UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE LETRAS

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1 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE LETRAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Charlene Dadalto Fernanda aparecida Frandoloso Gomes Leandro Gomes Rodrigues Magda Hulle Bianqui Márcia Ribet Strela ORIENTADORA: Maria Teresa Ginde de Oliveira Santos 2015

2 A INFLUÊNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO Charlene Dadalto* Fernanda aparecida Frandoloso Gomes** Leandro Gomes Rodrigues*** Magda Hulle Bianqui**** Márcia Ribet Strela***** Resumo: O presente trabalho aborda a literatura num contexto social e a sua função mediante a esta sociedade, especificando que a experiência humana, sua trajetória e sua identidade estão entrelaçadas ao processo literário. Dessa forma a produção literária vai estar sempre relacionada à atuação social de acordo com as ideias do seu autor. Todavia, busca-se entender-se que a literatura não se encontra alienada do mundo, como algo insignificante e meramente estrutural, mas sim faz parte do mundo social e o transforma, levando em conta as experiências e o momento histórico vivido por uma determinada sociedade. Palavras-chave: Literatura, Sociedade, Humanização do Leitor, Momento Histórico, Contexto Social. INTRODUÇĀO A obra literária voltada para a humanização do leitor vai além dos limites estruturalistas, ela assume uma função psicológica voltada para a necessidade humana de algo ficcional e fantasioso, uma vez que fantasia quase nunca é pura, ou seja, ela vem dotada de significados reais, sejam eles: fenômenos naturais, paisagem, sentimentos e desejos de explicação, costumes, problemas humanos dentre outros, assim a fantasia é entendida como uma rica fonte de soluções que podem vir a ajudar na solução de problemas reais. A função literária contextualizada e voltada para a humanização do leitor se refere a uma literatura que vai intervir na sociedade a ponto de modificá-la fazendo-a refletir sobre o seu passado, seu momento atual e o seu futuro a fim de transformá-la, e 1 Charlene Dadalto - - Aluna do 6º semestre do curso de Letras Universidade Metropolitana de Santos SP charlenedadalto@yahoo.com.br 2 Fernanda aparecida Frandoloso Gomes - Aluna do 6º semestre do curso de Letras Universidade Metropolitana de Santos SP fernandagomesed@hotmail.com 3 Leandro Gomes Rodrigues - Aluno do 6º semestre do curso de Letras Universidade Metropolitana de Santos SP leandrosgtpm@gmail.com 4 Magda Hulle Bianqui - Aluna do 6º semestre do curso de Letras Universidade Metropolitana de Santos SP magdahulle@hotmail.com 5 Márcia Ribet Strela - -Aluna do 6º semestre do curso de Letras Universidade Metropolitana de Santos SP marciaribet@gmail.com

3 isso se dá de diversas formas literárias que vão da fantasia à formalidade, estimulando no leitor a sua criticidade e o poder de intervenção. Entender a função literária como transformadora de uma sociedade, implica em possibilitar a ela o nível mais profundo de conhecimento e de racionalidade atingido até então pelo ser humano. Humanização literária significa possibilitar ao homem o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor, ou seja, formar seres por meio da educação e do sentimento. Desta forma justifica-se a realização do presente trabalho pela necessidade de buscar caminhos que possam levar o leitor à compreensão da função literária como transformadora de uma sociedade, e possibilitar a ele o nível mais profundo de conhecimento e de racionalidade, levando o mesmo ao exercício da reflexão, à aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções e a capacidade de penetrar nos problemas da vida. Buscaremos neste trabalho refletir acerca da natureza e da função da literatura como meio de aquisição de conhecimento e humanização do leitor. Além de buscar compreender as obras literárias e as estratégias utilizadas por seus autores para a humanização e persuasão do leitor, e as possíveis respostas que esses podem dar através das interpretações das obras literárias. Para tal realização nos embasamos nos textos de Antônio Cândido e suas teorias referentes à literatura e formação do homem. Apresentaremos o pensamento de Antônio Cândido sobre o tema, com base em textos como Literatura e formação do homem, Literatura conhecimento e ideias de Jean Paul Sartre, presentes nos dois primeiros capítulos de Que é a literatura?. Para ilustrarmos nossas observações, utilizaremos dois contos: Meio pão com recordações, de Manuel da Fonseca, e O conto da ilha desconhecida, de José Saramago. A literatura para as correntes mais modernas tem como principal enfoque a estrutura, cujo conhecimento seria teoricamente optativo, os estruturalistas optam por essa abrangência porque acham que é possível apenas conhecer a história ou a estrutura, mas não a história e a estrutura. De acordo com Antônio Cândido em A literatura e a formação do homem a principal função da literatura é seu caráter humanizador, pois

4 atravésdesta, o homem pode ver sua própria expressão. No entanto, a literatura não atua somente na expressão humana, mas também na sua formação. Cândido destaca em seus textos a natureza formativa da literatura, que afeta o consciente e o inconsciente dos leitores de maneira complexa e dialética, assim como a própria vida. Desta forma: [...] A literatura pode formar; mas formar não segundo a pedagogia oficial, que costuma vê-la pedagogicamente como um veiculo da tríade famosa o verdadeiro, o bom, o belo, definidos, conforme os interesses dos grupos dominantes, para reforço da sua concepção de vida. Longe de ser um apêndice de instrução moral e cívica, ele age com o impacto indiscriminado da própria vida e educado como ela, - com altos e baixos, luzes e sombras. Ela não corrompe nem edifica, portanto, mas, trazendo livremente em si o que chamamos de o bem e o mal, humaniza no sentido profundo, porque faz viver. (Cândido, 1972, p.805). Através da citação acima, podemos perceber que a literatura tem o poder de atuar na formação do indivíduo, ocasionando que suas características sejam moldadas seguindo valores que não interessam à pedagogia oficial. Ainda nas palavras de Cândido, a literatura não corrompe nem edifica, porém humaniza em sentido profundo, porque faz viver. A literatura para Cândido (1972) tem o papel de humanizar por meio das obras. Ela exprime o homem e depois atua na própria formação do homem. O autor acredita que as obras que lemos, além de influenciar, contribuem para nossa formação tanto quanto a escola e a família, pois são baseadas na realidade e usam a vida para educar. Devemos utilizar a literatura que é vasta, para o crescimento cultural e na formação da pessoa. O simples fato de contar uma história pode ser um fator determinante para ajudar a formar um cidadão. Nesse contexto, podemos afirmar sem sombras de dúvidas, que a literatura tem seu papel importante na formação do ser humano. A literatura pode ser comparada a um remédio, que deve ser oferecido ao cidadão, na dose certa, com prazer e dedicação, nunca como uma coisa obrigada, pois ela é crucial para o desenvolvimento de uma sociedade. A literatura tem grande importância na formação do individuo, a leitura sempre teve um papel social de grande utilidade, e tem por finalidade levar o conhecimento de várias formas; sejam através de revistas, livros, jornais, etc.. Além disso, nos leva a refletir sobre a realidade e as dificuldades do nosso dia a dia. Somado a isto, nos desperta sonhos e curiosidades.

5 Além dessa visão formativa, podemos entender que a literatura tem o potencial de oferecer ao leitor um conhecimento profundo do mundo. Através das experiências, das dores e amores vividos nos textos literários o leitor encontra doutrinas, teorias políticas, construções de personalidade e muito mais. O que nos permite afirmar que os textos literários são formas de conhecimentos, formas de construções sociais e morais. Cândido esclarece essa capacidade humanizadora da literatura da seguinte forma: Entendo aqui por humanização (...) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição par com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (Cândido, 1995, p.249). A literatura exerce uma função social importante, é através dela que o aluno, o leitor constrói uma preocupação com experiências que ainda não conhecia que ainda não faziam parte da sua realidade. Dessa forma podemos, afirmar que as experiências vividas pelo leitor (aluno) ao ler, são vividas como se fosse ele mesmo, ampliando sua compreensão de mundo e sua atuação social. Por meio de uma obra literária se recria a realidade a partir da visão de determinado autor, o qual expõe seus pontos de vista e sentimentos. O que faz a literatura ser diferente de outras manifestações é a palavra que transforma a linguagem utilizada e seus meios de expressão. Exemplificando a situação acima citada, a obra literária O conto da ilha desconhecida do autor José Saramago, nomeia os personagens pela sua profissão, procurando demonstrar a hierarquia existente e as desigualdades sociais. O conto também retrata o inconformismo de um homem, diante de seu cotidiano, o que o faz partir em busca de algo novo na esperança de realização de seu desejo. Diante do exposto, entendemos então como se dá a verdadeira função da obra literária. Outro exemplo de obra literária em contexto de função social é Meio pão com recordações de Manuel Fonseca, que retrata a pobreza vivida pelos personagens, trazendo à tona um grande problema social. Todavia a literatura proporciona ao leitor o contato com o conhecimento pessoal do autor e da realidade em que este se encontra inserido. Por meio de uma expressão literária o autor produz obras que comunicam seu conhecimento, percepção, onde sentimento e razão se misturam.

6 A obra literária também está ligada ao prazer que sentimos em apreciar o belo, o bonito, e ao bem estar que nos toma, diante das coisas agradáveis que tocam os nossos sentidos, as nossas emoções, o nosso intelecto, causando tanto ao leitor como ao autor, uma sensação de alívio da tensão e da ansiedade e uma certa purificação moral quando voltada para o social, como instrumento de conscientização das pessoas e de transformação da sociedade. Com base nos estudos realizados foi possível constatar que a literatura e a humanização do leitor vão muito além de um simples texto, ou de uma simples leitura, ela mexe tanto com o leitor bem como seu autor em seus diversos aspectos. Fica clara, assim, a importância que a literatura exerce também no meio social, especialmente no homem, que participa e é o responsável pela manutenção deste meio. Por outro lado, a literatura só exercerá plenamente todas as suas funções, se lhe for concedida a importância que lhe cabe, bem como um esforço a interpretação e compreensão de seu significado mais correto. Essa interpretação resulta da ação a qual estamos todos vivendo no dia a dia, que é a prática da leitura. REFERÊNCIAS CANDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, A literatura e a vida social, publicado com o título ARTE E VIDA SOCIAL no Boletim de Psicologia, nos 35-36, São Paulo, O escritor e o público, publicado como capítulo da obra coletiva dirigida por Afrânio Coutinho, A literatura no Brasil, vol. I, tomo 1, Editora Sul- Americana, Rio, A literatura na evolução de uma comunidade, publicado com o título ASPECTOS SOCIAIS DA LITERATURA EM SÃO PAULO, no número comemorativo do IV Centenário da Cidade do jornal O Estado de S.Paulo, janeiro de Estrutura literária e função histórica, publicado com o título ESTRUTURA E FUNÇÃO DO CARAMURU, na Revista de Letras, n 2, Assis, FONSECA DA, Manuel. Meio pão com recordações. In: O Fogo e as Cinzas. 10ed. Lisboa: Editorial Caminho, 1983.

7 SARAMAGO, José. O Conto da Ilha Desconhecida. São Paulo: Companhia das Letras, SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? Capítulo I, pag. 9-30/ Capítulo II, pag São Paulo: Ática, 1997.