Curso/Disciplina: Direito Processual Penal Objetivo Aula: 58 Professor(a): Elisa Pittaro Monitor(a): Ricardo Patrick Alvarenga de Melo. Aula nº.

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1 Curso/Disciplina: Direito Processual Penal Objetivo Aula: 58 Professor(a): Elisa Pittaro Monitor(a): Ricardo Patrick Alvarenga de Melo Aula nº. 58 TEORIA GERAL DOS RECURSOS Conceito de recurso: É um meio voluntário para impugnar uma decisão. Natureza Jurídica: Há uma divergência na doutrina. A maioria da doutrina diz que recurso é um meio voluntário para impugnar uma decisão sendo também um desdobramento do direito de ação, isto é, dentro de um mesmo processo, haverá um outro procedimento em fase recursal. Em contrapartida, há uma posição (minoritária) oposta no sentido de ressaltar que o que fundamenta um recurso é uma decisão judicial, enquanto o que justifica o direito de ação é a prática de um crime, ou seja, defende essa linha que uma coisa não pode ser desdobramento da outra, pois os fundamentos são distintos. Ademais, o polo passivo de um recurso pode não corresponder ao polo ativo da ação penal. Há ainda uma terceira orientação que defende que recurso é qualquer instrumento utilizado para impugnar uma decisão. Princípios Gerais dos Recursos: PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE Significa que os recursos devem ter previsão legal. Página1 Ex: art. 581 do CPP. É o artigo que trata das hipóteses de recurso em sentido estrito (RESE). Esse rol é taxativo? Existem 2 orientações sobre isso, mas ninguém dirá que é exemplificativo. Se assim fosse, não haveria razão de o legislador elencar 24 hipóteses neste artigo. A taxatividade se dá quando:

2 Teoria minoritária: O rol é literalmente taxativo. Quando não possíveis quaisquer das hipóteses do art. 581 do CPP, caberá Apelação Residual do art. 593, II do CPP. Teoria majoritária: O rol é taxativo na sua essência, porém ele pode ser ampliado em situações semelhantes. (verticalmente taxativo, horizontalmente pode ser estentido) Ex: Art. 581, V do CPP que conceder, negar arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante Conclusão: Aqui há várias situações que giram em torno de prisão e liberdade, mas não todas. Aqui não há, por exemplo, o indeferimento da prisão temporária. Qual seria o recurso cabível nesse caso? Para a segunda orientação, pode-se estender o rol do inciso V e trabalhar com o RESE. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE Significa que a cada decisão cabe um único recurso. A possibilidade de interposição simultânea de recurso extraordinário e recurso especial (RE e RESP) é uma exceção a esse princípio? Há resposta no sentido de que não, pois cada recurso se presta a impugnar um único aspecto de uma mesma decisão. Há resposta, também, no sentido de que sim, pois uma única decisão será impugnada com dois recursos. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE/TEORIA DO RECURSO DIFERENTE/ TEORIA DO RECURSO TANTO VALE outro. Art. 579 do CPP Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por Parágrafo Único: Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. Conclusão: Fungibilidade, portanto, é a possibilidade de o juiz corrigir esse equívoco da parte e receber o recurso como se fosse o recurso correto, salvo em hipótese de má-fé. Página2 PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE Significa que a interposição de recurso depende da livre manifestação de vontade da parte, isto é, ninguém é obrigado a recorrer.

3 Questão: O recurso de ofício, previsto no art. 574 do CPP é uma exceção a esse princípio? Art. 574 do CPP Os recursos serão voluntários excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interportos, de ofício, pelo juiz I da sentença que conceder habeas corpus II da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411 O recurso de ofício é compatível com a constituição? É considerado recurso? Primeira orientação (majoritária) Não é um recurso, pois o recurso pressupõe o inconformismo e o juiz não pode estar inconformado com algo que ele fez. Segunda orientação minoritária Tem natureza de recurso, pois foi chamado de recurso pelo CPP. E como o recurso é um desdobramento do direito do direito de ação, como a ação penal é exclusiva do MP, juiz não pode recorrer. Há também uma terceira orientação que diz que esse recurso de ofício é um fragmento do modelo inquisitivo, pois o legislador desconfiava de determinadas decisões que beneficiassem o réu e exigiam a sua confirmação pelo tribunal. Art. 746 do CPP Da decisão que conceder a reabilitação, haverá recurso de ofício OBS: Fazer remissão no art. 574 do CPP para o artigo supracitado. Lei 1521/1951, Art. 7º - Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial Será que a parte final deste artigo foi recepcionada pela constituição? Se, por ventura, o promotor pedir o arquivamento, o juiz concordar e remeter ao tribunal, este descorda e exige que o promotor faça a denúncia, isso seria constitucional? Página3 Primeira Orientação O dispositivo é válido e se o tribunal descordar do arquivamento, vai remeter os autos para o Ministério Público para que o promotor ofereça a denúncia e o promotor estaria obrigado a acatar a decisão do tribunal.

4 Segunda Orientação O dispositivo é válido e é uma cautela a mais do legislador nos crimes contra a economia popular. Se o tribunal descordar do arquivamento, não terá como obrigar o promotor a denunciar. Será aplicado, portanto, o art. 28 do CPP Questão: Se o réu foi intimado de uma determinada decisão e renunciou a interposição do recurso. Quando o seu advogado for intimado daquela decisão, este poderá recorrer mesmo com a renúncia do réu? Primeira Orientação (majoritária): Art. 577 do CPP deu legitimidade ao advogado para recorrer. Art. 577 do CPP O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou defensor. Parágrafo Único Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. réu. Jurisprudência: Por conta da proibição da reformatio in pejus, esse recurso não terá qualquer prejuízo para o Súmula 705 do STF A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta Se este réu tem 3 advogados e 2 assinaram a renúncia junto com o réu em não recorrer, mas o terceiro deseja recorrer, o que ocorre? A tendência na jurisprudência é sempre prestigiar o direito de recorrer. Segunda orientação (minoritária): O direito de recorrer pertence ao réu. Página4 PRINCÍPIO DA CONVERSÃO Significa que a parte não será prejudicada se a parte interpuser o recurso perante o órgão errado. Ele será encaminhado ao órgão correto.

5 FUNGIBILIDADE X CONVERSÃO Fungibilidade O tribunal aceita o recurso errado como se fosse o correto Conversão O recurso interposto em órgão errado será encaminhado ao correto Página5