Avaliação e observação
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- Sabrina Imperial Alcaide
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1 Avaliação e observação Objetivo da Aula Identifi car o papel da avaliação no processo de ensino-aprendizagem. A avaliação é uma prática social, estamos sempre avaliando, fazendo escolhas. Avaliamos o que queremos e o que não queremos, o que é mais adequado às nossas necessidades e o que não é, enfi m, fazemos opções e, para chegar à conclusão de pelo que optar, estamos ponderando, selecionando, analisando e decidindo, então estamos avaliando. Na escola, quando temos todas essas ações, estamos avaliando a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. No entanto, para que essa avaliação seja pertinente, deve acontecer a partir de uma seleção criteriosa de aspectos a ser avaliados: objetivos e conteúdos (se foram adequados ou não) e estratégias (se possibilitaram avanços, permitiram intervenções ou não). Não podemos esquecer que a avaliação é um processo, ou seja, não devemos ter um olhar para as crianças apenas, mas também para todos os fatores e sujeitos que estão envolvidos nas ações, atividades, intenções e objetivos do desenvolvimento da criança no espaço da escola de Educação Infantil; precisamos avaliar, também, o trabalho que lá é desenvolvido. Avaliar não é uma tarefa fácil, principalmente na Educação Infantil, pois muitas vezes ainda encontramos concepções de avaliação que estão pautadas na classifi cação dos alunos. Historicamente, sabemos que a avaliação servia de instrumento para separar os que sabiam dos que não sabiam, verifi car o quanto os alunos aprenderam a partir do ensi- Aula 20 pg. 202
2 nado pelo professor e, se não atingissem o esperado, eram reprovados. Avaliar signifi cava medir. Os estudos mais atuais diferenciam-se desse tipo de avaliação, considerando a análise dos processos de ensinar e aprender, buscando estratégias para diagnosticar o que as crianças já sabem sobre determinado assunto, analisando os avanços alcançados por elas em determinado período. Essa forma de avaliar não compara a criança com padrões pré-estabelecidos, mas sim o percurso percorrido em determinado tempo por ela mesma, indicando avanços e difi culdades. Avaliação é aqui entendida como mediadora entre a ação educativa e a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. O educador tem um papel importante, pois para construir essa prática avaliativa deverá preocupar-se mais com o processo do que com os resultados e, quando estamos ressaltando a importância do processo, o professor e o trabalho que este desenvolve é parte dele. Essa prática avaliativa é muito mais dinâmica e exige do professor observar todas as situações cotidianas em que ocorrem a aprendizagem. Nesse processo, não só o professor é sujeito importante, os outros profi ssionais que trabalham na escola e a família também têm esse papel. Por que o professor e a instituição avaliam? Para que por meio da observação e do registro o professor possa acompanhar os avanços das crianças, e a partir dessas informações refl etir sobre alternativas, estratégias e intervenções necessárias para ampliar o percurso das crianças, bem como refl etir sobre seu fazer e sua formação. A instituição avalia para analisar e reorganizar sua estrutura e seu funcionamento em função das necessidades apontadas pelas crianças, pais e professores. Para repensar sua proposta e a formação dos profi ssionais que ali atuam, ou seja, quando avaliamos o desenvolvimento os avanços das crianças, tudo e todos os envolvidos estão sendo avaliados; essa é a dimensão pedagógica da avaliação, é a melhor e mais correta forma de avaliar. Aula 20 pg. 203
3 Como avaliar? Não é possível avaliar a partir de uma listagem de comportamentos, objetivos e aprendizagens pré-estabelecidas, pois, com base no que já foi dito, a observação do desenvolvimento das crianças é o principal instrumento avaliativo. A avaliação deve ser orientada por metas e objetivos claros, defi nidos na proposta pedagógica da instituição e concretizados na prática educativa. Além da observação, o registro é, também, um instrumento avaliativo. Esse registro pode acontecer por meio de diferentes instrumentos como: relatórios diários e gerais, fotografi as, portfólios, desenhos das crianças etc. O importante é pensar no signifi cado dos registros, nas refl exões que eles suscitam, na análise que é possível fazer daquilo que se observou e a partir daí identifi car as melhores intervenções a ser realizadas. (Saiba mais sobre o assunto ao fi nal da aula) O registro é também importante fonte documental da história e do processo de trabalho e desenvolvimento das crianças. Quando avaliar? Nas atividades em grupo, nos jogos, nas brincadeiras coletivas e individuais, nas atividades que envolvam ou não desafi os referentes às áreas de conhecimento, em todos os momentos da rotina, na interação com as outras crianças e com os adultos, enfi m, em todos os momentos o professor poderá avaliar. O importante é ter objetivos claros e olhar focado para essa avaliação, é preciso saber o que se quer observar, por que e como fazê-lo para que as preciosas informações não se percam e tenham realmente uma utilidade avaliativa do trabalho que é desenvolvido e possibilitem pensar novas atividades, propostas e formas de organização dos espaços e do tempo nas instituições de Educação Infantil. Aula 20 pg. 204
4 O professor percebe que o aluno tem dificuldades e... continua a aula! Nesse caso, o professor considera que... não precisa parar, o aluno entenderá mais tarde ou será encaminhado para recuperação, direção, orientação, coordenação, supervisão, psicólogo etc. não adianta parar: o aluno não é capaz de aprender ou não merece. não pode parar: não pode atrasar o programa, dispensar outros alunos ou re-agrupar para não perder o dia letivo. não quer parar: não para porque entende que isso não é problema dele. não sabe parar: não sabe ensinar de outra forma. Construindo registros de acompanhamento e relatórios de avaliação Registrar é a forma de não ser enganado pela memória. É a forma de não esquecer o que é importante. E o importante é acompanhar as conquistas e os avanços das crianças em diferentes situações. Além disso, registrar é uma forma de refl etir sobre os acontecimentos, o que deu certo ou não, o que não foi pensado, mas que agora pode ser melhorado. Sabemos que muitas vezes registrar é difícil porque deixa marcas, compromete, como diria Madalena Freire. Aula 20 pg. 205
5 Saiba mais: HOFFMANN, Jussara. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação, Quando registramos o que está acontecendo com a criança, temos a possibilidade de pensar quais os motivos que a levam a se comportar desta ou daquela maneira e de mediar suas relações com o ambiente e com as outras crianças, favorecendo seu avanço no processo de desenvolvimento. O registro tem a função de oferecer ao professor elemento para que ele decida como encaminhar seu trabalho, de modo a promover o desenvolvimento das crianças. A partir dos registros diários, o professor poderá construir os relatórios de avaliação que trazem a visão da criança por um período maior de tempo. Eles trazem, também, os aspectos relativos ao conhecimento de mundo que as crianças vão construindo ao longo do processo educativo. Para construirmos tanto os registros diários quanto os relatórios periódicos de avaliação, precisamos nos basear naquilo que pretendemos com o nosso trabalho. Por isso, o primeiro passo para construir um relatório é rever os objetivos estabelecidos no planejamento. Em relação à apropriação dos saberes, não é sufi ciente sabermos se os estudantes dominam ou não determinado conhecimento ou se desenvolveram ou não determinada capacidade. É preciso entender o que sabem sobre o que ensinamos, como eles estão pensando, o que já aprenderam e o que falta aprender. Essa mudança de postura é o que diferencia os professores que olham apenas o produto da aprendizagem (respostas fi nais dadas pelos alunos) e os que analisam os processos (as estratégias usadas para enfrentar os desafi os). Aula 20 pg. 206
6 Saiba Mais Hernández defi ne portfólio como: um conjunto de diferentes tipos de documentos (anotações pessoais, experiências de aula, controles de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais etc.) que proporciona evidências dos conhecimentos que foram sendo construídos, as estratégias utilizadas para aprender e a disposição de quem elabora para continuar aprendendo. HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000, p Referências BARBOSA, Maria Carmen Silveira. O acompanhamento das aprendizagens e a avaliação. Pátio Educação Infantil. Ano II. n. 4. abr-jul p PERRENOUD, Phillipe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, VASCONCELLOS, Celso. Avaliação da aprendizagem: práticas da mudança por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, Aula 20 pg. 207
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11 Índice Aula 01 Introdução ao ensino da educação infantil... 3 A educação infantil... 3 Isso é brincar. Isso é educar... 5 Infância do século XXI... 6 Saiba Mais... 9 Referências Aula 02 História da educação infantil O início com um pouco de história Referências Aula 03 A prática pedagógica e a formação do professor O cotidiano na Educação Infantil Tipos de recursos audiovisuais A formação do professor de Educação Infantil Saiba Mais Referências Aula 04 Organização e planejamento A organização do espaço na Educação Infantil Delimitar para organizar O planejamento nas instituições de Educação Infantil Tipos de planejamento Referências... 41
12 Aula 05 Cantos pedagógicos ou centros de interesse Espaços e experiências Espaço para autonomia Os centros de interesse de Decroly Referências Aula 06 Cultura lúdica A importância do brincar A ludicidade na Educação Infantil Saiba Mais Referências Aula 07 Identidade e autonomia Autonomia e independência Identidade, gênero e sexualidade A construção da identidade e da autonomia da criança Referências Aula 08 Mediadores de aprendizagem Ambiente e espaço Espaços e experiências Materiais A função pedagógica dos espaços escolares Saiba Mais Referências... 80
13 Aula 09 Rotina escolar Rotina e cotidiano Rotina Um dia cheio de aprendizagens 0 a 3 anos Quanta coisa eles aprendem! 0 a 3 anos Um sistema de trabalho para o cotidiano A rotina para crianças de 3 a 5 anos O cotidiano com crianças de 3 a 5 anos Referências Aula 10 O trabalho de equipe e o projeto curricular Projetos Sugestões de projetos Referências Aula 11 Língua portuguesa: Linguagem oral e escrita Linguagem oral O trabalho com a língua portuguesa Conversando com o bebê Linguagem escrita Rodas de conversa Laboratório de comunicação Saiba Mais Referências Aula 12 Língua portuguesa: Literatura infantil
14 Origens da literatura infantil Contos de fadas Contos maravilhosos Lenda Fábulas Saiba Mais Referências Aula 13 Matemática: Número e sistema de numeração Conservar o número Conexidade A natureza do número Jogos e brincadeiras Referências Figuras Aula 14 Matemática: Espaço e forma/grandezas e medidas Espaço e forma Sugestões de atividades O que são grandezas e medidas? Algumas definições Sugestões de atividades Referências Aula 15 Artes Visuais A arte como objeto de conhecimento Produzir e analisar em artes visuais Desenho e cores Referências
15 Aula 16 Natureza e sociedade O que ensinamos de ciências? Como ensinar ciências às crianças? O lugar atribuído aos conhecimentos prévios do aluno no processo de aprendizagem O lugar atribuído à ação na aprendizagem das crianças O lugar atribuído à informação e suas implicações didáticas Ambientes e fenômenos naturais Características do conhecimento social e histórico Corpo e saúde Afetividade e história pessoal Referências Aula 17 Movimento Exploração corporal Referências Aula 18 Música Música para quê? Cantando, brincando e aprendendo Acalantos Brincos e parlendas A galinha do vizinho Lenço atrás Referências
16 Aula 19 Família e escola 193 O trabalho com a família 195 Referências 197 Aula 20 Avaliação e observação Por que o professor e a instituição avaliam? Como avaliar? Quando avaliar? O professor percebe que o aluno tem difi culdades e... continua a aula! Construindo registros de acompanhamento e relatórios de avaliação Saiba Mais Referências
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