AULA 10. Petição inicial. Amicus Curae Rejeição da PI Agravo Regimental (pode entrar até o pedido de inclusão de pauta Provido Não provido: arquivo

Transcrição

1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Direito Constitucional / Aula 10 Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 10 Conteúdo da aula: Controle de Constitucionalidade (cont.). Ação direta de inconstitucionalidade (cont.). Representação de Inconstitucionalidade estadual. Ação Declaratória de Constitucionalidade. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE (cont.) Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) Procedimento Petição inicial Amicus Curae Rejeição da PI Agravo Regimental (pode entrar até o pedido de inclusão Relator de pauta Provido Não provido: arquivo Pode determinar em qualquer Cautelar polo passivo: 5 dias momento: manifestação de especialista, realização de aud. AGU: 3 dias pública e requisitar informações aos Tribunais. Notifica o polo passivo PGR: 3 dias. para se manifestar em 30 dias. Decisão AGU prazo de 15 dias PGR prazo de 15 dias Julgamento

2 Natureza dúplice da ADI A ADI tem natureza dúplice, ou seja, julgado improcedente o pedido na ADI é declarada a constitucionalidade da norma. A natureza da decisão que julga improcedente o pedido na ADI é declaratória positiva, pois reconhece a constitucionalidade do ato objeto da ação. Em uma ação de despejo por falta de pagamento o juiz julga improcedente o pedido ao argumento de que, por aquela causa de pedir (inadimplemento), o locador não tem direito. No dia seguinte o locador pode propor nova ação de despejo por motivo diverso. Na ADI, todavia, isso não ocorre, pois proposta uma nova ADI tendo como base outro paradigma há coisa julgada, não podendo a lei ser constitucional por um motivo e inconstitucional por outro. (Exceção: mutação constitucional). A causa de pedir aberta possibilita o julgamento com natureza declaratória positiva, fazendo coisa julgada. Suspensão da norma pelo Senado Dispõe o art.52, X, da CRFB\88: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: (...) X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; (...) A atribuição do Senado de suspender a execução da norma é adequada apenas no controle difuso, pois no controle concentrado a decisão que declara a inconstitucionalidade da norma tem efeito erga omnes e vinculante. Decadência Não há decadência do direito para propositura de ADI. Medida cautelar É possível a formulação de requerimento cautelar na ADI com pedido de suspensão da eficácia da norma objeto, como se observa dos artigos 10 até 12 da Lei 9868\99. A decisão que defere a cautelar tem natureza de suspensão da eficácia da norma. Não se declara, nesse momento, a validade da norma, o que será feito na decisão de mérito.

3 A rigor, a cautelar na ADI é cautelar ou antecipação de tutela? (Pergunta formulada na prova oral da magistratura federal do professor). R: A antecipação de tutela exige que o provimento final e o provimento de urgência tenham a mesma natureza, o que não se dá no caso da cautelar (o pedido cautelar é de suspensão da eficácia da norma e o provimento final é a declaração da sua inconstitucionalidade). Tendo os provimentos natureza jurídica diferente (cautelar e provimento final), o que existe é uma cautelar, e não uma antecipação de tutela. Os pressupostos da cautelar são a aparência do direito (fumus boni iuris) e perigo na demora (periculum in mora). A passagem do tempo, apesar de não gerar a decadência do direito, pode atingir o último pressuposto e, consequentemente, o indeferimento da medida cautelar. A decisão que defere a medida cautelar possui efeitos erga omnes e vinculante. Já a decisão que a indefere não produz quaisquer desses efeitos. O requerimento deve ser feito na petição inicial, inexistindo processo autônomo, e pressupõe prazo de cinco dias para o polo passivo se manifestar sobre a cautelar, três dias para a AGU e três dias para o PGR. A cautelar é decidida pelo Pleno, salvo no período de recesso, como se observa do art.10, caput, da Lei 9868\99: Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22 (presença de oito ministros e seis votos), após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. Não é comum, mas pode haver arrastamento na decisão cautelar que suspende a eficácia da norma. Efeito no tempo da cautelar na ADI em regra, a suspensão da eficácia da norma tem efeito ex nunc. O STF pode, excepcionalmente, dar efeito ex tunc desde que o faça expressamente (não há necessidade de quórum diferenciado): Art.11 (...) 1º A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. Art.12 da Lei 9868\99 prevê que, havendo requerimento cautelar e prova da relevância da matéria, o relator poderá encurtar os prazos da linha de mérito para 1\3 e julgar diretamente o mérito:

4 Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. Petição inicial Procedimento do artigo 12 da Lei 9868\99 Notifica o polo passivo. para se manifestar em 10 dias. AGU prazo de 5 dias PGR prazo de 5 dias Julgamento Representação de inconstitucionalidade estadual Prevê o art.125, 2º da CRFB\88: Art º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Conceito A representação de inconstitucionalidade estadual é uma ação direta em que se discute em tese a constitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, tendo como paradigma norma da Constituição do Estado. Da mesma forma, a lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica do Distrito Federal. O Tribunal de Justiça irá conhecer sobre a constitucionalidade como questão principal, no dispositivo da decisão. A competência é concentrada no Tribunal de Justiça do Estado.

5 Fundamento O fundamento da representação de inconstitucionalidade está no art.125, 2º da CRFB\88, em dispositivos da Constituição do Estado e em lei de procedimento no âmbito do Estado. A lei 9868\99 só se aplica, além do STF, ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal naquilo que couber porque há previsão específica na norma. Janeiro. Os comentários que seguem dizem respeito somente ao Estado do Rio de A Constituição do Estado do Rio de Janeiro prevê a representação de inconstitucionalidade nos artigos 161 e 162. O rol de legitimados é um espelho do art.103 da CRFB\88, somando-se dois órgãos que não têm paralelo na Constituição: (i) Chefe da Defensoria Pública; (ii) Procurador-Geral do Estado. Essa última escolha (PGE) é incoerente porque a Constituição do Estado também deu ao PGE a função de curador de constitucionalidade da norma. Obs.: O TJRJ dispensa o PGE de defender a constitucionalidade da norma nos casos em que proponha a representação. O Estado do Rio de Janeiro criou, também, a representação de inconstitucionalidade por omissão. Qual é a solução para as hipóteses em que uma representação de inconstitucionalidade é proposta paralelamente a uma ADI? R.: A solução dependerá de cada caso e as ações irão prosseguir concomitantemente. O STF, em geral, determina a suspensão do julgamento da representação de inconstitucionalidade. Se o STF julgar procedente a ADI irá declarar a inconstitucionalidade da norma, cuja decisão terá efeito erga omnes. Nesse caso, não pode o TJRJ declarar a mesma norma constitucional. Por outro lado, a decisão terá os mesmos efeitos se o STF julgar improcedente a ADI. A declaração de constitucionalidade será por não ferir a norma atacada a Constituição, mas isso não impede (em que pese o efeito da decisão que julga improcedente a ADI) que o TJRJ declare inconstitucional a mesma norma por ofensa à Constituição do Estado, desde que não haja simetria com a Constituição.

6 Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) A ADC foi prevista pela emenda 03\93. Referida emenda foi objeto de ADI por violação à cláusula pétrea do direito ao contraditório (direito individual). Na EC 03\93 havia quatro legitimados para a ADC: Presidente da República, PGR, Mesa da Câmara e Mesa do Senado. A EC 45 revogou o 4º do art.103, que previa os referidos legitimados e alterou o caput do art.103 da Constituição para dizer que o rol da ADI também é o da ADC. Conceito A ADC é uma ação da competência concentrada do STF, com natureza de ação direta em que a questão da constitucionalidade é apreciada na via principal (no dispositivo da sentença). Assim como na ADI o direito é discutido em tese, de forma abstrata. Paradigma e objeto O paradigma da ADC é o mesmo da ADI, mas o objeto é mais restrito: lei ou ato normativo federal (art.102, I, a, CF). Legitimação Legitimação ativa. No que se refere aos legitimados ativos, aplica-se tudo o que foi dito para a ADI. Legitimação passiva. Não há requerido na ADC e esse foi o motivo de a EC 03\93 ter sido objeto de ADI (ausência de controvérsia e devido processo legal). Requisito especial da petição inicial É necessário que se demonstre, na petição inicial da ADC, a existência de controvérsia jurisprudencial relevante sobre a constitucionalidade da norma: Art. 14. A petição inicial indicará: (...) III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. O requerente na ADC deve demonstrar que a presunção de constitucionalidade da norma está abalada na jurisprudência. Note-se que a controvérsia não pode ser doutrinária, devendo ser indicada a controvérsia jurisprudencial por revistas que constituam repositório oficial de jurisprudência ou por meio de Diário Oficial.

7 O requisito em questão deu base para a declaração de constitucionalidade da EC 03\93, dizendo o Supremo que o contraditório na ADC se faz por via indireta, nascendo da demonstração de controvérsia jurisprudencial relevante. AGU Não há previsão legal de manifestação do AGU em ADC, mas a praxe do Supremo é citar a AGU porque se o pedido for julgado improcedente será reconhecida a inconstitucionalidade da norma. PGR Como visto, a PGR se manifesta sempre como custus legis. Amicus curiae, requisição de informações, audiência pública, manifestação de especialista Todos esses temas são iguais aos estudados na ADI, aplicando-se os mesmo comentários. Pedido fechado, causa de pedir aberta e ação dúplice Idem ao mencionado para a ADI. Efeito da decisão O efeito da decisão proferida em ADC é erga omnes e vinculante. Julgado procedente o pedido na ADC haverá transformação da presunção relativa da constitucionalidade da norma em absoluta. Quando o STF julga improcedente o pedido em ADC ele deve declarar a inconstitucionalidade de forma fundamentada. Atualmente, existem duas grandes diferenças entre ADI e ADC: a ADC tem objeto mais restrito (lei ou ato normativo federal) e ausência de polo passivo. Cautelar em ADC A medida cautelar na ADC tem por objetivo suspender processos e decisões proferidas, desde que não transitadas em julgado, que pronunciem a inconstitucionalidade da norma:

8 Lei 9868\99. Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. Assim como na ADI, o efeito da decisão cautelar é erga omnes e vinculante. Antes da Lei 9868\99 não havia previsão de cautelar em ADC e o Supremo, na ADC n.04, concedeu medida cautelar com base no poder geral de cautela. Atualmente, a legislação dispõe expressamente sobre a cautelar em ADC. Efeito no tempo da cautelar na ADC o efeito é ex nunc. Em razão da natureza de suspensão de processos, ela só pode produzir efeitos a partir da sua prolação.