Palavras-chave: Leitura. Escrita. Português como segunda língua (L2) para surdos
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- Sebastiana Leal Botelho
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1 OFICINA DE LEITURA E ESCRITA DE PORTUGUÊS PARA SURDOS Educação Pessoas com deficiências, incapacidades e necessidades especiais. Waldemar dos Santos CARDOSO- JUNIOR 1 e Giselle Pedreira de Mello CARVALHO 2 Instituto de Letras e Comunicação (ILC) Bruna Jocielen Queiroz NASCIMENTO 3 Resumo: O presente estudo fomenta o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua (L2) na modalidade escrita para surdos no projeto Oficina de Leitura e Escrita de Português para Surdos (OLEPS). Os objetivos são apresentar o processo de ensino e aprendizagem do Português L2 para surdos; descrever os procedimentos metodológicos no ensino de Português L2 na modalidade escrita; analisar os resultados das práticas e uso da linguagem visual e verbal para o desenvolvimento cognitivo-linguístico dos surdos. A metodologia fora desenvolvida a partir de quatro momentos didático-pedagógicos: a) Contextualização do conhecimento; b) Estudo do texto; c) Vocabulário viso-verbal; d) Produção da escrita. O percurso metodológico foi constituído de diversas linguagens e recursos visuais, bem como, linguagem verbal para as práticas sociais de leitura e escrita do Português L2 para surdos. Os resultados evidenciam a relevância de desenvolver um processo de ensino e aprendizagem do Português L2 para surdos a partir de uma metodologia de ensino viso-verbal, aplicação de linguagem visual-linguagem verbal para formação de sentidos e de conceitos no processo de leitura e escrita no projeto OLEPS. Conclui-se, que a metodologia de ensino viso-verbal possibilitou a aprendizagem do Português L2 no desenvolvimento das práticas sociais de leitura e escrita. Além do reconhecimento dos aspectos socioculturais e da singularidade linguística do português na modalidade escrita, bem como, novas aprendizagens pelas memórias sensorial, semântica e visual do Surdo para compreensão, interpretação e produção do texto escrito do Português. Palavras-chave: Leitura. Escrita. Português como segunda língua (L2) para surdos
2 Introdução A Oficina de Leitura e Escrita de Português para Surdos (OLEPS) teve como objetivos apresentar o processo de ensino e aprendizagem de leitura e da escrita de textos em português como segunda língua para surdos; descrever os procedimentos metodológicos no ensino de Português L2 na modalidade escrita, e analisar os resultados das práticas e uso da linguagem visual e verbal para o desenvolvimento cognitivo-linguístico dos surdos. A ação extensionista do projeto OLEPS foi relevante para a compreensão de que o português para surdos deve ser considerado de forma diferenciada do português para ouvintes, porque as formas de interação do surdo com a língua portuguesa e com a sociedade letrada ocorrem por meio da percepção, do saber e das vivências visuais. Não obstante, o surdo compreende e interagem com o mundo por meio de experiências visuais. (Brasil, 2005) É fundamental que o surdo compreenda a leitura e escrita por meios das práticas de linguagem com diversos gêneros discursivos em situações comunicativas e socialmente construídas. Para que isso ocorra, é fundamental que o professor considere que a forma como o surdo concebe o mundo é diferente da forma do ouvinte, sendo que este vivencia a cultura oral/escrita, enquanto, aquele vivencia o que se pode denominar de cultura surda, caracterizada pela predominância de formas, símbolos, significados e representações derivadas da língua materna (L1), a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que é uma língua de modalidade espaço-visual. As práticas de leitura e escrita sem o uso da oralidade torna-se uma problemática de práticas de linguagem, e um desafio para os professores de língua portuguesa, que devem conhecer e entender as formas de comunicação, interação e cultura surda para ensinar o português L2 na modalidade escrita para o surdo. O Projeto OLEPS constitui uma ação extensionista do curso de Licenciatura Plena em Letras Libras e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos, que foi realizado no período de 01 de Junho de 2014 a 31 de maio de 2015, tendo como Coordenador o Prof. Msc. Waldemar dos Santos Cardoso Junior, Vice-coordenadora a Profa.Giselle Pedreira de Mello Carvalho, Interprete de Libras/Português/Libras Valéria Teixeira da Cunha e Bolsistas Jaqueline Freitas de Miranda, Bruna Jocielen Queiroz Nascimento e Floriete Assunção Ribeiro, 8 voluntários, e participação efetiva de 30 surdos aproximadamente.
3 O projeto OLEPS foi desenvolvido a partir da articulação com os conhecimentos das atividades curriculares do curso de Licenciatura Plena em Letras Libras e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos, com fundamentos no Uso da Língua, na dimensão dos Estudos Linguísticos, bem como no núcleo de Reflexão da Língua na área de Estudos Bilíngues na Educação de Surdos. Ademais, o projeto OLEPS foi integrado ao campo de pesquisa dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) do curso Licenciatura Plena em Letras Libras e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos e também como base de dados para o desenvolvimento de tese de doutorado. Material e Metodologia O projeto Oficina de Leitura e Escrita de Português para Surdos foi realizado no período de 08 de setembro a 10 de dezembro do OLEPS, com 20 surdos, e no período de 10 de março a 31 de maio de 2015, com 16 surdos, tendo respectivamente 132 e 192 horas de aulas de português, ministradas em Libras. As atividades realizadas pelos alunos surdos eram sistematizadas e organizadas a partir da seguinte metodologia de ensino: a) Contextualização do conhecimento parte-se do ambiente/cenário, participantes, entorno cultural, a própria linguagem no contexto, conhecimentos prévios, ações/eventos comunicativos e categorias sociais e culturalmente compartilhadas na visão da pessoa surda; b) Estudo do texto estudo de gêneros textuais/discursivos a partir da função social, aspectos linguísticos, relevância social, processo de compreensão e interpretação textual; c) Vocabulário viso-verbal mobilização dos conhecimentos linguísticos, textual e enciclopédico a partir das experiências baseadas em expressões, movimentos, formas, cores e vibrações, e com todas essas características atuando juntas num determinado espaço e momento em uma relação entre imagem-palavra-texto; d) Produção textual escrita ocorre a partir da mobilização dos conhecimentos enciclopédico, linguístico e textual.
4 Resultados e Discussões Os resultados do estudo apresentam as práticas e o uso da metodologia viso-verbal para o desenvolvimento cognitivo-linguístico do Português como L2 na modalidade escrita, em diversos momentos didático-pedagógicos, a saber: CONTEXTUALIZAÇÃO A contextualização ocorreu a partir de situações sociais com o tema gerador Valores humanos apresentados através do vídeo Resgate seus valores, contribuindo para a interpretação (inter)subjetiva dos surdos. ESTUDO DO TEXTO: O estudo do gênero textual fábula foi realizado a partir de diferentes formas de linguagem (desenho animado e texto escrito) atentando para o estilo, estrutura e função social deste gênero textual. VOCABULÁRIO VISO-VERBAL PALAVRA IMAGEM CONCEITO HONESTO sério, digno de confiança, justo ESCÂNDALO Contrário aos bons costumes A aprendizagem do vocabulário ocorreu através de um texto específico estudado em sala. As palavras deste texto adquirem um significado a partir da relação com as imagens e com o verbete. PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA Na produção textual escrita do surdo sobre o Projeto Oficina de Leitura e escrita de português para surdos. As metodologias de ensino ministradas no projeto OLEPS foram diferentes das aplicadas no ensino de português para alunos ouvintes, uma vez que utilizou-se a Libras como base de comunicação, recursos visuais, adaptação de materiais didáticos relacionando linguagem visual-linguagem verbal, momentos didático-pedagógicos da metodologia visoverbal acima descrita, favorecendo assim o ensino-aprendizagem do português L2 na modalidade escrita para surdos.
5 Conclusão O projeto OLEPS promoveu a iniciação à docência dos alunos do curso de Licenciatura Plena em Letras Libras e Língua Portuguesa como Segunda Língua para Surdos em uma perspectiva da práxis pedagógica do profissional de Português como segunda língua para surdos na modalidade escrita, que se difere do professor de Português para ouvinte, bem como, oferta à comunidade surda de oficinas de leitura e escrita do Português L2 com aplicabilidade de uma metodologia viso-verbal. Conclui-se que os objetivos delineados no presente estudo evidenciam um processo de ensino e aprendizagem do Português L2 para surdos a partir de uma metodologia de ensino viso-verbal, para o desenvolvimento da leitura e escrita do surdo. Nesse sentido, destaca-se a relevância de se considerar o ensino de português L2 para surdos a partir dos aspectos socioculturais, das singularidades linguísticas, uso da Libras, ativação da memória visual para compreensão interpretação e produção do texto escrito em português, bem como o entendimento da gramática do texto de forma que integre a linguagem visual e a verbal, possibilitando o que designamos de Letramento Viso-verbal do Português para surdos. Referências BRASIL. Decreto Federal de 22 de dezembro de Regulamenta a Lei nº , de 24 de abril de 2002, que dispõe sobra a Língua Brasileira de Sinais Libras, e o art. 18 da Lei nº , de 19 de dezembro de Diário Oficial da União, Brasília, DF, GESUELLI, Zilda Maria. A escrita como fenômeno visual nas praticas discursivas de alunos surdos. In Leitura e Escrita no contexto da diversidade. 4ª edição, Porto Alegre: Editora Mediação, BOTELHO Paula. Segredos e silêncios na educação dos surdos. Belo Horizonte: Autêntica, Disponível em: Acessado em: 11. Maio Agradecimentos Aos meus coordenadores Waldemar dos Santos Cardoso Júnior e Giselle Pedreira de Mello Carvalho. Aos professores Otacílio Amaral Filho e Fátima Pessoa, diretores do Instituto de Letras e Comunicação (ILC). À Mariana Antunes e Valdemir Sarmento, técnicos administrativos (ILC). À profa. Rosane Steinbrenner, diretora da Faculdade de Comunicação (FACOM). Aos profissionais tradutores/intérpretes de Libras da UFPA, Valéria Cunha e André Dantas. À Pro-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará.
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