- TEORIA GERAL DAS PROVAS

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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Civil / Aula 21 Professor: Edward Carlyle Conteúdo: Teoria Geral das Provas - Conceito, Objeto de Incidência, Natureza Jurídica das normas sobre prova, Classificação, Objeto, Prova de Direito Estrangeiro, Fatos Incontroversos, Alegações Incontroversas que necessitam de prova, Destinatários, Sistemas de valoração. - TEORIA GERAL DAS PROVAS 1) Conceito: Prova é todo elemento de convicção que auxilia a formação do convencimento do juiz acerca de fatos relevantes para o julgamento da causa. Dinamarco defende que o conceito mais técnico seria: prova é um conjunto de atividades de demonstração e valoração acerca de fatos relevantes para o julgamento da causa (conceito clássico). 2) Objeto de Incidência da Prova: Há divergência sobre o objeto de incidência da prova: 1) Corrente Clássica (dominante na Jurisprudência) Fatos relevantes e controvertidos. Não podem ser quaisquer fatos, pois aqueles que não são relevantes não precisam ser provados. Acrescenta-se ainda que, em regra, os fatos controvertidos é que necessitam ser objeto de prova. Art. 334 CPC: Não dependem de prova os fatos: I - notórios; (mesmo que controvertidos não precisam ser provados, pois não há dúvida a seu respeito) II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; (fatos incontroversos) III - admitidos, no processo, como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

2 2) Corrente Moderna Alegações das partes acerca de determinados fatos. Na verdade, a controvérsia não incide sobre os fatos propriamente ditos (eles apenas ocorreram ou não ocorreram), mas sim sobre as alegações das partes acerca dos fatos relevantes e controvertidos. 3) Natureza Jurídica das normas que tratam sobre provas: Norma heterotrópica matéria é simultaneamente tratada por normas de direito material e de direito processual. Provas art. 212 CC (direito material) e art. 332 CPC (direito processual) Art. 212 CC. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III - testemunha; IV - presunção; V - perícia. Art. 332 CPC. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. Obs1: Enquanto os civilistas defendem que as normas sobre prova possuem natureza de direito material, os processualistas sustentam tratar-se de norma de natureza processual. Fundamentos Prova = norma de natureza processual: A prova se destina a produzir efeitos dentro do processo O objetivo da prova é formar a convicção do juiz acerca da veracidade das alegações apresentadas. Obs2: # Defesa heterotrópica é aquela realizada através de ações autônomas de impugnação. Ex. Embargos à execução, ação rescisória e liquidação de sentença.

3 4) Classificação das Provas: Quanto aos fatos: Prova Direta (facta probandum) incide sobre o fato alegado pela parte. Prova Indireta ou Indiciária (indícios) incide sobre fatos conexos ou correlatos que permite ao juiz presumir que os fatos ocorreram conforme narrado. Não há prova do fato alegado propriamente dito. Quanto aos sujeitos ou fontes: Provas Pessoais ou Fonte Ativa são aquelas produzidas pelo próprio indivíduo. Ex. Depoimento testemunhal. Provas Reais ou Fonte Passiva objeto sobre o qual incide um meio de prova, extraindo-se as informações necessárias para a formação do convencimento do juiz. Ex. Prova documental o documento funciona como fonte passiva do meio de prova; Exame de corpo de delito. Quando ao objeto: Provas Orais ou Testemunhais oriunda do depoimento das testemunhas, ou seja, é a prova oral produzida em audiência. Provas Documentais oriundas de informações constantes em documentos apresentados pela parte, que por vezes acarretam na desnecessidade de outras provas. Provas Materiais ou Técnicas outros meios de provas praticados no curso do processo que não se caracterizam como provas orais ou documentais. Ex: Laudo pericial, Exame de corpo de delito, Vistoria judicial, etc. Quanto à sede de sua preparação: Provas Casuais, Causais ou Constituendas são aquelas produzidas no curso do processo - Ex: Depoimento testemunhal, Perícia, Vistoria judicial. Provas Pré-constituídas surgimento anterior ao início do processo. Ex: Violação contratual o contrato é uma prova pré-constituída, já que é anterior ao início do processo.

4 5) Objeto da Prova: Há divergência sobre o tema: 1) Corrente Clássica Fatos 2) Corrente Moderna Alegação das partes acerca de fatos relevantes. Modernamente, o objeto da prova vem sendo conceituado como o conjunto de alegações controvertidas das partes acerca de fatos relevantes para o julgamento da causa, sendo este o entendimento que vem sendo adotado nas provas de concurso. Obs: Fatos notórios e incontroversos não precisam ser provados (art. 334 CPC). É possível que o objeto da prova seja uma alegação de direito? 1) Parte da Doutrina e Jurisprudência (Majoritária): Há uma exceção à regra de que as provas incidem sobre fatos consistente nas hipóteses previstas no art. 337 CPC - direito municipal, estadual, estrangeiro e consuetudinário, casos em que o juiz pode determinar que a parte comprove o teor e a vigência dos mesmos. Art A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz. Modernamente, tal exceção vem sendo minorada por entender-se que o juiz teria condições de verificar o teor e a vigência do direito municipal e estadual. Diante disso, a exigência da prova do teor e da vigência pela parte incidiria somente em relação ao direito estrangeiro e o consuetudinário. 2) Não é caso de prova de direito e, portanto, não constitui uma exceção à regra geral da prova incidir sobre fatos. Na verdade, a parte deve provar o fato do alegado direito possuir determinado teor e estar em vigor. Prova de Direito Estrangeiro: Obs: Direito Estrangeiro não provado (teor ou vigência): No Brasil, prepondera o entendimento de que se o direito estrangeiro alegado não for provado, aplica-se a lei brasileira.

5 A aplicação de direito estrangeiro no Brasil se restringe as leis materiais, normalmente envolvendo sucessão e direito de família. Direito processual estrangeiro jamais será aplicado no Brasil, pois incidirá sempre a lei brasileira (lex fori). Condutas do réu que podem tornar os fatos incontroversos: É possível que o réu pratique determinadas condutas que tornam os fatos incontroversos, gerando a desnecessidade de provas a seu respeito: 1. Revelia presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor (efeito material da revelia). 2. Contestação sem impugnação específica - Revelia Substancial ou Material presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor. 3. Confissão Alegações do Réu que podem restar incontroversas: 1. Reconvenção na reconvenção, o réu apresenta alegações conexas com a ação principal ou com o fundamento da defesa (art. 315 CPC). Se tais alegações do réu não forem objeto de impugnação pelo autor, elas poderão tornar-se incontroversas, presumindo-se verdadeiras. 2. Contestação apresenta fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor tratam-se de novas alegações apresentadas pelo réu, razão pela qual o juiz abrirá vista em réplica ao autor. Caso o autor não se manifeste, o juiz poderá considerar tais fatos incontroversos e, consequentemente, relevantes para a formação do seu convencimento (improcedência do pedido do autor). Alegações Incontroversas que dependem de prova: Tratam-se de casos excepcionais: 1. Direitos Indisponíveis - não admitem confissão / transação. Ainda que não haja controvérsia, deverá ser objeto de prova. Ex. Fazendo Pública como parte ré do processo ainda que a pessoa jurídica de direito público não conteste a ação (incontroversas), as alegações apresentadas pelo autor serão necessariamente objeto de prova. 2. Atos que só podem ser provados por determinado instrumento público Ex. Autor alega ser casado, porém sem juntar sua certidão de casamento. Ainda que o réu não conteste, a alegação somente poderá ser considerada verdadeira com a juntada da prova indispensável por instrumento público certidão de casamento / Proprietário Certidão RGI.

6 3. Fatos impossíveis ou improváveis não podem acarretar a inércia do juiz (juiz não é mero expectador do processo Fredie Didier Jr.) e, portanto, ainda que a parte contrária nada alegue, o juiz deverá determinar a produção de provas acerca das referidas alegações. 6) Destinatários da Prova: a) Destinatário Direto Estado-juiz. A prova é produzida com o objetivo de auxiliar a formação do convencimento do juiz sobre os fatos/alegações apresentadas. b) Destinatário Indireto 7) Sistema de valoração das provas: a) Sistema dos juízos de Deus ou Sistema das Ordálias era muito comum a sua utilização na Idade Média, na qual as partes deveriam se submeter a determinadas provas e se Deus as protegesse, seria considerado que elas estariam falando a verdade. Caso contrário, a alegação seria considerada inverídica. Resquício do sistema dos juízos de Deus Interrogatório do acusado b) Sistema das Provas Legais ou Tarifadas A lei atribuía previamente um valor para cada espécie de prova. Nesse sistema, a confissão era a rainha das provas, sendo muito comum a utilização da tortura como forma de obtê-la. Resquício do sistema das provas tarifadas - hipóteses em que a lei exige instrumento público como único meio de prova de determinada alegação. c) Sistema da Íntima Convicção Juiz poderia se utilizar de todas as informações constantes no processo para a formação do seu convencimento. Principais características: juiz não precisava fundamentar as suas decisões, podendo até mesmo se valer de conhecimentos extra-autos para decidir. Resquício do sistema da íntima convicção - Tribunal do Júri d) Sistema do Livre Convencimento Motivado o juiz possui total liberdade para analisar as provas, mas só pode decidir com base em elementos constantes do processo, sendo obrigatória a fundamentação de todas as decisões proferidas (art. 93, IX da CF todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas ). Este é o sistema adotado atualmente na maioria dos ordenamentos jurídicos.