INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; Convênio; FNDE; Prefeitura Municipal; Paço do Lumiar MA; Inexecução de Convênio; Material; Multa;

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: AC /00-1 Identidade do documento: Acórdão 613/ Primeira Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. FNDE. Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar MA. Execução parcial do convênio. Divergência do material adquirido com as especificações estabelecidas. Rejeição parcial das alegações de defesa. Contas irregulares. Multa. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE II - 1ª Câmara Processo: / Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Município de Paço do Lumiar/MA Interessados: Responsável: Vanderlê Antonio Ribeiro, ex-prefeito. Dados materiais: ATA 45/2000 DOU 18/12/2000 INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; Convênio; FNDE; Prefeitura Municipal; Paço do Lumiar MA; Inexecução de Convênio; Material; Multa; Outro Representante do Ministério Público: Dr. Jatir Batista da Cunha. Sumário: Tomada de Contas Especial instaurada em decorrência da não-aprovação da prestação de contas de recursos repassados mediante convênio. Citação do responsável. Alegações de defesa que não elidem irregularidades na gestão dos recursos repassados. Rejeição parcial da defesa apresentada. Contas irregulares. Aplicação de multa e autorização para cobrança judicial da dívida.

2 Relatório: Trata o presente processo da Tomada de Contas Especial instaurada pela Delegacia do Ministério da Educação e do Desporto no Estado do Maranhão - Demec/MA, tendo como responsável o Sr. Vanderlê Antonio Ribeiro, ex-prefeito do Município de Paço do Lumiar/MA, em decorrência de não haver sido aprovada a prestação de contas do Convênio n /95, celebrado entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE e a referida municipalidade, por força do qual foram repassados R$ ,00, objetivando a aquisição e instalação de "kits tecnológicos" para 21 unidades escolares (fls. 25/30). 2. A Demec/MA, mediante a Comissão de Sindicância constituída pela Portaria n. 17, de 14/03/96, realizou vistoria in loco, consignando as seguintes irregularidades em seu relatório de fls. 38/42, datado de 22/08/96: "das 21 escolas beneficiadas com o programa, apenas a escola 'Criança Esperança' (prédio principal), na Vila Bom Viver - Raposa, encontrava-se com o kit tecnológico completo instalado. As demais escolas, algumas com a antena parabólica e o suporte para tv/vídeo instalados e o televisor e o vídeo encaixotados sob a responsabilidade dos respectivos diretores"; "foi encontrado no gabinete do Prefeito, 14 televisores em cores de 20" e 14 vídeos casset de 4 cabeças encaixotados"; "a Comissão, à vista da nota fiscal nº 1048 da loja Sharlom de L. J. Móveis e Eletrodomésticos Ltda., emitida em nome da Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar, verificou divergência na marca em 11 televisores e também divergência na marca em 10 vídeocassetes"; "à vista da nota fiscal nº 0005 da Digicopy Comércio e Serviços Ltda., emitida em nome da Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar, pode-se verificar, também, divergência no diâmetro das 21 antenas parabólicas com 2,40 cm, ferindo, portanto, o objeto do Convênio que determina diâmetro variando de 2,70 cm a 2,85 cm". 3. A Ciset/MEC certificou a irregularidade das contas (fl. 86), tendo a autoridade ministerial manifestado-se de acordo (fl. 90). 4. O Ministério Público emitiu o parecer de fls. 94/95, no seguinte sentido, em essência: "4. Em face da documentação apresentada pelo responsável, da vistoria

3 in loco realizada pela Delegacia Federal de Controle no Maranhão (fls. 49/50) e da análise de fls. 38/42, entendemos que há indícios de que o material foi efetivamente adquirido e entregue pelas lojas contratadas. Por outro lado, há também evidências de irregularidades que indicam o descumprimento do Convênio. 5. Quanto a essas irregularidades, ponderamos que, apesar de a responsabilidade pela execução do Convênio recair sobre o ex-prefeito, signatário do instrumento, não se pode deixar de reconhecer que as escolas beneficiadas, depois de receberem o equipamento passam a ter a responsabilidade pela sua guarda e conservação, de modo que quanto à não instalação por motivo de segurança ou ao furto dos equipamentos não nos parece de todo correto responsabilizar o gestor. Assim, ao Prefeito incumbe provar que o material foi adquirido e entregue às escolas beneficiárias, sem o que não terá sido cumprido integralmente o Convênio. Quanto à aquisição está ela, em princípio, comprovada. Já quanto à entrega às escolas pairam dúvidas, havendo mesmo indícios de desvio, uma vez que constatou-se que em apenas duas escolas das vinte e uma listadas o kit está em funcionamento e servindo aos alunos, e que muitos equipamentos encontram-se encaixotados, não foram entregues ou foram entregues de forma incompleta. (...) 7. Finalmente cabe ressaltar que alguns televisores foram entregues com defeito, não havendo informações quanto às providências adotadas. 8. Assim, em que pese haver indicativos de que os materiais foram adquiridos é de se considerar que alguns o foram em desacordo com o pactuado ou defeituosos e que há indícios de desvio desses materiais, falhas que apontam, inexoravelmente, para o descumprimento do objeto do Convênio, a ensejar, conforme a cláusula terceira, II, "h", 1, do termo do Ajuste, a devolução do valor transferido, acrescido de juros e atualização monetária, sem prejuízo de outras penalidades previstas em lei". 5. À vista do que expôs, a douta Procuradoria manifestou-se pela citação do referido ex-prefeito. Acolhida a mencionada providência (fl. 126), o responsável limitou-se a encaminhar cópia de parte da documentação relativa à prestação de contas apresentada (fls. 107/125). 6. A Secex/MA assere as seguintes considerações, em seu parecer de fls. 128/130: "(...) Entendo que houve transgressão das normas conveniadas por parte

4 do convenente, pelo qual deve ser responsabilizado o Sr. Vanderlê Ribeiro. A materialização da transgressão está consubstanciada, consoante parecer de análise feita pela extinta DEMEC/MA às fls. 38/42, no descumprimento do objeto, precisamente, pela aquisição de antenas parabólicas de diâmetro menor, que não atendem às especificações exigidas, e, pela não instalação dos 'kits tecnológicos' nas 21 escolas, conforme pactuado. Com efeito, não houve a observância da Cláusula Primeira do Instrumento, assim como de sua Cláusula Terceira, II, b, do mesmo Termo, o que, entendo, macula as contas sob exame. As expectativas de realização do convênio dentro de seu prazo de vigência, foram frustradas pela incompletude das ações a que se incumbira de realizar o Município convenente. Os bens adquiridos, em sua totalidade, não estavam, à época da inspeção, afetados à finalidade específica a que se destinaram". 7. Nessas condições, propõe sejam as presentes contas julgadas irregulares, nos termos dos arts. 1o, I, 16, III, b, e 19, parágrafo único, da Lei n /92, aplicando-se ao responsável a multa de que trata o art. 58, I, da referida lei, e autorizada a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação. 8. O Ministério Público manifesta-se de acordo (fl. 131). 9. É o relatório. Voto: PROPOSTA DE DECISÃO Considerando que o responsável pela presente TCE não logrou comprovar a regular execução do Convênio n /95, celebrado com o FNDE, tampouco haver providenciado o aparelhamento, de acordo com as especificações, das 21 unidades escolares que deveriam ser beneficiadas com os "kits tecnológicos", acolho os pareceres e manifesto-me por que seja adotada a decisão, sob a forma de acórdão, que ora submeto a esta Câmara. T.C.U., Sala das Sessões, em 05 de dezembro de JOSÉ ANTONIO B. DE MACEDO Relator

5 Assunto: II - Tomada de Contas Especial instaurada em decorrência da não-aprovação da prestação de contas de recursos repassados mediante convênio. Relator: JOSÉ ANTONIO B. DE MACEDO Representante do Ministério Público: CRISTINA MACHADO Unidade técnica: SECEX-MA Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial tendo como responsável o Sr. Vanderlê Antonio Ribeiro, Prefeito do Município de Paço do Lumiar/MA. Considerando que a presente Tomada de Contas Especial foi instaurada em decorrência de não haver sido aprovada a prestação de contas do Convênio n /95, celebrado entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE e a referida municipalidade, por força do qual foram repassados R$ ,00, objetivando a aquisição e instalação de "kits tecnológicos" para 21 unidades escolares; Considerando que a Demec/MA certificou a irregularidade das presentes contas, tendo manifestado-se de acordo a autoridade ministerial competente; Considerando que, citado, o ex-prefeito apresentou alegações de defesa, sem, contudo, elidir as seguintes irregularidades: a) das 21 escolas beneficiadas, apenas a escola "Criança Esperança" (prédio principal), na Vila Bom Viver - Raposa, encontrava-se com o kit tecnológico completo instalado; b) divergência na marca em 11 televisores adquiridos, na marca em 10 vídeocassetes e no diâmetro das 21 antenas parabólicas com 2,40 cm, ferindo, portanto, o objeto do Convênio que determina diâmetro variando de 2,70 a 2,85 cm; Considerando que a unidade técnica propõe sejam as presentes contas julgadas irregulares, nos termos dos arts. 1o, I, 16, III, b, e 19, parágrafo único, da Lei n /92, aplicando-se ao responsável a

6 multa de que trata o art. 58, I, da referida lei, e autorizada a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação; Considerando que o Ministério Público manifesta-se de acordo: ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, em: rejeitar, parcialmente, as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Vanderlê Antonio Ribeiro, ex-prefeito do Município de Paço do Lumiar/MA; com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea b, 19, parágrafo único, e 23, inciso III, alínea a, da Lei n /92, julgar irregulares as presentes contas e aplicar ao supramencionado responsável a multa prevista no art. 58, inciso I, da Lei n /92, no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da notificação, para que efetue e comprove, perante o Tribunal, nos termos do art. 165, inciso III, a, do Regimento Interno/TCU, o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, na data do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor; autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n /92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação. Quórum: Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (Presidente), Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 5 de dezembro de 2000