Aula 11. Princípios Gerais dos Recursos 1. Taxatividade os recursos devem ter previsão legal, não é lícito às partes criarem recursos.
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- Washington Morais Regueira
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1 Turma e Ano: Regular 2015 / Master B Matéria / Aula: Direito Processual Penal / Aula 11 Professor: Elisa Pittaro Monitora: Kelly Soraia Aula 11 TEORIA GERAL DOS RECURSOS Conceito: Recurso é o meio voluntário para impugnar uma decisão. Natureza Jurídica dos Recursos 1ª Orientação (Ada, Rangel, Tourinho) recurso é um desdobramento do direito de ação, ou seja, dentro de um mesmo processo haverá um outro procedimento, só que em fase recursal. 2ª Orientação (Hélio Tornaghi) o que justifica o direito de ação é a prática de um crime, enquanto que o que justifica um recurso é uma decisão judicial, ou seja, além dos fundamentos serem distintos, quem promove o recurso pode não corresponder ao polo ativo da ação. Desta forma, não é um desdobramento da mesma ação, mas sim uma ação autônoma dentro de um mesmo processo. 3ª Orientação (Adalberto Aranha) recurso é todo instrumento utilizado para impugnar uma decisão. Então, mandado de segurança e HC, por exemplo, seriam recursos. Princípios Gerais dos Recursos 1. Taxatividade os recursos devem ter previsão legal, não é lícito às partes criarem recursos. O rol de hipóteses do RSE é taxativo? 1ª Orientação (majoritária na doutrina e jurisprudência) o rol é taxativo na sua essência, porém eles podem ser ampliados em situações semelhantes, como, por exemplo, decisão que indefere prisão temporária. 2ª Orientação (Paulo Rangel) o rol é literalmente taxativo, nas hipóteses não contempladas no art. 581 caberá apelação residual do art. 593, II do CPP. 2. Unirrecorribilidade cada decisão só pode ser impugnada com um único recurso. A possibilidade de interposição simultânea de RESP e RE previsto no art. 26 da Lei nº 8.038/90 é uma exceção ao princípio da unirrecorribilidade?
2 Art. 26 Os recurso extraordinário e especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos no prazo comum de quinze dias, perante o Presidente do Tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: (Lei 8.038/90) 1ª Orientação (Ada) não é uma exceção, pois cada recurso se presta a impugnar um único aspecto daquela decisão. 2ª Orientação (Polastri) é exceção, pois uma decisão será impugnada com dois recursos. 3. Fungibilidade (Teoria do Recurso Indiferente ou Teoria Tanto Vale) a parte não será prejudicada se interpuser o recurso errado, pois ele será recebido como se fosse o recurso correto, salvo a hipótese de má-fé (art.579, CPP). Art Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro. 4. Voluntariedade a interposição do recurso depende da livre manifestação de vontade da parte. O recurso de ofício é uma exceção a esse princípio? Esse recurso foi recepcionado pela Constituição? 1ª Orientação (Ada, Tourinho, Rangel) não é uma exceção, pois não se trata de um recurso, uma vez que este pressupõe inconformismo e o juiz não pode estar inconformado com algo que ele fez. Trata-se na verdade de um duplo grau de jurisdição. 2ª Orientação (Polastri) ele tem natureza de recurso, pois foi chamado de recurso pelo CPP. Porém, como recurso é um desdobramento do direito de ação, e como a ação penal é exclusiva do Ministério Público, o juiz não pode recorrer. 3ª Orientação (Geraldo Prado) este recurso é um resquício do sistema inquisitivo, onde o legislador desconfiava de determinadas decisões que beneficiavam o réu e exigiam a sua confirmação pelo tribunal. Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial. (Lei 1.521/51) O art. 7º da Lei nº 1.521/51 que exige recurso de ofício de decisão que arquiva inquérito foi recepcionado pela Constituição? 1ª Orientação (Frederico Marques) o dispositivo é válido, e se o tribunal entender que a hipótese não é de arquivamento, o promotor é obrigado a denunciar.
3 2ª Orientação (Paulo Rangel) o dispositivo é válido e trata-se de uma cautela a mais do legislador. Se o tribunal descordar do arquivamento ele deverá aplicar o art. 28 do CPP. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. O réu foi intimado de uma sentença condenatória e renunciou a interposição do recurso. Quando o seu advogado for intimado, ele poderá recorrer? 1ª Orientação (minoritária Damásio) o direito de recorrer pertence ao réu, sem contar que é um direito perfeitamente disponível. Logo, esse recurso não deverá ser recebido. 2ª Orientação (Súmula 705, STF) o recurso deverá ser recebido, pois além de não trazer nenhum prejuízo ao réu, seu advogado tem melhores condições de analisar a sua situação processual. Ademais, o art. 577 do CPP dá legitimidade ao advogado para recorrer. SÚMULA 705, STF A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta. Art O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. O Ministério Público postulou a condenação do agente em sede de alegações finais e, posteriormente, o réu foi absolvido. O promotor é obrigado a apelar? Apesar de o processo ficar estranho, o promotor não é obrigado a recorrer, mesmo porque ele pode ter se convencido com os argumentos do juiz. 5. Proibição da Reformatio in Pejus este princípio está previsto no art. 617 do CPP, no capítulo que trata da apelação, porém é aplicado para todos os recursos no processo penal. É proibida a reforma para pior no julgamento de recurso exclusivo da defesa. Art O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.
4 Julgado procedente recurso exclusivo da defesa, o tribunal anula o processo ou parte deste, devolvendo os autos ao juízo singular para a sua reconstrução. Nessa hipótese seria possível agravar a situação do réu? 1ª hipótese apenas a sentença é anulada e ela é devolvida para que seja proferida outra. 1ª Orientação (Ada e Rangel) a primeira sentença foi invalidada, não serve de parâmetro para mais nada, não podemos agravar o que não existe mais. Ademais, o art. 617 do CPP proíbe a reforma para a pior feita pelo tribunal e não pelo próprio juiz sentenciante. Desta forma, é possível agravar a situação do réu. 2ª Orientação (Tourinho) o réu não pode ser prejudicado quando estiver no exercício do direito de defesa. Ademais, isso seria uma reformatio in pejus indireta, o que é proibido pelo art. 617 do CPP. 2ª Hipótese o processo é anulado desde a denúncia 1ª Orientação (Tourinho) nesse caso não há como limitar a atuação do juiz competente, ou seja, é possível agravar a situação do réu. 2ª Orientação (jurisprudência) não é possível agravar a situação do réu, sob pena de violarmos o art. 617 do CPP. 3ª Hipótese - A foi denunciado e pronunciado pela prática de um homicídio duplamente qualificado. No Plenário foram afastadas as qualificadoras e ele condenado a 6 anos de reclusão por homicídio simples. Julgado procedente recurso exclusivo da defesa, A será submetido a novo júri. No segundo Plenário será possível agravar a sua situação processual? 1ª Orientação (Tourinho, Damásio, Mirabete) o primeiro julgamento foi invalidado, desapareceu da ordem jurídica e não é possível agravar o que não existe mais. Ademais, a soberania dos veredictos é um dogma constitucional que não pode ser limitado. 2ª Orientação (Ada e STF) a soberania dos veredictos será respeitada na medida em que os jurados apreciarão o feito livremente, podendo até reconhecer qualificadoras. Porém, a pena não poderá ultrapassar a do julgamento anterior, pois o réu não pode ser prejudicado quando estiver no exercício da ampla defesa constitucional. 3ª Orientação (Pacelli e STJ) se no segundo Plenário os jurados julgarem da mesma forma, não será possível agravar a situação do réu. Porém, se os jurados reconhecerem qualificadoras não há como limitar a soberania dos veredictos. 6. Reformatio in melius é a reforma para a melhor no julgamento de recurso exclusivo da acusação. Toda a doutrina e jurisprudência admitem com base nos princípios do favor rei e favor libertatis, apenas Mirabete não admite com base no princípio do tantum devolutum quantum appellatum. Efeitos dos Recursos
5 1. Efeito devolutivo é aquele efeito que cria o âmbito de impugnação do recurso, ou seja, aquilo que será apreciado pelo tribunal. O tantum devolutum quantum appellatum é aplicado no processo penal? Este princípio não é aplicado, pois independente de quem esteja recorrendo, este recurso devolverá ao tribunal todas as questões que possam beneficiar o réu. O que mede o recurso? Petição de interposição ou razões? 1ª Orientação (majoritária) o que mede o recurso é a petição de interposição, pois de acordo com o art. 601 do CPP, com ou sem as razões, os autos serão remetidos ao tribunal. Art Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias. 2ª Orientação (Adalberto Aranha) o que limita o recurso são as razões, nela podemos encontrar o inconformismo da parte. A petição de interposição serve apenas para análise dos pressupostos de admissibilidade. OBS: O STJ vem atenuando os rigores do art. 601 do CPP em se tratando de recurso da defesa, uma vez que esse recurso subiria enfraquecido. O juiz deverá intimar o réu para constituir novo advogado, sob pena das razões serem apresentadas pela Defensoria Pública. 2. Efeito regressivo é o efeito que permite o juízo de retratação por parte do órgão que prolatou a decisão. Além dos embargos, o único recurso que possui esse efeito é o recurso em sentido estrito. 3. Efeito extensivo (art. 580, CPP) é aquele efeito que permite estender a outro réu que não recorreu o resultado favorável de um recurso. Art No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros. A e B foram pronunciados pela prática de um homicídio duplamente qualificado. Como os processos foram separados, o Plenário de A ocorreu antes do Plenário de B, sendo este condenado por homicídio simples com a sentença transitada em julgado. Após o trânsito em julgado, B é submetido ao Plenário do júri. O juiz presidente poderá aquisitar as qualificadoras?
6 1ª Orientação devemos aplicar analogicamente o art. 580 do CPP de forma que o resultado favorável do Plenário de A crie um limite no Plenário de B impedindo a quesitação das qualificadoras. 2ª Orientação por conta dos limites subjetivos da coisa julgada, o resultado do Plenário de A não repercute em B. Se no final surgirem decisões conflitantes, a parte prejudicada poderá ajuizar revisão criminal. 4. Efeito suspensivo será visto na próxima aula.
Aula 12. Art A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente em liberdade.
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