Direito das Coisas. VI - Direitos Reais em Coisa alheia
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1 Turma e Ano: 2016/2017 Matéria / Aula: Direito Civil Objetivo 46 Professor: Rafael da Mota Monitor: Paula Ferreira Aula 46 Direito das Coisas VI - Direitos Reais em Coisa alheia 2.1. Direito Real em coisa alheia de FRUIÇÃO Servidão Formas de instituição Art A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis. A servidão mais comum é a servidão de passagem, que não se confunde com a passagem forçada (direito de vizinhança presente no art , de natureza pessoal). A servidão de passagem é um direito real e as formas de constituição estão no art do CC (por negócio jurídico ou por testamento), dependente de acordo de vontades e art do CC (pela usucapião). Art O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art , autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião. Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos.
2 Esse artigo está de acordo com o CC/16. Hoje se sustenta que esse prazo de 20 anos cai para 15 anos. Servidão aparente é aquela que deixa marcas na posse. Essa usucapião do art não é para adquirir a propriedade, mas para conseguir a servidão. É necessário haver justo título e boa-fé. Ações que podem ser propostas (servidão) Ação Confessória Ação Negatória A ação confessória serve para cumprir os termos da servidão. A ação negatória visa à extinção da servidão, diante de alguma das causas de extinção. Formas de extinção da servidão Art Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada, só se extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada. Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor. Art O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne: I - quando o titular houver renunciado a sua servidão; II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que determinou a constituição da servidão; III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão. Art Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título expresso;
3 III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. O art , III, do CC mais uma vez excepciona a perpetuidade dos direitos reais. Nesse caso, há prazo para que ocorra a extinção: dez anos. Muitos autores defendem que esse prazo de dez anos seja utilizado por analogia ao usufruto e a habitação Direito Real em coisa alheia de GARANTIA As disposições gerais dos direitos reais em coisa alheia de garantia estão nos artigos ao do CC. Art Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação. O art do CC traz o conceito dos direitos reais em coisa alheia de garantia. Eles têm como razão de ser estabelecer uma preferência creditícia (para o credor). O credor com garantia real prefere aos demais credores. Ele não envolve qualquer tipo de transferência de propriedade; apenas grava o bem estabelecendo essa preferência. Art Os títulos legais de preferência são os privilégios e os direitos reais. O art. 83 da Lei de Falência estabelece a ordem de preferência de credores em uma falência. Os credores com garantia real vêm atrás dos credores que possuem créditos trabalhistas. Art Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca. 1º A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono. 2º A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
4 A regra geral para a constituição de uma garantia real é que qualquer bem que eu posso alienar, eu posso dar em garantia real. Então, só o proprietário pode constituir uma garantia real. É possível dar em garantia real um bem de família? Sim. Se é possível alienar, é possível dar em garantia. Porém, nesse caso, estar-se-á abrindo mão da sua impenhorabilidade. É possível dar em garantia real um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade? Não, pois não pode ser alienado. Art Ressalvado o disposto no art , nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; O art , I do CC dispõe sobre atos que precisam de outorgar conjugal. Se for para constituir garantia real em bem móvel, não é necessária a outorga, porém, no caso de bens imóveis, tal outorga é necessária. Art Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz. Os pais, que têm o usufruto e a administração dos bens do menor, podem dar em garantia real esses bens, desde que tenham autorização judicial. É usada a mesma lógica para a alienação de bens do menor. Art º A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não era dono. 2º A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
5 Garantia real estabelecida por quem não era dono é ineficaz, ou seja, não produz efeitos. Art O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação. O art do CC consagra o princípio da indivisibilidade das garantias reais. A garantia só é levantada quando paga a integralidade da dívida, salvo convenção em contrário. Art O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro. Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos. Excutir é alienar em hasta pública. O credor com garantia real pode alienar o bem em hasta pública; com o valor da venda, ele abate da dívida. O que sobrar devolve para o devedor. Credor com garantia real pode ficar com o bem dado em garantia? O nome da cláusula que permite isso é cláusula comissória, estabelecida no momento da constituição da garantia. Ela não é admitida no Direito Brasileiro. Eventual cláusula comissória estabelecida será nula, a fim de se evitar a fraude/simulação de compra e venda (vide art do CC). Art É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.
6 Não se deve confundir com a dação em pagamento, que é modalidade de pagamento autorizada no parágrafo único do mesmo dispositivo (após o vencimento o credor aceita receber coisa diversa do pactuado). Art Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia: I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; II - o prazo fixado para pagamento; III - a taxa dos juros, se houver; IV - o bem dado em garantia com as suas especificações. O art do CC estabelece os requisitos formais para a constituição de uma garantia real. Para tanto, o bem deve ser especificado (inciso IV). É possível que seja todo o patrimônio do devedor, mas todos os bens devem estar especificados.
Vejamos agora os artigos e 1.394, ambos do CC.
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