfermagem está atuando na avaliação da dor nos pacientes críticos da UTI? Conhecer o que os artigos e a literatura têm reportado em relação à atuação da enfermagem na avaliação da dor pode contribuir para a sistematização da conduta destes profissionais que atuam em um ambiente tão hostil e que requer cuidados especializados e diferenciados.
3 3 2 MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura que consiste, principalmente, no levantamento e na analise crítica dos principais trabalhos publicados sobre determinado assunto. Este tipo de trabalho serve para reunir dados publicados isoladamente em um conjunto de dado lógico e crítico. 3,4 Para guiar este estudo, formulou-se a seguinte questão: Quais são as evidências científicas sobre a avaliação da dor pela equipe de enfermagem em pacientes críticos na UTI? Essa investigação foi desenvolvida ao longo de uma série de etapas que incluiu a escolha do tema, o levantamento bibliográfico preliminar, a elaboração do plano de trabalho, localização e obtenção das fontes, leitura do material, fichamento dos artigos, análise dos resultados, interpretação dos dados e redação do texto. 3,4 A seleção dos artigos foi realizada por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com acesso via Internet à Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Além da busca manual de citações nas publicações inicialmente identificadas. Para a busca dos artigos, foram utilizadas palavras-chaves em português selecionadas mediante consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Dor, Avaliação e Enfermagem. A partir da combinação desses descritores foram localizadas 197 publicações, sendo 114 referências da LILACS e 83 do SciELO. Estudos encontrados em mais de uma base de dados foram considerados somente uma vez. Para a seleção dos artigos realizou-se, primeiramente, a leitura dos resumos das 197 publicações com o objetivo de refinar a amostra por meio de critérios de inclusão e exclusão. Incluíram-se artigos originais, disponíveis na íntegra, que abordaram a atuação da enfermagem na avaliação da dor de pacientes adultos e críticos, publicados em inglês ou português, no período de 2000 a Foram excluídos artigos de revisão da literatura, publicações que não se enquadravam no recorte temporal estabelecido e estudos com crianças. Assim, a amostra final foi constituída por 08 artigos (Figura 1), os quais foram submetidos à leitura criteriosa e registrados em um quadro sinóptico com os dados coletados: autores, ano, objetivos, método, população e resultados/conclusões (Quadro 1). Finalmente, realizou-se a análise de conteúdo através da leitura e releitura dos resultados dos estudos, procurando identificar aspectos relevantes que se repetiam ou se destacavam. 5
4 Figura 1: Seleção das publicações sobre a atuação da enfermagem na avaliação da dor nos pacientes críticos ( ), Salvador
5 5 Autor e Ano Objetivos Método População Resultados/Conclusões Identificar como os enfermeiros aliviam a dor de pacientes durante o pós-operatório, no CTI. Vila e Mussi, 2001 (12) Ribeiro et al., 2011 Bottega e Fontana, 2010 Pedroso e Celich, 2006 Magalhães et al., 2011 Waterkemper Reibnitz, 2010 Silva et al, 2011 Nascimento Kreling, 2010 e e Compreender o conhecimento do enfermeiro acerca do conceito e da avaliação da dor como quinto sinal vital em pacientes vítimas de trauma. Identificar recursos e instrumentos utilizados na aferição do dor. Conhecer as medidas adotadas pelo enfermeiro para aliviar a dor da vítima de trauma. Verificar o grau de importância da mensuração da dor atribuída pelo enfermeiro Descrever as impressões dos enfermeiros sobre o uso de uma escala visual analógico de avaliação da dor em adultos. Identificar o conhecimento da equipe de enfermagem em relação à avaliação da dor, sensibilizando-a para instituí-la como quinto sinal vital, no cotidiano profissional. Caracterizar a percepção e as dificuldades da equipe de enfermagem frente à identificação, quantificação e manuseio da dor dos pacientes vítimas de trauma e treiná-la para sua avaliação e adequado tratamento. Revelar as concepções e contribuições de enfermeiros sobre a avaliação da dor em pacientes com câncer em cuidados paliativos Investigar o conhecimento e a prática dos enfermeiros intensivistas sobre a avaliação da dor em pacientes críticos, identificando as principais intervenções implementadas. Analisar a implementação da avaliação da dor como quinto sinal vital em um hospital escola. Estudo Qualitativo; Entrevista semiestruturada; Análise de Conteúdo. Estudo Qualitativo, Descritivo e de Campo; Questionário e Teste de Conhecimento; Análise de Conteúdo Estudo Qualitativo; Escala Visual Analógica; Questionário; Estudo Quanti-Qualitativa; Questionário: Palestra Educativa. Estudo prospectivo e Quantitativo; Questionário; Curso de Capacitação. Pesquisa Qualitativa; Coleta de dados através do Método do Arco Juan Charles Maguerez. Pesquisa descritiva de corte Qualitativo; Questionário. Pesquisa Questionário; quantitativa; Centro de Terapia Intensiva (CTI); São Paulo-SP; 14 enfermeiros. Pronto Socorro (PS), Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidades de Tratamento de Queimados (UTQ) e Centro Cirúrgico (CC); Aracaju/SE; 27 enfermeiros. Unidades Clínica e Cirúrgica; Hospital Regional do Rio Grande do Sul-RS; 14 enfermeiros. CTI; Rio Grande do Sul-RS 14 membros da equipe de enfermagem. UTI Trauma; São Paulo-SP; 51 profissionais de enfermagem. Unidade de Cuidados Paliativos do Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON); Florianópolis-SC Seis enfermeiras. UTI Hospital Universitário da Paraíba-PB; 10 enfermeiros. Unidades de internação: Queimado, Clínica, Cirúrgica e Moléstias Infecciosas; Londrina-PR; 188 técnicos e auxiliares de enf. Os enfermeiros utilizam tanto a terapêutica medicamentosa como a complementar para o alívio da dor e consideram a sua avaliação como conduta inicial para estabelecer ações de prevenção e alívio da dor. A avaliação da dor é vista como por aspectos subjetivos e objetivos; A maioria (59, 3%) desconhece os instrumentos de avaliação e dentre os que conhecem a escala numérica foi a mais referida; Estratégias de controle de dor: farmacológicas, não farmacológicas e combinadas; Todos consideram a avaliação da dor importante e um caminho para o tratamento humanizado e qualificado. O uso da escala possibilitou que os enfermeiros percebessem a dor como o quinto sinal vital e facilitou a tomada de decisões do enfermeiro. A equipe tem noção de apenas uma escala para avaliação da dor e reconhecem alguns sinais de dor, mas não tem como prática sistemática entendê-la como quinto sinal vital. Assim, ao avaliar os outros sinais, não investiga a dor. 84,3% tinham conhecimento sobre o tema dor quinto sinal vital. Destes, 54,9% adquiriram o conhecimento na prática; Antes da capacitação, 94,1% identificavam a dor pelas expressões faciais. Após o treinamento, passaram a identificar pela taquicardia (94,1%); 96% atuavam no controle da dor comunicando ao médico; A maioria tem conhecimento insuficiente sobre a dor. É importante valorizar a dor do outro e compreender que só quem a sente é que pode avaliar até onde ela vai; É preciso resgatar nos profissionais de saúde a consciência sobre os processos de trabalho em suas diferentes dimensões do cuidado através do despertar da capacidade crítico-reflexiva. A dor é a causada por vários procedimentos invasivos, sendo difícil de ser analisada por ser fenômeno subjetivo, individual e emocional. Cerca de 79% dos profissionais relataram avaliar a dor como sinal vital, sendo o bem estar do paciente o motivo mais citado. Para 64% dos profissionais, o hospital incentiva a avaliação da dor e como sugestão, 49% relatam a necessidade de cursos e treinamento. Quadro I Sinopse dos artigos sobre a atuação de enfermagem na avaliação da dor, segundo autoria, ano, objetivos, método, população e resultados/conclusões.
6 6 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os oito artigos que compuseram a amostra desta pesquisa analisaram, de maneira geral, as percepções, conhecimentos e/ou atuação da equipe de enfermagem na avaliação da dor dos pacientes críticos internados no âmbito hospitalar. Destes, cinco ocorreram nas UTIs de hospitais de grande porte, nos estados de São Paulo (02), Sergipe (01), Rio Grande do Sul (01) e Paraíba (01). Os outros três artigos ocorreram nas Unidades Hospitalares Cirúrgicas (RS), Oncológica (SC) e de Queimados (PR) e foram incluídos no estudo por retratarem pacientes críticos e possuírem conclusões significativas sobre o tema. Quanto ao ano de publicação, destacaram-se os anos de 2001 (01), 2006 (01), 2010 (03) e 2011 (03). Em relação aos aspectos metodológicos, todas as pesquisas foram quantitativas, com destaque para os estudos exploratório-descritivos desenvolvidos em unidades especializadas. A principal técnica empregada para a coleta de dados foi a entrevista com a equipe de enfermagem, através de questionários. Eles buscaram conhecer o perfil da amostra quanto ao sexo, idade e tempo de serviço, além de identificar o conhecimento e a prática da equipe com relação à avaliação e condutas destes profissionais diante da dor dos pacientes críticos. A partir dos resultados apresentados pelos estudos em análise, constituíram-se quatro categorias temáticas: Dor: Quinto sinal vital; Avaliação da dor; Atuação da enfermagem na avaliação da dor e Instrumentos da avaliação da dor. Dor: Quinto sinal vital A dor é uma sensação desagradável, um sinal de alerta e uma experiência extremamente subjetiva. Como tal, é conceituada pelos principais especialistas e pela literatura atual como o quinto sinal vital. 6-8 Predomina nos estudos a noção de que a dor é um estímulo nociceptivo desagradável, um sinal de alerta, uma experiência subjetiva, algo angustiante, sofrida e uma resposta aos procedimentos invasivos necessários na UTI. Entretanto, uma analise mais crítica mostra que a maioria dos profissionais de enfermagem tem conhecimento insuficiente sobre o conceito, identificação e qualificação da dor. 9,10,12,13,16 Para Pedroso e Celich, esses profissionais não têm como prática sistemática avaliar a dor como sinal vital, uma vez que não tem como prática mensurá-la tanto quanto pulso, temperatura, pressão arterial e respiração. 12
7 7 Somente em três estudos a equipe identifica a dor como quinto sinal vital, assim devendo ser avaliado, registrado e tratado regulamente como os outros parâmetros fisiológicos, embora não o faça habitualmente. 11,14,15 Bottega e Fontana relataram que alguns profissionais ainda não se sensibilizaram sobre a importância de vislumbrar a sensação dolorosa como um sinal vital. Disponibilizam nos seus registros, apenas informações relativas aos outros quatro sinais vitais. 15 Magalhães et al também evidenciou que a maioria dos profissionais (84,3%) conhece o conceito dor o quinto sinal vital, sendo que 25,5% adquiriram esse conhecimento na graduação, 27,5% em cursos teóricos, 41,2% em congressos e palestras e 54,9% no ambiente profissional. 11 Esses dados demonstram que vários profissionais adquiriram seus conhecimentos sobre a dor durante o exercício da profissão e não na graduação. Portanto, a falta de conhecimento constitui-se em um desafio para o cuidar em enfermagem, sendo a educação um dos veículos capazes de promover instrução. É importante entender profundamente o significado da dor a fim de garantir a avaliação e manuseio adequados. 9,11,12 Avaliação da dor A avaliação da dor é muito importante no âmbito hospitalar, devendo fazer parte do atendimento a qualquer paciente com queixa álgica, por ser um fenômeno subjetivo. 17 Quanto à importância da avaliação da dor, observou-se unanimidade dos estudos em considerar a relevância de avaliar a intensidade da dor, já que dor não identificada e descrita não é tratada. No estudo de Ribeiro et al, 100% dos enfermeiros atribuíram a avaliação da dor como importante e, destes, 77,8% a classificaram como muito importante e como forma para um tratamento humanizado, qualificado, que orienta a conduta terapêutica e restabelece o bemestar do paciente. 9 A avaliação consiste em caracterizar a experiência dolorosa em todos os domínios, identificar os aspectos que possam estar determinando ou contribuindo para a manifestação do sintoma e aferir as repercussões da dor no funcionamento biológico, emocional e social do indivíduo. 18 Sobre os principais motivos relatados pelos profissionais de enfermagem sobre a importância da avaliação da dor, Nascimento e Kreling entrevistaram 188 técnicos e auxiliares. 208 motivos foram relatados pelos entrevistados, destacando-se: o bem estar do paciente (21,1%) e o fato de que no hospital o paciente não deve sentir dor (18,7%). 14
8 álgico. 9 Para Vila e Mussi, os enfermeiros precisam estar atentos e tornarem-se capacitados 8 Para os enfermeiros questionados por Vila e Mussi, as ações iniciais para o alívio da dor e promoção do conforto são a identificação da presença, do local, da intensidade e do tipo de dor. 13 Entretanto, essa avaliação da experiência dolorosa não é um procedimento fácil pela visão da equipe de enfermagem. 10,14 Na pesquisa de Pedroso e Celich os 14 membros da enfermagem entendem que a dor pode ser avaliada pelos sinais de dor (45,83%), seguidos da queixa verbal do cliente (29,17), da observação dos sinais vitais (20,83%) e da avaliação da escala de dor (4,17%). 12 Rotineiramente, pacientes críticos requerem procedimentos invasivos como intubação orotraqueal, acesso venoso, cateter arterial e sondas. Além disso, a admissão na UTI é por se só provocadora de ansiedade, que é a sensação mais frequentemente associada à dor aguda, sendo reconhecida como responsável pelo aumento da percepção dolorosa. 19 Portanto, a enfermagem deve avaliar tanto os aspectos subjetivos (expressão facial, impaciência, hipoatividade, choro, inquietação, posicionamento), quanto os aspectos objetivos (alterações hemodinâmicas, FC, PA, sudorese, palidez, exame físico e taquicardia) devido a impossibilidade de muitos pacientes em se comunicação com a equipe. 9 Nesse mesmo estudo de Ribeiro et al, os enfermeiros referiram a sudorese e a palidez como as alterações fisiológicas mais presentes no paciente com dor. Em relação às alterações comportamentais, citaram, em ordem crescente, a expressão facial, a queixa verbal, o choro e o posicionamento protetor como os principais sinais e sintomas característicos do processo para a avaliação de indicadores da dor, já que ela orienta a conduta terapêutica e restabelece o bem estar do paciente. 13 Magalhães et al reafirmou a importância do aperfeiçoamento sobre a dor através de uma capacitação dos profissionais de enfermagem. Antes da capacitação 94,1% dos 51 profissionais identificavam a dor pela verbalização, 94,1% pelas expressões faciais e 62,7%, pela presença de taquicardia. Após a capacitação houve aumento significativo dos profissionais que passaram a identificar a dor pela taquicardia (94,1%), sudorese (82,3%) e hipertensão arterial (86,2%). 11 Atuação da enfermagem na avaliação da dor Dentre os profissionais de saúde, o enfermeiro é o que detém o papel fundamental na avaliação da dor. A vantagem de estar em contato diário coloca a equipe de enfermagem em
9 da dor ,6% dos 27 enfermeiros pesquisados por Ribeiro et al referiram conhecer medidas 9 posição única para o desenvolvimento de relacionamentos plenos e obtenção de informações sobre o estado físico e psicológico do paciente. 20 Observou-se a preocupação real da enfermagem no processo de avaliação da dor em todos os artigos analisados. Ela relata que atua na avaliação da dor, primeiramente, realizando analises diárias: perguntar se o paciente tem dor, descobrir o local da dor, avaliar a intensidade da dor e analisar o tipo de dor do paciente. 10,13,16 A subjetividade é apontada como o maior obstáculo nesta primeira fase. Decifrar a experiência dolorosa através da voz de quem a sente é a maior dificuldade, pois não pode ser palpada e requer tempo e escuta qualificada. 10,16 Por conta dessa complexidade, os enfermeiros relatam que muitas vezes a avaliação da dor são objetivos secundários dentro da UTI, ambiente agitado e rotativo. 13 A segunda etapa na atuação da enfermagem é intervir nas crises álgicas. Para tanto, a equipe necessita de conhecimento tanto do processo fisiológico como das estratégias de alívio de alívio de dor e citam as farmacológicas, não farmacológicas e combinadas como as principais. As medidas farmacológicas compreendem a analgesia e as medicações prescritas. As não farmacológicas referem-se ao posicionamento adequado, conforto térmico, diálogo, orientação, banho, repouso, ambiente confortável, retirada de fraldas molhadas ou sujas, dentre outras medidas. 9,10 Mesmo relatando esses conhecimentos, alguns enfermeiros não se colocam como atores ativos na avaliação e alivio da dor. Em Magalhães et al, 96% dos 51 profissionais atuavam no controle da dor apenas pela comunicação ao médico. 11 Como estratégias, Vila e Mussi recomendam que os enfermeiros podem lançar mão de técnicas de relaxamento e distração proporcionando ao paciente uma maior sensação de controle da dor. Eles apontam o toque como medida mais citada pela enfermagem para promover o conforto: achando que o toque alivia a dor. fazendo massagem para ver se melhora a dor e conforta. Outros importantes aspecto observado pelos autores sobre a atuação da enfermagem diz respeito à explicação do motivo da dor ao paciente, a orientação quanto as medidas tomadas, a valorização da dor referida e a adequada administração dos analgésicos prescritos. 13 O insucesso em proporcionar alívio adequado da dor é devido, sobretudo, à dificuldade em se modificar intervenções inadequadas decorrentes da falta de conhecimento dos profissionais em relação à avaliação da dor, às doses efetivas de analgésicos, ao tempo de ação dessas drogas e aos seus efeitos colaterais. 22
10 10 Além disso, os enfermeiros relataram que muitas vezes a dor é subestimada, principalmente, por médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem: muitas vezes a avaliação da dor e seu alívio são vistos como um aspecto secundário, outras coisas são priorizadas em relação a dor. Salientaram que pouco se previne a dor: espera-se o paciente ter a dor para depois tratá-la de maneira medicamentosa. 13 Entretanto, a literatura atual defende que o controle da dor deve ser preventivo. Esse dado é confirmado na pesquisa de Pedroso e Celich. Dos 14 membros da equipe de enfermagem, 12 referem perguntar as vezes se o cliente está com dor ao verificar os sinais vitais, enquanto que apenas dois sempre fazem essa pergunta. Além disso, mais da metade nem sempre acreditam nas palavras do indivíduo que refere dor. 12 A equipe de enfermagem necessita estar apto no processo de alívio da dor e na decisão de condutas que promovam alívio e conforto aos pacientes críticos. 13 Instrumentos da avaliação da dor A eficiência do tratamento e a sua continuidade dependem de uma avaliação e mensuração da dor confiável e válida. A tomada de decisão embasada no saber científico e na ética confere credibilidade, eficiência e eficácia no trabalho do enfermeiro. 7 Para tanto, é importante que a instituição de saúde possua um instrumento de avaliação da dor apropriado. Os instrumentos mais utilizados são as Escalas da Dor, que levam em conta o paciente envolvido, capacidade de comunicação e as habilidades dos profissionais em interpretar comportamentos ou indicadores fisiológicos da dor. 18,23 No que se diz respeito ao conhecimento das principais escalas de mensuração da dor pela equipe de enfermagem, existiu divergências significativas entre os estudos. Na pesquisa de Magalhães et al dos 51 profissionais de enfermagem pesquisados, 98,0% responderam conhecer algum tipo de instrumento da dor; já em Ribeiro et al (9) dos 27 enfermeiros, 59,3% referiram não conhecer tai instrumentos. 11 Entretanto, ocorreu uma unanimidade em relação à utilização das escalas de avaliação da dor. A grande maioria dos profissionais relatou que o instrumento mais conhecido é a Escala Verbal Numérica, mas que ela não é utilizada na prática assistencial por conta dos profissionais não saber utilizá-la Assim, as escalas são utilizadas como último recurso, visto que a avaliação é realizada primeiramente pelos sinais de dor, seguidos da queixa verbal do cliente e da observação dos sinais vitais. 12
11 11 Alguns profissionais, que não utilizam as escalas numéricas, fazem uso dos descritores verbais leve, moderado e intenso para avaliar a dor relatada. 14 Todavia, as escalas têm a vantagem de facilitar o contato cuidador e cliente, ao compartilhar-se a intensidade da dor e fornece ao cliente um instrumento para se fazer entender. 24 Diante disso, é imprescindível que a equipe de enfermagem reflita sobre a importância da sistematização do cuidado, numa lógica que alia organização do tempo e satisfação das necessidades relacionadas à dor. Fica evidente a necessidade de se buscar conhecimento sobre a experiência dolorosa e os instrumentos de avaliação da dor, visando a humanização do cuidado. 11,13 4 CONCLUSÃO A equipe de enfermagem possui um conhecimento superficial sobre as alterações hemodinâmicas do processo álgico e as formas de avaliação e mensuração da dor. O déficit literário sobre a sistematização da atuação da enfermagem na avaliação da experiência dolorosa constitui-se outro desafio para o cuidar em saúde. As escolas de enfermagem devem implementar no seu currículo disciplinas que abordem o uso de instrumentos e escalas de avaliação e mensuração da dor, com o propósito de ampliar e sistematizar o cuidado holístico. Além disso, as instituições de saúde devem oferecer educação continuada em saúde, visando à melhoria e humanização do controlo e alívio da dor.
12 12 NURSING PERFORMANCE IN PAIN EVALUATION IN SEVERE ILL UCI PATIENTS ABSTRACT The pain is considered such a subjective, emotional and unique experience, that should be evaluated and described as automatically as the vital signs. However, in practice, this is not routine for the nursing staff in the Intensive Care Units (ICU). This article aimed knowing what other authors have reported regarding nursing performance in pain assessment in severe ill patients through a systematic literature review. Articles were searched in the databases LILACS and SciELO between the years 2000 to 2012, resulting in a sample of eight publications. The results demonstrated that most nurses have insufficient knowledge about identification, evaluation and pain relief. Implementing systematic care actions enables a more effective and complete pain management. Keywords: Pain. Evaluation. Nursing staff.
13 13 REFERÊNCIAS 1 Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). Hospital sem dor diretrizes para implantação da dor como 5º sinal vital [acesso 2012 Abril 08]. Disponível em: 2 Projeto Controle da Dor no Brasil da Sociedade Brasileira para Estudos da Dor [acesso 2012abril 08] Disponível em 3 Marconi MA, Lakatos EM. Fundamentos de metodologia cientifica. 5ª ed. São Paulo (SP): Atlas; Gil AC. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed. São Paulo (SP): Atlas; Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa. Edições 70: Oliveira AS, Bermudez CC, de Souza RA, Souza CMF, Dias EM, Castro SCE, Bérzin F. Impacto da dor na vida de portadores de disfunção temporomandibular. J Appl Oral Sci, 2003;11(2): Kreling MCGD, Cruz DALM, Pimenta CAM. Prevalência de dor crônica em adultos. Rev Bras Enferm Ago; 59(4): Porto CC. Semiologia Médica. 5ª edição Editora: Guanabara Koogan, Ribeiro NCA, Barreto SCCB, Hora EC, Sousa MCS. O enfermeiro no cuidado à vítima de trauma com dor: o quinto sinal vital. Rev. Esc. Enf. USP 2011; 45(1): Silva CCS, Vasconcelos JMB, Nóbrega JMB. Dor em pacientes críticos sob a ótica de enfermeiros intensivistas: avaliação e intervenções. 2011; Rev Rene, Fortaleza, 2011 jul/set; 12(3): Magalhães PAP, Mota FAM,Saleh CMR,Secco LMD, Fusco SRG, Áquila LG.Percepção dos profissionais de enfermagem frente à identificação, quantificação e tratamento da dor em pacientes de uma unidade de terapia intensiva de trauma. Rev Dor. São Paulo, 2011 julset;12(3):221-25
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