Aula 08. LEIS 9099/95 e LEI /01
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- Benedicto Cipriano Teixeira
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1 Turma e Ano: Tribcast 2016 Matéria / Aula: Leis Penais 2016 Professor: Marcelo Uzeda Monitor: Mário Alexandre de Oliveira Ferreira Aula 08 LEIS 9099/95 e LEI /01 Os Juizados Especiais têm fundamento constitucional constante do art. 98, I e 1º, reproduzido quase que integralmente no art. 60, lei 9099/95. Art. 98 (...) I - A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, mediante o procedimento oral e sumaríssimo, ermitidos, nas hipóteses em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal. Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº , de 2006). A competência do Juizado Especial Criminal é ABSOLUTA. Havendo conexão ou continência entre a infração de menor potencial ofensivo e outra que a atraia, mantém-se a possibilidade de aplicação dos institutos benéficos, salvo a existência de óbice legal. Há entendimento minoritário na doutrina que entende que tal deslocamento de competência é INCONSTITUCIONAL, na medida em que a Constituição não faz qualquer ressalva à conexão ou à continência. Para os defensores desta corrente, a solução é a SEPARAÇÃO INTEGRAL DOS PROCESSOS.
2 O art. 61 traz o conceito das infrações penais de menor potencial ofensivo, que são as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 (dois) anos, independentemente da cominação, ou não, de multa. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº , de 2006) CASOS EM QUE A LEI 9099/95 NÃO SE APLICA 1) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER (art. 41, lei /06): O STF, na ADC 19 e na ADI 4424, já teve a oportunidade de confirmar a constitucionalidade do art. 41 da Lei Maria da Penha, refutando a alegação de inconstitucionalidade em face do art. 98, CRFB/88. Utilizou, como fundamento, a vedação à proteção deficiente. O STJ, no mesmo sentido, editou a Súmula 536. Neste enunciado, o Superior Tribunal de Justiça, não obstante o entendimento doutrinário minoritário, consignado que as contravenções penais são uma espécie de delitos penais. No mesmo sentido, ver a decisão do STJ no AgRG no AREsp /MG: No contexto dos crimes praticados com violência doméstica ou familiar contra a mulher, a palavra "crime" deve englobar toda e qualquer infração penal, conceito mais amplo que abrange as duas espécies: crime e contravenção penal. (AgRg no AREsp /MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 16/11/2015 Outra decisão importante, no mesmo sentido, saiu no recente Informativo 539/STJ, no qual, o Tribunal deixou claro que o legislador também quis abranger as contravenções penais, pois também configuram violência contra a mulher. A transação penal não é aplicável na hipótese de contravenção penal praticada com violência doméstica e familiar contra a mulher. De fato, a interpretação literal do art. 41 da Lei Maria da Penha viabilizaria, em apressado olhar, a conclusão de que os institutos despenalizadores da Lei 9.099/1995, entre eles a transação penal, seriam aplicáveis às contravenções penais praticadas com violência doméstica e familiar contra a mulher. Entretanto, o legislador, ao editar a Lei /2006, conferiu concretude ao texto constitucional (art. 226, 8, da CF) e aos tratados e as convenções internacionais de
3 erradicação de todas as formas de violência contra a mulher, a fim de mitigar, tanto quanto possível, qualquer tipo de violência doméstica e familiar contra a mulher, abrangendo não só a violência física, mas, também, a psicológica, a sexual, a patrimonial, a social e a moral. Desse modo, à luz da finalidade última da norma (Lei /2006) e do enfoque da ordem jurídicoconstitucional, considerando, ainda, os fins sociais a que a lei se destina, a aplicação da Lei 9.099/1995 é afastada pelo art. 41 da Lei /2006, tanto em relação aos crimes quanto às contravenções penais praticados contra mulheres no âmbito doméstico e familiar. Ademais, o STJ e o STF já se posicionaram no sentido de que os institutos despenalizadores da Lei 9.099/1995, entre eles a transação penal, não se aplicam a nenhuma prática delituosa contra a mulher no âmbito doméstico e familiar, ainda que configure contravenção penal. HC RS, 3/4/2014. Portanto, não cabe a aplicação da lei 9099/95 em se tratando de violência doméstica e familiar contra a mulher. Corroborando o seu entendimento, o STJ também editou o enunciado de súmula n 542: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. Trata-se da confirmação do afastamento do art. 88, lei 9.099/95 aos casos que envolverem violência doméstica e familiar contra a mulher. 2) JUSTIÇA MILITAR (art. 90-A, lei 9.099/95): Trata-se de uma incompatibilidade da justiça consensual com o sistema sancionatório militar. Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de ) Há uma discussão interessante no que diz respeito aos crimes militares impróprios, incluisve naqueles casos em que os crimes militares tiverem sido cometidos por civis, caso em que serão julgados pela Justiça Militar da União. Aos crimes praticados entre a entrada em vigor da lei 9.099/95 e a da lei 9.839/99, era possível a aplicação dos institutos daquela lei no âmbito da Justiça Militar. PRINCÍPIOS INFORMADORES
4 Art. 62: O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. O dispositivo deixa bem claro que a prioridade é a reparação dos danos sofridos pela vítima. COMPETÊNCIA Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi PRATICADA a infração penal. Há discussão acerca da teoria adotada pela lei 9.099/95, ou seja, se foi a da Ubiquidade ou a da Atividade. ATOS DE COMUNICAÇÃO Art. 66. A citação será PESSOAL e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. Como a citação é pessoal, sempre que possível, tenta-se fazê-la quando do comparecimento. NÃO EXISTE CITAÇÃO POR EDITAL E NEM POR HORA CERTA NOS JUIZADOS ESPEICAIS CRIMINAIS. Trata-se de uma vedação que visa a prestigiar a Celeridade e a Economia Processual. Na forma do parágrafo único, se o acusado não for encontrado, os autos serão encaminhados ao juízo comum, no qual se adotará o procedimento sumário. Art. 67. A intimação far-se-á POR CORRESPONDÊNCIA, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, POR OFICIAL DE JUSTIÇA, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores.
5 Ao contrário da citação, a intimação, em regra, será por correspondência, sendo que, se for necessário, será por OJ, independentemente de mandado ou de carta precatória. Interessante destacar que o art. 67 permite a intimação por qualquer meio idôneo de comunicação, como , Whatsapp, etc. FASE PRELIMINAR/PRÉ-PROCESSUAL Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não seimporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu AFASTAMENTO DO LAR, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº , de )) Ao contrário do CPP, não há abertura de inquérito, mas sim, de Termo Circunstanciado de Ocorrência. Conforme previsão legal, o ideal é o encaminhamento imediato. Se houver o encaminhamento imediato ou a assunção do compromisso de comparecimento posterior, não se imporá prisão em flagrante e tampouco se exigirá prisão em flagrante. Trata-se da consagração de um dos objetivos da lei 9.099/95, que é evitar a pena privativa de liberdade. Se o cidadão se recusar a comparecer de imediato ou posteriormente, o Delegado arbitrará a fiança, a fim de garantir o comparecimento em juízo. Caso ele não queira pagar a fiança, o Delegado poderá comunicar a prisão ao juiz, que realizará a audiência de custódia, como forma de comparecimento ao juízo. Portanto, para o acusado, o ideal é a assunção do compromisso. EM SE TRATANDO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, o Juiz poderá determinar o afastamento do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima.
6 Importante esclarecer que a regra acima não se aplica em se tratando dos casos em que a vítima for mulher, na medida em que o art. 41, lei /06, afasta a aplicação da lei 9.099/95. AUDIÊNCIA PRELIMINAR Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei. Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal. Conforme extraído dos artigos acima, NÃO HÁ CONDUÇÃO COERCITIVA NA FASE PRELIMINAR. O art. 72 trata do ESCLARECIMENTO da possibilidade da COMPOSIÇÃO DOS DANOS e da TRANSAÇÃO PENAL, sendo que aquela interessa à vítima, e esta, ao autor do fato. Conforme o art. 73, na fase preliminar, a conciliação poderá ser feita pelo juiz ou por conciliador sob a sua orientação.
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